sábado, 30 de março de 2013

VELAS



Um fósforo.
O cheiro a enxofre.
Uma chama.
Uma vela.
Um bailado.
Uma chama.
Um crepitar,
Trémulo,
Desejo.
Silêncio.
Dedos.
Pontas de dedos.
A pele.
Nua.
Paredes.
Sombras.
Luz ténue.
Lábios.
Beijos.
Bailado.
Gemidos.
Corpos colados.
Entrar em ti!
O bailado.
O meu desejo.
O teu desejo.
Uma chama.
O cheiro.
Tudo...

30 MARCO 2013

TÃO FORTE & TÃO FRÁGIL



Sinto-me...
Tão forte e tão frágil.
Tenho música na alma,
um jazz de fusão interna.
Tenho Bach no peito,
tenho Mozart na alma,
e sinto-me frágil.
Potencialidades da vida.
O belo, mesmo aqui,
comigo, "vibrato".
A harmonia do som.
O silêncio melódico,
uma alma calma.
Se as letras mostrassem,
Se ouvissem as letras...
Paradoxo da felicidade.
Tenho tudo aqui!
Força e fragilidade.
A mistura perfeita.
Forte e frágil,
como eu.
Virtuoso é o silêncio.

30 MARCO 2013 

TENHO FOME!



Tenho fome!
Tenho fome de ti!
Nao a fome, como fome.
Mas fome de ti!
Nao te tenho aqui.
Tenho-te em mim.
A dor e o prazer,
por viver assim.
A imagem,
o som,
o cheiro.
Tenho fome de ti!
Tenho fome!

30 MARCO 2013

SENTIR-ME SIMPLES



Sentir-me simples!
Sentir saudade!
Vazio efémero.
Serenidade!
Luar tão frio,
Espelho de mar.
Sol abrasador,
Uma mente quente!
Um corpo oco.
De tudo um pouco.
Os sons, as cores.
O prazer, uma mulher.
Não só o corpo,
Um olhar!
Lábios trémulos,
Murmúrios sinceros.
O som dos ventres.
Um gemer próprio,
Horizonte.
Imaginar.
Sentir-me simples!

30 MARCO 2013

O SEGREDO



Deixar andar.
Ouvir, sentir e seguir.
Olhar bem. Sem ver,
A intensidade do amor.

A inquietude do silêncio.
Uma forma inteligente,
além de respirar a vida e,
Untar o Ego com o tempo.

Tal como óleos na pele,
um gel de providência,
um prazer pouco comum,
para além da inteligência.

A causa e o efeito e,
tudo a que tenho direito.
Deixar andar.
Conscientemente.
Sem desleixe, mas deixar andar.

Observar o tempo,
o meu, o do mundo e da história.
A memória é alienável,
fértil em interpretações diferentes.

Hoje e amanhã, tudo diferente.
O estado de espirito,
uma reticência suplementar.

Deixar andar conscientemente.
Uma panaceia feliz.
Um caos controlado.
O amor, a amizade. Tudo!

Um pouco de cor, sem totalidade.
Um espelho, o prazer masoquista,
ao olhar a minha imagem.

A dor interna. A dor da carne.
O prazer externo. O brilho.
Uma lágrima antagónica.
Tristeza ou até felicidade.

Tudo junto e, fé em mim!
Deixar andar, é
O segredo!

30 MARCO 2013

quinta-feira, 28 de março de 2013

A MINHA MISÉRIA



Vou partilhar a minha miséria.
Nao sinto nada neste momento!
Sinto a falta da pele.
Sinto o anonimato do prazer.
Tenho a relíquia do que renasce novo.
O que não tenho, o que é meu!
Quero ser o que tu és, em mim.
Quero a panaceia do inconformismo!
Quero-te a ti!
Quero-te na minha pele!
Quero-te na critica e na ideia.
Quero o que me faz feliz.

Esta é a minha miséria.
Um compromisso pouco estável!
Mas quero-te assim.
Quero-te porque te amo!
Quero-te porque há semente!
Um pouco de potência humana,
um partilhar de poder espiritual,
implícito na enfermidade da alma.

Esta é a minha miseria!
Quero-te a ti!
Quero-te na minha pele!
Simples e reconhecida, como o ar!
Um beijo despido e especial,
uma proposta inequívoca de lealdade!
Assim olho o espelho da ambiguidade.
Partilho a minha miséria, isolado.
E amo! Amo o que me transtorna!


28MARCO2013

ESPACO ETERNO COMUM



 Hoje e um dia diferente!
Tenho a sensacao de familia presente.
Tenho a confianca plena...
Um laivo de afirmacao fantastico.
Tenho a imagem de uma mulher,
de um espaco comum, e amo!
Fica diferente a vida assim!
A proporcao do contexto de existir,
torna-se imensa em relacao ao habito.
O sorriso da minha mulher,
nunca deixa de ser polo de encontro.
Ha maturidade intensa na intimidade!
Adoro tudo isto, pela liberdade
pela sensacao livre do individuo.
A paixao e efemera, como a nossa idade.
A cumplicidade um previlegio mudo.
A voz, essa grita a alma por excelencia.
O complemento directo de mim proprio,
simplificado pelo existir de quem eu amo.
E amo sobremaneira! Amo a pessoa...
Amo o significado e a existencia.
Amo estar aqui e ser cumplice de tudo!
Hoje e um dia diferente!
Hoje renasco para uma vida...
Que afinal nunca tive!
Hoje sou eu, e tu...
Um vinculo sem intermediarios.
Sou a tua pele e alma, a minha...
Hoje e um dia diferente!
A Felicidade toca-me finalmente!
O eterno, afinal esta mesmo aqui!
O amor, eu sei!
Porque o sinto!

28 MARCO 2013

quarta-feira, 27 de março de 2013

ACORDAR E SER HUMANO



Algo me surpreende todos os dias.
O amanhecer, acordar perdido
numa clareira com tantos caminhos.
Todavia, tenho opcoes e agrada-me.
A confianca cresce, enquanto foco...
O vento da-me alento, o raspar
melodioso das arvores, um adagio
que vai crescendo como a vida.
A luz do dia, salta em brilhos
entre a folhagem, como lampadas.
Surpreendo-me pela positiva
nesta accao misturada entre o real
e o imaginario. Estando alegre,
feliz ou deprimido, as pequenas coisas
sao frutos doces, saidos de cactos,
perdidos na beleza de um deserto.
Talvez a sombra me semicerre os olhos,
a dualidade do preto e branco,
o brilho e a escuridao, definem-me.
Gesticulo o meu corpo, falta-me a fala.
A melhor forma de comunicacao,
sem linguagem facil, desafiante assim...
A noite troca-me os sonhos,
ou o dia... outra vez o dia.
Nasco para o mundo, todos os dias,
A incoerencia da minha memoria,
espreguica todas as palavras simples.
Sai uma torrente de frases incoerentes,
tal como a visao que demora a acordar.
E tento lembrar-me da estrela,
uma so estrela que desaparece com a noite.
Um ponto de referencia para a minha viagem.
E perco-me nesta clareira sem esse ponto.
Arrisco. Oh Deus se arrisco, num caminho provavel.
Os passos sao desenvoltos, sem medos
ate a proxima surpresa que me torna humano.
E o vento, e a agua que me rejuvenesce
dao-me o alento, e escolho... sem logica.
Estar vivo ao acordar, e um algo
que me surpreende todos os dias.
A surpresa do tempo, prende-me
faz de mim um simples ser humano.

27 MARCO 2013

HÁ UM BARCO NO CAIS



Há um barco no cais.

Há areia escondida no mar.
Um par de remos lentos,
um barco lesto por remar.
Há um ponto infimo,
uma onda crescente.
Há a espera, um retornar,
há a alegria da gente.
Há um cheiro no ar,
o som das gaivotas,
O troar soberbo do mar.
Sopram ventos frios
na alma a esperança de sempre.
É a faina que finda,
agreste e pouco farta.

Há um barco no cais.

Há uma história triste,
uma memória herdada e,
o poder da coragem.
Há algo que nunca morre.
Há um povo pobre,
um gume afiado
uma navalha que corta e,
um olhar seco, enrugado.
Há um par de mãos, gretadas.
Há um farnel, um garrafão,
e alegres pés descalços.
Há o encanto de uma nação,
há um povo que não é falso.

Há um barco no cais.

Uma rede que seca,
sete saias que rodam,
há folclore e um braseiro.
Há sardinha assada,
um casqueiro cortado,
uma malga de vinho,
um santo abençoado.

Há a alegria dum povo.

Há um barco no cais.

27 MARCO 2013

QUANDO RELAXO



Quando me sento e relaxo...
Quando me sento e relaxo,
nao sei se acalmo, nao sei se cresce
esta irreverencia critica sobre tudo.
Nao quero ser incisivo, nada disso!
Nem sequer magoar sensibilidades.
Mas interrogo-me sobre tanta coisa.
O amor por um lado, que me doi
apenas pela saudade e pelo vazio.
Tantos amores diferentes...
Tantas formas de felicidade.
Nunca serei pobre. Nunca...
Tenho uma riqueza, um tesouro
que fui juntando aos poucos.
Sem metais preciosos, ornamentos
ou pedras que tais, que me encham o bolso.
Tenho o tesouro guardado na alma.
E toco-lhe sempre, todos os dias,
como rico avaro e egoista,
com um sorriso por cada toque,
entre o meu Ego e a minha alma.
Tenho o amor das criancas que amo,
se bem que ame a todas literalmente.
Tenho o amor repartido em doses doces.
Tenho a sinceridade definida e inata.
Quando me sento e relaxo,
passo os sentidos por aqui...
Por este meu tesouro interno,
por este imaterialismo que viajara comigo.
Esta e a minha conquista e orgulho proprio.
Esta sera a minha heranca efemera.
Nao preciso absolutamente de mais nada!
Mais nada mesmo! Apenas o sorrir,
apenas a espera do proximo sorriso.
Quando me sento e relaxo,
fico assim aqui, feliz e espectante,
por voltar a ter nos bracos, a felicidade.

27 MARCO 2013

segunda-feira, 25 de março de 2013

CADÊNCIA DO TEMPO



Penso em simetria com a chuva.
As gotas são imagens melancólicas,
numa cadência demasiado certa.
O racíocinio entra em colapso.
Tão estranha esta sensação,
que me atrai pela imprevisibilidade.
É isso mesmo. A conta gotas.
A cadência, deixa-me espectante
pelo momento de ruptura e calma.
Mas, se bem que o pareça,
este encadiamento de sensações,
deixa-me furioso e inadaptado.
Tudo isto me torna em antitese,
sem saber sequer o conceito.
Um turbilhar de palavras,
sem consequência nem sequência.
Apenas a simetria do som.
Gota após gota, um "plim" rotineiro,
angustiante, que me desespera.
Se dormisse agora, teria pesadelos.
Mas surpresa das surpresas,
no meio deste desabafo disfarçado,
acho fantástica a cadência da chuva.
Nem eu me entendo bem!
Uma calma induzida simétricamente,
entre a vontade real é imaginária.
A hipnose da natureza previsível.
A calma inexistente do meu Ego,
enorme como o intento de felicidade.
O "plim", "plim", que não termina.
Nunca nada termina na minha cabeça.
Ecoa como um regular do tempo.
Tal e qual a cadência mecânica de
um relogio, sons imaginários.
Podem ser d'água, podem ser d'areia.
As gotas, inodoras, sem sabor,
têm peso na minha existência.
Na nossa existência, por sinal.
Desconto a consciência e,
espalho as minhas sobras no Universo.
Concentrado. Mesmo que não chova,
adaptando o invólucro da alma.
Absolutamente inconformada
com qualquer cadência da vida.
Mecânica, quase previsível.
Um Purgatório constante, apenas isso.
Por consequência, penso em demasia.
Mais valia ficar aqui, como agora,
a olhar a chuva escorrer na janela,
ver os outros lutar com ela,
ouvir passar os segundos da vida.
Galgar o tempo. Uma a uma,
gota por gota, nesta cadência
monótona e enfadonha.
É bom um dia de chuva!

25 MARCO 2013

domingo, 24 de março de 2013

A CALMA



E chega a noite.
De repente, a calma.
O meio, o fim, não sei.
Apenas noite.
Crua e solitária.
Um respirar mais profundo,
o dia sentido num segundo.
Um bule de água quente.
Um chá. Um livro.
Eu...
O Belo está mesmo aqui,
ao alcance da alma.
Um aroma agradável,
um perfume de mim próprio.
Os lençóis esticados,
que as rugas do meu corpo irão enrugar.
Eu...
Feição longínqua do desejo.
Um olhar.
Um sorriso a cada beijo.
O passado.
O presente!
A música divina,
Bach,
eternidade.
Eu...
Não quero mais nada,
apenas gozar a memória.
O fim do meu dia.
Inicio da profundidade.
A noite.
Notícias recentes.
Boas pessoas.
Outras que não.
Eu...
Um mundo estranho,
o cansaço ignorante.
Um pouco de tudo,
a atracção do escuro.
A noite.
Fechar os olhos.
A calma!

24 MARCO 2013

sexta-feira, 22 de março de 2013

SONHO ALTO



A alquimia da imaginação é,
A minha Pedra Filosofal;
O meu ouro sintético.
O sonho.
Tão natural como eu.
Alto no espaço do cosmos,
Alto na minha memória e,
Imenso no meu presente.
A forma divina,
de um pedaço de anjo.
Sonho alto,
Sonho tudo.
Induzo sonho conscientemente,
Num subconsciente manipulado.
A vontade de sonhar,
Um pedaço da sã loucura,
Porque é intencional ser sonho!
Quero ser sonho,
Desafiar a realidade,
Nesta trémula consciência.
Resolver as revoltas,
Sem qualquer dó ou piedade,
Por mim. De mim. Em mim,
Nas reminiscências do sonho.
Provocar a felicidade!
Descartar a depressão penosa,
Com a química da alma,
Com esta  poção, tão ideal.
O sonho, a minha cura.
Eu alquimista do nada.
Sonho alto,
No limite da sanidade.
Não sonho por sonhar,
Sei que quero sonhar.
Preciso!
Preciso transformar a realidade,
Transformá-la em sonho...
Sim! Não só porque sim!
Neste meu altar, à cabeceira do leito,
Há bíblia disfarçada, é poesia.
Um poema.
Uma história.
Uma vida...
Fechar os olhos, é
Misturar o corpo e a alma,
Sem receio que se toquem.
Sonho sempre,
Até mesmo, aqui.
Sonho para sempre e,
Preciso muito mais.
Sonho muito mais além,
Numa outra plataforma.
Sonho alto...

23 MARCO 2013

UM CORPO AUSENTE



Tentacao de viagem.
A minha viagem,
um corpo ausente.
Um retrato, uma voz
um corpo ausente.
Um fado que enche o quarto,
um som de saudade,
um corpo ausente.
Fechar os olhos,
um filme tao bom,
aqui, com o teu corpo.
O sabor da distancia,
um doce amargo,
o corpo ausente.
A sensacao na pele,
dos dedos, dos labios,
de todo o teu corpo,
no meu ja presente.
As horas que passam,
os dias que morrem,
chega a eternidade,
mesmo aqui.
Um cheiro no ar,
o imaginario fertil,
o teu polen que provo.
Tentacao de viagem.
A minha viagem,
num corpo ausente.

22 MARCO 2013

IMAGEM DA ALMA



O desejo do meu destino, é subjectivo.
Não quero destino como finalidade,
apesar de gostar da previsibilidade.
Previsibilidade aparente, algo brilhante,
algo que se pareça com a força do Sol.
Quero entender, a cadência do tempo.
Quero perceber este envólucro,
que transporta a minha realidade.
Adorava virar as costas ao Sol,
sem ver a minha sombra projectada e,
ficar positivamente disperso,
Por todos os elementos imprevisíveis.
Saber que sou eu, em alma,
podendo escolher a minha imagem.
Olhar-me todos os dias, enfada-me
pelo previsível da minha imagem.
Não desgosto, sou sincero!
Gosto de mim assim, não quero outro.
Não há o poder incrível da escolha e,
a diferença, poder começar por mim.
O poder enérgico de uma estrela,
não muda; a viagem da imagem,
por quem a recebe, onde e como,
é o caos personificado, inexplicável,
mas com a energia necessária.
A sombra é um exemplo. Admirável.
Só assim controlo a minha imagem,
descoordenando a minha sombra,
tentando controlar a energia projectada.
Funciona como o destino, incerto
incapaz de garantias, de objetividades,
desejáveis, ou indesejáveis, mas
sempre alterado pelo estado de espirito.
A alma, essa goza em pleno jejum,
em malícia de pequenos pormenores,
na doçura eterna de descobertas constantes.
O corpo é um elemento subversivo,
adaptado à resistência física,
mesmo que fraca ou forte, mas
com o previlégio de transportar,
a essência da vida por uns tempos.
E vem a sonolência do corpo,
a obrigatoriedade e única distração,
onde a alma ganha a força,
onde desenvolve o sonho e,
se vinga na insónia depressiva.
É aí que nem a sombra me salva.
O meu destino é subjectivo,
Objectivo é o meu desejo.

22 MARCO 2013



quinta-feira, 21 de março de 2013

POESIA ELO DE LIGACAO



Se quero ver a minha alma sorrir,
escrevo e leio poesia. Sinto-me so...
Sinto-me agradavelmente sozinho,
na fidelidade e entrega da poesia.
A cumplicidade e fiel, comunga
irreverencia e revolta inteligente.
A harmonia e total, comunga
beleza e mimos rabiscados,
que eu leio ou ate escrevo.
Eu, apenas eu me entrego, a mim.
Nao me entrego a ninguem,
porque para ninguem o escrevo.
Esta e a cura da alma que tenho,
saro a minha doenca do desabafo.
Nao penso muito, quase nada.
Tal como este momento, aqui...
Nem olho as palavras que escrevo,
e digo muito o que escrevo no fim. 
Poesia, sou eu e todo o Mundo.
Poesia e o que sinto a flor da pele,
o cheiro da vida, a dor e a felicidade.
Poesia e um afago de vento,
um sorriso e um tormento, como eu.
Sei ser uma fuga facil para a vida,
complicada no acto da entrega,
a que chamo a este o meu mundo. 
O sonho um novo mundo, paralelo
onde sou eu, portador do outro Eu.
A poesia um elo de ligacao, 
um transporte para a viagem.
E viajo constantemente, sem destino,
sem certezas, onde a duvida e fertil,
em todos os episodios e apeadeiros,
destas minhas viagens solitarias.
Assim sorri a minha alma,
em constante privilegio pessoal.
Talvez gostem, talvez nao,
mas a viagem sou eu e o Mundo.
O meu Mundo, e o que me desilude.
Poesia e um portal de salvacao,
da minha consciencia complicada.
Poesia apenas um filtro da simplicidade.

21 MARCO 2013

quarta-feira, 20 de março de 2013

DUVIDAS E CERTEZAS



Sera que sei o que faco?
Pergunto-me tantas vezes sobre o assunto,
que por vezes acabo nesta duvida.
A relevancia torna-se minima, sou minimo.
Apenas tenho orgulho na existencia,
apenas admiro o poder da inteligencia.
Nem sempre... mas tambem.
Inteligencia, tem a virtude critica,
tem a leitura das coisas e sensacoes,
tem o poder de seleccao justa... ou nao.
Admiro por isso outras coisas...
Admiro o instinto humano, o impeto
o desejo em saltar para o abismo,
saborear o vacuo das decisoes.
Admiro o instinto animal, inocente...
Admiro as reaccoes logicas, impensadas.
Por isso nao sei, se saberei o que faco.
Nao gosto mesmo de premonicoes,
mas detesto a facilidade do desleixe.
Estas fronteiras sao o desafio inteligente,
o que me admira e entristece nas decisoes.
Tomo-as sem pensar ou pensando muito.
Nao me arrependo nunca, apenas aprendo
comigo, com as reaccoes dos outros,
e com a ausencia consciente delas.
Sera que sei o que faco?
Acho mesmo que sim.
Gosto de observar o ser humano,
cometimentos e distraccoes inocentes.
O choque das sensacoes, tem um efeito
cruel e desnecessario desperdicando tudo.
O tudo que o prazer pode sentir,
o meu prazer, o prazer de dar prazer.
Vegeto nesta vida por assim dizer,
nao em cometimentos, mas nas duvidas
que nunca deixarei de ter. Como todos...
Sera que sei o que faco?!
Acho mesmo que sim!

20 MARCO 2013

terça-feira, 19 de março de 2013

INCREDULO E ANESTESIADO



Estou em estado de semi anestesia.
Senti nojo de mim proprio, apesar
do exagero do sentimento, pela causa.
Senti nojo e pena do mundo. Sao dois
estranhos conceitos, e resultados naturais.
Um dia quase inteiro a ver as desgracas,
o abandono de povos pouco civilizados.
A revolta burbulha-me o sangue nas veias,
ferve-me a logica e o sentido da mesma.
A civilizacao ocidental esta doente. Muito!
Uma dor que nao tem remedio, a nao ser
o tedio de quem nao a quer ver.
Sao criancas, meu Deus... sao criancas.
Sao as maes do desespero, alimentadas
apenas pela dor. Sao os farrapos gastos,
na poeira da evolucao que esta revertida.
Quando vejo estas imagens, morro...
morro por dentro e por fora, sinto
que perco tempo de vida propria.
As razoes sao tao ambiguas, tao simples.
A humanidade varre a poeira da pobreza,
enche espacos aridos com secura humana.
E nao vejo remedio, o que me transtorna.
Mas nao tenho coragem. Nao tenho,
e isto tambem me revolta no fundo.
Sou um cobarde existencial, mais um...
Sei que protejo os meus, e sinto
sinto esta possessividade ocidental,
a opcao individualista, e nao solidaria.
Ajudo sim, mas nao sei se o suficiente.
Dao-me ganas de fugir desta cadeira,
destruir canetas e teclas, livros e papeis,
e correr... correr sem parar por um momento.
Sentir-me perto da pobreza desenfreada,
participar e senti-la. Ajuda-la!
Ja passei fome, eu sei... ja estive perto
do abismo civilizado. E arrependo-me...
as vezes arrependo-me de o ter ultrapassado.
Doi-me tanto esta vida de inercia humana.
Doi-me este planeta, doi-me esta caneta.
Doi-me tudo, porque afinal, nao tenho nada.

19 MARCO 2013

domingo, 17 de março de 2013

NAO FUI CRIANCA



Chega-te aqui... nao chores de medo.
Nao chores de fome, nem a dor que sentes.
Quero tanto tratar-te... acabar com esse medo.
Quero limpar estas lagrimas faceis,
limpando as tuas, ao meu colo... e uma sopa.
Quero-te crianca... Quero-te crianca!
Quero sentir nos teus olhos, um sorriso.
Quero dizer-te o porque, pedir-te desculpa.
Nao quero mais pesadelos onde tropeco,
os mesmos corpos secos famintos, rijos de nada.
Quero escrever-te esta carta, que nao recebes,
que por mais que tente evitar, a lagrima escorre.
Se as minhas lagrimas te alimentassem,
se os meus desejos fossem humildes milagres,
que saltasses a minha frente, em meu redor
em palermices inocentes, e fosses apenas crianca.
Que o po dos panos que te cobrem o corpo,
se tornassem em farinha e pao, so para ti.
Ja nao consigo ver as imagens, ja nao tenho coragem...
tenho nojo em mim proprio, por a nao ter.
Mas sei... sei que me falham proporcoes.
Sei que nao me dao o valor que entrego.
Tenho a certeza do meu final, porque o sinto!
Sei que vou acabar sozinho, como estou...
Sei que vou pegar neste corpo inerte,
transforma-lo em entrega humana e raciocinio.
O raciocinio certo, generalizado e nao individualista
a entrega do que realmente sinto por ti crianca.
Quero pegar em ti, pesar a tua lagrima
senti-la na ponta destes dedos secos e imundos,
e dizer-te apenas uma vez... amo-te assim.
Amo-te em mim crianca,
que tambem nunca o fui!

17 MARCO 2013

DESILUSAO APENAS



Hoje, e ontem e nao sei quando,
estou assim... tantas vezes normalizado.
Isto nao me distrai ou tormenta,
apenas me diz o que se passa.
E foda-se, falham-me as teclas.
Falha-me o intuito da demostracao.
Falha-me dizer o que sou pressionado,
porque de outra maneira nunca o diria.
Falha-me esta merda de vida que nao tenho.
Nao me queixo, vejam so... desabafo.
Dou tudo o que tenho, talvez exagerado,
mas recebo a duvida e um carimbo.
Obsessividade! Eu obsesso?!
Ahahahahah, deixem-me rir...
Realista e exigente?! Sem duvida alguma.
Mas sobram-me as sobras... E nisso,
meus amigos e quem o me da, ja chega!!!!!!
Nao tenho sobras para dar! Tenho o EU...
O que sou, e nao o que querem que seja...
E pegar ou largar... nao tenho paciencia.
Falam-me em pacotes de familia,
falam-me em merdas deste genero.
Falem-me em forca de vida, em atitude
falem-me em cometimento e vontade.
Nao me tragam as fronteiras de que fugi!
Estou triste com a duvida. A outra,
e a minha. Fujo desta forma de vida
como de veneno que provo agora,
fugindo do que nao tive cura.
Detesto o defesa com o ataque...
contra mim, que nao ataco.
Estou triste, deprimido e espectante.
Inacreditado por cinismo de quem nao espero.
Desiludido ate a causa maxima do conceito.
Sinto-me marginalizado, neste pacote
sinto-me exteriorizado no que ja senti ser meu.
Sinto-me fodido com tudo isto!
Sinto que nao me dao aquilo que dou.
17 MARCO 2013

sábado, 16 de março de 2013

ACORDEI CANSADO



Acordei cansado...
Mal me lembro dos sonhos,
dos pesadelos, ou do vazio.
Dormi por dormir, apenas.
O cansaco e uma sensacao elevada,
quando acontece por gosto.
Acordar cansado por nada,
atrofia-me o resto do dia.
A chuva nao para, o ritmo
e decadente e monotono.
Se adormecesse assim, seria bom.
Talvez sexo... mas nao tive.
Talvez por isso acorde cansado,
porque adormeco por adormecer.
A vida fica monotona e repetitiva,
sem razao e cansativa, sem nexo.
Detesto estar assim, cansado
sem motivo aparente, na duvida.
A duvida cansa, absolutamente.
A saudade queima, intensamente.
O amor doi por necessidade.
Durmo pouco, nesta mescla
de sensacoes por definir.
Adormeco por adormecer,
e quando acordo, depois...
acordo cansado , cabeca vazia
perdido neste lado.
Vou dormir por dormir,
apesar de cansado. Amanha,
quando acordar, olharei o espelho,
e o pensamento refletido na minha voz,
me dira que acordei cansado.

16 MARCO 2013

AS PECAS QUE FALTAM



Faltam-me pecas para completar este puzzle.
O desafio da escolha e da procura e fenomenal.
Mas falta... e detesto sentir algo incompleto.
Falta finalizar mesmo que por opcao,
faltam as pecas que ocupam o espaco em branco.
Tenho muitos destes espacos. Adoro Puzzles.
As pessoas sao isso mesmo... algo por completar.
As atitudes sao pequenas pecas interiores,
os egos as pecas limitrofes que formam a pessoa.
E faltam-me... faltam-me pecas para finalizar o puzzle.
As atitudes corrigem-se com a idade, o tempo
a inteligencia prevalece na mordomia da vida.
Os sussurros nao dao o carisma necessario.
As conversetas nao alimentam a inteligencia.
So toco a realidade por inteira. Sem pedacos soltos,
sem reticencias, nem tao so respostas simples.
Quero a diversidade do pensamento, mesmo que futil.
Quero pecas que completem o vazio totalitario
de todos os vazios que sinto. E sao muitos...
Quero completar este jogo estranho, onde todos mexem.
As pecas existem, mas nao as encontro.
Talvez tenha de mudar o meu jogo previsivel.
Falando por fases, nao encontro resposta.
Nao sei se pertenco ao que penso... duvido.
Sinto um mero desenrolar de tempo, por momentos.
Bons momentos que ultrapasso e sempre tive.
Os mimos afectivos que nunca tive falta,
que nao condeno mas que me envolvo enganado.
Serei eu talvez, como sempre o imprevisivel.
Terei eu o carimbo da obcessao disfarcada.
Mas terei de falar um dia... nao ha nada a esconder.
Sou um possessivo de respeito comum.
Nao perdou-o a subjectividade ironica,
nem sarcasmos de indole indirecta e simplista.
Sao estas pecas que me faltam na vida.
O puzzle existe, egoista e egocentrico... mas nao sou eu.
Apenas quero completar este o puzzle.
Se nao houver pecas suficientes, que se adaptem...
se nao o conseguir completar, acabarei por destrui-lo.

16 MARCO 2013

AMBIGUIDADES



Nao sei lidar com ambiguidades.
Nao sei se sera apenas falta de paciencia.
Fico teso de espanto, sinto uma estalada
que me acorda de vez... desilusao.
A eterna desilusao tira-me o sono.
Passei a ser filiado na insonia permanente.
Tudo o que rejeito e dispenso, procura-me.
Tenho rancor a mim proprio.
Tenho esta forma estupida de preocupacao,
sempre mal interpretada. Mas sou eu...
Um pacote solitario, resignado e perplexo.
Nao vejo nada... nao consigo ver
absolutamente nada do pouco que quero.
Destesto-me no fundo, talvez...
No juizo final, o resultado sera estupidez.
A entrega e injusta, os cometimentos poucos.
Vou ter de criar um mundo,
um outro alem dos que ja tenho.
E mais um, e outro... e outro.
Sao tantos os mundos, que sonho.
Sonho que afinal tudo nao passa disso.
O pesadelo nasce com a insonia
essa sombra colada a mim.
Estou cansado.
Estou cansado de esperar.
Nao sei lidar com ambiguidades.

16 MARCO 2013

sexta-feira, 15 de março de 2013

SECO POR DENTRO



Tenho o corpo seco.
Secura estranha vos digo.
O impulso seria rasgar a pele,
aceder facilmente a alma.
Conversar indescriminadamente,
comigo pelos motivos necessarios.
Falta-me coragem as vezes.
Nao por medo da realidade,
mas por saber o desenlace final.
A logica da vida tras desilusao,
essa coisa trista que incorpora,
que conquista o ego fraco... fragil.
Fico seco por dentro.
Uma sensacao viral que odeio.
O unico odio que posso ter.
A impotencia em ser util,
a distancia permanente e futil.
Serve-me o consolo da calma,
serve-me a destreza da alma.
Pensar em pouco, em tudo
e provavelmente em nada.
Pensar no climax da paixao,
no frouxo caminhar do tempo.
Antiteses e alegorias as vezes
sao a unica saida, quase leviana,
onde a frieza tem de se impor.
Sinto a falta de respeito evitavel,
sinto o desperdicio da felicidade.
As pessoas sao como estrelas,
brilham e mudam, como por magia.
Fica um espaco vazio, inanimado
cheio de conviccoes frustradas.
Mas as quedas sao necessarias,
desde que a forca nao falte,
para que o corpo apesar de seco,
uma alma indestrutivelmente forte,
renasca ao sopro das cinzas,
erguendo-se sem receio ou medo,
de qualquer outra nova queda.
Mas, fico seco por dentro.


15 MARCO 2013

quarta-feira, 13 de março de 2013

SIMETRIA EXISTENCIAL




Sei que sim, este mundo evolui simetricamente.
Sei que me foi dito o porque da geometria.
Tudo esta codificado de forma simbolica,
esta a charada imposta da nossa existencia.
O misterio faz parte do meu imaginario,
decifrar simbologia tornou-se uma paixao.
Sou um curioso do destino que nao existe,
que se aplica em  fuga facil ao desconhecido.
Cepticismos ideologicos deixam-me vago,
pela falta de coerencia de ideais egoistas.
Nao tenho dogmas nem preconceitos,
defino divino cientificamente pela pesquisa.
Sei que a subjectividade das ideias e fertil.
Entendo e respeito os religiosos da fe,
mas a minha apesar de existente, nao o e!
Tenho deslumbre imenso na construcao da alma,
um sistema totalitario que se divide em partes.
A Arquitectura do Universo e suprema.
Quem sou e porque sou, e divino... individualmente.
Sou eu mesmo o meu templo, a minha fe
que junto em parceria solidaria com as outras.
Com os outros individuos, que o sendo ou nao
adeptos de existencialismos discutiveis e fechados.
A criacao prova o que digo, pela ignorancia.
A provar isso estao as religioes. Apaixonante!
Talvez esta simetria existencial, tenha o paralelo
por excelencia. Talvez o sonho seja isso.
Uma viagem de "deja vu's" existentes,
onde este portal da alma, viaje ate outro eu.
A geometria dos sentidos, multiplica o mundo
em sucessoes pouco entendiveis ao vulgar mortal.
Este e um pouco do meu sonho, deste lado
acordado e interrogativo, na ansia de adormecer.
Passar o portal agora sera divino, sera viagem...
sera a minha passagem em simetria existencial.

13 MARCO 2013



MAR E HARMONIA



A necessidade de encontrar o mar e intensa.
Atraccao permanente e sempre desejada.
Esta ligacao invisivel tao forte, torna-me
num dependente absoluto da tranquilidade.
O mar e as tormentas, sao o auge deste prazer
que ambiguamente, mais calmo me torna,
quanto maior for a tempestade dos elementos.
Tera a ver com irreverencia de espirito.
Sera um sinonimo dificil de decifrar,
a minha forma de estar paralela a natureza,
talvez esta revolta me traga harmonia.
O prazer e imenso, por isso mesmo...
O cheiro a agua salgada, maresia e limo,
uma energia gritante, que mexe comigo.
A erosao enfraquece a rocha so aparentemente.
No meu sossego observador, grito calado.
Um grito simples, sem ma intencionalidade,
senao a de seguir o rumo natural da vida,
enquanto absorvo sensacoes de suberba delicia.
Assim me revejo nos contornos proprios,
na calma e tempestades diarias... comigo,
com a minha alma, entre tantas perguntas
que nao acabam, que sei nao terem fim.
Assim amo o mar, como companheiro...
De viagem, amizade e desatinos constantes.
So me falta ter guelras, para que o entenda.
Para que possa viajar e senti-lo em pleno,
por dentro e por fora. Neste estado de duplicidade
humana, seria porem maior, a minha fragilidade.
Falta-me este ajuste natural, evolutivo
onde a curiosidade me aguca o desejo do sonho.
Sonhar por qualquer razao, que nao obvia
mas apenas ancestral de ligaca aos elementos.
Ser agua, fogo, ar e terra... ser tudo.
Ate cosmos eu sou, uma escultura individual
deste meu po cosmico erguido e unido,
por ramagem de veias que me sustentam,
alimentando  este fantastico poder de sonhar.
Quero o mar assim, em tempestade e bonanca,
enquanto eu sentir esta forma emotiva,
obviamente harmonia sera esperanca.

13 MARCO 2013

segunda-feira, 11 de março de 2013

SINTO-ME NU



Sinto nudez de preconceitos.
Sinto nudez na minha alma,
livre e limpa de cliches obsuletos.
Quero acordar sempre como hoje...
Mergulhar cheio de vontade,
bem cedo, na pureza dos segundos.
Nao pensar... apenas acordar.
Aquecer em momentos vivos,
com o prazer inerente, e respirar.
Sentir-me vivo!
Sentir-me nu...
Ser o homem que me controla,
ser a alma que me tormenta,
mesmo que prepotente, apenas eu.
Fico tenso sem esta serenidade.
Penso no valor da felicidade.
Quando nao estou, tento...
Desnudo-me dos problemas,
torno em dor, o meu eco nu.
Solidao faz estragos secundarios,
mesmo agradaveis que sejam,
por bem que possam saber,
os momentos, todos os momentos,
 serao sempre resignados por si so,
a nudez atormentada do julgamento.
A nudez do espirito, a dor das noticias,
em preliminares de coisas indesejaveis.
A crueldade do julgamento, acto que
mesmo individual, se torna indelevel e cruel.
Prefiro sentir-me sozinho, num local
num sonho, no sono, na vida
no cosmos, a ter de julgar.
Sinto-me terrivelmente nu assim,
uma nudez que se torna pobre,
ao ter de julgar negatividades.
Os preconceitos, que acabem
em conceitos definitivos de harmonia.
Que seja eu o corpo inutil,
a alma a nudez sadia,
o espirito o valor comum.
Hoje sinto-me nu...

11 MARCO 2013

domingo, 10 de março de 2013

VINHO FERTIL



Quero pensar que hoje estou bem!
Pensar apesar de tudo, ainda se mantem
a forma mais barata da liberdade.
O resto... toda a liberdade, acaba por ser comprada.
Nao critico ou choro a perda. Sou realista...
As ideologias sao os ramos da arvore,
a arvore que cresce, que estagna e renasce.
Por isso hoje estou bem. Estagnei...
Amanha renasco e renovo o sorriso.
Nao ha dramas de "ismos".
Ha sentimentos e sensacoes.
Ora positivas, ora negativas mas vivas.
O espaco e o tempo, sao fundamentais.
O preconceito, o desejo idealista
tudo faz parte da natureza que eu vivo.
Liberdade de pensamento, expressao
tudo o que encaixo sem gostar... a vida.
Tenho este copo de vinho a frente...
Saudavel, aveludado e inspirador.
Frances, mas poderia ser... chinamarques.
E vinho, da vinha do bago e do Baco.
Um exemplo. Liberdade do palato
diferencial de origem descontrolada.
O todo nao deixa de ser diferente.
Sou um ser humano que admira,
critica e observa a dor proclamada.
A falta de sono, a insonia deixa marcas.
Como as castas da vinha, os sabores diversos.
Mas bebe-se nem que seja pelo prazer,
o devaneio real da alcolemia inspiracional.
Um brinde a alimentacao arcaica.
Um brinde ao vinho e ao pao eternos.
O meu brinde ao alimento ancestral,
a todas as almas atormentadas.
Bebamos a orgia do vinho,
o espirito renascera inspirado.

10 MARCO 2013

sábado, 9 de março de 2013

SABER SER EU



Sinto-me hoje mais fragil que a agua...
Nada disto no fundo e fragil, a agua nao o e!
Parece, como tantas coisas, e eu... mas nao.
Apesar de tudo, sinto-me moldado a fragilidade.
Tao simples como ser apenas humano.
Os sentidos, a saudade tao lusa por prepotencia,
libertam por vezes esta ansiedade criticavel,
pela ausencioa de tudo o que devia estar presente.
E penalizo-me pelas faltas que nao preencho...
Por culpa propria ou nao, existe a culpa.
A motivacao tem de ser castelo de defesa,
um apelo a batalha constante com a indecisao.
Nao fico orgulhoso pela perspectiva realista.
Estas coisas de ser o que se nao e,
de querer ser o que que nao somos,
sao a purificacao da ideotice elevada
a qualquer interrupcao da fragilidade humana.
E surge a atitude egocentrica da duvida.
Nao pode haver duvida absoluamente nenhuma.
A agua e um foco de forca universal.
Nunca na vida podera ser fragil, apenas talvez
se confunda com a fragilidade do tacto.
Atravessa-la com um dedo como atravesso
sempre os limites da realidade e do sonho.
Basta um toque, e estamos do outro lado.
O fragil transforma-se em algo de incrivel...
Tal como o cristal. Fragil so na dureza,
porque no que toca ao reconhecimento,
da qualidade e da beleza, tudo e aparente.
Basta este momento de sonhar a beleza,
e aqui fico forte como uma muralha.
Aqui crio um castelo sem rei nem roque,
onde a prepotencia das ilusoes teoricas,
acabam inoperantes como a fragilidade.
Tenho este descernimento desfocado.
Tenho pena de nao saber isolar a realidade.
A mistura do fragil com o rude e cruel,
atrapalha-me a funcao primitiva do bom senso.
Saber seu eu, torna-me fragil...

09 MARCO 2013

quinta-feira, 7 de março de 2013

O FINAL DO DIA



O final do dia.
Um momento calmo.
Um copo de vinho, uma mao...
A mao de uma mulher, um beijo.
O descanso do dito guerreiro.
Introspeccao inevitavel por habito.
Um sopro banal nas adversidades,
um sorriso ao toque de um livro,
esta caneta, esta folha... um sopro.
Murmurios calmos, conversados,
os toques a quem eu amo, a pele.
Ate o silencio e sabio, o momento.
Um beijo de labios quentes, o fogo.
Consome-se o desejo, devagar
saboreado como mel para a alma.
O prazer, total... carnal, e do ego.
Um abraco retemperador, o cheiro.
Os toques, os sons que gemeram,
os poros que arrepiaram... os dois.
O olhar milionario da simplicidade.
O dizer tudo sem dizer nada.
Os dedos, os sopros na pele...
Beijo o final do dia, apaixonado
por um ritual de sensacoes fortes.
O vinho, dilata a sensibilidade
num quanto baste previligiado.
Os dois, consumimos o tempo,
a qualidade, a vida em harmonia.
Muito mais fica, aqui e fora de mim.
Internamente, sou unico... cada vez mais.
A paixao cresce diariamente,
um vulcao humano, desinibido
mas privado nas erupcoes constantes.
Sem palavras... O final do dia.

07 MARCO 2013

quarta-feira, 6 de março de 2013

UM MOMENTO DE PAZ



Desafio o mundo para um momento de paz!
Com vontade! Com atitude irreversivel!
Tenho a certeza que estou certo! Tenho!
Tenho paz no meu destino, na minha formacao.
Apenas preciso de um caminho, certo e definitivo.
Algo ou alguem que me siga, que me guie
que transmita a minha dificuldade de comunicacao.
Quero Paz. Comigo, com o mundo, com o Universo!
Se parar um momento, acho que entendo a finalidade.
Nao me perco em teorias engraxadoras de retornos,
perco-me sim na minha incerteza de atingir um fim.
O da paz, de harmonia intrinseca e motivacional.
Coisa simples... apenas a troca de bom senso.
Parar em momentos certos, definir prioridades,
entregar aquilo que a vida tem de elementar.
Senso comum, amizade indescriminada e pura,
o amor indescriminado, dividido por culturas
tantas e tao intensas, como as diversas religioes .
O denominador comum, no final de tudo isto,
somos nos, o EU generalizado, um Deus dividido.
Dai este meu desafio... Provocacao simples,
prepositadamente direccionada ao mundo inteiro.
As ideologias sao virus, com curas faceis.
Alimentam o sistema imunitario da civilizacao.
Sao antidoto contra a ineficacia e inercia institucionalizadas.
Por isso e por isto mesmo, desafio a humanidade.
E riem-se... perguntam quem serei eu.
Um miseravel circunspecto a individualidade.
Pois penso que sim... sou isso mesmo.
Mas arrepia-me a injustica, como chagas na pele.
Detesto-me pela minha reverencia pratica, apesar
do animo pela irreverencia escrita, um  poder unico.
Um poder que liberta o desafio, contra o mundo...
Contra tudo e contra todos os acomodados,
deixar o desafio e irreversivel, para um unico momento.
Um momento generalizado neste mundo...
Um momento imenso e profundo,
cheio de intensidade... e paz!

06 MARCO 2013

PROVOCAR POESIA



Gosto de sentir a partilha de poesia!
Muito mesmo! Sem procura de nada.
O egocentrismo de alguns, a sofreguidão,
envergonham o meu senso natural da escrita.
Mas há esses que vivem assim. Nada contra.
Forma e discernimento que não partilho!
Mas entendo; acho!? Nada de grave.
A poesia é isto! Formas de ler a vida.
A minha, essa, é complicada. Não só na forma.
Eu sei que ajudo. Complico, com intencionalidade!
Gosto da dialética, mesmo que disfarçada!
Gosto da inocência, mesmo inexistente!
Gosto de provocar todas estas afirmações!
E saio de leve, abstendo-me disfarçado e,
sem partir, ficam apenas os comportamentos.
A poesia é fértil, em todas as vertentes.
Uma arma, um defeito, uma virtude.
Um senão, um porque, um cometimento.
Por isso partilho e, sinto retornos.
Mesmo os silêncios falam comigo.
Mesmo não recebendo, percebo!
Percebo a ineficácia da minha intenção.
A supremacia dos institucionalizados,
mesmo que disfarçados e não isentos.
Não existe nada disso. Isenção!
Nada, nem ninguém, é isento... pura mentira.
Um engolir em seco, talvez. Um fechar de olhos,
uma crítica adiada, ou o desprezível neutro.
Por isso gosto da partilha.
Muito mesmo! Sem procurar nada.
Apenas e só, amo a poesia!
Apenas pela poesia!


06 MARCO 2013

COMBATER O TEMPO



Nao sei se devo ou nao arrumar o tempo.
Os meus arquivos estao cheios, mas leves.
A memoria funciona como a minha alma.
Sempre cheia de coisas que defino, sem pressa.
Vou arrumando, para que nao perca nada.
Existem depois estes momentos de arrumacao.
Tal como em casa, vou limpando, filtrando,
eliminando o po do tempo que nao presta.
Guardo tudo com um sorriso natural, sou eu...
Vejo e revejo as memorias que ficam, inevitaveis
sem que mexam ou alterem o presente, por vezes...
As memorias sao como o ramo de uma arvore,
a arvore que tem as raizes da vida, imparavel.
Por vezes doente, por vezes saudavel,
mas que nunca para de crescer. Mas o tempo...
Nada e tao inevitavel como o tempo.
O que tenho, tive e o que me resta...
Poderia talvez comprimi-lo um pouco, ate muito...
Viveria mais tempo para o poder gozar,
transformar erros em devaneios, mais duvidas...
Utilizar a duvida como derradeiro patamar,
o climax da minha sabedoria, um pensamento.
Nao sei se devo ou nao, entao...
Deixa-lo-ei passar naturalmente, porque passa,
apesar das minhas indecisoes existenciais.
Quem o valoriza sou eu, sou eu que me interrogo.
O tempo, passa indiferente a mim, a todos...
ate a ele proprio, por impossibilidade de retorno.
Ha uma cadencia existencial, na leitura dos factos,
na certeza e na duvida, no amor e no odio,
que apenas o tempo, tem o poder de julgar.
Mas continuo a arrumar o tempo, definitivamente.
O meu, a mim pertence, solitario e egoista.
Nao posso deixar de organizar e catalogar o meu tempo.
A todo o momento, preciso de recorrer sozinho,
a uma nova memoria, que me sustente a alma.
Nao ha como combater o tempo.
Resigno-me a ele.

06 MARCO 2013

segunda-feira, 4 de março de 2013

SER HUMANO



Ser humano deixa-me perplexo pelo desafio.
Cada vez mais... Simplesmente humano.
Ha uma certa revolta individual escondida.
No fundo, niguem pediu para nascer.
O habito nao o seria senao por necessidade.
E penso por mim, o que pensarao os outros.
Nao que a preocupacao me absorva,
nem fique dependente da duvida de terceiros.
A minha duvida e suficiente por permanencia.
E vejo o mundo por pixels hiper rapidos,
onde a minha consciencia sofre por impotencia.
Vejo pequenos passos da minha vida pessoal,
misturar com o que vejo da vida dos outros.
A necessidade e carencia material de tantos.
A abundancia e "cagativismo" de muitos mais.
Pergunto-me consequentemente pelo desafio.
Que desafio? Que tecla falhou nesta criacao,
o argumentista deste misterio realista?
A prepotencia da fome resiste como virus.
O abuso continuo de todos nos, por e para
todos os que aqui vivemos, neste infimo ponto,
num planeta que e uma nanoparte do Universo.
Vejo clamar a justica, por quem a falha.
Vejo tanta coisa estranha, que penso sim
viver num pesadelo que acaba ja de seguida.
Mas nao... nao vejo fim. Vejo sim a reticencia
de um final sem termo, sem previsao possivel.
Ser humano deixa-me perplexo pelo desafio.
Este desafio diario que nao consente o destino,
o futuro e a unica garantia, mas ja sem valor.
Amanha, chegaremos a qualquer sitio novo,
um novo dia, com as consequencias do presente.
Nao desisto nem quero negatividades, abomino isso.
Mas dou por mim, nestes momentos complexos,
penso, penso, e nao chego a conclusao nenhuma.
Cada vez crio mais duvida, cada vez me questiono
ainda mais do porque de ser humano? Azar...
Sera azar? Azar existe? Nao creio, existe erro.
Sao precisos erros para atingir sabedoria,
mas errar nao justifica o proximo erro.
Ser humano, deixou de ser conceito!
A Humanidade falhou e falha, ate um final,
um final que nao vai deixar de aparecer.
Alimentem-se os pobres, curem-se os doentes,
facamos nos os milagres, que nao existem.

04 MARCH 2013



sexta-feira, 1 de março de 2013

FELICIDADE PERSONIFICADA



Tenho a boca seca de palavras inuteis.
Este e o estado a que cheguei por nada,
absolutamente nada, daquilo que sempre previ.
Ha um nada enorme nas ideias humanas.
Os ideais, tornaram-se complexos,
a simplicidade gerou controversia irreversivel.
Sinto o cheiro de suores que a mente extrai,
pelo espremer de ideias que nao habitam,
que deixaram o habito de imaginar a alegria.
Quero pegar em mim, num retiro pessoal,
onde a calma do ribeiro, lustre o seixo
em harmonia aveludada do envolvimento.
Tenho este secreto ciume da pedra nua,
envolta em mimo natural, que mesmo frio
tem o poder de me aquecer a alma.
Quero esta felicidade nao prematura,
condigna da experiencia dos elementos.
E o toque que nao sinto na pele...
Aquele afago supostamente meu,
que dei e dou, e quero ter. Tao simples...
Por isto me sinto seco, com um riacho
aqui tao perto. A fonte da liberdade,
que nao para o curso indefinido do tempo.
E o cheiro que por mim fica, nao o lavo.
Quero que fique empregnado, na pele
na alma e nas ideias que surgirao um dia.
Um dia brilhante, como o luar...
Quero o brilho envergonhado do luar.
Algo que me possua desenfreadamente,
 ate a exaustao, como a mulher que amo.
Quero sofrer pouco, mas constantemente.
Quero esta dor meiga e viva do mundo.
Deixarei a secura de lado, na sofreguidao
cadenciada de uma gota, que escorrera
fina por um dedo, por uns labios quentes
que toquem os meus, que alimentem
o calor, que acumulei na minha boca.
E gritarei, sem a sede original, as ideias
os ideais que acho precisos e indecisos.
De alma e ego cheios, serei finalmente
a felicidade personificada!

01 MARCO 2013


ANTES DE MIM



Sei que existe um antes de mim.
Sei que houve, um grande espaço vazio,
um pouco de qualquer coisa inanimada.
Sei que me lembro de antes de mim.
Só não sei, o que se passou assim que cheguei.
Sei que a sequência da vida não parou,
nem antes nem depois de mim.
Já pensei, já tentei voltar ao espaço vazio,
mas não consegui.
Gosto de sentir o antes de mim.
Antes de mim, comecei assim...
Fui um espaço, um vácuo, apenas
um som líquido, em efeito, algo que ouvi.
E vivi assim, antes de mim.
Só não quero que saibam a razão.
Mas sei que fui eu, antes de mim...

01 MARCO 2013