terça-feira, 29 de dezembro de 2015

UM MUNDO SOZINHO





Foi há uma hora.
Mais ou menos uma hora,
mais minuto, menos minuto.
Só o vento foi testemunha.
Talvez as árvores,
Os bancos do jardim e,
A sombra das nuvens também.
Não reparei na multidão,
Estava sozinho e feliz.
Só os ombros, os meus ombros
Sentiam algo mais que Eu.
Empurrões e encostos,
Uns "é cego", "não me viu",
E era verdade. Não via nada.
Não via ninguém.
Vi que existia o mundo
De uma forma simpática
Egoísta também, mas meu.
Era bom ter um mundo.
E eu tenho-o. Um mundo!
Todos os outros eus,
Nos outros meus mundos.
Só o vento é testemunha.
Eu, já não ligo ao que dizem.
Quanto ao que sinto,
Depende do que penso!


29/12/2015


segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

IMPOSSIBILIDADES





Atrasei o relógio
Mas não parei o tempo.
De desilusão em desilusão,
Tento equações diferentes
Sem resultados práticos.
Prefiro fechar o cérebro
E usar a imaginação
Que anda mais que fértil.
Misturar os trópicos
Com areias e corais
Onde possa mergulhar
Sem precisar de oxigénio.
Trocar as necessidades
Do corpo humano
Por situações patéticas,
Impossíveis e irreais.
Conversar com os peixes,
Argumentar com os símios,
Correr à frente de gazelas
E gozar o espanto.
Uma surpresa a Deus,
Com a criatividade
Que nem ele se lembrou.
É engraçado ser absurdo
Tornando a realidade
Em abstratos e fábulas
Tão reais como a minha sede
De entrar pelo mar adentro
E ficar. Não voltar.
Talvez para lá da estratosfera
Também seja interessante.
Tudo que me tire daqui,
Desta realidade atrofiante,
Será a viagem mais desejada.
Sonhar. Eu sei sonhar, claro.
E é acordado que tenho este
Pensando nos próximos sonhos
Com motivos programados.
Impossível nada o é.
Não acredito na impossibilidade.



28DEZEMBRO2015

domingo, 27 de dezembro de 2015

NADA





Nada.
Apenas nada.
Tanto nada.
Nada.
Vazios,
Espaços vazios.
Cosmos,
Galáxias
Ausência de
Gravidade.
Ausência de
Oxigénio.
Ausências,
Viagens vazias.
Nada.
Tudo nada.
Cheio de nada.
Farto de nada.
Tanto nada.
Apenas nada.
Nada.



27DEZEMBRO2015

sábado, 26 de dezembro de 2015

DIÁLOGO COM OS SEIXOS






Já da idade, sinto frio.
Os pés gelados,
Dos saltos que dou
De margem em margem,
Falhando o firme e,
Saboreando as águas.
Será da idade sentir mais.
Será banal cair mais vezes.
É no chão que vejo tudo
O que me rodeia,
Em cima e em baixo.
A vontade de ficar,
Cheirar a relva,
Olhar o Sol que me cega
Com toda a fragilidade.
O som do riacho
Tem palavras escondidas.
À tona de água,
Na corrente,
No estuário.
Os seixos estão vivos,
Testemunhas do meu e
De todos os passados.
E falam. Ó Deus se falam.
Basta ficar debruçado,
Em silencio
Com a mente aberta;
Olhar a refração dos sólidos,
Os toques da mosquitada
Que gera ondas e círculos
Nano proporcionais
Ao som que ouço
Com os olhos fechados.
O dialeto das pedras
É directo, sem redomas
Mas acho, que só eu as ouço.
Estórias que fluem e,
É pena. Tenho pena
Que só eu as ouça.
Vocês, acreditem
Não sabem, nem imaginam
As estórias que perdem.




26DEZEMBRO2015


terça-feira, 22 de dezembro de 2015

SIMBOLISMO SECULAR





Entretenho-me aqui a voar
Onde as asas não existem
Só um pouco de vento
Que me corre por dentro
E me alimenta o sangue.
Estou revoltado com tanta coisa.
Pessoal, impessoal,
Com o Mundo e o Homem.
Natal é o que se chama
Á festa da dádiva dos Reis
Ao simbolismo secular
Onde nasce a Humanidade.
Humanidade de ser Humano.
Humanidade sem nexo
Porque existe tudo menos Nós.
Somos um desperdicio numerado
Em regulamento financeiro
Imposto por impostos e obrigações
Que perderam a noção da vida.
Há que ressarcir a falta básica!
Todos pecamos com a falta de acção
Que lamentamos mas choramos
Quietos no meio de multidões fartas
A real miséria de quem nem imagina
Que existimos e nos preocupamos.
Será mesmo que estamos preocupados?
Eu rasgo o grito com algumas palavras
Que me deixam ainda mais frustrado
Porque não me apetece parar de escrever.
Tenho vergonha de ser Homem.
Não de mim porque tento e ajudo
Apesar do pouco que vou conquistando.
Tenho vergonha da Humanidade
Essa que mais uma vez se bombardeia
Sem preocupação de inocências
Senão a desculpa colateral.
A miséria quando chega ao corpo
Começa no idealismo de quem manda.
E porquê governar não governando?
Porquê existir destruindo?
Porquê? Porquê? Porquê?
Não conheço resposta...



22DEZEMBRO2015

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

MONÓLOGO




Escrever é o monólogo
Silencioso e quase herético
Onde o opúsculo ainda virgem
Se suja de tinta transparente,
E eu, num curto repente,
Já não entendo se sou gente
Operoso das pequenas coisas
Nestes hieróglifos decifráveis.
Há um cenário barato e
Produzido de forma fácil,
Onde realçar o poder atuante,
De um qualquer personagem
Torna as decisões mais difíceis.
Talvez adensar o carácter
Provoque maior atenção...
Mas eu desgasto-me, estas "coisas"
Que quero tão simples
Apesar de gestos hirtos,
Me dão um tesão enorme
Para actuar sozinho!
Não sei se perturbo
Se sou perturbado,
Ou mesmo até, ignorado.
A cena não pára.
O acto muda amiúde,
O cenário fica.
E eu parto!



21DEZEMBRO2015

domingo, 20 de dezembro de 2015

DO PEITO AO INFINITO





Perder o método de qualquer coisa,
Criando a razão de qualquer coisa!
Lá vem a noite e a névoa, tão boas
Que me enredam, desfigurado, num cais.
Um cais deserto, abandonado,
Cheio de pequenos "frames" perfeitos
Com fotografias a preto e branco.
Até a cor sépia, fica encantadora!
Será um estado cinzento o que vivo,
Com admiração por estes fundos,
Que me preenchem sonhos e vida.
Serão revelações irreais da mente?
Uma realidade subconsciente assumida?
É partir para uma guerra.
Um amor que fica em terra, a saudade,
Uma tempestade no mar, o vazio do medo.
O enorme vazio do medo. Escondido...
Ser feliz é dominado por imprevistos,
Podem ser mentiras tão fortes e tão frágeis,
Que me enrugam o poder do efémero.
E fico nu. Ser mortal é potentissimo,
É este estar aqui, um momento,
Com a vontade de não fazer nada,
Querendo fazer tudo o que é quase impossível.
Viajar por desertos sem hipótese de sede,
Soltar ventos e os véus com todas as cores
Sem abutres hipócritas de sentimentos
Nem corvos que encontrem a segurança.
Só a lágrima cria o oásis necessário
A uma sobrevivência não subserviente
A uma liberdade pessoal e sem regras
Sem impedimento de gritos profundos,
Lançados do peito ao infinito.
O suficiente!
Preciso só o suficiente!
Perder o quê, se só perdendo se acha?
Morrer para quê, se só morrendo se renasce?
Estar aqui, beliscar-me e sentir dor,
É sinónimo de uma qualquer coisa
Mística e inqualificável por ignorância?!
Vejo o que quero ver,
Sou o que quero ser.
Só assim, atinjo alguma coisa.
Sinto o que posso sentir,
E são estas sensações,
Separadamente juntas,
Me fazem amar a vida!
São todas as dúvidas e,
Todas as certezas possíveis,
Que me criam mais dúvidas.
Oiçam com a Alma,
Gritem por mim!
É assim
Que um dia qualquer,
O meu Peito volta do Infinito.
Sei que sim!




20DEZEMBRO2015

sábado, 19 de dezembro de 2015

PORQUÊ A DÚVIDA ?





Porquê a dúvida?
Começa aqui.
O talvez é ilusório
mas é uma defesa.
Não me canso
de pensar nisto
porque a conclusão
é sempre diferente.
A dúvida faz parte
de tudo. Mesmo tudo
é aí que nasce o algo.
Saltar certezas
é tornar frágil
as indulgências
de todas as culpas.
Não há pecado.
Há erro. Há errado.
Tentar reparar o erro
é descuidar o certo
e o certo só existe
depois do erro.
Sei que erro
com "mea culpa"
sem preconceitos
em assumir a vida.
Porquê então a dúvida?!
É simples,
Nada é o que é.



19DEZEMBRO2016

AMANTES POR UM DIA






Saber amar.
Quem sabe?
Amar,
Amor,
Amante.
Basta um dia,
Paixão,
O tempo,
Silêncio (e)terno
A fusão.
Tudo!
Paixão,
Entrega
Amantes.
Por um dia...



19DEZEMBRO2015

LOUCO POR MAIS UM POUCO






Corre-me o sangue nas veias
desenfreado e em ebulição
quando, como neste momento,
me apetece sair da carne  e
subir a eito muito para lá das nuvens.
Preciso de incorporar num alazão
selvagem, dominante, fogoso
em desmesurado galope alucinado
sem tento nas crinas e sons de cascos
até perder o fôlego e a força.
Olhos fechados, narinas no máximo
frescura do vento nos pulmões
desordenados pelo compasso louco
pela sensação abstrata e amante
do poder da liberdade pura.
Ó Deus, como quero fugir
deste redondo pouco hermético
de Beleza alucinante a que estou
obrigatoriamente magnetizado.
Despeço-me da vulgaridade
com as veias salientes do esforço
com o pulsar indiscritível da adrenalina
que me faz parar de pensar por um rasgo
onde o obstáculo do Tempo
me deixa galgar a fúria do passado.
Ó encanto dos encantados, dá-me o disfarce
das meias palavras e sarcasmos primários
que o puro sangue afugenta, simples
tão simples como a minha raça inigualável.
Tragam-me as estátuas de mármore
a perfeição dos Berninnis inimitáveis,
e dos corcéis e dragões espetados
por almas soltas de franquezas frágeis.
Ó mundo cão dos esfomeados
dos doentes para sempre inacabados
de tantas estas e outras vidas necessárias
muito mais que a minha necessidade
em testemunhar vivo, a morte viva dos outros.
Tira-me deste espelho negro,
traz-me prata e vidro novos sem reflexo
para que eu possa destruir com violência
as redomas desfiguradas e eternamente vãs.
Dá-me a força de ficar, de abandonar
a vontade de partir para outro lugar.
Dá-me Bach, Mozart e Vivaldi,
Sakamoto, Elgar e Paredes.
Dá-me mais arte e oxigénio
mais amor e dor efémera ignorante.
Dá-me tudo meu Deus. Dá-me tudo!
Dá-me a vontade de ficar ermo
com a alucinação óbvia e permanente
de um Mundo novo onde cavalgue
como o tal puro sangue, até que as veias
rasguem de esforço, como as pontas dos dedos
do pianista enlouquecido com pautas em branco.
Mantém-me louco por mais um pouco,
porque só assim consigo sobreviver.



18DEZEMBRO2015

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

É ASSIM...




Vêm?
O povo existe.
As pessoas respiram,
Os carros não param,
As luzes acesas,
Os óculos de Sol...
O deserto.
É assim o deserto.
Cheio de partículas
De erosão temporária,
De estradas e caminhos,
De nadas...
As gárgulas riem,
Os pombos grasnam,
Os porcos ladram,
O povo existe!
Vêm?



15DEZEMBRO2015

O SILÊNCIO







O silêncio.
Apetece-me dizer tanto,
Que se resume aqui,
Condensado,
Ínfimo e íntimo.
Imenso o pouco.
Bom senso
Paciência
E um rio de prata,
Um espelho vivo.
O mar é maior, a mim
Chega-me pouco.
É um feitiço constante,
Um grau hipnótico,
Uma qualquer regressão
Ao que eu não quero.
É a vida,
É o viver com vontade,
Não ligar à idade.
Não sentir saudade.
É!
É isso
O silêncio.



15DEZEMBRO2015

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

BOM DESASSOSSEGO






Não só a calma me atrai,
Atrai-me a atitude,
Com laivos de desafio.
Tudo me atrai
Desde que sinta
Desde que acredite
Desde que esteja calmo.
Afecto e mimo,
Nem sempre são precisos,
Basta que a calma entre
Basta que a amargura saia.
Estou com poucas palavras,
Não meias palavras, não as uso.
O bom senso agarra-me o ombro
Contra a tentação de caminhar.
É bom parar.
É bom ficar calmo.
É bom entender que sim,
Que o amor é mais forte,
Que desassossega e,
É bom desassossego,
Pensar-te.



14DEZEMBRO2015


domingo, 13 de dezembro de 2015

É BOM SER ASSIM





Soltar-se a voz
Num espaço pequeno
Eco seguro
Memória irreal.
Apenas sonhos
Raízes prematuras
Redomas frágeis
Vidas reais.
Sou como o vento
Musica de sopros
Batidas de portais
Sem retorno à vida.
Passa tudo por mim
A vida, mulheres e
Imagens por focar
Sinto que sei tudo
Que me preencho
Mas tenho o pouco
Que afinal preciso.
Nada disto é musica
Só uma pauta escrita
Sem saber como
Apenas pontos e riscos
Que corro na vida.
É bom ser assim!



13DEZEMBRO2015

SABOREAR O SILÊNCIO





Porque o silêncio acabou,
Sinto-me livre e sensível.
A sensibilidade não é fraqueza,
É coragem de quem a partilha,
Sem vergonha de ser homem.
Ser homem não é dureza,
Ser homem não é machismo,
É apenas ser o individuo
Que procura o que ama.
Sorri vós outros com isto,
Porque a herança preconceituosa
Existe, lá bem no fundo da matéria.
Em mim, quem manda é a Alma,
Minha íntima amiga e amante,
Desde esta vida à eternidade.
Saboreio o meu silêncio,
Cheio de barulhos bons à volta.
É o deleite, um prazer louco,
O piano, o cello, o violino,
As páginas que passam,
O murmúrio de um beijo
Mesmo que imaginário...
Quando os silêncios acabam,
É altura exacta para ser Eu.


13DEZEMBRO2015

sábado, 12 de dezembro de 2015

INSANIDADE RECICLÁVEL




Depois de mudar de mundo,
Todo o autóctone reverte
À normalidade desesperada.
Precisamos de mundos diferentes,
Este está infectado em heresia
Com um sistema imunitário doente
Que não cura, mas aprova a histeria.
Ao inocular este ar infecto,
Percebo o valor das coisas sãs.
As pessoas, quase todas as pessoas,
Fazem parte de uma visão
Ostentada por uma Lua minguante,
Que não oferece grande motivação.
Assim vai o mundo, dividido e
Louco, instintivamente irresponsável.
A inteligência é instável,
A minha nano proporção, faz sentido,
Faz-me pensar na minha pequenez e,
Na insensatez de ambição não regulada.
Há injúria emocional nos abortos que falam,
Que deixam correr tinta infanticida,
Sem pensar nos ninhos de pérolas,
Nas pétalas da vida,
No perfume do Mundo
No pólen da fertilidade do Amor.
Estou a modos que envenenado
Sem antídoto que me valha.
Estou e sou consciente,
Na relevância do que sinto e penso,
Apesar da irrelevância dos resultados.
É esta a insanidade que me apoquenta,
A inércia prática, a necessidade psiquiátrica,
Que meio planeta Humano, urgentemente precisa.
O que fazer?
Que fazermos nós, os incógnitos?
Qual a atitude?
Guerra contra a guerra é tão fácil;
É o que fazem os "inteligentes".
Eu nisso, sou estúpido!
Individualmente, fico prostrado e,
Cansado das sementes que aqui deixo,
Que não germinam, que secam,
Pela insignificância desta folha reciclada.
A realidade já é longa, indecisa,
Incompetente e inaceitável.
É a realidade de tantos mundos
Divididos neste nosso
Que oferece sem medo
A dúvida do amanhã.
Eu quero tudo!
Eu quero tudo o que possa dar,
Quero ver as sementes crescer
Germinadas e orgulhosas.
Quero o pão dividido,
Sem escolha de dono,
Apenas novos protagonistas
E um Novo Mundo!



12DEZEMBRO2015


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

MATERIALIZAR O EGO




Não sei quantas vezes materializo o que penso.
Tenho a certeza absoluta que menos vezes
De todas as que deveria materializar.
A questão é tão simples que complica
Até porque gostar de tanta coisa
Quase que implica opções desnecessárias.
Mas existem as outras, as mínimas
Aquelas que são tão simples que morrem
Antes de conseguirem ser comunicáveis.
Não é necessário ser muito inteligente
Para sentir que o que é bom, o é
Por uma razão própria, não fictícia.
A falsidade, é um perímetro circunscrito
Que transborda a hipocrisia sem ser julgado.
Revela-se a falsidade, a mentira e a omissão.
Pensar é dos actos mais felizes que tento,
Com as minhas limitações que conheço,
Sem preocupações de julgamentos externos.
Eu sou a minha Catedral, o meu confessor
O meu pecado e divina comédia juntos.
Sou o que acho justo, venero quem o é,
Admiro a coragem e auto controlo.
Só não entendo porque escrevo estas coisas,
Assim de repente de um nada enorme,
Que grita por ser preenchido com outro nada.
Tudo isto é nada e, é a partir do nada que existo.



11DEZEMBRO2015

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

VAMOS!






É a esta hora
Que o vazio abusa.
É a calma.
O sabor da calma
Misturado com o teu cheiro.
O pingo de vinho nos lábios
Que não deixo cair
Com a sede dos meus.
É o abraço
O som de Sakamoto
O baile intimo,
Sabor a corpos nus.
Ouvir nos poros
Os rios que se agarram.
Fala-me de nós.
Fala-me de amor.
Fala-me do que quiseres
Mas fala. Fala. Fala...
Abraça o silêncio,
Este bom silêncio.
Dá-me os teus olhos
Que embriagam o mais ébrio
Dos Deuses.
E voa. Voa comigo
Por este espaço vazio,
Sente o vento das asas
O frio das nuvens
O silêncio.
O nosso silêncio.
Vem.
Vamos!



09DEZEMBRO2015


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

SE TE TOCO






Para quê pensar
Perder o toque
Recolher os dedos.
Esta sensação
Um pedaço de tudo
Quase sem nada.
Silêncio
Apenas e só
Silêncio.
Sentir
A pele
O murmúrio.
Cegar
E ver tudo.
Para quê pensar
Se te toco.


08DEZEMBRO2015

domingo, 6 de dezembro de 2015

ARTE E VIDA




Hoje já é passado.
Respirei o fruto do Ego.
O que me alimenta.

Esperei,
Corri e encontrei,
Deliciei-me,
E acabei aqui.

O Ego tem elasticidade,
Gostava que crescesse.

Ó Deus,
Dá-me um Ego maior,
Maior que a Alma,
Dá-me momentos eternos.

Sei a cor da luz,
Do Sol, da Lua,
Da tua,
Do brilho espelhado.
O mar.

Os sons mágicos,
Pianos,
Violinos,
Metais.

Almas virtuosas,
Vivas em corpos,
Tão pouco humanos.
Mas mais que humanos.

E eu.

Aqui deslumbrado,
Pelo poder da Arte.
Deslumbrado comigo,
Por privilégio,
Poder assistir.

Sentir.

A Arte,
É muito mais.
A Arte
É ter poder na vida.


06DEZEMBRO2015

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O AMOR EXISTE





Onde está a vida?
O sonho?
A cumplicidade?

Onde encontro a amizade?
A fuga?
A coragem?

Porque me queima o fogo?
Por dentro,
Por fora,
Por tudo e por nada?

Porque sou eu assim?
Uma muralha,
A defesa desarmada?

Porque gosto de ser quem sou?
Sem dúvidas,
Que não estas?

Para quê desacreditar?
O amor existe,
Está aqui!


03DEZEMBRO2015


SEM VONTADE DE REGRESSO




Chegar devagar ao meu corpo,
De uma viagem como tantas,
Onde me perco propositadamente,
Sem vontade de regresso,
É um acordar difícil de gerir.
Rasgam-se as nuvens,
Nos cantos do céu, misturado
No horizonte, tão perto de mim.
Os meus antípodas, são aqui,
Tão perto que me assusto,
Sem receio real, onde só eu chego,
Numa paisagem que só eu vejo,
Nas definições que só eu entendo,
Num mundo louco que é só meu.
Egoísta? Não diria que sim
Como não diria que não.
Talvez, talvez seja eu a onda
De uma qualquer tempestade
Que adoro sentir na pele,
Como náufrago moribundo,
Que lá bem no fundo, reage
Ao frio da falta de oxigénio,
Que salta dentro do corpo,
Doido, doido, completamente doido
Com uma vontade inigualável
De se agarrar à vida, a esta vida,
Que se torna de súbito suave,
A todo o momento,
A um qualquer momento,
Desde que o amor exista.
O amor. Sim! É esse o segredo.
O tal motivo e a causa deste crime.
Assim me acuso, me entrego e,
Capitulo à paz banal do nada,
Porque esta tempestade no peito
Faz parte do porquê em estar Aqui.
A paz é esta tempestade...


03DEZEMBRO2015

O PULSAR DO PEITO



Fechar os olhos,
É ver todas as cores.
É o espaço vazio,
Preenchido de tudo.
É como chorar,
Um relicário nobre
Que me toca a alma.
É a fé presente,
O corpo ausente.
Meu Deus,
Como preciso da cor.
Do pulsar do peito,
De pintar o amor.
Fechar os olhos,
Ver-te aqui, ausente
Nesse teu corpo presente.
Quero o mundo,
Perfeito neste momento,
Com o cheiro e o tacto
E o pulsar do peito.
Sei que sim,
Que sou estranho,
Que sou impulso,
Que não tenho jeito.
Fechar os olhos,
É ver-te, assim
Com todas as cores,
O teu cheiro presente,
No teu corpo ausente.
Fechar os olhos,
Agora e sempre,
Aumenta assim,
O pulsar do peito.



03DEZEMBRO2015

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

HOJE É O PRIMEIRO DIA





Sentir este poder.
As horas adormecidas,
Compor uma sinfonia
Com todas as pequenas coisas.
Uma batuta,
O ritmo cardíaco,
O peito cheio,
E o som silencioso...
O amor.
Quero compor o que sinto.
Quero tocar o invisível,
Quero cantar a vida.
Hoje, é o primeiro dia,
De como dizem, e bem,
Do resto das nossas vidas.


02DEZEMBRO2015

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

HOJE SINTO-TE!





Hoje sim.
Hoje sinto-te.
Tenho o palato seco,
O tacto trémulo,
O odor bloqueado.
Tenho a vontade.
Tenho poder do sim,
Vontade incontrolada,
Harmonia dos corpos.
Mesmo sozinho, sinto-te.
Sei que sim,
Que te sinto,
Tenho esse poder
De te sentir,
De te fazer sentir
Tudo, ou
Quase tudo,
Porque o tudo
É quando as partes,
Todas as partes,
Se sentem juntas.
Mudas, num
Entrelaçar de nós.
Nós, invisíveis e puros.
Só eu sei do que falo.
Tu, o saberás!



01DEZEMBRO2015

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

EFEITOS DO MAR



Um dia, tal como hoje,
Apeteceu-me dançar.
Apenas dançar.
Conhecer os cantos ao mar,
Ouvir o reflexo do Sol,
Sentir o frio da Lua.
Abraçar o Tempo,
Deixá-lo passar,
Monótono,
Previsível.
A música das árvores,
O chilrear das nuvens,
E o tique-taque da vida.
Deixar que tudo passe,
Feliz, ou até quase.
Quem sou eu,
Ou nós,
Para ficarmos calados?
Pintar as ondas,
Dançar numa tela,
Comigo, sózinho
Como dança o vento
E o silêncio à minha volta.
É este, um dos efeitos do mar.


27NOVEMBRO2015

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

MÃE PRESENTE




Sabes,
Hoje pela primeira vez,
Tive saudades do futuro.
Estranho, não é?
Sei que é estranho para ti,
Que eu pense desta forma.
Mas tenho.
Tenho saudades do futuro e,
Por vezes quero para-lo.
Para que não exista,
Para que não venha a ter saudade.
Quando penso na sorte,
Sinto-a desta forma.
O Amor.
A sorte de estares viva,
Pois sempre o serás,
E este aperto bom,
Quase inexplicável,
Quando te sinto.
Há momentos assim,
Quando te sinto,
Quando te vejo,
Quando estou longe...
Agora,
Neste precioso momento,
És tu a culpada,
A boa culpada destas letras.
Sei que haverá o dia,
O teu ou o meu,
O tal que não queremos(!)
Nunca chegue,
Esta é única utopia que tenho,
Porque te senti,
E te sinto na pele.
Sempre,
Tão pessoal e,
Intransmissível.
Sempre,
Tão especial!
E penso,
E penso,
E penso.
E sorrio.
E amo-te tanto!


25NOVEMBRO2015

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A FUGA AO REFLEXO




A pele acordou-me,
Arrepiada de sonhos,
Com um mar a crescer,
As casas a ruir,
E todas as fantasias,
Que a vida me força a ter.
Posso estar a delirar.
A sensação da pele,
É um prazer muito meu,
Intenso e demasiado,
Que corro atrás,
Na fuga aos espelhos,
Porque nisso, sou egoísta.
Só nisso.
Na fuga ao reflexo.
O prazer,
A pele, o toque,
Os aromas do amor,
Mais que necessários,
Muito menos que egoístas,
O borrifar dos perfumes,
O fresco das fragancias,
Faz-me tremer, simples
Como a troca da pele,
Poros nos poros,
Dedos nos dedos,
Olhos nos olhos.

E as bocas,
Os lábios,
Todos os lábios,
Tão teus,
De meus quando os beijo,
Quando lhes toco,
Íntimos e infinitos,
Como a pele,
Assim arrepiada,
Sem horas certas.
Adiar o adormecer,
Faz-me sentir que sonho.
A diferença é a calma,
Correr uma vida calma,
Com uma pressa disfarçada,
Por um tempo que é meu,
Ou que não é meu,
Mas que não me dou conta.
Do tudo o que aprendi,
Não fará bem a ninguém,
Senão apenas a mim,
Nem é principio, nem é fim.
O segredo, é ficar...


22NOVEMBRO2015

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

TUDO É FÁCIL




Tudo é fantástico,
Quando tudo é bonito,
Quanto tudo é precioso,
Quando tudo é mágico.
Tudo é amor,
Quando tudo é assim,
Quando tudo é pouco,
Quando a saudade sobra.
Tudo é simples,
Quando tudo é único,
Quando tudo é sorriso,
Quando tudo é criança.
Tudo é fácil,
Quando estou sozinho,
Quando escrevo coisas,
Quando penso em ti.
Tudo.
Tudo.
Tudo!


20NOVEMBRO2015

AINDA ESTOU AQUI




Custa-me falar da vida neste momento.
Falar de quê? De quem? Para quem?
Falta-me a noção da realidade,
Coisa que se me abstrai, se não a tiver.
Custa-me a vida, tão cara. Tão cara...
O valor do dinheiro, é surreal,
É a dor que me dói, que me agride a alma,
Quando te deixo o meu canto de vida,
Perdido, sem que tu vejas afinal, o valor.
O valor da vida. Esse destino irrisório
Com que te banhas e te afogas.
É afinal, uma canção de fraco valor.
Essa música que toquei, afinal
Está distorcida e sem refrão possível.
Sei de cor os compassos e as rugas da pele.
Sei de cor o gosto e, o cheiro da tua sombra e,
Quando parar de pensar, será o fim.
E é isso que me apetece mesmo,
Parar de pensar e agir, de olhar sem sorrir,
De ficar e nunca partir. São caprichos.
O apanágio da loucura é tão simples,
Como parecem os traços de um esboço.
O outro lado da Lua, das montanhas,
Do horizonte, é sempre um estado de sombra.
Delineada à realidade que não vejo,
Que posso imaginar e criar a meu gosto.
Até que, um dia, atravesso para esse outro lado,
E me desiludo com o que afinal existe.
A sombra, nunca deixa de ser sombra,
Mesmo com rasgos de luz hipotética,
Casual ou induzida, até por mim.
Quebram-se as dobradiças desta porta velha,
Que deixa de ranger por final anunciado.
Fica uma cruz, onde um cão dorme ao fim do dia,
Onde a saudade não é louca afinal,
Porque só realmente um cão lhe dá o valor real.
Sem nada. Sem absolutamente nada, a não ser amor.
O amor que já só existe, onde deixou de existir.


20NOVEMBRO2015

BECO SEM SAÍDA




Um beco sem saída,
É o final mais próximo,
A distância fácil,
Sem objectivos.
Talvez a trave,
Uma que me trave,
Que me agarre,
A fugir à vida.
A angústia final.
Quebrar a alma,
Deslocar a vida,
E ficar pobre,
Sem nada,
Como sou,
Como estou.
No vale das sombras,
Há um paraíso,
Tão próximo,
Como barcos à deriva.
Há uma luz incandescente,
Lá ao fundo,
Lá mesmo ao fundo,
Tão potente como a morte.
Deixo-me levar,
Levitar é fantástico.
Se luto, logo verei.
Agora,
Não tenho força.
Amanhã,
Amanhã...
Talvez.


20NOVEMBRO2015

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

HOJE SIM, SOU FELIZ



Estou feliz!
Imensamente feliz.
Juro que sim!
Saber-te feliz,
É bom saber-te feliz!
A vida, é isto
Um remoinho de eventos,
Que nos fazem sentir tanto.
Respirar,
Falta de ar,
Alegria,
Felicidade,
Tristeza,
Desânimo.
São tantas as horas,
Que se perdem os minutos.
Estou feliz!
Mesmo muito feliz!
Só Deus sabe.
O sorriso faz falta,
O teu, o meu,
Os do Mundo.
Hoje sim,
Sonho, e sou feliz.


18NOVEMBRO2015

terça-feira, 17 de novembro de 2015

INEVITÁVEL



 A entrega ao inevitável,
Derrota todas as opções.
Só questiono os porquês?!
A inevitabilidade de quê?
Nada é inevitável,
À parte os resultados.
Só o resultado é inevitável,
A forma é a diferença,
A permissa o motivo.
O resultado é subjectividade,
Tudo começa na operação.
Já não faço contas a nada,
Só à sobrevivência da mente.
Da demência fujo,
Se for esse um resultado.
Há outros próximos,
Os que evito, mas não descolo.
São como a arte.
São resultados de tudo,
Um começo no meio de nada,
Que transformo em bel prazer.
Provavelmente só meu.
Talvez só eu entenda, o prazer
Intransmissível pelo abstrato.
A entrega é permanente,
Dedicada e meio obstinada.
Talvez um pouco surreal,
Talvez mesmo tudo.
A mistura do caos,
Um caos inevitável,
Como a previsibilidade.
Mas improviso.
Sempre!
Quero caos diferentes,
Que contamino sozinho.
Talvez seja a doença
E a cura, tudo junto.
O vírus e o antídoto,
O sagrado e o profano.
O que for seja,
Desde que seja inevitável!
Como eu...



17NOVEMBRO2015

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

13 NOVEMBRO 2015



Sexta-feira 13.
Um dia de Novembro,
Um dia qualquer.
Uma cidade.
PARIS.
Um povo.
Povo do mundo.
A paz.
A vida.
O vírus que volta,
Que mata, que fere.
Tudo e nada,
Inocente.
Tudo está doente,
Tudo será diferente.
Sobram velas,
Queimam almas.
Sobram lágrimas,
Suporte da dor.
Sobra pouco...
Sobra muito pouco.
Sexta-feira 13,
Um dia que não é,
Nem nunca será,
Um dia qualquer!


16NOVEMBRO2015

domingo, 15 de novembro de 2015

MUNDO DOENTE




Misterioso é o Homem.
Previsível, pela negatividade
De toda esta destruição gratuita.
Religião.
Religião e profetas.
(Dizem "eles")

Mas,
"Eles" somos todos.
Criadores de destruição,
Direta e indireta, somos nós.

Apetece-me viajar.
Apanhar o comboio da Paz,
Passear por um século,
Isolado do Mundo,
Gozar de Liberdade.
É simples a liberdade.
Apenas é.

Tantas são,
As mentes conturbadas,
Doentes e infectadas,
Apenas porque sim.
Misterioso é o Homem,
E as mentes que descarrilam
De uma viagem simples.

O destino, tem de ser a Paz,
Só entende isso,
Quem entende e sente o Amor.
("Eles" não conhecem o Amor)

O Mundo está doente,
Está tão doente,
Que a fase é terminal.

Se o antídoto é o fim,
Misterioso é o Homem,
Que acabará assim.

Abençoados sejam os mortos,
Imortalizados sejam os inocentes!

Condenadas sejam as Bestas.


15NOVEMBRO2015

sábado, 14 de novembro de 2015

O MEDO DA CULPA




O Mundo está de luto.
Eu estou de luto.
Luto.
Morte.
Miséria.
Eu luto aqui,
Para amenizar.
Um pouco,
Um pedaço,
Um afago,
Uma lágrima
(entre tantas...).
É triste o Homem.
O Mundo está de luto,
Está doente.
Assim não!
Assim não se vive,
Morre-se por nada.
Inveja,
Religião,
Moda,
Culpa.
Somos culpados,
Agora de medo,
Depois a coragem,
No final da História,
Somos todos vítimas.


15NOVEMBRO2015

O BRILHO DA MISÉRIA




O brilho da miséria,
Reflexo do preconceito,
Está na rua.
Humanizar é preciso,
Ler é necessário!
Agir!
Educar!
O computador biológico,
Chama-se cérebro.
É complicado!
Muito complicado!
Somos culpados do mal.
Somos culpados da história.
Faz parte disfarçadamente.
Não fomos nós.
Não matámos,
Não torturámos,
Não escravizámos,
Não... e,
Não... e,
Não!
E agora?
Serão os profetas?
Serão as fés?
Serão as religiões?
Não sei.
Mas sei.
Acho que sei.
Sei que o Mundo está louco.
Sei que o indivíduo está sozinho.
Sei que a engrenagem empenou.
O brilho da miséria,
Brilha.
Brilha como nunca.
Este mundo é o paralelo.
Queria que fosse!

HOLOCAUSTO




O que representa a memória?
Nunca esquecer o tudo e o pouco,
Nunca esquecer o ódio e o perdão,
Nunca esquecer o bem e o mal!
O que representa o genocídio?
Manter a memória viva,
Manter a alma em paz.
Sentindo o cheiro, dos corpos,
Das almas, da destruição maciça,
Do ódio do Homem,
O gémeo da morte.
Memorizar o Holocausto!
Para sempre. Para sempre!
70 anos.
A vergonha do Homem,
Hoje, a memória à Eternidade!
Comemorar a vida, o futuro.
Nunca esquecer o passado
Morreram os corpos,
Os inocentes,
Ficou a memória!
Para sempre!
Acredito nas estrelas!
Acredito no amor!

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

CORPO DORMENTE





Tenho nós na garganta,
Que me secam as folhas.
Tenho raízes de revolta,
Que me apertam os dedos.
Tenho um mundo eterno
Que me atrapalha a vida.
Tenho tanta coisa,
Que não sei nomear o certo.
Sobra o calor do dia,
Que me atenua o impulso,
Com uma dose incerta
De um destino incerto,
Talvez ultrapassado,
Talvez prematuro.
Tenho o corpo dormente e,
A alma ausente.
Não sei onde estou.
Aqui, pode ser um outro lugar.
Talvez esteja mais perto,
De um lugar onde me vejo.
Nada me conforta!



11NOVEMBRO2015

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

METAMORFOSEADO






Acabei de sonhar acordado.
Olhar para outros, sem os ver,
Não deixa de ser normal, comigo.
Talvez até, uma forma de poder.
A apreciação de comportamentos,
É adivinhar realidades disformes,
Enriquecidas pela diversidade.
O Homem, é fantástico
Quando reage, inato, a estímulos,
Sem pre conceitos, ou recorre
A pensamentos mecanizados.
Eu, sinto-me como um invertebrado,
Onde toda a dureza e estrutura,
Não existem dentro, mas fora do corpo.
Um pouco Kafkiano, sinto-me
Vazio por dentro, sem alma
Como sempre a quis usar,
Mas retraído e encurralado
A uma armadura que me é estranha.
Talvez isso me impeça tanta coisa.
Talvez por isso, não me sinto bem no corpo,
Sem problemas de visual ou imagem,
Mas por me sentir fechado e, preso ao mundo.
É aqui que me desencontro.
É esta tentativa cada vez mais amiúde,
De me libertar de mim próprio,
Que me transforma metafóricamente,
Em tudo aquilo que não sou.
Talvez os outros vejam essa versão,
E por isso se desloquem e calem.
Esta guerra interna, não o é,
Mas é sim, uma obsessividade objectiva
De não perder a loucura salutar,
E ultrapassar o portal,
Perdendo-me no outro lado.
Engraçado.
Acordo cada vez mais com esta vontade,
De chegar aqui e desbravar sem razão,
A ilusão de ser capaz de escrever.
Sai o que sai, por impulso abstrato
Sem querer ser alguém que não sou.
Tenho estas "mortalidades". Efemeridades
Desencontradas com a lógica dos outros.
Neste momento, chega...
Vou sair desta carapaça insectívora,
Porque me incomoda o vazio,
Que não pára de crescer por dentro.



09NOVEMBRO2015

sábado, 7 de novembro de 2015

CADA VEZ MAIS...




Tenho tanto para falar.
Tanto, mas tanto que me dói o silêncio.

Sempre foi assim.
A minha admiração pelo silêncio inteligente!
Adoro-o e, pratico.

Apetece-me escrever ao mundo,
A inevitável subserviência do corpo,
Que me afasta das pessoas.

Cada vez mais,
Admiro menos as pessoas.

Cada vez mais,
Sou a antítese do talvez,
Porque o sim e o não,
São valores concretos.

Não me revejo em tanta coisa,
Na maioria das pessoas...

Não tem de haver clichés,
De padrões,
De nada.

Era bom que evoluíssem,
Como a fome se desfaz,
Como a sede se elimina,
Como bom, é ser a vida.

Amo tanto!
Cada vez mais,
Menos.



07NOVEMBRO2015



O MEU SILÊNCIO





Bastava estar calado.
O meu silêncio,
Seria um elo fraco,
Da fraqueza que não tenho.

Talvez alegria para alguém.

O silêncio é bravo,
Não é macio, nem é agasalho.
É como uma faca,
Onde os gumes aguçam
Pelos dois lados da folha.

As folhas,
São a quebra do silêncio,
Sem murmúrio exacto,
Apenas por questão de gumes.
Cortam.
Ferem.
Matam!

E eu morro aos poucos,
Sem palavras
Sem sons, sem silêncios.

Sem saber os porquês,
De todas as questões.

Venha o Diabo e escolha (-me).


07NOVEMBRO2015

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A VIDA É OPCIONAL





Há várias coisas que não sustento e,
Tendo que sustentar alguma coisa,
Serei eu a base de sustentação.
O fingimento, as piadas de mau gosto,
Jogos idiotas do faz de conta,
E a cobardia do diz que disse.
Não tenho paciência!
Não tenho paciência para as pessoas.
Não suporto, nem alimento ódios.
Não me encontro em pausas de vida,
Nem me revejo nisso, com esta idade.
Uma enorme quantidade de "N"'s,
Que preciso alterar urgentemente.
Estar, talvez sim,
Estarei doente,
Mas não posso,
Nem quero,
Aniquilar a mente.
Falo comigo,
Escrevo para mim,
Leiam quietos, gritem
Mas calem-se.
A vida,
Já não me faz falta!



05NOVEMBRO2015

terça-feira, 3 de novembro de 2015

TENHO TUDO





Tenho saudade!
Tenho tanta saudade.

Tenho o tempo passado,
A memória que não apago,
O presente, o sorriso,
A lágrima, o martírio.

Tenho tudo!
Tenho saudade!
Tenho tanta saudade.

Tenho vazios enormes,
Espaços demasiado cheios,
Uma pele arrepiada,
Uma quantidade de nada.

Tenho quase tudo!
Tenho saudade!
Tenho tanta saudade.

Tenho a vida,
A minha idade,
A minha certeza,
E toda a saudade.

Tenho tudo!
Só me falta, o nada.


03NOVEMBRO2015

COISAS MINHAS





Tudo me parece brutal,
Ando no apogeu da Beleza,
Sabendo eu de antemão,
Que tudo é revestimento.
Por baixo da camada rija,
Frágil e quebradiça,
Surgem as camadas originais,
Como o pensamento e a alma.
Não quero quimeras, nem luta
Já estou farto de calores perdidos,
Quando toda a energia faz falta.
Estou em fase degustativa,
De tudo e de nada que me atraia.
Os contrastes e os porquês,
Fazem parte da minha vida,
Porque não vivo de outra forma,
Que não o saber porquê.
Ou tento, pelo menos.
Coisas minhas,
Sem equilíbrio para muitos,
Estranho para outros,
Estravagante, para muitos mais.
Não é que me importe ou não,
Caro que me aborrece a indignação!
Ando com apetites diferentes,
Mais exigentes, comigo
O que me torna indiferente
Às almas frouxas.
Ou nem tanto.
Explicar para quê?!
Preciso de oxigénio,
Preciso de fogo e mar,
Preciso de combustão
Para nunca deixar que o Amor fuja.
Mesmo a sós, amo tanto!


03NOVEMBRO2015

sábado, 31 de outubro de 2015

CLIMA VOLÚVEL




Tem mudado o tempo,
Todos os dias.
Demais até, digo eu.
Fresco, ameno,
Calor, frio...
Nunca sei.
Mas tem um dom.
O Tempo tem esse dom.
Não de Cronos,
Que é previsível,
Mas de clima,
Que me atrai.
Imprevisibilidade.
Atrai-me sobretudo,
A imprevisibilidade.
É um pouco como eu.
Fica o registo,
Um clima volúvel,
Uma alma efervescente,
Um coração cheio e,
Um vazio,
Que sou Eu.


31OUTUBRO2015

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

SER FELIZ, É SER ASSIM !




Tenho dias assim,
Em que o tempo me confunde.
A meteorologia, é imprecisa,
Contundente e eficaz,
Quando aplica a frieza que tem.
Não é frio que me afecta,
São as outras formas de vida,
Quentes e efémeras,
Que ultrapassam o tempo.
É a falha dentro do tempo,
O tempo só por si não falha,
É muito previsível.
É na questão do durante,
Que me falta a certeza do Mundo,
As pessoas e razões políticas,
A vontade e a inércia,
Tanta coisa que pode ser tanto,
Mas tanto que se torna em nada.
Tenho dias assim,
Sem culpa do tempo.
Arranjo desculpas esfarrapadas,
Para umas linhas confusas,
Para tantos, mas não para mim.
Talvez devesse falar comigo,
Oralmente e sozinho, sem comunicar.
Há tanta gente assim!
É tudo uma questão de coerência,
De bom ou falta de senso,
Mais individual que comum,
Que me leva a "isto"...
Particularmente, fico feliz
Sem juntar o que condeno na vida.
Há tanta forma diferente de felicidade!
Junto-as como posso,
Na quantidade que consigo adir.
Se fico feliz? Um pouco mais
Por cada degrau que subo,
Por cada item de Sabedoria que atinjo,
Por cada pessoa que vejo feliz.
A minha felicidade,
É ver a felicidade nos outros!
Ser feliz, é ser assim!



29OUTUBRO2015

ACROBATAS DA DOR




Já se me fere a inocência que perdi,
O pseudo faz de conta que amo,
Que quero ajudar os impossíveis,
Porque não tenho, porque não me chega.
São afirmações hilariantes e vazias,
Quadros com tela viva, inocupada,
Variante de alguma coisa por formar.
É a vida como a conheço nos outros,
Cheia de contradições auto infligidas,
Com o coitadinhismo inerente,
Cheio de bons momentos inexistentes,
Que se confirmam num sorriso pouco puro.
Um falso sorriso constante, não assumido
Que os acrobatas da dor usam,
Os palhaços na animação falsa,
Que só mesmo as crianças filtram.
Doi-me o qualquer dia, em que já nada
Se me acrescenta, por inexistência do nada.
Estou cada vez mais morto por dentro.
Sinto cada vez maior desilusão de mim,
Dos que como eu, respiram e fingem
Que afinal nada passa de desentendidos.
É tão falsa a existência, que me condeno
Que preciso fazer com que finde o martírio.
Faço parte dele, quero acabar com isto!


28OUTUBRO2015

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O MEU AMOR É ARTE




Há um tanque na aldeia,
Onde se lavavam memórias,
Seco e vazio, mas existe.
É o processo evolutivo,
Que transcende o velho.
A frieza do contemporâneo.
Arte, desnorte ou assim...
Nada que seja surreal,
Tem a justificação do abstrato,
Nem a esperança do vazio.
Tudo tem um enquadramento!
Ponto. Tudo tem um enquadramento!
Escolher a perspectiva,
É o que faz a diferença.
E a construção,
E a criatividade,
E a objectividade...
Ou não!
Preocupem-se os críticos,
Que eu preocupo-me comigo.
Nada que tenha esta interpretação,
Ou outras de arte,
Tem a ver com o que procuro.
Só quero sentir!
Só!
Mesmo só isso.
Sentir!
Sentir o que sinto!
Quando vejo,
Quando leio,
Quando cheiro,
Quando toco...
Tudo isto é amor.
O meu amor,
Porque o meu amor, é Arte!



28OUTUBRO2015

FALTA DE FAVORITISMO




Tenho esta falta de favoritismo,
Que me remete a uma vulgaridade,
À vista dos outros, que não é a minha.
Há quem goste de mordomias. Ponto!
Claro que sim. Nada contra!
Eu, não mudo, nem por nada.
Quero esta minha vulgaridade,
Sem favores de sorrisos falsos.
Nada me faz ser quem não sou.
Depois, há o resto do mundo,
Que não precisa de "gente gira",
Ou realidades "superiores",
Para que a vida corra, feliz.
Há uma hipótese absolutista,
Que absorve a falta de necessidade.
É a isso que chamo humildade.
A verdadeira e profunda,
Sem retornos ou retoques.
Não preciso de "photoshop"
Na minha vida pessoal.
Sou o que sou, admiro tanto
Todas as outras formas de estar.
Todas! Absolutamente todas!
Mas começo pelas mais humildes,
Com o fundo do coração, sempre
Em estados que me ultrapassam,
Por sentir a necessidade que já senti.
Nada de palavras bonitas,
Desejos consumidos em sorrisos,
E pouco mais que nada.
Precisava ser milionário,
Para ajudar meio mundo.
Sou como sou,
O resto, é falsa modéstia.



28OUTUBRO2015

terça-feira, 27 de outubro de 2015

QUANDO O SOL SE ESCONDE




Tenho as raças e fronteiras,
Inteiras e desocupadas,
Para me intrometer,
De uma forma muito calma.
Cheiro os cheiros próprios,
De culturas e guetos,
E penso...
Porque não? É assim.

É a forma fácil de viajar.
Além dos livros,
Sentido o autor,
Viagens privadas, é
Interpretar e interagir.
Sei lá o que quero,
Quando quero o que sei...
Sei que o Mundo apodreceu,
A nódoa existe, com opções.
Só quero que a vida persista,
Porque existe a minha vida.
Eu, também existo,
Mesmo que a verdade custe.

É Inverno, quase
Mas o Verão permanece,
Nestas páginas cinzentas.
O nevoeiro, é químico
Que inverte o estado visível,
Mas sempre passa.
É simples.
O Sol nunca morre,
Esconde-se...



27OUTUBRO2015

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

REFLEXO





De frente ao espelho,
Sentado.
Imóvel.
A luz é ténue, sem brilho,
Sem sombras.
Olho-me.
Não vejo nada,
Além de um corpo,
Que podia ser outro.
De qualquer outro,
Um corpo qualquer.
Só os movimentos,
Me fazem sentir.
Só a monotonia,
Me faz saber quem sou.
Nem o mercúrio ou a prata,
Que me refletem,
Me fazem sentir especial.
Não o sou.
Eu sei.
Sou um reflexo,
De mim mesmo!



26OUTUBRO2016

PENSAR QUE EXISTO




A criação retorna à procedência,
Quando não sei sentir a raiz.
É preciso conhecer o básico,
Para o tornar em estado supremo.
Ou fiquemos pelo intermédio...
Ser vulgar.
Previsibilidade fácil.
Conservar o necessário
Para ficar em relevo.
O quê? Não sei.
Ou sei, mas não vou dizer.
Pensar é um privilégio.
A inteligência, não é Darwiniana.
Aparecem palavras novas,
Como a que acabo de escrever,
Que pouco me interessa,
A importância ou crítica dadas.
Sei cada vez com maior certeza,
Que sou um pó simples.
Não simplório, não me reconheço
Como uma forma básica inteligente.
Só quando penso noutro privilégio,
Dos não inteligentes. Que sorte!
Não pensar, não poder pensar
É de uma sorte incrível. Às vezes.
Não há lotarias na vida. Vivida.
Há uma cadência engrenada,
Onde todos os resultados existem
Por parcelas equacionais do passado.
São resultados. São somas e reduções,
Divisões multiplicadas à abstração.
É a linguagem matemática,
Que me faz pensar que existo.
Daí, a minha origem,
Ter sido uma tempestade
Com um final feliz.


26OUTUBRO2015

domingo, 25 de outubro de 2015

FICO À ESPERA...






Ao olhar para o Mundo,
Chego a várias conclusões.
Não sei se ria, se chore,
Se viva o dia a dia,
Se desligue o futuro.
Acho uma irresponsabilidade,
Um egoísmo fingido,
Onde todos os medos,
Dão à costa em maré vazia.
E por ali ficam...
Medos de encarar a realidade.
Um toque ignorante,
Numa paisagem virgem,
Petrificada por toques
De Medusas inexistentes.
Mitologia é o Mundo ido,
Idolatrado à exaustão,
Por peões de senso estranho,
Mesmo que comum,
Elevados a um Olimpo
Que todos queremos.
Sobram os vulgares mortais,
Como eu, como a idade
E a epifania da vontade.
Sobra-me espaço na Alma,
E esta força de uso imediato,
Quando me apetece dar,
Como quase sempre
Até parar por inércia de outros.
Viver é edificar o muro
Que edifica a muralha.
Morar, ficar descansado,
Sem medo de movimentos
Que me abstraiam da calma.
Sentir, é ser Eu e aqui
Porque de todos os outros,
Sobram-me espaços vazios.
Ser agora o que sempre fui,
Sem perder a esperança
De ser sempre o que quero,
É a equação e fórmula certas
Desta minha fome de viver.
Haja paz e um dia por dia!
Fico à espera...


25OUTUBRO2015

sábado, 24 de outubro de 2015

AMANHÃ EXISTE?





Estou pronto para o voo.
Um qualquer género de voo.
Tenho alisado as penas,
Apuradas a cola e a base,
Só me falta a coragem.
É um completo vazio,
A memória por completar.
Sei que faz falta o luar,
O cheiro da relva aparada,
O delírio dos pássaros,
O riso das crianças...
Falta-me lembrar,
Uma vez mais tudo isto.
Tenho espaços em branco,
E sei que existem!
Sei que existiram, sempre
Verdadeiros ou paralelos,
Será que sei?!
Estou em fase de dúvida.
Mais uma a juntar a tantas.
Se tivesse certezas,
Talvez estivesse mais preocupado.
Amanhã existe?
Acho que sim...



23OUTUBRO2015



RECUSAR A DESISTÊNCIA




Tenho um telefone, já gasto
Por esperar uma chamada.
Sempre a mesma.
Aquela que nunca chega.
Quem sou eu, para ser diferente?
Milhões por aí sem telefone.
É o abismo da esperança,
Que encontro todos os dias.
Tudo porque a tenho,
Utópico e teimoso por mim,
Sabendo de há muito,
Que nada resolvo.
É um dom que tenho,
O dos outros e, não de mim.
Não choro por isso,
Mas choro, claro que choro.
Já não por moinhos e Quixotes,
Já não por sonhos reais e acordados.
Evidentemente que há o sonho,
Nem me desvio do que é fundamental.
Falta-me aquela pitada de,
Um sei lá o quê,
Nem sei bem para quê,
Mas sei que falta essa peça,
Esse pedaço de um pouco,
Ou um nada que me complete.
Quase desisto dos outros,
Mas de mim, nunca!
Nunca!



23OUTUBRO2015


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

ABRAÇO CALADO





Mirrou-me a pele,
Nem de frio, nem calor.
Um momento de fuga.
Fugir do Mundo,
Tal como agora fujo,
Porque o detesto.
Detesto a parte má,
Que cresce,
Com entusiasmo, mas
No sentido oposto,
A tudo o que nasce.
O arrepio, tem paradoxos,
Frio, dor, prazer, desejo
Um pouco de tudo o que vejo.
O que sinto,
Previsibilidade,
Intensidade,
O abraço calado.
O toque dos dedos,
Essa pele, que cheiro,
Que me embebeda a sede.
Só o amor me merece!


23OUTUBRO2015

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

NO TOPO DAS NUVENS





Apetece-me o abraço.
A convergência dos braços,
O aperto dos dedos,
O cheiro, o tacto...
Apetece-me tanto!
A fuga do processo,
De todos os processos estranhos.

É fácil pensar na felicidade.

É como tê-la, vivê-la e tudo...

Apetece-me viver agora.
Descolar sozinho, do corpo
Que me prende a este mundo.

Ver-me. Ver-me ao longe,
De cima, no topo das nuvens,
Onde já nem elas se falam.

A convergência dos sentidos,
A paixão, por tudo e por nada,
De tudo, dos amantes,
Da interminável paz que preciso.

És tu, quem sinto falta.
Do abraço, do beijo,
Do toque, do cheiro,
Da pele suada e colada.
Do amor...

É fácil pensar na felicidade.
Apetece-me um abraço!
A nossa felicidade,
O nosso abraço.


22OUTUBRO2015

SÓ ME PERGUNTO...






Sabes,
Eu sei muita coisa...
Coisas que eu falo e
Não existem.
Mas não desisto
Em acreditar,
Mesmo que o sonho,
Ou algo semelhante
Me afaste,
Talvez até de mim.
Mas tenho um dom
Que me faz feliz.
É como ser ágil,
Um corpo sarado.
É como ser frágil,
Onde tudo rola
À volta da mente.
A razão da vida,
É um acumular de razões,
Que me afectam
Ou, acho eu que sim.
As marés, podem ser pálidas,
As tempestades, inconscientes
Até pelo estrago que fazem.
Só me pergunto,
Se haverá condenação
Quando o motivo é forte.
É por isso que penso tanto.
Tanta coisa estranha,
Intemporal, intransmissível,
Ou como queiras nomear,
A loucura perto da loucura.
Tens um perfume,
Que se mistura com o meu,
E são esses sentidos que importam,
Que fazem sobressair a razão,
Toda esta dor,
Ou o que for,
De amar desta maneira.
O calendário,
É um pedaço de chá,
Infuso e determinado,
Em deixar passar o tempo.
Espero que sim...


22OUTUBRO2015

terça-feira, 20 de outubro de 2015

SOLIDÃO ?





Solidão.
Que é isso,
Solidão?
A minha companhia?
Prefiro!
Melhor...
Melhor que,
Sentir solidão
Acompanhado.



20OUTUBRO2015

DIZEM QUE SIM






Dizem que sim,
Que vai estar frio.
Eu sei,
Já o sinto.
Por dentro.
Mas há a Arte,
O que completa a vida.
A música,
Os virtuosos,
Os Mestres,
E os pobres como eu,
Que se alimentam,
Com fome diabólica
Mais que simbólica,
De tudo,
O que possam alcançar.
É a minha escolha.
Eis a minha opção,
Consumir,
Ao máximo,
O que a Vida,
Na Arte,
Me pode dar.
Dizem que sim.
Que vai estar frio,
Mas eu,
Sinto calor,
Por mais um dia de Ego.



20OUTUBRO2015

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

DONO DO MUNDO





Preparo as cores de Outono,
Como quem prevê a Beleza.
Os tons são sabidos,
Cíclicos e previstos,
E quentes, como o fim do Verão.
Se a escolha fosse minha,
A natureza era mais Outono,
Sem menosprezo de datas,
Com esta paz na Alma,
Enquanto olho as planícies.
Até os lagos e mares,
Nas suas infindas margens,
São cúmplices da harmonia.
A água, canta a sinfonia,
Enquanto escorrem frias,
Nas margens que, como eu,
Inundam um sabor diferente
A cada mudança de corrente.
Como quem nunca morre,
Por cada nascer de dia.
Prefiro a calma da cor,
Que o som da loucura,
À previsibilidade da dor,
Que não quero perder,
Que me faz recolher,
Sozinho, mas não aflito.
São as paisagens, que eu bebo,
Neste eco de silêncio,
Cheio do que é tão meu, onde
Penso ser o dono do Mundo.



19OUTUBRO2015


DEPOIS DE TUDO






Já servi o dia,
Com o prazer de sempre.
Basta oxigénio,
Quando estou acordado.
Basta visão,
Para alimentar os sentidos.
Tudo o resto,
Se desenvencilha em conformidade.
A música espera-me, quieto
Sem nervos ou adaptações.
Um livro que leia,
Outro mundo que adquiro.
Um pouco de Soberba,
Para alimentar o corpo,
Fustigado pela Alma vazia.
Pouco depois,
Pouco depois de activar as opções,
Tudo o resto,
Todo o tal resto,
Enche-se de uma harmonia simples.
Há mais um pouco,
Mais um, dos tais "poucos",
Que me aproximam da fuga,
Que me fazem sentir que sim.
Agora, vale a pena.
Tudo vale a pena,
Quando a distância entre o Eu,
E a minha forma exterior,
Se completam, de tal forma que,
Até Eu as entendo fácilmente.
O ciclo continua, onde
A troca das luzes,
O combinar das sombras,
O sono e a preguiça.
O amor e o turpor,
Renascem sempre.
Depois de tudo,
O resto...



19OUTUBRO2015


domingo, 18 de outubro de 2015

CONVERGÊNCIAS





Há o encontro das Almas
O descodificar do silêncio
A ecografia da ausência
O limiar da imperfeição.
Há um sentido raro
O descuido da ternura
A espuma das ondas
O efeito da vida.
Há esta hora solta
O classificar da loucura
A reverência do divino
O escape do efémero.
Há tempo para tudo
O refazer da destruição
A compostura da perda
O amor ilimitado.
Eu e o Mundo.




18OUTUBRO2015

SABER VIVER




Até que chegue o próximo capítulo,
Há um intervalo de ansiedade,
Que se resume ao passar de páginas.
É ler o que se sente, ou sentir o que se lê,
Construir um mundo num outro mundo,
Ultrapassar a fronteira da realidade,
Entrando no mundo imaginário de outrem.
É bom virar capítulos, lendo!
Mais fácil que os criar, vivendo!
A estratégia da vida, tem mistério.
Estes espaços brancos, onde me debruço,
Como quem tem o maior prazer da vida.
É complicado. Acho até mais que a vida.
Ao viver emoções, sentindo-as ,
Só a cada indivíduo, cabe o ser ele próprio.
A mim cabe-me o Eu.
Este espécimen único, como o vosso,
A minha leitura do espaço branco,
O marulhar das frases rápidas,
Inquietas e irreversíveis na sofreguidão.
Espalhar o mundo, não é possível,
Como impossível, é tentar ignorá-lo.
Sou assim, determinado na sensação,
No sentimento e na procura de justiça.
Sou o que sou, ora forte, ora fraco,
Mas com a imagem que ninguém altera.
Não sei fingir, não sei mentir, nem quero!
Quero que acabe o ódio, onde começa o amor.
Quero que comece o amor, onde acaba o ódio.
Quero estes momentos, a sós, comigo
E a capacidade de escrever o que me vai na alma,
De soltar pelos dedos, o que me vai na cabeça,
Sem preocupações de agradar a alguém.
Cada vez sou mais Eu. Cada vez mais!
Cada vez amo com maior intensidade,
Sem controlo nem vontade de contenção.
Não tenho que ter, nem tenho que dar,
Senão aquilo que sou. Eu mesmo! Assim...
Amo a vida, e o prolongamento da vida,
Porque é aí que começa a arte. A expressão,
A representação, a escrita, a arte plástica,
E acima de tudo, a arte de saber viver.
E vivo!
E vivam!
E viva a vida!


18OUTUBRO2015

sábado, 17 de outubro de 2015

DEPOIS





Uma almofada serve como
Amortecedor da Alma.

Sei lá...

Quero calma!
Preciso de dormir,
Sem hora de acordar;
Sonhos abstratos,
Suores surreais e,

Sei lá...

Um promontório serve,
Onde o salto seja longo,
A queda seja breve,
O peito aperte o nó,
E o ar me falte.

Sei lá...

Viver hoje,
Adormecido em mim,
O escape necessário,
Um qualquer fim.

Sei lá...

Quando me conhecer,
A mim próprio,
Logo me resolvo.
Ides saber!

Depois.



17OUTUBRO2015

PASSEI A SER DIFERENTE





Deixem-me!
Falar em desperdício...
Este que sobra, ou falta,
A felicidade.
Não consigo entender o Mundo.
Juro que não!
Quanto mais aprendo com as pessoas,
Menos as entendo e quase desisto!
Desperdiçar o que se procura,
É uma fórmula estranha. Sem nexo.
Talvez o seja, talvez para alguns,
Os que se queixam, cobardemente.
É triste o materialismo!
É abominável a mentira!
É adorável o realismo e, o sonho.
Onde fico eu agora?
No meio de que conceito?
Não existe. Não existe "o conceito".
Há uma fórmula surrealista,
Que não consigo decifrar,
Talvez porque sou eu.
Talvez por ter asas para voar.
O que me surpreende,
É o desrespeito interno.
A opção do desastre assumido.
Cada vez me sinto mais só,
Quando estou acompanhado.
Não sou mais que ninguém,
Não sou diferente de nada,
Mas perco-me de tudo e de todos.
Absolutamente, estou perdido.
Encontrar-me?
Não vejo porquê!?
O Homem é um bicho indefeso,
Estúpido e aberrante.
Hoje, era dia para ficar sozinho
Numa ilha perdida no tempo,
Alimentada por ar,
Quente como o gelo,
Animada como o mar.
Passei a ser diferente.


17OUTUBRO2015

terça-feira, 29 de setembro de 2015

A MAGNITUDE HERCÚLEA E A FORÇA DE AMAR




Fico desfeito comigo próprio,
Quando me apercebo da insegurança dos fins.
Falta-me a saudade.
Falta-me a saudade, porque não preciso dela.
Mas falta. É uma virose impossível de cura.
O estar no meu país, na minha cidade,
É um contracenso de emoções,
Como guerra hormonal,
Onde a inteligência peca por existir,
Onde as sinapses se confundem,
Já não expandindo o édito da vida.
Estas palavras podem cheirar a negatividade,
Mas eis o tal contracenso, porque não são!
São deslumbre, quase espanto do previsto.
A originalidade, tem este dom de não o ser,
Porque é baseada num sonho ou póstuma realidade,
Que remetem o novo e original, a um "deja vu"
Quase extra sensorial, de uma magnitude única.
A nossa magnitude e hercúlea força de amar,
De sentir o fim da falta, e reagir indecentemente.
É isso. Quase indecente, esta sensação estranha.
Todas estas "coisas" me fazem parar no tempo.
Neste meu tempo tão e muito próprio,
Quase doentio de exacerbância e regozijo.
É a vontade expressa da conquista realizada.
Quase que perda de gozo por falta de objectivos.
Tudo loucura própria, mas sinto. É doidice aguda.
Eu sei que falo comigo, enquanto as linhas saem...
Peço desculpa, mas não tenho que pedir desculpa!
Este é o meu Eu, entregue a vós. Sem voz,
Mas com os gritos infernais do paraíso.
E eu amo estes paradoxos como ninguém!
Não sei que diga, porque já disse o que tinha a dizer.
Sou feliz, por ter e por falta. É um vírus próprio,
E é por isso que não existe qualquer antídoto,
De mim, para mim, nem comigo para ninguém.
Amo a vida. Este é o momento Vida!
Ser vivo e ser feliz, é a razão em estar "aqui"!



29SETEMBRO2015

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

LEMBREI-ME DE TI





Enquanto andava no parque,
Ouvi dizer que começa o Outono.
Lembrei-me de ti.
Lembrei-me das cores vivas,
Como os nossos momentos,
Lembrei-me da acalmia do tempo,
O Sol baixo, mais brilhante
Muito mais brilhante que costume.
A quietude, as cabeças juntas,
As mãos e os dedos entrelaçados,
Indiferentes ao frio que não importa.
As palermices que eu digo,
Como sempre o faço,
As gargalhadas parvas
Que aquecem o vazio.
As cores das ramagens,
As paisagens dos lagos,
Que também aqueceram
Na metamorfose da cor.
As árvores, as folhas caídas,
O campo, o assobio do vento,
O murmúrio da corrente.
Toda a harmonia magnética,
Que dá vida à morte com cor.
Tudo junto, é a memória
Dos Outonos,
A fuga sádica do tempo,
Como nós o somos.
Quando imagino as imagens,
Sinto o que o pasto sente,
Na queda das folhas, no toque.
É como o teu cabelo,
Que se arrasta no meu peito,
Enquanto fazemos amor.
Sou alazão de puro sangue,
Que cavalga sem cansar,
Enquanto te sinto assim.
O relinchar é um gemido,
Pelas folhas caídas,
Que sabemos nascerão verdes,
De novo, um dia...
Como nós,
Porque amo o Outono.



23SETEMBRO2015



POSFÁCIO DE VIDA






Tacteando perto do pânico,
Só encontro a rudez do muro.
Esfoladas mãos que procuram,
A porta para uma saída.
Chega a hora da força.
A que perco mentalmente.
E sento-me, está escuro.
Sem perceber como,
O corpo desliza,
Já sentado, sem me mexer,
Até parar numa esquina.
Um canto deste quarto,
Que não conheço e, definho.
Sinto o encolher do corpo,
O crescer dos muros,
Mais rudes, cada vez mais rudes,
Que me rasgam as costas.
Não me mexo. Não consigo.
Não  é preciso mexer-me,
Para ser voyeur punido,
Basta a quietude do corpo,
Sem encontrar a porta,
Nem uma qualquer fuga.
Talvez seja pesadelo,
O ressoar é constante.
Mas não há eco. Não há som.
Há vácuo que me toca,
Uma imensidão vazia,
Uma sensação aveludada.
Será algo prematuro, não sei.
Será posfácio de vida,
Sem prefácio perfeito.
A cor é verde, de vários tons,
Talvez por culpa do absinto.
E bebo. E os muros crescem.
Mirro e agiganto, alternado,
Com aveludados rasgos na pele.
Não sangro, estou seco.
Assobia o vento,
Pelas frestas da janela.
Um rasgo de lucidez.
Batem as portadas,
Escamadas já sem tinta,
Como a pele de verão.
Acordo,
Mas não quero acordar.


23SETEMBRO2015

terça-feira, 22 de setembro de 2015

(A)VERSOS






A névoa matinal,
Translúcida renovação,
Encontro quase final,
Que recria solidão.

É puro seguimento,
Madrugada ainda húmida,
Tão simples como o vento,
Na perpetuidade da vida.

O crepúsculo passa leve,
Cor quente que me acalma,
É o corpo que sobrevive,
A todas as opções da alma.

Manter a liberdade viva,
O pensamento inalterável,
Uma capacidade criativa,
Um compromisso inabordável.

Reparo redomas de vidro,
Retoco pinturas imperfeitas,
Perco a página do livro,
Que me sara das maleitas.

Saio sóbrio à rua,
Sem absinto que me valha,
A alma vai cheia e nua,
Como pilar da carcaça velha.

Adormeço uns minutos,
Num banco de jardim,
Perco a vida e os escrúpulos,
Sem encontrar qualquer fim.

É a perfeição desfeita,
Por tentativa de cura,
Um arraial que enfeita,
A alegria, enquanto dura.

Fica o resumo das marcas,
Ou cicatrizes irrevogáveis,
É o apelo das palavras,
Que salvam os frágeis.

Eu fico,
Inerte e vão,
Proscrito,
Nesta ilusão.



22SETEMBRO2015



REZAR O SILÊNCIO





Talvez seja o momento de rezar.
O silêncio, em modo de oração,
Pode perfeitamente ser, a solução.
Não posso pensar muito,
Enquanto oro em silêncio,
Talvez seja essa a falha.

Tenho a incerteza muito exacta e,
Sinto a surpresa como comunhão,
Enquanto me agarro à minha fé.
Tenho fé, sim! Claro que tenho fé.
Tem dias que não, porque me revolto,
Por não a sentir no Mundo.

Quero existir, sem feridas,
Com os segredos necessários,
Como as nascentes, que escondem,
A razão de nascer. Irei nascer,
Como batismo indecoroso,
Vibrando os silêncios,
Que me escapam à oração.

Rezo por mim, para mim,
Porque tenho uma parte de Deus.
Como tu! Como todos temos.
O que temos de fazer
Indubitavelmente, é orar.

Sozinhos e inspirados,
Inefáveis momentos sem medos.
Enfrentar o pecado decisor,
Despir a simplicidade e, sair.
Sair do Mundo, sair do corpo,
Sair desta tormenta exagerada,
Que acelera o processo do fim.

O meu poder, é ser frágil.
O meu país, é o Mundo,
O meu amor, são pedaços
Que entrego às nuvens,
Com a imposição de chuva,
Que toque em todas as almas.

Apeteceu-me rezar.

Esta é uma oração momentânea,
Um momento que me fez pensar.
É bom ter moléculas divinas,
Criar um virus de sanidade e,
Contagiar a Humanidade.

Este,
É o meu ónus de vida.


22SETEMBRO2015

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

VERGONHA E CANSAÇO





Estou em crise de sobras.
Sobra-me tudo.
Todo o pouco que tenho,
Sobra de forma imensa.
Gostava de ter tudo,
Conseguir dar muito mais,
Que esse tudo, essas sobras,
À imensidão da pobreza.
É o sortilégio do Mundo,
É a antítese da Humanidade.
Tenho este defeito,
Passo a vida a perguntar-me.
Porquê? Porquê isto?
Porquê aquilo. Estou vazio!
Revejo neste século,
O que pensei ultrapassado.
Afinal o tempo regride.
Não o Tempo, mas o tempo
Que vai na hipocrisia humana.
É ridículo a abstenção e inércia,
O racismo e acusação gratuitos.
É inadmissível ver crianças assim,
Nascidas para a vida, mas
Condenadas a viver no limite,
No limiar da morte.
Tenho estes pesadelos,
Quando sonho, e muito,
Onde o cheiro, a fome, a doença,
Passaram a ser o meu dia.
Passaram a ser a minha vida.
No fundo, na realidade,
Vivo doente com este virus irónico,
Onde tudo existe como solução,
Menos a real vontade e sentimento,
A real vergonha que termine a aberração.
Vivo num século aberrante,
Entre o tudo e o nada.
Encolho-me quando me deito,
Porque afinal, tenho vergonha.
Sim. Eu tenho vergonha.
Tenho vergonha dos desenvergonhados,
Tenho vergonha de ser humano.
Dava tudo, meu Deus!
Dava a vida para trocar outras,
Que de dor e choro,
Vivessem o sorriso de estar vivo.
Estou cansado!



21SETEMBRO2015

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

TUDO! TUDO! TUDO!





Para mim, o céu.
Completo.
Nuvens quanto baste.
Com um segredo.
Sempre um mistério,
Que condimenta o espirito.
Há uma mistura, minha
Que tenho de acrescentar,
Sempre que penso no que amo.
Um pouco de impressionismo,
Paisagens abertas,
Pintura louca e focada.
Girar tudo.
Tudo!
Tudo!
Tudo!
Girar o céu,
E as nuvens,
E o horizonte.
Tudo!
Tudo!
Tudo!
Um degrade de cores,
Círculos danados,
Proporções pobres e exageradas.
Tudo!
Tudo!
Tudo!
O campo,
As searas,
Os rios,
Os mares.
Tudo!
Tudo!
Tudo!
E um sorriso.
Só um sorriso basta,
O meu, enquanto sonho,
O outro que me olha e,
Apenas um beijo.
Um beijo,
Um sorriso e,
Uma criança.



14SETEMBRO2015

SEMENTE DA FELICIDADE





Não há muito ou pouco, que
Me induza mudar o comportamento.
Não há tudo, não há nada, que
Me materialize a insuficiência.
Sou puro.
Sou duro.
Sou o que tenho de ser,
Sem a falsa intensidade,
A moleza, o freio que,
Podia oferecer facilmente.
Ofereço tudo!
Entrego tudo!
Só não tenho capacidade, de
Ser cretino em fingimentos.
Nada me custa como o fim.
Finais são indesejáveis,
Pela crueldade imediata.
Mas a vida continua,
Com espaços por criar,
Com espaços por preencher e,
Porque ainda estou vivo.
Há um "como nunca",
Há um "seria melhor",
Há um "tenho pena, mas...".
Há tanta coisa que,
Espremida a ocasião,
O suco é a consciência.
E eu tenho-a certa. E limpa!
A Felicidade, é a semente,
Que me fez nascer tantas vezes.
As sementes não acabam,
Apodrecem os rebentos,
Morrem de velhos,
Morrem por falta de alimento,
Desaparecem.
É aí que começa outra vida.
Uma nova semente,
Um novo rebento,
Beleza nova,
Alimento infindável.
Recomeçar.
É bizarra a vida!
Tantas as mudanças,
Tantas as perdas,
Tantos desperdícios de Felicidade.
O bizarro toma forma,
O abstrato reverte em realismo,
O caos retoma a norma,
Eis o poder da vida!
E como te amo, vida!
Como te amo!
E vivo.
E vou viver,
Enquanto o corpo quiser.
A Alma,
Ultrapassa o efémero e,
É nela que existo.



14SETEMBRO2015

terça-feira, 8 de setembro de 2015

SER (IN)HUMANO





Percebi tudo.
Quase tudo, direi.
Até porque
Não entendo nada.
O início da razão,
O meio do juízo,
O final da lógica.
Pouco se conjuga,
Até porque
Não entendo nada.
As mentes,
Perverteram o raciocínio.
Os ódios,
Nascem em tentativa de fuga.
A raiva,
Precisa de uma nova vacina.
E eu, perplexo.
Até porque
Não entendo nada.
Percebi tudo.
A extraordinária
Impureza do Ser.


08SETEMBRO2015

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

RECICLAR-ME





Reciclar-me,
Um pouco,
Do que resta.
A pele,
Exposta ao vento.
Como um sonho,
Um deserto, o ocaso.
Reclamo o desejo,
Não o perco,
Porque sonho,
Vivo e,
Me sinto inteiro.
O"estado de sítio",
É tão pessoal,
Sem restrição e,
Sem espaço.
Só esta mente,
(des)equilibrada,
(in)dependente,
De mim e,
De tanta gente.
É difícil.
É difícil.
É difícil...
Manter-me são!


04SETEMBRO2015

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

SÓ TENHO PALAVRAS





Agradeço à vida,
Toda a minha paixão,
Os pedaços de cor,
Fluxos transformados,
Em paraísos de amor.

Há uma lagoa,
Algures,
Onde me banho,
Com o poder da vida.

Há um mar de dor,
Algures,
Sem qualquer pudor,
Que rouba a vida ferida.

Quero acreditar!

Preciso acreditar,
No amor que me sobra,
Na miséria que me dói,
Na impotência do agir.

Só tenho palavras.

Só tenho palavras.

Quero-as ver sorrir,
As crianças!



03SETEMBRO2015

MORREU A INOCÊNCIA




Tenho vergonha da Humanidade!
Vejo o revés da lógica,
Num mar desinteressado.

Uma criança morta.

O infortúnio de estar vivo;
De não saber porquê
Por ser criança.
Uma outra criança.

O sabor do sal,
O respirar a água.
Afogamento!!!!!!!!

Fuzilamos com água,
Desmembrados em inércia.
E viramos a cara,
Com vergonha!

Falamos muito.
Falamos muito.
Criticamos veementes,
Contra todos os outros
Que somos nós.

Perco a força, nesta imagem.
Perco o futuro credível,
Vivendo globalizado,
Cru, frio e anedótico.

É o reverso da medalha,
Molde podre da moeda,
Cunhada até à exterminação.

Somos todos culpados!

Somos os eleitores que escolhem,
Com a podridão da indiferença.

Há imagens que ficam!
Quando somos crianças,
Quando amamos ilimitadamente,
Com a inocência devida.

Há imagens que ficam!
Quando falamos pouco,
Quando criticamos egocêntricos,
Com tanto grito ignorado.

Há a imagem que fica!
Há uma criança afogada,
De um mundo podre,
De uma raça maldita!

Morreu a inocência!


03SETEMBRO2015

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

EU ENCONTRO-TE !





Quando te perdes de mim,
Nada subestima a delicadeza,
De uma realidade fictícia,
Que vivemos os dois.
Há um caminho estranho.
Estranhamente magnético,
Que nos atrai como polos opostos.
É como escalar um infinito,
Sem olhar para trás,
Sem temer a vertigem.
Nem subo estes degraus,
Nem os desço em desistência.
Equilibro-me.
Equilibras-me!
Se te perderes de mim,
Encontra-me nua,
Entrega-te à esperança do mimo,
Ao aquecer da pele.
O amor que fazemos,
Não espera pela noite,
Não espera pela madrugada,
Apenas nos cola os corpos,
Com suor e flúidos eternos.
O sentido da vida,
Começa aqui e, prolonga-se
Como os degraus infindos,
Que temos de subir e descer.
Espero-te.
Com a minha simplicidade,
Pelo teu cheiro, que aprendi
Pelo teu toque, que me altera
Pelo teu sabor, que me faz feliz.
Se te perderes de mim,
Eu encontro-te!



26SETEMBRO2015

domingo, 23 de agosto de 2015

A ILHA




Faz de mim,
Uma ilha.
Insularidade,
O Eu e o mar.
Uma costa longa,
Escarpada,
Sem arestas.
Uma ilha, suave e,
Onde possas adornar.
Vive-me,
Sente o amor
Em mim,
Como o vento e,
Uma fogueira na pele,
Ateada por ambos,
Até ao nascer da sede.
A água que bebes,
É minha.
Explora-me,
Em pequenos espaços.
Cheira-me,
Toca-me,
Prova-me.
Cansa-te e, deita-te
Comigo, em mim!
A tua ilha,
Acorda
O primeiro cheiro,
O primeiro paladar,
O primeiro tacto do dia.
Cheiras a madrugada.
Não fales,
Não é preciso.
Ouve o mar,
Sente a brisa e,
O grasnar das gaivotas.
Ouve
O sino da igreja.
Sabes,
O divino afinal existe.
Não partas.
Fica nesta ilha,
Sofre da boa dor,
Da saudade.
Fica comigo,
Nesta tua insularidade.



23AGOSTO2015

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

AS LETRAS





Só as letras.
As folhas espalhadas,
Nuas, um frio (e)terno.
Comunicar.
Juntá-las, em
Castelos de frases, e
Muros de significados,
Fortes e acidentais,
Ultrapassados.
Só as letras,
O somatório,
O verbo certo,
Solto e despreocupado.
Não há muros teimosos,
Nem poderosos,
Nem que cheguem,
À força das palavras.
Ser livre,
Com significado,
Só as letras.


21AGOSTO2015



quinta-feira, 20 de agosto de 2015

SEM FINAL




Não sei falar sobre o que sinto.
É uma revolta pessoal.
Tenho a Beleza das cores,
Confrontadas em sons,
Que harmonizam objectivamente.
Falo de pintura e música,
De música e pintura,
De todas as formas agradáveis,
De todos os sentidos da vida.
Não consigo ser objectivo,
Até porque a interpretação,
É um resultado além de vago,
Irrepreensível por pecado.
Mas é sagrado também.
Um paradoxo agradável,
Imprevisto ou preconceito
Infinitamente indefinido.
É a arte misturada,
Com os paladares,
Com os ingredientes,
Como um bolo. Diferente.
No fundo, lá está a razão
Em que nada se perde,
Apenas se transforma.
Eu, sofrendo esta alegria,
Quando misturo estas "coisas",
Fico esfomeado de muito mais.
Só o Tempo me vai parar e,
Não tenho tempo, neste meu tempo,
De recear o meu final.
Não sei explicar o que sinto,
Porque sinto que nada será explicado,
Na profunda e total realidade,
De tudo aquilo que for.
Nada tem um final conhecido.
Nem Eu.


20AGOSTO2015

terça-feira, 18 de agosto de 2015

ANOITECE





Lá fora,
Anoitece.
A luz,
Muda de tom.
As cores,
Mudam de som.
Pessoas,
Pessoas...
Ficam as pessoas.
Outros sons.
Outra luz.
Outras cores.
Os hálitos,
Os copos,
As danças,
Os gritos.
Tudo muda.
Anoitece,
Lá fora.


18AGOSTO2015

terça-feira, 11 de agosto de 2015

"SUI GENERIS"




Estar só(lido),
Como rocha escarpada,
De ninhos e trepadeiras,
Cheiro a madrugada.
Sólido como um todo,
Final integro de algo,
Que me assombra a hora.
O Tempo.
Sempre o Tempo.
É sempre o compasso,
Que (des)marca a hora.
O tilintar do pêndulo,
O arfar dos segundos,
O som rachador de redomas.
E o fim.
O final de um dia.
Um após outro.
E outro.
E outro após outro.
O infinito recomendado,
O eterno,
Descentrado do ponto.
O círculo fechado,
O ponto que não move,
Porque está em cima,
Como está em baixo.
Início de tudo,
Final de medos,
Alquimia da vida.
Estado só(lido),
Porque o leio a sós.
Vida própria,
Vida simples,
"Sui generis",
Como o EU.



11AGOSTO2015

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

SOU...




Se imaginasses,
A saudade.
Um simples "olá".
O sorriso,
O fechar das pálpebras,
Em "slow motion".
O lábio que treme,
Tanta coisa simples.
Nem sei como te atreves,
A esquecer estas coisas.
A não lutar por nada.
O calar e, o silêncio.
A falta de tudo,
O fingimento do nada.
Pois é isso!
Já não tenho saudade.
Já não desejo.
Já não quero.
Mas quando penso,
Tenho pena.
Tenho pena de ti!
Não de mim,
Porque é simples,
Quando me perguntam,
Sabem que sou Eu.
Novo como sempre,
Como sempre,
Que me renovo!
Há pessoas boas,
Que nascem,
Que vivem e morrem,
Sem viver e sem morrer.
Mas vão.
Seguem o caminho da lama,
Com o da esperança,
Mesmo ali ao lado.
Já não sei!
Nem quero saber.
Sei quem sou,
O que fui,
O que serei.
Porque,
Sou...
Assim!


07AGOSTO2015


PORQUE SOU!





Um dia,
Fiquei assim.
Em pânico.
Paredes altas,
Escuridão,
Espaço sem portas.
Fuga impossível.
Choro abafado.
O costume,
Um dia após outro.
Ofensas,
Imundices e,
O EU criado.
Nunca mal criado.
Fiquei,
Fui assim,
Desmenti o silêncio,
Agravei a consequência.
Imaginei-me acompanhado.
Falhei.
Fingi,
Cantei, amei,
Gostei de mim!
Criei um Mundo.
Um outro Mundo.
O segundo Eu.
Porque Eu,
Porque sim.
Porque sou!
Porque fui!
E sou...


07AGOSTO2015

NÃO ME ZANGO!




Vou-te dizer uma coisa,
O porque não choro.
São estes momentos,
Sozinho, mas tão cheio
De todos os momentos.
Não me interessam plateias,
Não planeio palcos,
Nem peças de teatro.
Sou a espera do momento,
A esperança da agonia.
E tento!
Tento tanto que,
Me invejo a mim próprio.
Não me zango.
A sério!
Não me zango!
Espero pelas outras coisas,
As opções, as alternativas,
O insucesso disfarçado,
As imagens que crio,
As que não são minhas.
E rio-me!
Rio-me da tendência,
Do intercalar da subsistência.
Da demência hipócrita,
Egocêntrica e abjecta.
São armas...
A imaturidade do subconsciente,
Que me "condena" a ser feliz,
E a esta constante metamorfose.
Estatelo-me ao comprido,
Como uma mosca no pára brisas
Numa viagem incompleta,
Onde a velocidade é minha rainha.
E fico eu.
O rei vai nú,
Apreciado e reteso
De uma imparcialidade imunda.
Não me zango!
Apenas digo a verdade.
Sou o que sinto!



07AGOSTO2015



SOU A FORMA





Hoje,
Tenho uma dor,
Em todas as sílabas
Que me escolheram
Como doença.
Sou a doença,
O Vírus e a cura.
Sou hoje o sim.
Tenho pétalas doentes,
Incolores e imberbes.
Perdi o veludo,
O toque da vida,
A beleza do cheiro.
Hoje,
Sou a forma,
Deformado de vida,
O pretérito imperfeito
E o complemento que
Nunca conheci.
São os verbos,
Os tais, que, me condenam.
As rimas imperfeitas,
Os sonetos inactivos,
E as prosas concretas.
Sou Eu.
Tal como tudo,
Disperso em tantos nadas.



07AGOSTO2015

FICO EU!




Posso dizer-te que,
Até as palavras incomodam.
O que poderá incomodar,
Mais que, as palavras?!
Talvez eu. Ou outros,
Ou como eu que, as escrevemos.
Poucas. Sei que são poucas,
Mas são tão poucas e quentes.
Presentes, ausentes.
Anónimas.  Paradoxos.
Nem me admito no que me falta.
Nem me demito do que tento querer.
Apenas falto. Apenas sou!
O que te amo amiga! O que te ama.
O que quero ver, e não posso.
O que quero olhar e não vejo.
O que quero, o que... O que não.
Disse-me um livro, um dia,
Que a estória é princípio.
O principesco um indício,
A razão a causa real.
E fiquei-me. Quieto...
Imune a todas as dúvidas.
Este paladar disperso,
Os versos sem números,
As sílabas inaudíveis,
As estrofes inatingíveis.
Toda uma merda por criar.
E eu crio!
Crio essa "coisa" que não gostam.
Um sorriso pobre em face rica.
Um snob sem carimbo,
Um Pedante pouco assumido.
Fica a tal estória por contar.
Um panorama mal descrito,
Uma paisagem invertida,
Uma imagem forçada.
Fico Eu.
Que seja!



07AGOSTO2015





ESTOU AQUI!




Gostava inventar-te!
Carvão, aguarela...
Letras, tinta o que for.
Provei-te!
Quero-te!
Já nada me impede.
Sou Eu e, tu,
Talvez sim.
Os cheiros brilham,
Os toques cheiram,
O corpo não pára.
Não!
Não vou.
Não vou a lado nenhum.
Fico sim!
Fico aqui.
Fico aqui até que seja tarde.
Tarde é o fim,
O início do fim.
Eu não estou aí,
Não estou nem chego tarde.
Estou aqui.
No fim de algo,
No início de alguma coisa!



07AGOSTO2015


DE RESTO...




A ingenuidade.
Ahahah, riu-me
Da minha ingenuidade.
É como uma banda num coreto,
Numa festa de verão,
Numa aldeia em nenhures,
Onde todos se empolgam,
Num ritual instintivo,
Com repetição na mesma data.
Ingenuidade é vazia e previsível,
Até só e, porque não existe.
Há distrações, claro que as há!
Ingénuo, é o útero
Que nos cria e,
Acaba por parir.
Ingénuo sou eu por seu Eu.

É lindo o amanhecer,
Como o entardecer,
Como o copo cheio,
O copo vazio.
É tudo muito giro,
Desde que queiramos que seja!

Depois, há a vida.
Aquela real, o dinheiro,
A saúde, as amizades,
Onde nada vive indiferente,
Senão a hipotética indiferença.

Sou como um rio.
Modesto e agreste,
Dependente da corrente,
Dependente do tempo e,
Da animalidade incógnita.
E das margens...

Sou como sou!
De resto...
Não sei!


07AGOSTO2015

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

AMAR-TE




Tomei-te a vida!
Provei-te.
Ganhei-te sem perdas,
Perdi-me com ganhos.
E amei seres tu.
E amo seres tu!
Se eu sei, o porquê das coisas?!
Pois não sei, não são coisas.
É aquela pequena linha,
Talvez a única linha que,
Transpondo, é a única
Comunhão do corpo e da Alma.
Nasci como todos nascem.
Igual, um choro, um grito,
Respirar, gesticular e,
Agarrar o amor.
O primeiro amor.
Amar uma mãe.
Depois, há um outro,
De todos os outros,
De todos estes anos.
São consequências,
São escolhas de impulsos,
São escolhas conscientes que,
Transpondo outra fronteira,
São ganho e perca.
Talvez opções.
E amo.
Sei lá eu viver...
Sei lá eu viver,
Sem amor no peito.
E amo, e amo-te!
Porque é tanto e,
Porque o tenho tanto,
Aqui, fica!
Porque é teu!


05AGOSTO2015


domingo, 2 de agosto de 2015

MUDAR O MUNDO





Hoje, apetecia-me mudar o Mundo!
Como todos os dias, bem sei. Mas todos os dias a mudança é diferente, porque é mudança, porque é um novo dia. Porque as coisas mudam, as pessoas mudam, de dia para dia. A mudança é dura e subversiva, até pelo paladar da dor que se perde, que se mutila e transforma numa dor diferente. Vamos mudando as dores, para curar o passado. A dor de hoje alivia a de ontem até que se extingue. A que nasce, é com um certo prazer alucinante, pela consciência do nascimento. Deste nascimento. Talvez por isso, o que é maravilhoso dói. Talvez por isso, o que é trágico dói. Talvez por tantos issos, não entendo a vida com a simplicidade aparente. Há definitivamente simplicidade, mas é adquirida no resultado da filtragem de todas as dores. 
Amar é tão bom! Amar dói tanto!



02AGOSTO2015