quarta-feira, 29 de abril de 2015

FELIZ POR SER ASSIM !






Talvez a sedução seja um alvo,
Onde a floresta desses cabelos,
Me traz a paz que preciso.
Basta senti-los, nas mãos,
No peito, sentada em mim,
Escorrendo os rios que suamos.
Se a paciência tivesse sabor,
Teria todos os sabores na boca,
Como cheiros dilatadores de narinas,
Que te cheiram e beijam,
Sempre, centímetro a centímetro.
Espera-me. Usa a sedução,
Sabes que bastam pequenas coisas,
Pequenos nadas e tudo se modifica.
Deslizar por ti, é o cheiro a casa,
Subir por ti, é como o bater de asas.
Talvez seja o momento,
Onde a esperança salta,
Voando do ramo mais alto,
Sem me tocar, tão perto de mim,
Que te sinto, como te sinto,
Quando entro em ti.
Não posso falar muito, habituei-me
A perder nos riscos que corro.
Só o silêncio me incomoda,
Quando falas do inabitável deserto.
Amor é tudo, amor é nada.
É deserto seco, escaldante e nefasto.
É chuva, floresta e pântanos
Onde mergulho e, gosto e, me afogo.
É a sedução desta impossibilidade,
O real do incompatível, que me mata.
Quero persistir em ser assim,
Sem ligar à rudez da crítica.
Rude sou eu comigo, porque sei
Que um dia a vida é um deserto,
E os rios secam, sem que os prove
Mesmo que mergulhe neles.
E o mar, tão imenso, que me afoga
A todo o momento que tento,
A cada respirar que desespero,
Quando sugo o ar de um trago.
E cá estamos,
Felizes por ser assim!


29ABRIL2015


terça-feira, 28 de abril de 2015

MAIS ESPAÇO




Mais espaço.
Maior área de vida,
Maiores as paredes,
Estantes em crescendo,
(os livros crescem),
Secretária maior,
(os papéis não param),
Só este amontoado
De pequenas coisas,
Precisa crescer.
O meu quarto,
Este palácio concentrado,
Onde os braços,
Chegam a todo o lado.
Extensão natural,
Do espreguiçar da manhã,
Do recolher da noite,
De mim. Chega!
Só o cheiro de papel
É como o gozo do toque.
Todo o espaço que preciso,
Além do Sol, do Mar
Do Luar, é este!
Mais espaço.
Só,
Mais livros!

28ABRIL2015

segunda-feira, 27 de abril de 2015

SEMEAR A VIDA




Semear um pouco de vida.
Muita, mas aos poucos!
Como a noite que ilude,
Toda a superfície infinita,
Onde estrelas são flores,
Onde a Astronomia tem cor,
E eu me sinto jardineiro.
Há dores de crescimento,
Ramos partidos, dedos picados,
Beleza de rosas e cravos,
Espinhos que acordam,
E raízes que crescem, rudes,
Fortes com a vida tem de ser!
Nem quero sequer, falar
Dos invertebrados, indigestos
Como ervas daninhas,
Destruidores da criação do belo.
O que é verdade, é compatibilidade.
Não há beleza sem fábulas.
Não há ordem, sem caos.
O sentido das coisas é objectivo,
Tem de ser rude e frio, porque sim.
Os palácios são construções de sonhos.
As barracas, o mínimo possível.
É dispensável o exagero!
É recomendável o bom senso.
Eu, acrescento paixão ao vulgar.
Porque amo. Tenho os lábios secos,
Com saudades da hidratação dos teus.
A vida, realmente é tão insignificante,
Se pensar nas oportunidades perdidas.
Tem de haver uma direcção,
Um caminho consciente, além da alma.
O Oculto existe. Isso é fantástico!
A realidade é imediata,
O desafio do efémero. Sem dó!
É aqui que o crepitar da chuva,
Me emociona pela cadência da paz.
É isso que preciso! Paz!
Rumores e dissidências,
Imagens invertidas e falsas,
São o que desdenho afincadamente!
Sei lá de onde venho, ou onde vou!
Sei que estou aqui. Sou Eu.
Acho que sim.
Semeio vida por amor.


27ABRIL2015

domingo, 26 de abril de 2015

A VIDA CANSA





A vida cansa-me!
Eu sei que sou redundante,
Eu sei que não tenho o nexo
Das permissas intelectuais,
Que movem a "inteligência".
Inteligência, é muito mais.
É ser simples, pensar,
Que apesar de simples,
Atingimos estados difíceis,
Que nem os iluminados entendem.
Não luto contra nada.
Não luto contra ninguém!
Toda a minha vida tem sido
Perseverança contra o anonimato.
Não quero ser reconhecido!
Por nada! Por absolutamente nada!
Só por quem merece.
Só por quem me merece!
Essa é a minha diferença!
Só quero lógica na vida.
E não há! Não existe!
Querida amiga e irmã,
A minha lógica é a nossa lógica!
É viver o dia, de fio a pavio,
Sem velas, que não as de cheiros,
Sorrir com as loucuras aceitáveis,
Desiludir os ídolos imagináveis,
E acabar com as tretas da humildade,
De quem não a tem e sobrevive assim!
O que me doi, és tu! Não na dor do corpo,
Conheço-te tão bem! És tu nas parcelas,
Nos teus somatórios de vida,
Que sobrepõem a insignificância!
E eu, que não te perdoo assim!
Eu que sei o que somos,
O que amamos e gozamos,
Que falamos horas a fio.
O meu frio, não tem grau definido.
O meu calor és tu! Porque te adoro,
Porque és a mãe dos meninos que adoro!
A mulher do meu irmão prematuro.
É duro! Sabemos que sim!
Que se foda a vida, sem nós!
Agarra-te a uma árvore!


26ABRIL2015



sábado, 25 de abril de 2015

DIAS COMO HOJE




Dias como hoje, são raros.
Não me entediei com memórias,
Nem procurei refúgios dúbios.
Hoje, foi um dia diferente.
Acreditei em mim, uma reafirmação
Que me entretenho a enraizar diariamente.
Não preciso de pequenos apoios,
De pensar que sou o que não sou,
Nem tento ser o que os outros querem!
Por isso, hoje é um dia raro.
Ou talvez não tanto, pelo motivo.
Acreditar em mim, tem décadas!
As minhas, as de que sou dono,
As que consegui controlar,
Contra a violência.
Todas as violências.
Aprendi a desculpar.
Aprendi a ignorar a tendência,
Do "olho por olho, dente por dente".
São tendências Bíblicas escondidas,
Não por uma só fé, mas por todas.
A minha quota parte, sou Eu.
O que está à vista, o que sou,
O que gostaria de ser. O que fui.
Por tudo isto, hoje é diferente!
Acredito em mim! Como nunca!
Por isso me pergunto,
Porque não fazem o mesmo?!
Reajam e acabem com a hipocrisia,
No Mundo, no País, nas Pessoas.
Sejam a minha imagem, ou...
Adaptem-se!


25ABRIL2015



OLHAI...




Às vezes sinto-me limitado pela visão.
A minha, elementar e concreta.
A visão derivada das conclusões,
Condicionada às formas de estar,
Às formas de interpretar as outras.
Hoje conquisto algo que sonhei ontem,
Atitude demasiado processada e antagónica.
Acho eu. Este o denominador comum.
Acho eu! Se estiver errado, paciência.
Perdoem-me! Mas demostrem porquê!
Sou um dos que dizem sim às falhas.
Passei a minha vida a aprender com erros.
Assumidamente e irreversivelmente!
Não escondo nem finjo o que é a realidade.
Fujo da Lua, como espasmo de irrealidade.
Só isso! Adoro a Lua, como escape,
Como desconhecido e oculto que mistifica,
Os sonhos ou ideias não comprovadas.
Apenas porque prefiro acreditar! Como a fé!
Esta visão, é um prolongamento do oculto.
Se o oculto fosse sinónimo de escusa,
Se me escondesse da realidade como peneira,
Nunca comeria o pão que o Diabo amassou.
E já comi, tantas vezes, sem tristeza ou dor.
Sou condicionado a mim próprio.
Não me junto a doutrinas, políticas e acessorias.
Apenas as revejo num possível Eu,
Que talvez não exista, por não ser este Eu,
Que vos escreve e definha a imparcialidade.
A visão, é algo que ultrapassa o corpo humano.
Não é só vista e a complexidade particular,
Dos órgãos patológicos do corpo.
A visão vem de longe.
De muito longe.
Tão longe que, nem sei onde!
Mas a minha apreciação e agradecimento,
Regozija a estrutura hipócrita do preconceito.
Querer ver, além da visão, é a única forma de ver!
Olhai...


25ABRIL2015



sexta-feira, 24 de abril de 2015

NÃO ESTAMOS SÓS




Só de ouvir o piano,
Sinto o desejo cheio,
De um corpo vazio,
Como um balão mirrado,
Que só soprado,
Ilustra todo o prazer.
É soprar e largar.
É ouvir os sons básicos,
A perda do ar,
Devagar e concreta.
Mais um sopro,
Mais tanta a euforia,
O emotivo e a pele,
O arrepio, o corpo nu,
Eu e tu. Mais nada,
Mais ninguém por perto.
Só tu sabes o que digo,
E redigo e retoco (te).
Penetro-te daqui,
Com um desassossego simples,
Tão calmo e único,
Como nós, interligados
Enquanto me sentes,
Sem reclamar o gemido,
Até gritar o urro do orgasmo.
O som, o tom, o cheiro.
Tudo está em ti, em mim,
Com um beijo longo,
O cheiro químico, inodoro,
Dos lábios petrificados,
Sempre que se sentem sós.
Não estamos sós.
Porque não quero!

24ABRIL2015

CORRER ATRÁS





Hoje sonhei com a minha própria indiferença.
Pensei ser um atleta inato. Um "escolhido",
Como aqueles que vemos nos filmes do Olimpo.
O meu desporto não muscular. Já foi.
O músculo, é uma mega nano proporção de mim.
E assim crio estas fases de desentendimento.
O vosso, perante mim. O meu perante tudo.
Escrever isto, é como concorrer a um concurso,
Onde tudo o que nos propomos não depende da sorte,
Apenas de resultados físicos, anímicos e voluntários.
Escrevo isto, com a pele rubra. Todo o EU,
Que me faz ter estes momentos de loucura definida,
Sem remédio adequado pela sociedade que me consome.
Não me queixo da Sociedade. Faço parte do presente,
Compreendo a evolução lenta e estranha do passado,
Os abusos da ignomínia e palestras diabólicamente
Pre dispostas a eliminar a culpa ignorante e própria.
São os tempos e as leituras de épocas. Entendo!
São versões romantizadas de verdades alteradas,
Sem pensar sequer que o futuro existiria, um dia.
Assim, todo este palavreado é obsoleto.
Corro atrás de quê? Do quê? Eu sei!
Eu sei perfeitamente do que corro atrás!
Há até quem me perceba e se aproxime de mim,
Com o crédito do desconhecimento previsível.
Acho fantástico estas margens de erro inadmissíveis.
Antes que fique aqui neste sobe e desce de palavras,
O que me faz correr atrás, seja do que for,
Sou Eu! A procura da Sabedoria que eu sei,
Nunca na vida irei conseguir concretizar em pleno.
Ninguém o consegue, nem Deus!
Nem Deus! Percebem? Nem Deus!
Afirmo-o com veemência e lógica existencialista.
Nem Deus sabe onde chega o que criou.
Só sabendo, só vendo, se sabe o que é. Tudo!
Eu fico aqui descansado. Apenas cansado por culpa minha.
Estas viagens utopicamente reais, são a verdade.
Uma verdade não inatingível, mas que cada vez mais perto,
De toda a hipocrisia que o presente limpa sem retorno.
Fico aqui parado, enquanto a Alma corre atrás de tudo!



24ABRIL2015

quinta-feira, 23 de abril de 2015

ESTADO PURO



Alegoria do corpo e da Alma.
Adaptação de estados próprios,
Infiltração de vírus irreversíveis.
Só o meu estado puro reage.
Só a perpetuidade me vale.
É química a reacção do Eu,
Que abana violenta, o efémero,
Que chora por um momento eterno.
E há o sol, o mar e o amor.
Três reagentes químicos,
Tão simples, até mesmo
Agradavelmente complicados.
É preciso saber a dose certa.
É necessário o alquimista,
Que me transforme em Pedra Pura.
O Ouro, o meu círculo,
O ponto interno, central. Existência.
Um astro no meio do Universo,
Recém nascido no meio da multidão.
Um nada, de um tudo que não existe.
Ainda, o que ainda não existe. Mas virá.
Perdi há uns tempos o Estado Puro.
E espero, ó Deus sim, espero
Enquanto me solto no desespero.
Espero algo, que não posso fazer,
Mas penso sempre que sei e posso,
E faço tudo o que não me pedem.
E fico assim, trocado e indefinido,
Até o dia nascer.
Como eu, que nasceu.
A química é tóxica,
Eis o resultado,
Mesmo não penando a dor,
Sofro,
A falta do meu Estado Puro.
Depois,
Regozijo-me, renascendo
Todos os dias, em Eus melhores.


23ABRIL2015

TÃO SUAVE





O Tempo é tão suave.
Às vezes, é tão suave.
Sakamoto, um piano.
O som concreto e absoluto,
Em silêncio.
Só, em silêncio.
O voo do Eu.
A imagem de tanto,
Tudo o que quero,
Tudo o que sinto,
Num só momento.
Há milagres reais,
Mãos divinas,
Composições.
O Tempo é estranho.
Não pára, absolutista.
Às vezes é infame,
Muito mais que baste.
Mas o som,
Este som,
Faz amar o Tempo.
Faz amar a vida,
Tão suave.


23ABRIL2015

EGOÍSMO DIVINO





Foi o desperdício da noite,
Que me fez adormecer sem sono.
Uma viagem pouco navegável,
Um mar desinibido,
Sem tempestade aparente,
Que me cansa permanentemente.
É a privacidade da multidão,
Essa onda inconformada,
Que ondula à minha frente.
Sem parar, sem ver um final.
O que se passa em cada cabeça?
O que entrega o sorriso?
O que motiva o desconforto?
Como oferecer a felicidade?
Era essa o meu destino!
Oferecer a felicidade ao Mundo.
Falhei. Falhei redondamente.
Tal como o Mundo, eterno
Redondamente eterno.
Queria o egoismo divino,
Esse poder assumido por todos,
Ignorado por tantos outros,
Que eu queria só meu.
Por um dia. Apenas por um dia.
Só um dia, meu Deus.
Só um dia!


23ABRIL2015

quarta-feira, 22 de abril de 2015

SOU COMO UM RIO




Quando me falam em margens,
Fico com esta sensação de limite.
Condicionado a paredes, tão diferentes,
Tão frustrantes como todas as paredes.
Lembro-me do meu quarto, criança,
Sem portas para fugir, sem janelas,
Sem dormir e trémulos risos de medo.
As margens servem para tudo.
Até para a minha fuga, o meu esconderijo,
A minha corrente, onde só eu respiro,
Onde tudo desagua numa catarata abrupta,
Medonhamente linda, sonora e caótica,
É este o rio, onde me liberto e grito. Aqui.
Quando me falam em limites, solto-me.
Sonho todos aos sonhos comprimidos,
Que saltam na vontade de liberdade.
Sou como um rio. Contorno tudo,
Todos os obstáculos, que nem água.
Só uma mulher me deleita,
Me envolve como água e me toca.
Só uma criança me transforma,
Me descobre a Alma e me abençoa.
Quando me faltam as margens,
Fico assim, equilibrado por um milímetro,
Num eterno e agradável, desequilíbrio pessoal.
Nem só as margens me controlam.
Sou como um rio.
Frio e imparável!



22ABRIL2015

segunda-feira, 20 de abril de 2015

"MODUS VIVENDI" CONTEMPORÂNEO




Pensar na injustiça que me toca,
É tornar-me absolutista de nada.
São os mortos e moribundos,
Que me envergonham ser Homem.
É a barbárie e a frieza desta Humanidade.
Os despojos de carne e osso,
Onde a inteligência hiberna,
Condicionante às fugas do desespero.
São os pobres do Mundo inteiro.
Os que mantiveram o maior senso,
E praticaram a educação na paz.
E fogem. Meu Deus e, fogem.
E morrem. Meu Deus e, morrem.
Morrem aos milhares
Em desespero pela vida,
Tão miseravelmente, que dói.
Ver noticiários com índoles do terror,
Absorvo na minha pele e na Alma,
A tristeza que só posso imaginar,
Que realmente nunca entenderei,
Que me transcende, de toda a lógica.
Mulheres e crianças. Às centenas.
Exploração humana reconhecida,
Pela escumalha do Mundo "moderno".
Criticável história de séculos,
Abusos e crimes concretos,
Justificativos de conceitos e... Actuais.
"Modus Vivendi" contemporâneo.
A vergonha que, não ganha o devido espaço.
O abuso que não morre, que prolifera por si só.
E eu, doente de morte por sentimento,
Pela vida que se perde na forma mais gratuita.
Religiões, ideologias. Palavrões...
Só há uma religião.
Só Deus não tem fé própria.
Só há uma ideologia.
Só a Humanidade conta.
Mas, não vejo nada!
Absolutamente nada,
Com tantas e velhacas agravantes.
O tempo, não limpa, não ensina.
Mas devia, porque assim o faz.
Assim me parece, com vazios gritantes,
Sem resultados definitivamente sérios.
Ver crianças morrer, no meio de nada,
Vidas perdidas, sem saberem o conceito.
Mortes que já em vida o eram, o são...
E que nós (Sim!!!!!! Nós!!!!!),
Deixamos morrer com um suspiro,
Único movimento, solidariedade toráxica,
Como sofrimento da salvação de uma vida.
Está perdida a razão do Ocidente, do Mundo;
Vamos recomeçar do zero, brevemente!


20ABRIL2015




MAIS VALIA, A VIDA




Amar a vida.
Viver a vida.
Chorar a vida.
Sonhar a vida.
Querer a vida.
Desistir da vida.
Procurar a vida.
Recordar a vida.
Esquecer a vida.
Olhar a vida.
Sentir a vida.
Respirar a vida.
Renovar a vida.
Renascer a vida.
Reviver a vida.
Descomprimir a vida.
Felicitar a vida.
Viver a vida.
Amar a vida!!!!!!!
Quero tudo isto e,
muito mais da vida!


20ABRIL2015

quarta-feira, 15 de abril de 2015

AMAR É SER-SE EU





Só as barcas nadam em silêncio.
Os beijos das ondas, são pequenos e
Crescentes com a coragem de o ser.
O aviso da realidade, é sentir
Um impulso, uma oportunidade
Que enfrente o rebentar das marés.
Só a coragem tem coragem.
Pensar nela é refúgio sem retorno.
Não se ganha, cresce e vive
E depois de tudo, acontece.
Nascer é coragem camuflada,
Um teste de futuro, que só agora
Depois de farpas e arestas,
É moldada à perspectiva do resultado.
Um primeiro respirar,
Um primeiro grito, o choro,
A coragem de nascer, sem saber.
Ó mães do Mundo perdoem-me
A dor do parto. Agora parto, daqui,
Porque aqui, onde fui parido,
Ficou a dor que não quero,
Que não pedi, que respiro
Até que chegue o primeiro amor.
Este mar que é a vida,
Tempestade programada e emotiva,
É o ser pequeno, e puro,
Num porto de colo seguro,
Até ao dia que o pensar cresce.
Que hei-de fazer? Nada, e regozijo-me
Porque amar o amor é preciso,
E viver é o caminho.
Amar é mar, sem remos, sem bóias,
Sem barcas e naus, mas assim,
Amar é ser-se eu. Porque sim!


15ABRIL2015

sábado, 11 de abril de 2015

GROTESCO E CLASSIFICÁVEL




Já não são as marés que inundam,
Nem o cimento armado que impede.
Não existem muralhas resistentes,
Aos labregos inteligentes, (de)mentes
Que aplicam o vírus da desobediência.
Um dos tantos que servem todos os fins.
Podem classificar por catálogo o destino.
Devem filtrar a diferença hermética
Entre o apreciável e o desejável,
Pelo simples facto que o é,
Da desilusão permanente.
Eles há os que vingam na pirâmide,
Em crescendos parabólicos, sem raios
Nem energias que os partam, ou emitam.
Talvez Nikola Tesla tenha falhado,
Sem prever a emissão do abuso, do grotesco.
Seja qual for a classificação desejável,
Difícil será, um caminho fácil e curto.
Todos os caminhos vão dar à merda,
Que grotescamente nos classifica.
Esta tendência para carimbar os Egos,
Cai num grotesco modo de pirataria.
É bonito, por galanteria da miséria,
O modelo hippie da palhaçada,
Estridente como as irresponsabilidades,
Sem ecos activos, como os ecos deviam ser.
O eco é a cópia classificável, de um qualquer
Ser, que lhe apetece elevar ao grotesco.
Nestas duas versões, podia ficar aqui
E, inventar milhares de opções
E, aplicações de tudo o que me apeteça.
Não tendes nada a ver com isso!
Se me apetecer ser grotesco, sou!
Se me apetecer classificar, faço-o!
O que me resta, são estas alturas,
Sem altitude palpável, que não a atitude
Da probabilidade do desespero inócuo.
Preciso destas quedas em vácuos vertiginosos,
Para já, não sei por onde me regulo.
O tempo, já deixou a marca de persistência,
Que só a ausência tem tendência para parar.
Sigo grosso como o grotesco surrealista,
Inclassificável pelas estrelas eruditas,
Que me condenam ao prazer do abstrato.
E adoro tudo isto! E muito mais!
Quero muito mais que tudo isto!


11ABRIL2015

quinta-feira, 9 de abril de 2015

"ERA UMA VEZ"





Já vi tanta hipocrisia.
Tanta coisa estranha e inútil.
Tanta coisa fantástica,
Inesquecível e imortal.
Já vi a fome, senti-a!
Já vi a dor, senti-a!
O abuso, senti-o!
Tudo se resume a pouco.
Um ponto hiper microscópico,
No meio do Universo.
Faz-me pensar,
O que faço eu aqui?
Sentir tanta coisa negativa,
Compensar com a positiva.
Amar, morrer.
Nascer, viver.
Tudo não passa de verbos.
Ficam as palavras,
Uma por uma,
Letra por letra.
Uma história.
Um dia.
"Era uma vez,"
...


09ABRIL2015

MEMORY LANE




Páro.
Escuto.
Olho.

A rua.
Os dois lados.
A passadeira,
Os peões.
O movimento.

Transparente,
Ninguém me vê!

Sou memória,
Da rua,
Dos dois lados.
Da passadeira,
Dos peões.
Do movimento.

Não existo!
Sou memória!
Sou estrada,
Estrada da Memória.


09ABRIL2015

quarta-feira, 8 de abril de 2015

SABER (A)MAR




Já te falei do mar.
Essencialmente do azul,
Aquela cor que me reflete,
Tal e qual uma sombra.
Viva, desconjuntada,
Mas viva.
Realmente viva.
Só.
Não é apenas uma palavra.
É o mar,
Imensamente só.
Sou eu, tal como o mar,
Imenso como o azul.
Só o horizonte me entende!
Talvez pela mistura imaginária,
Talvez pelos tons diferentes,
Talvez, a mesma cor.
É por isso que,
Quero ser como ele.
Um dia, te juro,
Serei eu o mar.
Saberás quando sentires,
Esses teus pés molhados,
Enquanto passeias,
Enquanto pensas.
Á minha beira,
Assim me cheires e,
Te arrepies como antes,
Com o meu toque.
A diferença,
Está nas marés.
Já não sou maré.
Já não volto.
Parti para outros mares.
Só assim vivo,
Só assim sinto,
Quem me sabe (a)mar.

08ABRIL2015

segunda-feira, 6 de abril de 2015

ALERGIA HUMANA





Chegaram as alergias da Primavera.
Quem tem medo de uma flor?
Quem tem medo de nada?
Só a doentia perversidade é incurável.
Se do nada posso criar tudo,
Para quê ter medo da Primavera?
São os pássaros, emigrantes do mundo
Que gira incontrolável de equilíbrio.
Os surreais somos nós,
Com as ideias de mais, e mais,
E um nunca parar de mais.
Venha o pólen à vontade,
Soprem-me as aves com asas
Que ouço sem perder a noção do bem.
Que as alergias se mudem.
Que os Invernos morram mais cedo,
Até porque as tempestades são evitáveis.
Se a metáfora é rainha da poesia,
As marés são o poder da vida.
O que são as alergias frente a isto?
Talvez alegorias, porque me engano,
Porque me atrapalho com o silêncio,
E fujo, com saltos de léguas,
À maldade que abunda neste mundo.
Os ricos e os pobres, o certo e o errado,
Deuses, clamai aos Deuses certos,
Os profetas confusos da Lei,
O entendimento de todas as fés.
Quem representa quem? O quê?
Pois vos digo o que sei!
Metáforas e alegorias, são primárias
Como as alergias hipotéticas da natureza.
Sejamos Deus! Cada um, cada qual.
Porque sim, porque Deus é interior,
É o que temos dentro de nós. Juntai...
Juntai-vos em grupos, porque não?
Formem as religiões que quiserem,
Inventem os Deuses que quiserem,
Mas sejam divinos, sejam puros.
Acabem com a matança de inocentes.
Morrei vós, os assassinos. Morrei!
Porque sois vós as alergias do Mundo.

06ABRIL2015

sábado, 4 de abril de 2015

DESEMBARQUE DOS MEDOS




Por ventura chegará um dia,
Onde as flores se fartam das cores,
E transformam o mundo.
Tudo está ainda por realizar.
Tudo! Mesmo tudo!
O que conhecemos já o foi,
O futuro ainda o não é,
Torna-se tudo difícil de entender,
Quando me apercebo de nada.
Nada é o que existe aqui.
Vários nadas diferentes, revestidos,
Camuflados de realidade palpável,
A tal realidade que só existe, vendo.
E se for invisual? Existe tudo na mesma,
A perspectiva é apurada pelos sentidos,
Mas existe talvez ainda mais forte.
Forte! Força! Emoção! Palavras!
Tudo uma corja de dialetos e conclusões,
Atitudes e afirmações duvidosas.
Não me entendo. Eu sei que sou estranho.
Nem eu percebo o que faço aqui.
Não percebo porque escrevo estas merdas.
Tudo começa num desenho animado,
Que imagino na base do meu cérebro,
Onde as sinapses me transformam,
De tal forma violenta, que perco o controlo.
Não dói, é inodoro e insapiente.
Apenas uma teia que cresce descontrolada,
Onde os neurónios definham de medo,
E me fazem tremer em contradição.
Só me contradigo emocionalmente.
Só a emoção me faz ser um novo químico
Na tabela de reagentes que me conduzem.
Sou um mau condutor de energia?
Não! Sou uma forma de elevar tudo;
Tudo o que me rebaixa e escurece a vida.
Se for verdade o que penso, não existe mentira.
Mas engano-me demasiadas vezes,
Com uma frequência avassaladora,
Que me faz entrar nestes frenesins de loucura.
Adoro a loucura, pois fiquem sabendo.
Só do caos nasce a norma, e a regra que vos regra.
A minha lei, é um eterno desconhecimento.
A minha lógica, é uma eterna discussão.
O meu Ego deixa-me à beira do abismo.
E o azul, é assa a cor de tudo isto. De mim.
Da colagem do horizonte. Do céu e do mar.
Onde me perco, onde um dia será o fim.


04ABRIL2015

sexta-feira, 3 de abril de 2015

PÁSCOA EFÉMERA




Salvação dos mortais,
Os que morrem,
Os que matam...
Pesadelos divinos,
Aleluias genuínos,
Abraços de mãe.
Beijos de fé,
Afagos de esperança,
Amor humano.
Salvação do Mundo,
Se por verdade,
Se por vontade...
Ficam os Santos,
Pecados são tantos,
A vida é frouxa.
Se me vês, Senhor,
De cima, de baixo,
Vê-me por dentro,
Por fora morri,
Talvez como tu,
Acreditei.
Sigo-te os passos,
Sem dores de tortura,
Sem embaraços,
Sem ternura, mas
Ressuscito, sozinho.
Sem fé!
Pelo único caminho.
Se a deste, se não,
Resta-me a vida.
Benzam-se as almas,
Profanas e sagradas,
Todas as vossas.
A vida essa, a minha,
não ressuscitou.
É efémera!
Cinza e pó.

03ABRIL2015