quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A INDIFERENCA DO TEMPO



Hoje o sentido da vida absorveu-me demasiado.
Dou por mim como um qualquer masoquista,
Debilitando-se prepositadamente, e gostando.
E mais forte que eu, esta coisa das ideias.
Qualquer momento vago, e vagueio por ai,
Por estas perguntas internas da existencia.
Eternas tambem, porque a resposta mantem-se,
Inanimada e obscura para todas as mentes.
A metafisica e um iman para o meu pensamento.
A ciencia uma curiosidade e certeza proprias,
Por onde passa a resposta apesar de incompleta.
Em metafisica nao ha um sem o outro,
Nao ha nada acima, sem haver algo abaixo.
O empirismo cataloga-se permanentemente,
Facto complexo de experiencias inacabadas.
Tudo isto reverte num enorme fascinio pessoal.
O ser capaz como base, o melhorar diariamente,
Seguir caminhos, para todos os passos incertos.
Meditar sem conformismo, tem um prazer supremo.
Traz-me o infinito que me faz circundar livre,
Sentir as fronteiras tocar-me, emocionadas
Como eu me sinto, por mais um portal aberto.
O sonho sera a muralha eterna, a defesa
Fantasmagorica que amortece o indecifravel.
A procura sera perigosa, mais profunda,
Mas ser humano implica risco por natureza.
Ha um homem verde interiorizado na minha alma.
Tenho a ligacao ao mundo fragil, no meu inner.
Quero ve-la surgir, sorridente, como a minha
propria curiosidade e anseio esse conhecimento.
Mais perto. Cada vez mais perto, eu sei.
Sei que nao chego la, nao tenho tempo, aqui.
Por isso me perco, tantas vezes, sem frustracoes.
Tenho a fe interiorizada do inicio do tudo,
da perspectiva do nada e da alegoria da vida.
Sinto-me potente e realista, porque sei.
Sei que sabedoria existe a cada segundo,
a cada momento e sorrio a cada pergunta.
Por isso, naturalmente quero ser,
a indiferenca do tempo.

28 FEVEREIRO 2013

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

TEJO EM MIM



Cheiro este rio ate morrer.
Cheiro este rio desde que nasci.
Tenho a historia escrita nestas aguas,
forte como o poder da tua corrente.
Tenho-te impregnado em mim,
em cada poro que respira o teu caudal,
mesmo longe persiste a saudade.
A memoria poderosa do povo,
soberana nestes encantos latinos,
velha e bravia na coragem lusitana.
Tenho-te aqui na memoria,
onde os Jeronimos se ajoelham,
onde o mundo cresceu submisso,
adoptado como sendo teu filho.
Tenho-te nas igrejas centenarias,
as rezas e lagrimas da partida.
Cheiro-te o pranto do desespero.
Es Tejo em mim...
As bandeiras que passaram,
tantas, que foram apenas uma,
uma nau de corvos, destemida.
Uma unica saida consciente,
a foz com mares de palha,
tao fortes como tormentas.
Cheiro a tinta das tuas fachadas,
o cheiro dos bairros subjugados,
o eco do povo, o teu alento.
Tenho a tua saudade, tao viva
como este bater de coracao,
pela grandeza da tua historia.
Choro-te no fado que canto,
no copo de vinho, nos pregoes...
a varina, o jornaleiro, o eco dos sinos.
O desenho na pedra da calcada.
A tua cor ao amanhecer, tao bela
como belo revives o crepusculo.
Beijo-te num abraco eterno,
no alto de todas as colinas,
nos bairros velhos e mirantes,
nas muralhas do castelo.
Es tu a vida desta cidade,
que em ti nasceu milenaria.
Porque es o futuro, sorrindo a
um povo triste, que nao desiste.
Amo-te Tejo, por estares em mim.

25 FEVEREIRO 2013

domingo, 24 de fevereiro de 2013

FRÁGIL LUCIDEZ



Talvez um pouco de sonho me acorde,
Me adormeça ou me torne lúcido de vez.
Preciso sonhar o que não sonhei hoje.
Estou exausto. Não durmo.
Penso, penso...
Seria fantástico, mergulhar num portal,
Onde a linha separadora da realidade,
Funcionasse como um espelho liquido,
Onde pudesse mergulhar a qualquer momento.
Sempre. Sempre...
Sentir gelar o corpo nessa viagem,
Sentir a vertigem do vácuo do destino,
O prazer da incerteza e, do próximo passo.
Talvez só mesmo, o sonho me entenda.
Talvez. Talvez...
Não me quero ver no espelho,
Não preciso de apreciar a imagem,
Quero apenas, passar impune ao tempo.
A fantasia transformada em imaginário,
Puro, tão puro como possa ser a pureza.
O abstrato das minhas ideias, tolhe
Esta mente, tantas vezes atormentada.
Sinto-me estranho, Sinto-me caótico.
Mas a dor, aquela diferença anormal,
A dor que sinto, torna-se agradável e,
Torna momentos inacabados,
Em espaços vazios, como a queda.
A queda e, este abismo constante,
Torna-se noite, onde durmo tão rápido,
Que é escasso o tempo, este preciso tempo.
O meu corpo, que esmaga sempre,
Um pesadelo profundo, a que não fujo.
Penso às vezes na loucura.
Nas mentes doentes, se serão como a minha,
Ou se tudo não passa de um sonho.
Começo a sentir os sentidos confusos.
Começo a não perceber o lugar certo.
Se o meu, se o dos outros.
Estou aqui, ou no outro lado do espelho?
Mesmo do outro lado, a sensação é igual.
Mergulhar a alma, uma queda...
O vácuo vertiginoso da queda.
O prazer inerente, que o há!
Mas sonho, acho que sim, sonho!
O meu corpo, não sente beliscar o vento,
A ausência de gravidade, não me faz feliz.
Mas sobra sempre algo, de bom.
Sobra sempre o efémero e,
A consciência de sonhar acordado.

24 FEVEREIRO 2013

sábado, 23 de fevereiro de 2013

O PANICO


O Panico...
Uma experiencia absorvente,
tal como intensa a sensacao de frio.
Apesar de tudo, nao e negativo,
assim como os elementos vivos,
as sensacoes acordam-nos do limbo.
De tudo, e das pequenas coisas...
De todas as coisas que nao queremos.
O Panico configura uma vida banal,
acordando os sentidos adormecidos.
Tenho essas sensacoes em sonhos.
Nao as receio nem evito, apenas sinto.
Sinto o vacuo da vida quando receio,
quando o medo me esmaga o senso,
e toda a logica facil desta vida.
Nao desgosto, para ser sincero.
O Panico...
Um acordar estremunhado, suado
um abstrato subconsciente de mim.
As paredes que nao tem saida,
uma cama movedica e absorvente,
que engole a minha alma dormente.
O Odio, disso sim tenho receio.
Desfigura o bom senso que resta,
na avidez intolerada do malfazer,
da ociosidade preguicosa, fraca e cruel.
Nao tolero quem odeia, abomino
com a proporcionalidade oposta,
a quem consegue dedicar-se ao odio.
Talvez seja esse um Panico evitavel.
Quem sofre, atacado pela destruicao,
com que a infelicidade afoga a alma.
Sera um Panico indesejavel, reconheco.
Apesar de tudo, a negatividade acorda
o sentimento, a revolta e o inconformismo.
Talvez mesmo so provando o Panico,
alimentemos a vontade de lutar.
Que o Panico seja bem vindo!

23 FEVEREIRO 2013




sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

EMPURREM-ME POR FAVOR



Empurrem-me se tiverem essa coragem.
Nao pensem que quero abismos, nunca.
Pensem que existe um baloico inocente,
preso artesanalmente a um ramo de arvore.
Usem um sorriso, que desafie o meu.
Vamos sorrir, calmos em plena espectativa,
que o balancar nesta corda, e apenas
um pequeno empurrao rumo a felicidade.
E e tanta a necessidade comum!
A unica necessidade real e ocasional,
na permanencia institiva de ser feliz.
Quero permanecer assim, sorrindo.
Balancando com ou sem empurroes,
sentindo o movimento do abismo,
onde os olhos fechados me transportam.
Um movimento de vertigem agradavel,
onde sinto coragem, onde sinto felicidade.
O afago cremoso do vento, a face entregue
ao destino que eu confio em pleno.
Empurrem-me, cada vez mais depressa.
Quero que esta sensacao aumente!
Quero sentir o coracao palpitar, mais rapido,
sentir o fogo da adrenalina, tocar em tudo.
Todos o bom senso dos poros do meu corpo.
Quero sorrir sem olhar, sem saber porque...
Apenas sorrir, apenas sentir harmonia
e um desejo incontrolado de ser feliz.
Empurrem-me sem medos, com forca,
cada vez com mais forca, nao me importo...
Tenho a certeza que se cair, assim
cairei num espaco, que me ajusta ao divino.
Empurrem-me sempre e cada vez mais,
para sentir dentro de mim, este poder...
Quero sentir o poder da felicidade!

22 FEVEREIRO 2013

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

PALAVRAS FERIDAS




Toca-me profundamente a emoção da palavra.
Irreverentes ou doces que sejam, toca-me...
Ao meditar no estado deste mundo tóxico,
que de humano rarefica, as palavras agem.
Escrever e ler na insignificância do espaco,
este espaco limitado de tempo, que as alimenta.
Resta-me a preocupação das atitudes,
as incompetências imparáveis do momento.
As emoções crescem desfeitas em utopia.
Palavras são palavras, emoção tem poder.
Conduzir cada página irreverente e revoltada.
Há uma revolta no ar que me intoxica a alma.
Tenho receio pelos meus e pelos outros.
A consciência, mantém-se cruel e objectiva.
Algo vai mudar por irreversibilidade, a vida.
A destruição da inteligência prolifica abnegações.
Receio! Tenho este receio emotivo do desfecho.
Os corações batem em ritmo descontrolado,
abafando aos poucos o bom senso ainda vivo.
O senso será comum, neste futuro imediato.
Para já, a emoção subjectiva das palavras,
feridas sem a cura da solidariedade, aumenta.
Serão objectivas como o caos que criam.
Dificeis de controlar depois de mortas,
um mundo novo infermo, será razão nefasta,
neste restringir de humanidade permanente.
As palavras estão feridas e moribundas,
as acções estao mesmo ai, ao virar da esquina.
A humanidade sofre como doente profunda.
Ideal seria esta cura de palavras feridas,
ficando por aqui a revolta cruel das armas,
comecando aqui a cura natural das emoções.
Tenho fé! Tenho fé no bom senso!
Tenho fé no Homem!

20 FEVEREIRO 2013  

ESBOCOS & PALAVRAS



Desenhar um esboco de letras e palavras,
sorve a alma nesta escultura que cinzelo.
Todas as estatuas tem alma propria,
comeca onde termina o toque da arte.
Frases apos frases, um livro...
As folhas sao a minha pedra dura.
O desafio ao imaginar, a escultura.
A pedra nao morre, desfigura lenta
o valor imaginario que lhe deram.
Mas fica. Fica eterna e erguida,
como as palavras que saltam de dedos,
cinzeladas num mar de folhas brancas,
que a tinta mima, no toque de cada letra.
A eternidade e o denominador comum,
destas artes complementares, que vivem
na inercia da obra, no deslumbre sabio
de quem interpreta os sonhos vivos.
As estatuas ficam, tal como os livros.
Sao arte e sonho na integra, ambas
sem mestres necessarios, nem avisos.
Sera simples dizer que se sabe,
mesmo em ignorancia, um disfarce
um sorriso, e a arte nunca morre.
Nunca morre por ser arte. Renasce,
este imaginario absurdo nas formas.
Sao pedacos de mim e de todo o mundo.
Sao palavras eternas, mesmo nao lidas
que ficam, na doce paciencia da espera.
Apenas a sombra de quem as le percebe.
Deformar a intencionalidade transparente,
eleva o ego do simples mortal, ao auge.
A Beleza da vida inteligente salpica
com pequenos textos e um po eterno,
que imortaliza o esboco das palavras.
Sem arte, a vida deixa de o ser.

20 FEVEREIRO 2013



terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

PATRIA MORIBUNDA



O ruminante eco mandibular,
tritura o halito podre da republica.
Uma alergia recente criada,
na mentira politica dos refinados.
Refinados palhacos disfarcados,
com credos e cores vincados,
na hipocrisia da conveniencia.
E o povo, esse fica deposto,
enganado em total inconformismo
na miseria galgante do meu pais.
E nao ha quem os pare... destrua,
ou ate os pendure num poste.
Uma pena leve para meia duzia,
um alivio para esta nacao triste.
Resignados os inocentes pelo medo.
O medo de mostrar as veias,
a adrenalina da revolta. O fel aumenta...
O cheiro nauseabundo do Senhor,
que ja nao e feudal, pois entao...
Os votos entregues, a miseria pedida.
Perdido o meu pais desgovernado.
Nao quero cores, nao quero bandeiras.
Nao quero o futuro sem o presente,
por agora, que o estomago encha,
que alimente as criancas. Uma esperanca...
A merda continua de ha muito,
com moscas que diferem na cor,
na quantidade e na falta de jeito.
Sao ratos enormes a cada esquina,
ruminam os passos e as sombras.
Comem os cerebros ja infezados,
pela falta de atitude lusitana. Ja foi tempo...
Ja houve historia, a unica historia.
A historia que se critica e se destroi,
de sorriso imundo destas bocas podres.
E o nojo cresce em mim como nunca.
Vomito a minha inteligencia ja doente,
ao virar de cada pagina de jornal.
Tenho a enfermidade dos incultos,
talvez por pensar em raizes, talvez...
O virus cresce incontrolavel,
os roedores nao param de roer os restos.
Ja sao so restos este meu pais.
A minha Patria esta moribunda.
Envenenem e matem os ratos!

19 FEVEREIRO 2013

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

AS SOBRAS DA VIDA



A revolta nas sobras da vida,
É uma moldura viva,
Vazia e permanente.
Um banco de frente e,
Eu na leitura dos povos.
Se os meus olhos sentem,
Não fabricam a realidade.
Encontram o fruto maduro,
Já caído por falta de sustento.
Não existem coincidências,
Porque tudo parece inevitável,
Tal como este aparo de lápis.
O carvão arrasta-se desiludido,
Desfaz-se em letras,
Sem conquistar o auge da espécie.
Um diamante perdido. Bruto.
Burilado, polido e milionário.
A linguagem incendeia o papel,
Com frases oxigenadas,
Com o crepitar escorregadio da tinta,
Um aditivo à imperfeição purificada.
As vidas correm em alta velocidade,
Um filme vivo, visto do outro lado,
O vazio das interpretações,
Nesta moldura vazia, inerte e frenética.
A estática é inteligente,
Corre como a vida num caos
Imparável ao som dos segundos.
E eu, um tal de relógio vivo,
Abrigo o pêndulo regulador da justiça.
O "tic tac" dos meus olhos, corre...
Cada humano que passa por mim,
Estaca momentaneamente sem opção,
Sem saber do tempo que perde.
A infância, desaparece num "clic".
Num esfregar de olhos,
Já sou o adulto que não pedi
Com todas as consequências.
Contra o quê? Contra mim!
As pessoas, são como fogo liquido.
São combustível privado e egoísta,
Que queima lentamente o individuo.
São as sobras da vida, são.
Sou eu e muitos mais, assim sentados
observando e observados, desorientados
Por tanto comportamento solto.
A dinâmica do compasso humano,
É imparável na mediação dos hábitos.
Uma moldura humana constante,
uma moldura viva, vazia e permanente.
As mentes, dormentes, habituadas
ao brilho translúcido, da sobrevivência,
São como eu, aqui sentado.
São humanas as sobras da vida.

18 FEVEREIRO 2013

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A DOR DO CAMINHO



Perceber a dor do caminho.
Uma dor que nao e dor... mas doi.
A alma troca-me os passos,
estende-me caminhos e encruzilhadas.
Preciso de um local onde descanse.
Qualquer coisa serve... um poiso.
Sinto os membros dormentes,
automatos do caminho normal.
Quero vida e caminhos novos.
O campo, o Sol, o mar e a chuva.
Quero tempestade na minha cabeca.
Tenho o vicio de reflectir anormalidades.
O normal esta rarefeito e desfigurado.
Eu proprio ja o nao sou... ja fui.
Doi-me o caminho camuflado,
a confusao das minhas opcoes.
Estou cansado. Estou carente
de urgencias pre-meditadas por mim.
E as outras... as normais.
Um banco feito de palha bravia,
cheirosa de po dos passos de outros.
Um ponto de descanso, onde me sento.
Tenho o tempo como aliado eterno.
Posso sentar-me, cheirando tudo,
as fronteiras dos meus sentidos,
as opcoes dos meus caminhos,
olhando a encruzilhada de frente.
Inerte e provocadora como eu.
A diferenca dos caminhos,
esta na inocencia dos passos.
Lentos, lestos ou imoveis...
Preciso desta calma fingida,
onde descanse os passos,
onde descanse a alma.
O despertar, esse sim existe.
Quando sem que o perceba,
sinto os passos que dou agora,
por um caminho que nao escolhi.
E sorriu a adversidade da escolha.
A inercia da decisao camuflada,
diferente e inadvertida, custa-me
esta dor que percebo, sempre
que escolho um novo caminho.
Tanto que aqui se passa, sentado
sem nexo neste pensamento.
Uma brisa quente na face,
umas gotas pesadas de suor,
impedem que feche os olhos.
Aqui descansado, percebo a calma
e a dor de um novo caminho.

17 FEVEREIRO 2013

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

IMPREVISIBILIDADE



Porque acabo de chegar a casa
Tenho esta sensação  de vazio,
com a permanência dos ecos.
Sinto vontade de gritar,
Alto... Bem alto!
Berrar ao doce da vida,
Porque me falta a pele, sem te ver.
Fica esta fantasia escrita, um desabafo...
Este eco de alma cheia de espaço e,
fico eu aqui, em "alívio" interno,
com expressões de fogo apático.
Há o sadismo da tua imagem (?!)
uma forma incapacitada de mim.
Um resto de tempo que me sobra, é
um relógio dramatizando o sem retorno.
Desvio-me do severo e do ambíguo,
com a precisão do improviso.
Acabo por começar sempre do fim.
Já não atinjo as metas ilustres, utópicas
da determinação de uma atitude fraca.
Quero tudo ao sopro da rapidez;
mas afinal, sinto frio, sem a suavidade
de uma simples tempestade amena,
que me empurraria dos limites,
a uma queda sem termo certo.
O suspiro da chegada e o relaxe,
o esgar compulsivo do abandono,
umas letras e uma chávena quente.
E o som la fora. O assobio elementar,
tão forte que o não entendo
sem a tentação curiosa de o olhar.
E por mais que olhe, não vejo nada.
O espírito absurdo da curiosidade,
é um eco de um som que abafei
de forma instintiva e propositada.
Tenho receio que o controlo que me escape.
O que me sobra no fundo, é este momento,
Qualificar o inqualificável, em mim, ou não.
Um dito desabafo, de peito tenso
em vibrações descontroladas do senso.
Fico vazio depois, pois claro.
Fico liberto, talvez por bom senso,
das desilusões a que fujo permanentemente.
Por isso, o prazer do desterro interno,
é a fechadura enferrujada, que abro
com a alma, como chave dos segredos.
A casa, a chávena e a caneta. Um papel
cheio de larachas manuscritas por mim,
ou por um outro eu, que continuo a ser.
Sabe bem chegar a casa e reatar a confusão,
ao deixar o passado presente, mesmo aqui
ao girar a porta que se fecha, e me isola mais um dia.
Amanhã...
Amanhã quero mais papel em branco.
Quero sujar-me de vida e,
libertar toda a imprevisibilidade.

15 FEVEREIRO 2013


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

METAMORFOSE



Se o mar fosse cinzento como Inverno...
Se o céu ficasse pálido de timidez,
as nuvens seriam a espuma tolhida
pela derrocada intensa da saudade.
Se o Sol, não se escondesse
em devaneio de pura teimosia.
Se a Lua trémula de impaciência,
reflectisse as cores em tons quentes.
Tudo seria desilusão de hábitos,
comunhão de novos sentidos.
Se as marés fossem pequenos rebentos,
com as raízes moldadas pelo desespero.
Inverno mais alegre seria, assim...
com a metamorfose de novas cores.
As que tem, estaveis e submissas,
outras que animassem a surpresa.
A palidez do céu seria seio no teu corpo,
que procuro tocar sem ligar aos tons.
Os cheiros, galgam marés sem tempo certo.
A Lua seria o ponto de encontro,
onde os meus lábios selam o prazer.
O prazer de te ter, de uma vida cheia
onde tudo, num repente se transforma,
em nada... que eu sugo no vazio da luxúria.
O mar e a terra, determinam corpo e alma.
Um olhar lento na languidez do tempo,
o gosto de um beijo, o cheiro do teu corpo.
Um mar cinzento. Um céu diferente...
Uma Lua determinada pela diferença,
um horizonte novo neste sonho sem nexo.
Apenas o corpo... o teu. O meu...
O paladar intenso de um "até já", trémulo
na comunhão de espasmos de ventres intensos.
Assim, transfiguro a nossa tempestade.
Desligo o hábito das ilusões teóricas,
como uma simples tomada sem corrente.
Mas fico no imenso espaço que me resta.
A ilusão incerta do sonho, dos cheiros ausentes,
mas com a imagem personificada da tua alma.
E ficas assim comigo, ilustre musa minha
como se metamorfose dos elementos fosses.
Sinto-te, vejo-te... até à eternidade!

14 FEVEREIRO 2013


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A MINHA IDADE


A percepção dos minutos que correm,
cresce como a sobreposição de pedras
que constroem esta minha muralha.
O tempo limita o meu interiorizar da vida.
Sou a reprodução de um castelo inacabado.
O reforço do tempo, protege a minha idade.
Que poderei pensar amanhã?
Que sentido darei depois do agora?
As coisas. Todas as pequenas coisas,
servem de lustro ao prateado do luar.
Um brilho tenso e terno alimenta-me visões.
Tenho assim capacidade de escolha,
opção pela incerteza motivadora,
a justiça prática da felicidade.
Defendo a minha moral inacabada.
Permaneço na fragilidade do presente,
com a consciência exacta do acordar.
As madrugadas são frias ao despertar.
Os dias aquecem este Ego que assola
as horas infindáveis, mas restritas ao horizonte.
A calma, essa acaricia a dúvida.
Tenho um dia a mais, como ontem o foi.
Amanhã poderei dizer o mesmo, assim...
Sinto-me forte e limitado a esta muralha.
Isolo as perspectivas na inveja dos outros.
São as horas que me alimentam incertezas.
Assim, o tempo passa, mesmo sem histórias.
Por aqui me sirvo da necessidade de viver.
E vivo, mas não só por isso, mas por tantas
outras coisas que passam na indiferença,
que me tornam as opções em fundamento.
Na calma de ser feliz, não me sobra descanso.
Tropeço feliz na minha correria incerta,
em trilhos gastos e quase desaparecidos.
O reencontro, esse momento dá-me fôlego.
O oxigénio que me indica a próxima ilusão.
O concreto do tempo, dá-me este bónus
e um sorriso indelével de vontade inacabada.
Assim, mais um ano me preenche esta lacuna.
Mais uma meta que não criei, foi atingida
pela irreverência do desconhecido.
O tempo, passou e,
Será a minha idade.

11 FEVEREIRO 2013  

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

VOAR NA POESIA



Voar ao som das palavras.
Sentir vertigem na alma,
que acalma o desespero.
São asas sim... e voam.
Voam em bandos de poesia.
Será talvez esta forma,
a mais bela afronta às letras.
Palavras aladas de sabor,
em silvos de voos picados,
a cada movimento do olhar,
em cada leitura dos sonhos.
Voar na poesia, é sonho.
É largar o chão para trás.
É sentir a liberdade de um olhar,
interpretar a paisagem escrita,
tão real ou surreal do poeta.
Por cada palavra um sopro.
Um pequeno sopro de vento,
no bater asas de cada letra.
E um sorriso... disforme.
Concreto ou de dúvida.
O voo das palavras,
não tem batida certa.
Planando ou em voo picado,
acalmo ou empolgo as ideias.
As palavras estão vivas,
acima de tudo, são imortais.
Podem ser como as aves,
que voam céu fora, sem medos.
Sinto o cheiro do vento,
a pele móvel como penas,
pois são estas penas ao vento,
que quero e sinto ao olhar o céu,
Voar na Poesia.

6 FEVEREIRO 2013

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

"INTIMIDEZ..."



Sinto toda a intimidade.
Profunda timidez, talvez.
Comigo próprio.
Não me apetece pensar muito.
Esta intimidade própria,
desinibe esta minha timidez.
Sem jogar com sentimentos,
nem mudanças de atitude,
agrada-me sobremaneira,
toda esta sensação interna
Intimidade... Timidez.
Intimidez...
Dualidade real.
Uma palavra estranha,
um momento certo.
Pouco tímido, muito intimo.
Sem qualquer ambiguidade.
Apenas tentar domínar reflexos.
O espelho enruga a imagem,
tímida, por desinibida,
possível camuflagem da timidez.
Tantos factores que não pensei.
Talvez por isso, é o que sinto.
Não sei bem o quê?!
Intimidez...
Palavra bonita. Diferente.
A diferença desinibe.
O surrealismo desenvolve,
mesmo nas palavras que,
mesmo não o sendo, são
colagens de coisas estranhas.
É aqui. Neste espaço vazio.
Há galerias simples. Ingénuas.
Confrontos irrealistas.
Intimidade e timidez.
Acabo de as perder.
Por partes. Pelo tempo.
Intensifiquei a minha intimidade.
Sem timidez.
De vez!

5 FEVEREIRO 2013