sábado, 28 de março de 2015

SILÊNCIO ENSURDECEDOR




Não sei se diga o que devo,
se deva dizer o que calo,
se cale o que não disse,
ou diga o que querem ouvir.
Falar e calar tem o mesmo som.
Talvez o silêncio em voz alta,
como um grito envergonhado,
o medo da acusação, a moda
de calar o que não tem resposta,
ou apenas cobardia disfarçada.
É-me difícil entender!
Saber, eu sei o qual é certo.
Se fale, se cale, se ignore?!
Tenho um gene que não semeei,
que me absorve a dor do silêncio.
Não sei falar em silêncio!
Não sei enfrentar com silêncio,
o que só a palavra resolve.
Não sei se diga o que devo,
se diga o que me poderá calar,
se grite sem alarde. Talvez tudo!
Só sei que não sei ficar calado.

28MARÇO2015

segunda-feira, 23 de março de 2015

TODAS AS RESPOSTAS




Compreender a evolução,
é tentar completar o infinito.
São mistérios conscientes,
acrescentados de boa vontade
e irreverência condicionadas.
É não saber o fim,
sem sequer saber o início.
Mas para quê saber o fim?
A razão humana é estranha.
Saber todas as respostas,
vulgarizaria o mistério.
Há uma alegria inata,
o milagre do nascimento,
lugar comum aos seres vivos,
entregues a um planeta previsível,
com final irrevogável da matéria.
Seguir em frente é imposição,
Não há rumos ao passado.
Futuro é um desafio ingrato,
sujeito ao desejo progenitor.
Inato só o amor.
Só o amor resiste à morte.
Só a vida nasce da morte e,
a morte não é o fim do mundo.
Falar do fim, não é um erro.
É um erro ignorá-lo.
O fim, é este verso.

23MARÇO2015

domingo, 22 de março de 2015

VIVER




Só posso dizer que sim,
quando me misturo na cor,
quando sou transportado,
quando entro num outro mundo.

Só posso querer a vida,
poder viver o espanto,
poder viver o encanto,
poder pedir para ficar.

Só posso viver com cor,
esvaído em sangue colorido,
esvaído em telas tão belas,
esvaído neste eterno amor.

Só posso agradecer a Deus,
por ser aquilo que sou,
por ver aquilo que vejo,
por ser um pedaço Dele.

Só posso viver assim!


22MARÇO2015

sábado, 21 de março de 2015

VAI-ME FUGIR A LOUCURA





Vai-me fugir a loucura,
De uma longa forma,
Disfarçadamente calma.
Sonhei perdê-la ao
Saltar de um pânico imenso,
Para a realidade que conheço.
Não posso viver sem extravagância.
A loucura é a mais importante.
São pedaços de imaginação,
De fugas, sem fugir para nenhum lado.
O corpo. Só o corpo não foge.
A loucura, essa, tem tantos nomes.
É-me indiferente a classificação,
Os carimbos, e fujo a preconceitos.
Nem todos, alguns são loucos.
Se forem banais e me sinta indiferente,
Tenho de viajar dentro de mim,
E procurar, procurar, inventar,
Inverter o processo lógico,
Tornar-me invisível ao mediano.
Tocar os sentidos cá dentro,
Com a ponta dos dedos,
Com a loucura que não se vê,
Ou ficar são pela insanidade.
Vai-me fugir a loucura.
Não pode! Não deixo! Não posso!
Vou gritar, saltar e pontapear o ar,
Mostrar que valer a pena, não é doentio,
Que é preciso uma excentricidade camuflada,
Porque só assim permaneço no mundo.
O destino é uma invenção da loucura.
O presente é a minha doença escusada,
Que trato em proporções certas da realidade.
Se a loucura fugir, morro de tédio,
Desisto do mundo, afogo-me no azul,
Do céu, do mar, do que melhor achar.
Deixem-me sózinho, agora e sempre,
Nestes momentos internos incríveis,
Que me fazem sorrir como só eu sei.
Se lhe chamais loucura, sois doidos.
Não há melhor sensação que esta,
Quando sinto este incontrolável
amor pela minha loucura.

21MARÇO2015

sexta-feira, 20 de março de 2015

A MINHA MISÉRIA





Se os rios perdessem as margens,
e os mares tomassem caminhos,
toda a vida virava do avesso,
e eu me convenceria que existo.
O falatório das pedras, traz novidades
de um mundo extravagante,
resgatado de cinzas e desertos,
do rejuvenescer de oásis secos, ou
de uma miséria que nunca existirá,
enquanto eu, trocar a lógica de tudo.
Estou chocado com tanta coisa!
É o dia a dia que me apavora.
Não quero mostrar ou tenho medos,
não são medos que me fazem falar.
É a pena, a desilusão e o evitável.
Queria mudar de vida, de corpo,
de tudo o que me faça pensar.
A miséria dos outros,
é a minha miséria.

20MARÇO2015

quarta-feira, 18 de março de 2015

QUERO TANTO, QUERO TUDO...





Tenho uma lista para cumprir.
Pelo meio há muita coisa,
O final só pode ser felicidade.
Tenho a arte ao meu lado,
tão perto dos olhos que me cega.
Tenho privilégios (que procuro),
que me tiram o ar de forma cruel,
onde a crueldade é filtro e objectivo.
Gosto de objectivos. Gosto de quem
vive a vida com objectivos práticos.
Sonho muito. Não há quem sonhe
mais que eu. Mas vivo a vida.
A vida não é o sonho,
o sonho complementa a vida.
Realizo sonhos de anos,
sorrio aos sonhos actuais,
os que me lembro quando acordo.
Sorrio ainda mais pelos outros,
os que sonho acordado todos os dias.
Passo a vida a rabiscar no imaginário.
O que vejo, o que a visão me dá,
modifico sempre que posso "in loco".
Imagino, altero, modifico,
as pessoas, as obras de arte, um tudo,
que só eu entendo. Surrealizar é objectivo.
A realidade é o denominador comum,
que mantém um equilíbrio estranho,
entre o que detesto, o que amo e invento.
Por isso, perco tempo de vida aqui,
ganhando vida interior com a irreverência.
Como está o Mundo neste momento,
como está o meu país neste momento,
dá-me uma fome insaciável de gritar.
Uma vontade enorme de esbofetear
com luvas de todas as cores, a inércia
e a corrupção que afasta a felicidade.
Vejo o Mundo mais perto do fim.
Todos os dias. E isso sim, é triste.
Podem dizer que só escrevo desgraça,
que me borrifo para os que o fazem.
Quero tanto a Harmonia generalizada.
Quero tanto a Felicidade realizada.
Quero tanto. Quero tudo e,
não tenho nada!

18MARÇO2015

terça-feira, 17 de março de 2015

LUAR




Ofereço-te o luar!

O som do riacho,
A planície calada,
O cheiro a verde,
A relva, as árvores.

As flores adormecidas,
As alfazemas, os cheiros,
Alimentos de desejo.

Nasce um poema.

Só a Lua é estranha,
Quase se entranha,
Na pele arrepiada.

Deixa...

Deixa que te ofereça
O Sol da madrugada,
O ocaso, ou o nada.

Deixa que tudo aconteça,
Devagar. Muito devagar.

Espera que anoiteça.
Sem sombras, sem luz,
A maturidade do silêncio.

Deixa...

Em qualquer lugar,
Onde te toque,
Onde te cheire,
Desde que haja luar.


16MARÇO2015

segunda-feira, 16 de março de 2015

MANUAL DO EU




Perpetuada ferramenta da alma,
Pêndulo religiosamente guardado,
É a vida que contorna a pele.
O invólucro computarizado,
Feito de tanta água (im)pura.
Sou o corpo incerto. Uma vida.
Tenho o interno que procuro,
A essência que me apoquenta
Toda esta procura e curiosidade.
Não sou "sui generis",
Somos todos involuntáriamente.
Sou de dentro para fora,
Como nada sobrevive a nada,
Um tudo tão importante de cima,
Que me transforma no que sou,
Por renascimentos planos abaixo.
Hermético é o Universo.
Eu nada quero daqui!
Nada recebo senão inferioridade.
Sou eu o inferior, eu sei.
Sou eu o que sou, por aqui estar.
Admiro as multidões, controladas
Por uma forma não tirânica.
Apreciar comportamentos,
Como lupa de aumento de gestos.
São os interiores todos juntos,
Divididos pela maior parte.
São os valores, os temores,
Os desejos, os anseios,
A morte. Ó Deus, quem és tu?
Porque me dás a vida,
Se me garantes a morte?
Eu sei quem és!
Sei-o pela simplicidade.
Porque sou eu, o que tu és.
Porque a multidão és tu.
Porque a lupa que aumenta,
Minimiza a importância da vida.
A inteligência tortura-me.
Deixas-me a pensar a vida inteira.
Sem respostas. Sempre sem respostas.
Não sei se és sádico, ou eu masoquista.
Mas és isso, eu sou aquilo...
Somos o que somos, porque Ser
É a forma do comportamento.
Nunca saberei a resposta,
E agrada-me isso!

16MARÇO2015

domingo, 15 de março de 2015

ANJOS & DIABRETES





Há o diabo no corpo!
Dois ombros humanos,
dois fantoches inventados.
O Angélico e o Diabólico.
Dizem. Diziam isso...
A verdade será real?
Há um diabo no corpo,
Ou no meu caso, vários!
São diabretes inofensivos,
Que aquecem com frenesim,
A confusão mental dos desvios.
(Ai se falasse da líbido...)
Há os outros desvios também.
Os de regra, de perda e,
Todos os outros que me esqueci.
Ficam os tais fantoches,
Os que atacam por pantominas.
Os pantomineiros disfarçados.
Que os há, claro que há.
Há demasiados para poder catalogar.
Mas é bom! Adoro estes diabretes,
Os internos, que me fazem escrever,
Que me fazem sonhar acordado.
Preciso deles como pão para a boca.
Preciso de uma certa loucura na vida,
Porque essa coisa do respirar,
É algo que dispenso para os humanos.
Quero mais pantominas imputáveis,
Que reajam apenas com a naturalidade.
Não gosto de carnavais!
Gosto de pantominas internas,
expressões eternas fecundadas
com as orgias mentais do purgatório.
Há aquele estado de "não sei"...
Se bom, se mau, se "não sei".
Será purgatório a indecisão?!
No mínimo afigura-se Dantesco.
Sinto estes arrepios no corpo,
Quando os fantoches agem,
Quando se tornam inflexíveis,
Não por simples teimosia gratuita,
Mas pela criatividade de ver um "fim".
Gosto de me sentir assim!
Numa festa egocêntrica interna, 
Tal criançola estravagante e controlada.
Apenas elevada a uma idade maior.
Será o diabo carmíneo? 
Com estas dúvidas, 
vou mudar as cores ao hábito.


15MARÇO2015

sábado, 14 de março de 2015

SENTIR O QUE SINTO




Sentir o que sinto,
aqui!
Vou contar o que sei,
por mim!
Vou idolatrar a amizade,
aqui!
Adorar o adorável,
por divino!
Idolatrar a santidade,
num credo!
Porque creio na amizade,
em irmandade!
Porque há pessoas boas,
na era da saudade!
Pois sinto o que sinto,
e amo!
Amo os amigos que merecem,
amizade é amor!
Há profanação na entrega?
Não!
Sou bendito, abençoado,
por ter pecado!
Sou um homem de sorte,
agora e até à morte!


14MARÇO2015
(como dedicatória à amizade
 de uma pessoa Maior!
 Maria Augusta Ribeiro)

SEJAM FELIZES !




A referência do correcto,
a reverência do medo,
a influência dos conceitos.
Tudo tem um preço.
Preços que se pagam
com a insuficiência.
Preços tão simples de quantificar,
que não existem tabelas de impulsos.
Só o que se sente não tem preço.
Só um ou mais preços camuflados,
que o interior desqualificado gere,
ou não gere, ou não sabe gerir.
Gerir o bombear do peito,
que não tem a ver com o corpo,
mas o corpo por alguma via sente,
é o mais difícil de manter.
A paixão! Por tanta coisa,
por tantas pessoas, ou por algo irrisório.
A paixão é a lição a ser tirada,
é a sensação que tem de ser travada,
que não fuja. Que nunca fuja,
porque fugindo, ficamos pobres.
Cada vez mais pobres.
Muito mais pobres que bolsos vazios.
Não sei porque digo estas coisas,
porque me fazem andar nesta rotina,
de altos e baixos por estímulos próprios.
Aparecem e desaparecem.
Queremos e perdemos,
especialmente quando damos o que temos.
Estou apaixonado!
Estou sempre apaixonado!
Pela pedra que chuto sem querer e,
me fere a caminhada naturalmente calma.
Pelo som do riso inocente,
que me faz sorrir mecanicamente,
sem saber o porquê. É a proximidade
de uma das formas sensoriais da felicidade.
O dinheiro. Fazer contas à vida,
claro que tem um nome diferente,
uma adrenalina que se assemelha pela diferença.
Estes anos tortuosos da Humanidade,
a perda de amor simplificado,
como só o amor entende o que digo.
Fico neste projecto constante,
sem final ideal anunciado.
Sei lá eu o que é o ideal.
Sabem lá vocês o que é o ideal.
Idealismo é a fuga para a frente,
o imaginário individual que se mistura,
que cria grupos de coisas por fazer,
coisas e sentimentos que queremos sentir.
Sei lá o que é tudo isto.
Sei lá porque estou eu a escrever isto.
Sei apenas, que perco coisas por hipocrisia.
Sei apenas que cada vez menos entendo o mundo,
aquele mundo que se faz representar por pessoas.
Sei que amo. Sei que amei.
Sei que nem depois de morto,
nunca deixarei de o fazer,
porque amar, é ser Eu próprio.
Sejam felizes por opção,
façam lá esse favor!

14MARÇO2015 

quarta-feira, 11 de março de 2015

ESCREVER-TE



Foi agradável o pânico!
Este exagero inocente,
Que me faz sair de mim. 
É a vontade de entrar em ti,
De ficar, de permanecer
Sem ter vontade de sair!
É o cheiro agreste e bom,
Este toque gelado e habitual.
Rumo que entrego ao ocaso,
Esta qualidade constante,
Sem saber se o acaso me leva.
Só o amor me trava,
Deste meu amor por ti.
Queria saber o valor do frete,
Provar a eterna salinidade e,
Perder esta minha sanidade.
Poupa-me por favor!!!
Só enquanto me travas,
Travo a própria loucura,
Desta espera irreversível,
Da anunciada insanidade .
Quando chegar a ser cinzas,
Quero que me deixes entrar.
Leva-me e beija-me,
Mas quero-te (a)mar.

11 MARÇO 2015

BEIJAR


Quando beijo,
tenho o poder da vida.
É um céu limpo e opaco,
Que de repente,
Se transforma numa imensidão
De várias géneros de estrelas.
O meu poder é criar o brilho,
com um palato próprio,
pessoal e intransmissível.
O beijo, é selo de contrato.
Invisível mas personalizado.
O beijo é sabor e tacto,
É uma viagem imprevista,
Que se prolonga na penumbra.
Há um desejo associado,
Inseparável e complementar.
O beijo é um recarregar constante,
De todas as sensações dormentes.
O beijo é um adoçar de imprevistos.
Ultrapassar impedimentos escondidos.
Podia falar tanto sobre o beijo,
Apenas por sempre existir associados,
Um primeiro e um ultimo,
Carregados de previsíbilidade.
Resigno-me a um de vários resultados,
resumindo a magia do tacto,
e querer sempre iluminar o céu,
com as estrelas que não existem.
Enquanto viajar num par de lábios,
O céu, será permanente
como uma chuva de estrelas
que iluminam o beijo.

10 MARÇO 2015

sexta-feira, 6 de março de 2015

A ÚNICA FORMA DE SER


Não é a distância que me foge,
Nem fugirei à ausência das coisas.
Fico à beira de uma certa apatia
Pela urgência dos reencontros,
Apesar do caminho escolhido,
De uma ou outra mudança de rumo.
Só o palpitar do peito faz sentido.
O cansaço, as alegrias, os medos.
Descansar é uma questão de tempo.
Tudo é uma questão de tempo,
Tudo é uma questão de distância.
Não preciso da presença física,
Para que o coração se configure
Em sensações diferentes,
Com a mesma forma de expressão.
Um espaço aberto, pode ser claustrofóbico.
A mínima letra pode ser o Universo.
Tudo pode ser o tudo que quero,
Como pode ser um nada imenso.
Só o mar e o céu se juntam,
Só o horizonte me delicia o olhar,
Só a arte conjunta me beija a alma,
Com o prazer único da Eternidade.
Só momentos sem resposta,
São razão de todas as dúvidas.
Não imagino o final de nada.
Compreendo cada vez melhor,
O que nunca compreenderei.
Não me avalio pelas fugas.
Usá-las é o meu processo lógico,
De enfrentar o tempo que me resta.
Quero sentir o que me resta,
Com a cura emergente de mim próprio.
Quero amor, quero amar o que amo,
Amar quem me mereça... E ser Eu.
Sem fugas nem distâncias.
Viver é a única forma de Ser.


domingo, 1 de março de 2015

DE FLORENÇA A VINCI


Existem sim, formas.
Formas de elevado previlégio!
Existe o iluminismo individual,
De um êxtase incontrolável.
Existem os Mestres eternos,
Que me asseguram a eternidade,
Nesta simples e efémera vida.
Se a alma me acompanhar,
Depois de um corpo cansado,
Inerte e calcinado pelo tempo,
Serei portador da felicidade,
Enquanto esta memória dure.
Há uma auréola, quase visível,
Que me condensa o corpo.
Há um aperto desnorteado,
Que me espalha e espanta
Sangue pelos recantos do corpo.
Há magia em locais supremos.
Eu, nesta minha humilde forma,
Subo com o prazer e vagar divinos,
Esta escadaria iniciática imensa,
Numa espiral profunda e infinita.
Sou o sonho personalizado.
Renasço sem qualquer retorno,
Neste berço da Renascença.
Finalmente, sou um homem rico!

01 MARÇO 2015