sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A PROVA DE TODAS AS DÚVIDAS



Não sei como medir o que sinto.
Há uma área de decisão imperativa,
tão simples que complica o resultado.
Há um comprimento de folhas,
tão imenso e resumido que, acaba
por ser um infinito de palavras presas,
ainda presas, que apenas eu conheço.
A recusa desafia o que é natural.
A potencialidade da vida é vasta,
isolando o negativismo que me rodeia.
Só posso amar sendo amado.
Só posso sonhar, livre de pesadelos.
A vida tem de correr simples, fluída e feliz.
Porquê estas muralhas que me atormentam?
Para quê estes desafios que aparecem,
de um nada, que não devia acontecer?
O ênfase e ânimo da procura, é vasto.
É a liberdade assumida na felicidade.
Não posso condicionar a felicidade!
Todas as divisórias, as gavetas,
os centros de arquivo das pequenas partes,
têm de crescer naturalmente e,
tornarem-se maiores e acumuladas.
O sentimento mais fantástico da vida,
torna-se um empecilho cruel, céptico,
censurável e destruidor da conquista.
Conquistar a vida não é viver,
viver, é acordar feliz e sorridente,
é pensar que a maioria das dificuldades
são o "sim", muitos "sim" tão naturais,
sobrepostos a todos os "não" evitáveis.
Não estou doente (acho!).
Não estou infeliz, por narrativas estranhas,
como esta, que nem mensagem negativa o é!
Apenas penso nos porquês, apenas isso.
Apenas porque penso muito sobre tudo.
Há esta "doença" de pensar em demasia,
entender a razão, tentar todos os porquês.
Viver não é uma ciência, mas uma atracção
a todas as ciências que, por necessidade,
me dá impulso a procurar respostas.
Respostas impossíveis de alcançar.
Os sentimentos são exemplos da fragilidade.
A vida é a ida e a volta de tantos porquês.
A resposta, é alquímia e mágica,
é a ilusão e conquista do estágio superior.
Se a alma falasse comigo, se a entendesse,
há muito que saberia as resposta que não sei.
Todas as minhas equações, iniciadas, inacabadas...
Mas isto, isto mesmo que aqui se lê,
isto que aqui escrevo, é a minha essência e,
a grande proporção que em mim transformo,
ou em pedaços, ou em estágios de pura felicidade.
O que parece, pode não o ser.
O amor, pode não ser amar.
Estar aqui é a prova de todas as dúvidas.


28NOVEMBRO2014

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

ARRUMAR O SOL




Tudo resulta em bem,
quando a vontade precisa.
Esfomeado de palavras,
que até podem ser gestos,
que até podem ser beijos.
Sofreguidão de amor?
Lá bem no fundo...
O que é o amor?
Quantos tipos de amor?
Quantos géneros de amor?
Um tempo de silêncio,
calma que me beije a alma.
Alimento que pouco provo,
por má digestão de silêncios,
mas só e sempre, maus silêncios.
O silêncio varia, não é igual
o bom, traz um poder, que sei ter,
onde adormeço sem adormecer,
onde vivo sem saber viver.
Tudo flutua numa auréola de calma.
Arrumar as ideias, os juízos,
os sentimentos. os desejos,
os objectivos e as conclusões.
Arrumar-me!

Sinto-me bem assim, comigo.
Admirados com a facilidade
e com a franqueza da minha atitude?
Nada disto impede a tristeza,
o desapontamento, tanta coisa.
Teoricamente, a lógica poderia resultar.
A conclusão é simples e natural.
Tal como um rio, uma derrocada,
uma tempestade, uma restrita violência.
Os obstáculos, mesmo emotivos,
são ultrapassados com certa facilidade.
O silêncio limpa o arquivo, as memórias,
o óbvio que resolvi não acreditar.
Arrumei-me!

O miserável resultado é o receio futurista,
a falta de reacreditar, o medo da repetição.
É clínico o diagnóstico, eu sei.
Um trauma que já venho evitando com o tempo.
Uma previsão que se torna natural,
o sentimento estranho da desconfiança,
e aqui prevalece a luta pela realidade.
Nada se perde na aprendizagem.
A noite pode trazer-me sombras,
O Sol, traz sempre o acreditar!
Arrumado!

27NOVEMBRO2014

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A COR DA FELICIDADE



Eventualmente preferia uma vida sem cicatrízes.
Todas as coisas que fundamentam a existência,
são tão estranhas, como estranhos são os resultados.
Mas nem sempre. Claro que há o contrapeso,
onde a balança da vida regula, os pólos opostos.
Sem falar em doença ou saúde, em bem ou mal,
apetece-me só sentir os patamares da felicidade.
Há os genes, dizem. Há as origens, redizem. Há...
Não tenho ascendência com "pedigree".Sou o Eu.
A minha felicidade é contraditória por ser humano.
Este animal superior na escala das espécies, pena
como penam as dores que chegam e partem. Assim!
Claro que fica a memória, que manípula os inconscientes.
O sonho, desejado, pelas viagens que não fazemos,
tem receio do outro lado das interpretações inconsistentes.
O pesadelo, indesejado, sempre por cicatrizes internas,
é o prolongamento do que não quisemos sofrer.
Tudo é inato, apesar de todas as transformações,
além do resultado de aprendizagens ora obcecadas, ora más.
É por isso que mudo o amor, sem o perder.
Transformo o medo em coragem, o choro em riso,
o inconformismo em atitude e, muito mais que isto somado.
Ser humano condiciona a decisão pelo factor simples
de ter a opção ou imposição de a tomar. É duro!
Apesar de tudo, esta dureza é uma dureza maleável,
por todas as permissas que preenchem a felicidade.
Ser feliz, é conquistar, compassadamente o futuro.
Ser feliz, é remendar o que está gasto, é dar cor.
Todos os passos e fases que aumentam o volume,
o numérico hipotético do alcance total, é a cor.
A cor que quero dar à vida. Metafórica, real. Tudo!
Tudo tem uma cor própria. Alterada quase sempre.
Para já mantenho-me nas cores de base. Porque sim.
Amanhã, começo a mistura de todos os tons possíveis,
sei de antemão que a cor ideal nunca aparecerá,
mas a alegria em recriar cores novas, é o segredo,
hipotético e subjectivo, do meu encontro com a felicidade.


25NOVEMBRO2014 

domingo, 23 de novembro de 2014

DORME BEM!





Sentado à beira da cama,
imagino-te, pequena,
esse sorriso lindo.
Este aperto bom no peito.
O sono, uma história para ler,
a que não querias,
a que pedes sempre.
Essa pele de veludo, esse cheiro
de filha que é só meu.
E o riso, o abraço, o beijo,
imagino tudo, como era,
sentado à beira da cama.
O livro, aberto,
uma página qualquer.
O consolo da memória,
a penitência da saudade,
a aquela lágrima teimosa
que sempre acaba por me irritar.
Sinto sempre o teu cheiro, filha,
os lençóis enrugados,
o edredon entalado às beiras da cama.
O sono, chega e sela o dia,
um beijo na face, um último cheiro,
uma última festa. Tanta coisa...
É hora de guardar os óculos,
fechar o livro, olhar os lençóis,
vazios, sem te ter, e fingir,
como finjo todos os dias,
que te deixo este beijo
e sempre te sussuro,
"amo-te".
Dorme bem!


23NOVEMBRO2014

QUE FIQUE CLARO




Quero que fique claro,
perante todas as indisposições,
que a minha vida é um privilégio.
O colapso das amizades, existindo,
não tem nada a ver comigo.
Quero que fique claro,
que sou quem sou. Eu mesmo.
O eremita interiorizado num crâneo,
teimoso e isolado, com as faltas dos outros.
Talvez as faltas dos outros,
sejam a originem das minhas faltas.
Será que tenho faltas?
Porque não ter o orgulhoso de tantos?!
A maior parte tem esse "dom"!
Se eu falhar, rio-me. Gargalho.
Talvez um nervoso trémulo,
uma transparência ou fragilidade
que só eu controlo no peito.
Fica sempre claro,
uma atitude de não violência,
oposta e recusa permanente a ódios,
mas tão honesta como a tempestade.
Uma qualquer tempestade.
Não de copos de água, como prevaricam
as almas que sofrem de fragilidade.
Os carimbos com que me identificam,
são tão falsos como nevoeiros,
que apesar de densos, nunca,
mas nunca conseguem tapar a realidade.
Quero que fique claro,
que escrever é um acto de amor.
Eu amo-me com esta dor,
que não é dor, mas não deixa de o ser.
É um vício fidedigno ao meu Ego,
amante profundo e desinibido,
em orgias constantes com a minha alma.
São géneros, são o climax que só eu entendo.
Gostai, ou odiai, ou criticai, ou ignorai!
Tanto se me dá, como se me deu.
Fica claro, branco como a cor
que no fundo não é cor alguma,
que me sinto possesso por mim,
por todas as sombras que não controlo,
 por todas as "dores" interiores, as que me torturam,
e por toda a felicidade que nada nem ninguém,
consegue derrubar. É claro que amo tudo! Quase todos.
Que fique claro que amo muito.
Que fique claro que quando partir deste mundo,
ficará enrijado um sorriso na face,
que ninguém conseguirá apagar.
Que fique claro que acabei de ter um orgasmo,
que me vim com esta folha de papel,
e que nada me tira o prazer deste sexo interior.
Escrever é este prazer que não vos conto.
Que fique claro!
Que fique claro!


23NOVEMBRO2014

sábado, 22 de novembro de 2014

SER SOMBRA




Desconfio da noite.
As sombras.
Tenho uma atracção
que não entendo, pelas sombras.
De dia, menos sinistras,
o moldar do corpo é diferente.
A sombra é o desabafo do corpo.
É a forma de fugir à regra,
correr à frente de nós,
retorcer o que os anos criaram,
com a postura do quase perfeito.
É a manifestação abstrata
que mexe comigo. Adoro o gozo.
Este gozo recriado em movimento.
À noite, tornam-se pardas,
felinas e por alguma razão
incontroláveis e obscuras.
Fica um mistério no contraste,
os ecos, as ruas, a luz...
Só falo da fuga do corpo,
pelo próprio corpo em si.
Às vezes, ser sombra,
devia ser a única existência.

22NOVEMBRO2014

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

À ESPERA DE ...




É estranho esperar.
Esta perda de tempo que,
me viola a inteligência.

À espera de quê?
Um dia tudo será límpido.
A natureza, virgem,
onde se complementa,
a naturalidade dos dias,
a sobreposição das noites.
Nascer e renascer. A morte.
Só é tabú falar da morte.

À espera de quem?
Um dia todos nós estaremos sós.
A sensação de solidão.
A que se quer e procura,
versus a outra. A indesejada.
A solidão "que não existe". A real.
O retiro teórico do zen.
A realidade futura a que dizemos não.
O acordar um dia. De repente.
A falta de alguém.
A companhia que perdemos,
as frases que não dissemos,
os mimos que não trocámos.
O tal ganho de independência.
A dependência do vazio.
A imagem feliz do dia,
o choro real da noite.

À espera de quando?
A vida, é o tempo mais curto do tempo.
Desperdiçar o amor pelo egoísmo,
as emoções insubstituíveis, trocadas
por um conjunto de paradoxos, que,
não têm de deixar de existir(!).
O tal vazio, o vazio diferente
de todos os vazios a que fugimos.
O real vazio do fim do dia.
As dores que doem mas não doem.
As dores que o corpo transporta,
lá dentro, inertes e sem dor específica.

Tudo isto é ignorância!
Não sei o porquê de ficar à espera.
De quê. De quem. E de quando!

19NOVEMBRO2014

terça-feira, 18 de novembro de 2014

BEIJA-ME!




Não digas nada.
Lembra-te dos dedos.
Das mãos que tocaram,
horas a fio, esse corpo nú.
Arrepiada a pele,
só os lábios a demovem,
de um colapso vazio.
Os beijos,
milhares de beijos,
e o silêncio divíno.
Fomos Deuses.
Fomos poesia, fomos música.
Só os olhos falaram.
E tanto. Ó Deus, tanto.
Foi o penetrar-te,
como quem rasga os céus,
numa viagem maravilhosa.
Foi o clímax efémero,
com sabor da eternidade.
As estrelas.
As estrelas estavam presentes.
Brilharam intensas,
com a loucura do fim.
Tantos fins.
Finais ilimitados,
que nem o tempo travou.
Os beijos.
Não digas nada.
Não fales dos beijos.
Sente outra vez!
Fecha os olhos e,
beija-me!
Não digas nada!
Não quero ouvir mais nada.
Beija-me!

18NOVEMBRO2014

ENFIM, SÓ



Enfim, só.
Absoluto.
Absurdo.
Pináculo delicioso.
Lá bem no alto,
Sem queda.
O ar rarefeito.
Puro e pesado.
Fresco.
Frio e doce.
O cume das núvens.
Macias,
Eternas.
Sem fim.
Sem solidão.
Boa sensação.
Ir e vir.
Sonhar.
Viver e arte.
Amar!
Todas as artes,
De viver e,
Tudo e,
Todos.
Até a mim!
Enfim,
Só.

18NOVEMBRO2014

domingo, 16 de novembro de 2014

APENAS EU



EU e o mar.

Sentado, cabeça vazia,
Regresso de cheiros,
Do toque da onda morta,

Este meu mar.

Apetece-me ficar aqui indefinidamente.
O cheiro, a cor, o som.
Nada de comodismo,
Areia e mar.

E o Sol,
Claro está.
E o Sol.

É este o movimento,
Que me faz sentir assim.
O fim do dia,
A mudança das cores,
Calma,
Descompressão e o breu.

Um breu poético,
A natureza poetiza os elementos.

Vejo a vida por partes.
A imensidão do mar,
Quase infinito.
O real infinito do céu,
Repintado com diamantes,
Brilhantes, longínquos, distantes,
Para lá de um normal imaginário.

O som que acompanha a visão,
Uma espécie de mistura de estúdio,
Suave, lenta e técnicamente perfeita.

O horizonte. Os antípodas
Que sei existem, como todo o resto.
Harmonia com a vida, peculiar.

Sinto-me enraizar na areia,
Que já foi rocha,
Violada por um mar bravo,
Que a ama tanto que, a transforma.

O poder celeste, uma Lua intensa,
Imparável e acutilante.
O beijo da maré.

São horas assim, seguidas.

No final,
Tudo se resume a um punhado de areia.
Tudo se transforma em pó,
Como eu,
De onde venho,
Para onde vou.

Esta sensação de solidão,
É tão íntegra que,
Me dá a paz que não tenho tido.

E é o mar, e é o amar,
E apenas Eu.

16NOVEMBRO2014


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

IMUNDA HUMANIDADE




Cresci com ânsia de ser criança.
Ficar igual a um Eu de mim próprio,
retornar ao pequeno corpo.
Manter a inocência que disfarcei,
querer viver um sonho que fiz real.
Mas não me percebo sem desespero.
A vida é este paladar,
um doce apodrecido permanente,
que me atrevo a alterar de sabor,
para não me fartar do mesmo prato.
Nem eu sei o que deveria ser o Mundo.
No fundo a utopia da ingenuidade,
é um contracenso de valores.
Sem aculturar a vida,
todos os erros se repetem indefinitivamente.
Só sendo criança quanto baste.
Só recolhendo o corpo fetalmente,
será fuga à cobardia dos problemas.
Pensando assim, já não sei qual a vertente
que um dia poderei aconselhar. Não sei!
Somos todos como uma seara,
ondulamos conforme a direcção do vento.
Um dia penso que quero e tenho,
outro dia penso que não consigo nada,
a tentação de desistência é terrível.
Mas é aí que surgem as crianças.
As verdadeiras crianças,
as que ainda vivem no prazo.
Pensar nelas, no amor a elas,
no finalizar a fome, a dor evitável.
A Luz de um sorriso puro,
o toque doce do veludo dos dedos,
o amor incrívelmente enorme,
que tenho aos meus sobrinhos...
E assim me doi a pobreza de tantos.
O Inferno miserável das mães,
o não saber porquê! O meu ódio.
É este o meu ódio ao Mundo.
Nunca serei feliz de verdade!
Só por saber de uma criança,
de um milhão de crianças,
de tantas crianças inocentes,
de nem imaginar quantas,
continuarem condenadas,
sem perceber o privilégio da vida.
Odeio a Humanidade!

13NOVEMBRO2014

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O SOMATÓRIO DO AMOR




O somatório do amor.
Uma equação viva e pertinente,
com a inteligência apadrinhada.
O desagravo é individual.
Não há nada para além do amor.
Nem a morte o separa.
A memória, a saudade,
o filme do passado. Aqui!
Moribundo é o vazio.
Flagelado é o esquecido.
A ingratidão mora perto,
basta o influxo do nada.
O somatório do amor,
é a conquista do prazer.
O paraíso imediato.

Serei indóneo a tudo,
ou viverei noutro mundo.
Uma alternativa agradável.
Olhar os que amo lá do alto,
lá de baixo, onde for.
Tudo o que está acima,
é como tudo o que está abaixo.
Uma consciência divina,
uma faculdade eterna
que circula na consciência humana.
Nem a morte apaga o amor.
Tudo se transforma em Sabedoria,
transporte de almas e corpos.
É esta a lei da vibração,
onde tudo se move e tudo vibra,
pela loucura da existência.
Eis o somatório do amor.


11NOVEMBRO2014

domingo, 9 de novembro de 2014

CAFÉ DA MANHÃ




Sinto-me abençoado,
com coisas simples.
O café da manhã,
o cheiro,
o esfumaçar.
Prazer.
O primeiro golo,
quente,
negro,
forte.
O aquecer as mãos,
uma simples chávena.
A montra da loja.
A chuva
que cai lá fora.
Imagens retorcidas,
gotejos errantes,
descoordenados,
vivos.
Um sorriso,
inato,
o desdém do vazio.
Pensamentos.
Uma preguiça enorme.
O jornal,
notícias menos boas.
Outra página.
Sempre um virar de páginas.
Uma porta,
um sino que toca,
leve,
muito leve.
Alguém.
Uma face,
feminina,
outro sorriso,
um sopro de ar fresco.
Páro.
Páro tudo...
E penso em ti!


09NOVEMBRO2014

LÁ FORA O VENTO




Acordei a ouvir o vento.
É bom ouvir os elementos,
com um vidro pelo meio.
A chuva, o vento,
forças vivas,
que acordam o corpo.
A moleza da separação,
um ânimo agradável,
imaginada a pele arrepiada,
que não sinto, mas sinto.
É bom ver a tempestade!
E não me toca.

09NOVEMBRO2014

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

PAZ E SILÊNCIO




Saborear-te.
Saber-te arte.
Musicar-te.
Ouvir-te vida.
Ou alegorias,
e metáforas,
e adjectivos,
que te elevem,
que te condenem.
Só um espaço!
Um sentimento,
o inexplicável.
Chamam-lhe Amor.
Um esquecimento,
o que tento,
o que insisto.
A frieza do não.
Não posso!
Não quero,
o que quero.
Mentir-me!
Subjectivar-me,
até que me apaixone.
Paz e silêncio,
fico aqui.
Não paro.


07NOVEMBRO2014

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

FOLHAS E PELE




Chamem-me romântico,
chamem-me o que quiserem.
Podem até distorcer o adjectivo,
igualando-me a pouco.
Pouco me importa!
Há estes pequenos momentos,
um pequeno recanto,
uma dose boa de silêncio citadino.
Um esquilo hiperactivo,
a dar as ultimas corridas,
em hibernação premeditada.
Às vezes é o que me apetece.
Hibernar da vida, por uns tempos.
Mas há o complemento da Beleza.
Um pouco de felicidade por pitadas,
como um tempero ancestral,
que alimenta e regozija qualquer Alma.
As que sentem a simplicidade!
E é isto. Um pouco de pouco,
que muito me satisfaz o fim do dia.
As folhas de Outono,
os milhentos quadros imagináveis,
enquadrados em hipotéticas molduras,
e o silêncio que os completa.
As folhas são como a nossa pele.
Nelas apenas os tons esmorecem,
competindo com o enrugar do corpo.
Até nisto a natureza é mais bonita.
São momentos estúpidos,
como a estupidez de tantos outros,
noutros lugares, com outros povos,
talvez ainda mais estupidos que eu.
Mas é a cor que me faz e torna vivo.
A que crio, a que vejo, a que fujo,
a que admiro, a que procuro.
Preciso de toda a cor do Mundo.

05NOVEMBRO2014

terça-feira, 4 de novembro de 2014

O PAPEL




Trabalhei até tarde,
com esta fobia estúpida da vida.
Chegar a casa,
tem um sabor a pouco.
Muito perto de um sabor a nada.
Mas tem este recanto.
O cheiro intenso a papel.
As dezenas de livros,
ao alcance das mãos.
A sebenta pouco virgem,
que desfloro lentamente.
Como hoje,
como agora,
é instinto de fuga,
de tudo o que fugiu,
de tudo o que foge.
É o abstrato que me chama,
o símbolo da letra,
o puzzle da palavra,
o labirinto do poema.
Este é o ponto.
Acabei o dia.
Quero retornar ao branco.
Talvez pense demais,
mas é o que sinto.


04NOVEMBRO2014

É BOM ACORDAR




É duro reviver os dias.
É duro acordar só pelo acto.
Um limbo embaciado,
esta transição do sonho
para uma realidade obrigatória.
Mas sorrio com o Sol.
Hoje há um sorriso lá fora
à espera que o possua.

O calor na pele,
não é vaidade procurada,
é um espaço preenchido
por esta energia boa
que me invade o quarto.

Fico a olhar um espaço vazio,
sem pensar em nada.

Gosto de ver as estrelas
que só os antípodas vêm a esta hora.
Cerrando os olhos por completo.
Com uma força controlada.

O mar faz-me falta.
Cheiro-o por inteligência,
por necessidade fictícia.
Mas cheiro-o. Na forma que o amo.

Sensorialmente, é um previlégio
usar as sensações anteriores,
gerindo a vontade imediata.
É assim que funciona a saudade.
É assim que fujo a outras coisas,
que de coisas têm pouco,
senão mesmo nada.

É duro reviver alguns dias,
mas acordar é um acto feliz.
Um passo entre o limbo e a coragem,
um abrir e fechar de olhos.

Vou domesticar o Sol,
inverter as sombras da noite,
alimentando o meu corpo
com os desejos que a Alma quer!

Hoje vai ser um bom dia!

É bom acordar!

04NOVEMBRO2014


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

COINCIDÊNCIAS




A coincidência é o acto.
Procurar é fugir à redoma.
Todas as redomas têm o brilho,
de uma fragilidade fictícia,
adocicada, por mentiras protectivas.
Mas fica bem!
É um trabalho exímio,
é uma realidade aparente,
que se sente por defeito.
É uma postura quase imaculada.
Não vale nada,
mas é bonito.
Coincidências são ambíguas.
Resultados de procura,
resultados de fuga,
resultados de tanta coisa,
e de coisa nenhuma.
Apenas acontecem.
Estar aqui, vivo
activo e desembrulhado,
passa de uma coincidência.
É um facto!


03NOVEMBRO2014

domingo, 2 de novembro de 2014

ACHEI QUE SIM!




Um dia, 
a felicidade! 
Achei que sim!
Uns anos depois, 
a felicidade.
Estranhei-a! 
Sei que existe! 
Eu sei! 
Já tive tantas.
Só quero uma!
Humilde, sincera,

E minha!
A tua!


02NOVEMBRO2014

APENAS UM POEMA



Pois até diria que sim;
Até me olhava a um espelho,
desfalecida a sombra do dia,
deixava que a pele se decidisse.
O tento do frio;
a forma da perda,
um brilho de água.
Uma gárgula falsa,
encantadoramente horrorosa.
Uma Lua por encher,
já quase cheia.
Um raio por aquecer,
e... talvez nós!
A pureza da alegria,
ou a alegoria da surpresa só.
A que sonho,
verdadeira, pura e simples.
Um poema!
Um só poema.
Apenas um poema.
Se é meu,
tu o saberás no fim.
Poderá ser teu...
Nada escrevo que não saibas.
Inventa!
Defende-te num vazio,
que será nosso,
ou algo que não existe.
Culpa-me!
Culpa-me com a frieza,
de todas as tuas fraquezas.
Eu amo-te.
E assim,
nada me condena!

02NOVEMBRO2014

PORQUE SEI!



Se eu soubesse da vida...
Da vossa vida!
A minha, é sempre criticável.
Nunca é feita de lógica.
Talvez um "mas" no meio.
Ramificar a pura simplicidade.
Tenho de regar, de plantar,
de "whatever"!
Sinto-me tão irrealista!
Se me tocar, nem pele sinto.
Sinto uma obrigatoriedade.
Imperfeitamente complicada.
Só o som do vento me anima!
Só o som da água me aflige.
Até podia dizer, que amo...
Até!
Até podia.
Sim!
Só a lista impressionista me afoga.
O amo isto,
o faço aquilo.
É tudo um nada!
Porque sou tudo.
E quero mostrar ao povo,
as ideologias prematuras.
As irrealidades alternativas.
Um comunismo caviar!
E parto daqui.
Porque sei mesmo da vida!


02NOVEMBRO2014

TERTULIA LÍQUIDA



Bebi um copo!
Mais propriamente,
bebi um líquido,
com que o copo,
de forma estranha,
me ofereceu.
E fiquei bem!
Com vários copos.
Ou seja.
Com vários líquidos,
apesar de serem os mesmos,
mas do mesmo copo.
Parafraseando,
bebi bem e sorri.
Fiquei feliz,
até porque beber um copo,
dá esse efeito.
Mesmo não sendo,
ou sendo acérrimo,
fiquei feliz por isso mesmo.
O copo,
coitado do objecto,
é que se sujeita a estas merdices.
Vulgarizar uma arte,
uma invenção ancestral,
que alguém se lembrou,
queimou, e soprou,
e agora, usamos.
Foi o tal fogo, a areia e o ar.
Só a água faltou,
aos elementos.
Por isso, à falta de água,
te uso e abuso meu copo
com um líquido mágico,
um qualquer, que me troque o passo.
Isto não é poesia,
é tertúlia, com o meu copo.

02NOVEMBRO2014

sábado, 1 de novembro de 2014

SEM LIMITE




Abraçando o limite,
com uma linha separadora,
de um muro amolecido.
Uma vontade intransigente.
Um abraço.
Tudo parte de um abraço.
O que me limita, é o vácuo.
Há muros inerentes.
Não sei a quê, mas há!
Nunca se separam,
indultos por indução.
Como amo eu o Mundo.
Ó meu Deus como amo tudo!
Até a inexistência do amor.
Mas amo.
Sei que nasci para amar!
Estou indistinto com a vida.
Se individualiza-se,
prometeria o que não existe.
E isso não posso.
Sou pomposamente imperfeito.
O meu sermão é predispor,
é inidóneo de uma glória inexistente.
Só o limite me sustém.
Sem limite. Sem disposição,
sem sustentáculo ejaculável,
de uma perfeição sonhadora.
Caí numa vida alcantilada.
Só a discórdia comigo próprio,
me aproxima da exaustão imaculada.
E fico. Aqui. Absorto em mim.
Sem chauvinismo algum.
Realista com a vida que tenho.
Optimista com a vida que quero.
Á tua espera todos os dias,
até só por um simples facto...
Não sei viver sem amar.

01NOVEMBRO2014