quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O PODER DO OLHAR



Se me concentrar no poder do olhar,
fecho os olhos ao fogo no tacto, digo eu...
Uma percentagem de sorriso, abana
toda a minha capacidade de disfarce...
A sinceridade fica imune a tentacoes,
nunca por opcao, mas com conviccao.
A conviccao e criadora da atitude,
a que tenho e a outra, que nao sai...
Sinceramente ja nao me preocupo!
As atitudes ficam, como todos os livros
que contam historias, temas e coisas diferentes.
Mas o olhar... a focagem personificada;
os zooms naturais da critica inata,
funcionam numa perfeicao indefinida.
O que passou, ficara sempre historia,
pelo galgar mecanico, dos ponteiros
que comandam o inevitavel destino.
O destino e irreversivel e sem definicao.
Se existe fica como exemplo fragil,
sempre perplexo a qualquer surpresa.
As boas surpresas e as mas,
que se tornam habito pela memoria...
Por isso eu olho de varias maneiras.
A expressao das minhas palpebras,
leem toda a falsidade e sinceridade,
agradavel e ate de forma demasiado facil.
Provoco, por um sadismo que reconheco,
nestas pequenas leituras do individuo.
E tanto fica nas minhas ideias, aquilo que leio.
Ja nao dou mais, apenas aquilo que recebo.
Desprezo por consequencia a inercia opcional.
A falsidade e incompetencia dos povos enoja-me.
Sou fundamentalista da felicidade.
E sinto-a! Sinto a felicidade nos olhos,
em cada dia que passa, em cada pessoa
com que cruzo o olhar. Fica a certeza!
Nada melhor que a leitura de um qualquer olhar.

31 JANEIRO 2013

O SABOR DO SILENCIO



O Silencio tem um sabor,
a soberba da inteligencia.
Estou em Silencio.
Mas nao estou calado.
Nem sequer parado.
Penso em Silencio.
Um monologo em Silencio.
Comigo mesmo... e adoro.
Estes momentos de introspeccao,
a analise de pequenas coisas,
grandes e inexplicaveis tambem,
teem um sabor sofisticado.
O sabor do Silencio.
E importante falar sozinho.
Sentar em qualquer lugar,
e desafiar o ego e a alma.
Observar as duvidas conscientes,
questionar as certezas debeis.
Um dialogo dentro do monologo.
Que estranho isto parece,
a mim nao, uso em pratica constante.
Mas aconselho! Desafio-vos
a todos, a provar individualmente...
Provem o sabor do Silencio.
As pessoas, que respeitem...
Que vos oferecam Silencio.
E assim sera dado finalmente,
todo o valor infinito que tem,
O Sabor do Silencio.


31 JANEIRO 2013

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

TEM DIAS...



Tem dias que se tornam imensos.
As horas nao passam, teimosas.
Apetece tornar-me feto, e nao nascer.
Ficar por ali... uma mae imaginaria.
Apenas ali, flutuando como um sonho.
Mas os passos magoam-me os ossos,
e sinto esta realidade demorada.
As horas sao longas e deformadas.
Os segundos irritantes pela rapidez.
Mas, abstenho-me sem tempo.
Estou estranho com o nexo imediato.
Confuso com o deslumbre das coisas,
que queria fossem fantasticas...
Mas iludo-me constantemente... so.
Realmente, o futuro e incognito.
Sempre o salto do proximo segundo.
E o espanto amanhece como o dia.
Sempre diferente, previsivel e constante.
Tem dias que sao iguais, mas eu nao...
O meu nexo trai-me constantemente.
Ou nao serei eu?! Uma confusao...
Definitivamente nao sei ser o que sou.
Dou tudo o que tenho, por nada.
Por pouco, sem harmonia contagiante.
Motivado estou sempre... um defeito.
Mas nao me entendo! Tem dias que nao...
E penso, repenso e volto a pensar.
Mais confuso fico neste purgatorio.
A confusao comeca aqui, porque estou vivo.
Nao sei se quero a definicao certa e definitiva.
Talvez a opcao acabe, por haver tantas.
A vida apenas continua... crua e teimosa.
Tem dias que se tornam imensos.
Tem dias em que me farto de viver.

29 JANEIRO 2013
 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

DISILUDAM-SE OS HIPOCRITAS



Tenho pensado na hipocrisia barata.
Tenho pensado em tanta coisa...
Uma revolucao amordacada de inercia,
sem censura nem censor, apenas inercia.
Hipocrisia no seu melhor... utopia.
Ser utopico tem uma razao de ser obvia.
O impulso do sangue, deixa de circular
apenas por ser necessario, a alma assedia
a coragem, sem desfalque de esperanca.
Mas fica por aqui... utopias sao os sonhos.
Estranhos e mais exigentes, complicados.
Sonhar e ter poder paralelo, ter homonimo.
Utopia e algo que nem o sonho percebe,
apenas um objectivo hipotetico e delirante.
Tudo faz parte da hipocrisia. Ate eu...
Querer o que nao tenho, tendo certeza
que nao vou ter... consciente e realista.
Se e que eu me entendo neste mundo.
Por nao querer sentir este pecado,
seco o descernimento de hipocrisia.
Acho eu que queima, e cria dependencia.
Uma droga mental, portanto. A critica...
Todos temos esse dom estranho,
como uma filosofia individual abstrata.
A hipocrisia e filha da critica, inata
sem posturas acertadas, ditas consciencias.
O livre arbitrio deixa estas reticencias,
sugere o indidualismo egoista, oferece
uma carpete vermelha aos hipocritas.
Mas e preciso! Basicamente necessario.
Desiludam-se os hipocritas, de tudo isto.
Estao debaixo d'olho, motivados,
hipocritamente, pelos que o nao sao,
em mimos disfarcados de felicidade.
Todos somos... voces, e eu. Tentamos...
So me sobra a realidade, e a essencia da vida.
O amor, o sonho e a vontade de acordar.
Desiludam-se. Deixemos de ser hipocritas.

28 JANEIRO 2013



domingo, 27 de janeiro de 2013

LABIRINTO



Uma só chama servia, uma vela.
Fraca, trémula mas determinada.
Estes sonhos estranhos têm algo.
Têm um qualquer significado.
Os minotauros foram extintos,
Sebes debastadas, o fogo e a cinza.
Percebo que nunca sairei daqui.
Esfolo as minhas mãos,
Nas paredes dos meus labirintos.
Uma luz, uma simples luz ao fundo,
Um efeito deslocado da memória.
Uma porta sempre aberta, sempre!
Os passos arrastados do cansaço,
A persistência do tempo que me resta.
Não odeio o labirinto, procuro-o. Acho.
Desafia-me a esperança e o anseio.
Os urros da besta ja não me assustam,
Já não fujo mas petrifico indeciso.
Prefiro as sebes que me arranham,
O sangrar de cicatrizes acorda-me.
E procuro. Procuro sempre a saída.
Se cansado, descanso a um canto,
Concentrado no meu poder da fuga.
Não desisto! Nunca desisto da vida.
A luz ao fundo, não me ilumina,
Serve de ponto de referência. Talvez.
Uma só vela, trémula e envergonhada,
Força-me os olhos entreabertos.
Existe uma saída onde o oxigénio,
Me enche os pulmões de vida.
Sinto o impacto da falta de ar,
O pânico, não me afecta a alma,
Nem a harmonia virgem do respirar.
Uma só chama serve, trémula.
O receio dos labirintos esvai-se,
Aprendi finalmente, que todos
Estes meus labirintos, têm sempre
A justificação de uma saida!

27 JANEIRO 2013


O PRÉMIO



O prémio.
O meu prémio.
Uma vida medalhada,
sem medalhas palpáveis.
O Sol,
manhã maravilhosa.
Este o meu prémio...
Vou sair, sentir cheiros,
do sol, do frio e o meu.
Os abusos dos aromas,
as comidas do mundo,
as arrelias inconformadas,
o praguejar dos loucos,
a mistura das profecias.
É Domingo, dia santo,
os profetas saem a rua.
O Sol, fecha-me os olhos,
com um brilho dedicado.
Um toque de luxo meigo.
Os passos são sem destino,
não sei para onde vou.
Nao interessa...
Aproveito este Prémio.
Saborear a vida, simples
como um cheiro a café.
Um sorriso a quem sorri.
Uma criança birrenta
sem motivo aparente.
E as gentes, tanta gente.
O burburinho dos idiomas,
os mesmos cheiros.
O mesmo Sol, as culturas.
Eu, aqui no meio, premiado
com o dom da vida.
Este o meu Prémio!
Em parte, misturo a saudade,
desejo, amor e paz de espírito.
No fundo, apenas acrescento vida.
Um círculo, um ciclo e, apenas eu.
O egoismo do meu silêncio,
tem a desculpa da admiração.
A interpretação que me apetece,
o abstrato que me apaixona,
um quadro vivo sem moldura.
A delicadeza dos sentidos.
O movimento da vida.
Todo o meu significado.
O Prémio...

27 JANEIRO 2013

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

SINTO-ME INCOMPLETO



Uma vela desfraldada e um sopro.
Um sonho temperado de energia,
com paladar a fuga de coragem.
A desistencia intencional prevista,
sem o nexo da atitude da existencia.
Tantas tempestades num copo d'agua.
Tantas formas de um olhar vazio,
sem a perspicacia do atrevimento.
Tantos porques, para falsas respostas,
e o silencio... o silencio da ignorancia.
A vergonha de cabeca pendente,
sem que haja falta de inteligencia.
Apenas preguica, e pingos de desprezo.
Um manjar de soberba disfarcada,
onde a pobreza da alma se evidencia,
na diferenca entre o certo e o errado.
E dificil definir o que esta certo,
errar pelo carisma da imposicao,
torna-me revolto como a bolina.
Um estaleiro de caracteres recolhido,
 faltando talvez materia prima na alma.
Assim se enraiza a cobardia, a falsa
intencionalidade coberta de louros,
e um nada permanente... um povo triste.
Falta sim o carisma, o lider teorico,
o ideal para encaminhar a energia.
Falta tanta coisa que fico confuso.
Falta-me sair daqui e ter opcao,
sem ligar aos julgamentos ou ideias,
de qualquer outra idiotice por provar.
Fala-se muito... faz bem falar muito.
Mas nao sobra nada que crie raiz.
Sinto-me incompleto assim...

25 JANEIRO 2013

 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

INFANCIA



Cresci sem perder tempo.
Sem o tempo que queria,
na minha fraca infancia.
Fechei-me admirado de tudo.
Nao cheguei a saber nada.
Cresceu o esmagar do meu corpo,
em sonhos pesados e duros.
Nao chorei por isso... pouco chorei.
Choro agora de contente, serio
na memoria que me deu vida.
Perdidos, aprendemos o caminho
o que queremos ou optamos,
ate na imposicao das maguas.
Nao tenho odios concretos,
aprendi com os erros dos outros,
com os meus, segui o caminho.
Um caminho... que nao para.
No corpo, na alma e na espera.
Nao sei bem o que espero,
se e que espere por alguma coisa.
O cerebro funciona, o corpo
tenta obedecer enquanto e tempo.
A alma nao mexe em nada,
apenas remexe a memoria.
Esta eira batida de vento,
separa o trigo do joio... filtra.
Mas fico devedor a vida,
tendo sido o que foi, assim
se filtra o futuro no desamparo,
dos castelos de areia que construi.
Mergulho na paz do sonho,
desde sempre e para sempre.
Aproveito a infancia que tive,
renovando a que comeco hoje.
Brinco agora com a vida...
um prazer da minha infancia.

22 JANEIRO 2013
 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

SORRISO FUNDAMENTALISTA



Um sorriso fundamentalista pode mudar o mundo.
Mesmo que o esboco de uma ruga precoce,
encaminhe uma lagrima que muda de cor.
Um sorriso, a quimica altera o sabor.
Pode ate manter a salinidade da tristeza,
mas um sorriso, mistura a sanidade da felicidade.
O que nem sequer me transtorna, porque o sinto,
sao os corpos sujos da pobreza, como limpido
e o cristal refletido na alma de uma nascente.
Preocupa-me o intervalo vazio das proporcoes.
Uns tanto, outros tao pouco, e nada... apenas nada.
Fica-se politizado pela conveniencia. Um pobre...
Coitado, e como um tapete onde limpam os pes,
como um pano lustrado pela seca do tempo.
O que me assusta, e a surpresa e a ironia.
Ler nas noticias do mundo, que sim... "eu sei".
Nos sabemos que sim, e ficamos aqui.
Impavidos e pouco serenos, com o incomodo
que a sensacao de culpa e inercia propria,
nos junta ao batismo dos defundos. E doi!
Doi-me tanto a mim! Grito pelo menos...
Por mais que tente, adormeco agitado.
Os pesadelos sobem a escada do sonho,
um sopro, e empurram-no no abismo da fome.
E vomito nas raizes do fundamentalismo,
para que apodrecam no acido humano,
que os ha-de corroer por inteiro. Desdenho...
No fundo, tenho vergonha em ter pena.
Nao resolvo nada, apenas desabafo com nojo.
Sinto-me raspar a alma, como uma nodoa
decadente e impregnada, como a raca humana.
E os rios de cristal, sujam-se na podridao
do toque, aquele de quem saciam a sede.
Sentir felicidade e um risco permanente,
pelo assalto da consciencia de quem pensa.

21 JANEIRO 2013

domingo, 20 de janeiro de 2013

VERTIGEM



Sinto neste momento vertigem do dia.
Sinto-me agua sugada pela gravidade da lua.
A vertigem das mares inunda-me,
suga-me da encosta onde quero ficar.
A aventura de outro lugar. Nao sei...
Inundar outra mente exposta por mim,
sem que o saiba, sem ter o cuidado da incognita.
A vertigem e uma sensacao fantastica,
o limite do abismo, na queda ou na subida.
A perda da memoria como loucura distraida,
adianta os passos onde o chao falha.
Nao ha queda na vertigem. Um remoinho
que me pressiona o peito, sem o ver...
Sentir deslocar-me em qualquer espaco,
abrupto ou lento, sem me mexer. Unico!
E chega a noite, atabalhoando qualquer mare.
O remoinho das ondas que me enrolam,
na minha asfixia de vida inteligente.
O afogar de maguas nestas aguas, nao morro...
apenas sinto a vertigem de outro mundo.
Espero... claro que espero. Nao vou ja!
Mas a sensacao deixa espectativa, atraccao.
A vertigem e como um magnetizar da alma,
confusa pelo caminho seguinte, um novo rumo.
A confusao da noite, sopra a luz que resta
numa escuridao que me ilumina os passos.
Destros, compassados e bem assentes
num qualquer chao que se me escapa,
onde o quase panico me faz andar indeciso,
sem tocar uma base solida que me suporte.
A vertigem, concluo eu finalmente,
tem o poder do proximo dia, da vida.
Uma vida sem sensacoes fortes, passa
apenas por passar. A contagem decrescente,
onde o tempo governa, a incognita permanente
de qualquer queda. O potencial eminente,
em qualquer proximo passo. Nao desisto,
fico dependentemente livre na vertigem.

20 JANEIRO 2013

 

sábado, 19 de janeiro de 2013

A REVOLTA DA ALMA



A subserviencia do inconformado.
Queria estar armado, um alfinete.
O mundo um balao, mal pintado
deformado por tao imperfeito.
A terra realmente nao tem culpa,
apenas os humanos estupidificados.
Um balao e um alfinete, o toque perfeito.
Ha dias em que apetece sair,
cair, levantar... fugir. Um ciclo.
Esperam-se respostas que nao surgem,
bom senso que resvala na incompetencia.
E respiro, respiro cansado. Isso mesmo...
Sinto-me cansado de resvalar, dos baloes
dos humanos e da falta de alfinetes.
Os toques sao sempre perfeitos,
na luxuria, no afecto e no empurrao
suave, onde comeca o abismo.
Um sopro e pouco, que mais nao seja
arrepia a vontade que nao chega, mas
incompleta a deformacao do mundo.
E os humanos, que pouca a diferenca.
Pes no chao como raiz de planta,
verticalidade como equilibrio forcado,
inteligencia por infelicidade criativa.
Voltemos ao feto... renascer de novo.
Com conhecimento de factos,
retoques aperfeicoados e convenientes,
que acabem com estes pensamentos.
Apetece-me misturar tintas e cores,
pintar com as maos, sujar os cliches
tornar abstrato o futuro, finalmente
entender o caos que me alimenta.
Perder a alma por segundos,
hipnose perfeita dos sentidos,
perdidos num fino feixe de luz.
Assim sera a revolta da alma!

19 JANEIRO 2013
 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A DEFINICAO CERTA DO AMOR



A definicao certa do amor.
Romantismo e paixao, fingimento.
Entrega total e abuso, escarnio.
Nao ha definicao certa. Impossivel!
Ha horas de fervor e gelo.
Tem dias de dor doce e amarga.
Tem dias...
Amor e como felicidade. Difere...
Amar amo sempre... diferente.
Amizade e amor sem barreiras,
confidencias sem fronteiras, entrega.
Ou nao...
Familia e amor de raiz irremediavel,
que se aumenta ou que se perde.
Ou nao...
Paixao e amor diabolico e complicado,
descernimento desinibido, eterno.
Ou nao...
A definicao certa do amor.
Nao sei... todos os dias e diferente,
aumenta, retrai, adormece. Acorda...
Mas vive, vive sempre comigo.
A carencia e o afecto, a saudade.
O fingir que sim, quando e nao.
O inverso da logica, que existe.
Ou nao...
O Mundo e o Humano, profano.
A desilusao da inercia,
apodrecer devagar na fertilidade.
O abandono do sorriso, reflexao.
A definicao certa do amor.
Nao tenho. Penso... Nao sei.
Mas o amor existe... eu sei!

17 JANEIRO 2013

A MINHA RELIGIÃO




A minha religião são os sentidos.
Penosos, arrogantes e irremediáveis.
Tudo o resto é normalidade.
A inteligência deixa um espaço.
Uma necessidade tridimensional,
Dependente e vazia de todas as opções.
A mente será sempre o meu local secreto.
As perguntas estranhas e permanentes,
toda a minha frustração existencialista.
Quem... como... porquê... para quê?
Os sentidos e as respostas. Diferentes.
Tenho a filosofia do sonho que me absorve.
Absorve tanta dialética como o ser eu mesmo.
O inexplicável existe, talvez por isso,
para que não se entenda e, a procura,
a dúvida, nunca deixe de existir.
Sinto-me um componente electrónico.
Uma de tantas funções, interligadas
por uma corrente que nunca pára.
Avaria, repara-se e continua.
É tão interessante esta necessidade.
A fé que me completa, por o não ser.
A explicação estranha que não entendo.
A minha religião não é simples,
transforma-se em tantas e tão diversas,
Numa congregação inteligente que procuro.
Porquê? Nem eu sei. Loucura não será.
Apenas razão e inteligência, conhecimento.
Aprender sempre, o tudo que fica por saber,
o nada que não sei se existe, nem onde.
Mas tudo roda coordenado. A vida e a morte.
Porquê pensar na morte? Porque não?!
Negativismo, estupidez, ou inteligência?
Uma poesia que dava um livro eterno.
Para já, enquanto vivo e penso,
a minha religião sou eu e, os sentidos.

17 JANEIRO 2013

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

ESTA ESPERA ...



Esta espera ultrapassa toda a imaginacao.
Tem o dom de me excitar a paciencia.
Esperar... acaba por ser o tempo,
como um espaco inerte. Um momento...
Esta inercia nao tem valor nem justica.
Nao tem valores definidos, nem explicacao.
Esperar... e a festa do desejo inacabado.
Dominar o tempo em espacos alternados.
Imaginar os sentidos e significados, de tudo,
sabendo de antemao que se apura quase nada.
Esperar... e manter o proximo dia, uma meta,
um desejo, uma surpresa por definir. Talvez...
Talvez a espera so seja incomoda na forma,
talvez ate, o conteudo seja a finalidade.
Esperar... uma virtude indecisa, ambigua.
Alcancar o climax do que for que seja,
deixa a espera incomodada pela indiferenca.
Espero um dia, talvez um dia consiga esperar...
Mais ainda que aquilo, ou quem eu espero.
Talvez um dia me sinta amadurecido,
como fruta ou flor, insecto ou algo
que a metamorfose do tempo, me defina.
Sei que um dia, um dia tudo sera real e unico.
Como azeite em agua, na tentativa do disfarce
se destaca sem vergonha, sem se misturar.
Esperar... e ter o dom e prazer da vida.
Esperar... e ser acrobata de fantasias.
Esperar... e ser como eu sou e serei.
Esperar e o que eu faco aqui...
Ansioso que passe este momento.

16 JANEIRO 2013

 

domingo, 13 de janeiro de 2013

FALAR DA MANHA



Vamos falar da manha.
Acabei de acordar... acho.
A primeira sensacao do dia,
e nao voltar a adormecer.
Usar a vida ao maximo, hoje
amanha e talvez sempre...
Os sonhos ultrapassam-me,
abusam das minhas noites
nao sei se por magia, inercia
ou apenas a vontade constante
de sair daqui. Deste involucro.
Ultrapassar o limite da carne,
abusar dos sentidos, e sentir
sentir que sou apenas alma.
Sentir que sou imortal, nao sei...
Nao sei se sera boa a imortalidade.
Sera cruel talvez , como o infinito.
O que sera? Pois isso nao sei.
Receio que nao seja apenas bom.
Fico apreensivo com a escolha,
e sou coberto por esta duvida.
Destino... sera apenas purgatorio.
Digo tudo isto de manha.
Acabei de acordar... acho.
Trago agarrado ao cerebro,
o que me limita o pensamento.
Sonho compulsivamente...
nem me lembro, mas sei que sim,
e nao considero que abuso.
Talvez seja isto a imortalidade,
a realidade, afinal seja o sonho,
o sonho afinal, a minha realidade.

13 JANEIRO 2013
 

OS ELEMENTOS



Fico estranho ao som da chuva.
O dia cinzento e o vento... estranho.
O fustigar da agua na janela,
os silvos do vento nas frestas,
acalmam em cadencia quase certa.
Realmente o Sol faz falta, sem duvida.
Energias diferentes, um respirar fundo.
Faz falta uma janela. Uma opcao...
Deixar entrar o ar... ou nao.
Isolar-me dos elementos... ou nao.
Mas o som e magico. Gota por gota...
Fustigado, o vidro brilha... estranho.
Gosto destas tempestades, dos ventos
das chuvas, o sossego da violencia.
Uma violencia colossal, mas calma.
O calor da lareira, que se ri do frio.
Uma chavena quente, e um livro.
So me falta uma nau, uma vela.
Soprar o lume e velejar na janela.
Na tormenta que nao me toca,
na violencia limpa da tempestade.
Como sou fragil, aqui no meio.
O unico poder que tenho, e a escolha.
Se fique, ou parta... se sinto medo.
Fico estranho ao som da chuva.
A calma deste quadro... um toque surreal.
Um local circunspecto, que me liberta...
Em frio de vento, ao toque da chuva.
Sinto. Sinto sim uma existencia imposta.
Opcoes limitadas, ate mesmo a inteligencia.
Ha sempre algo mais alem, mais forte
mais justo e mais cruel. Mais agradavel,
sera o eco sobrio do vento, mas mais ainda
um mimo desfeito, em lagrimas de chuva.

13 JANEIRO 2013

sábado, 12 de janeiro de 2013

CONFISSAO



Acho estranho pensar em confissão, confesso.
Mas penso.
Nao sei se será o melhor momento.
Nunca será o melhor momento,
Sempre pequei, todos nós pecamos,
Disfarçados em pureza inexistente.
Por isso (não me mintam) todos pensamos,
qual será o momento ideal,
apesar de nunca exacto da confissão.
No fundo, confesso-me diariamente, sózinho.
Uma religiao em que EU sou Deus.
A alma, um templo em constante crescimento.
Pecar pequei, saber sempre soube e não parei.
Talvez erros sejam pecados, se o forem,
Se for verdade aprendi a pecar com resultados.
Errar é um pecado que desaparece sem rezar.
A penitência fica no corpo e na memória.
Entendo os rituais! Sou a favor e pratico,
Os meus, os que quero e sei vir a atingir.
Não tenho que dar satisfações, confesso.
Preocupo-me evidentemente com exageros,
com ofensas ou más interpretações, evito sim!
Apetece-me confessar, só o que penso agora.
Confessar o passado, infecta todas as cicatrizes.
As mais dolorosas, aquelas que a alma evita.
Meditar será confissão, talvez. Vou tentando...
Confissão por confissão, fica a dúvida.
A incerteza do confessor atrai-me tanto.
Confesso que no fundo, nao quero nada disto.
Apenas escrever uma leve  loucura, que confesso.
Mas recomendo que sim, confessem a alma.
Olhem para vós próprios e sintam a critica.
A dúvida virá devagar, sombria e carente.
Tão carente como quem precisa da confissão.
Acabei de o fazer.
Confesso!

12 JANEIRO 2013

ARQUIVO DA MEMORIA



Viajar na memoria nem sempre me tras felicidade.
Memorias... sao as teclas e a musica de um piano.
Nostalgia com genio ou nao, requer positivismo.
Tento o positivismo rebuscando um bau esquecido.
Pequenas e grandes coisas que me fazem sorrir.
O cheiro da manha, nas vielas do Quartier Latin,
um cheiro mofo dos livros empilhados... um sonho.
O cheiro a cafe e um croissant... salpicos de nevoeiro.
O som da concertina que me soa como o eco da brisa,
que me empurra gentilmente passando a ponte Nova.
Um Louvre que me agarra, as Torres... um prisma.
O arco iris das piramides de cristal... simbologia.
A sensacao dos povos faz de mim santo e pecador.
Ja em Roma, os cheiros sao mais fortes...
Uma capela, uma coluna de marmore flagelante,
senti-me Cristo na dor e na vontade... que saudade.
Chorei o sangue em Brugges sem saber porque,
um relicario que me tocou, e nao sei... chorei.
Impulsos inexplicaveis, percursos da alma, talvez.
Incontrolavel toque interior, uma cruzada propria.
Todos os caminhos sao os ramos da minha arvore.
Cada carreiro, estrada e percurso, a minha memoria.
Estes salpicos temperados de coisas simples e felizes,
sao abafos quentissimos, que isolam o frio da tristeza.
Nao tenho frio... nao tenho demasiada tristeza.
Apenas alguma, porque sou humano e faz parte.
Estes arquivos que a minha memoria cataloga,
sao o meu acre e doce que alimentam os dias.
O presente, ja hoje que sera passado... ja o e.
Basta olhar virando a cabeca, vejo memoria.
Pois que fique, enquanto me lembrar...
Sobrevivo.


12 JANEIRO 2013

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

NAO ESTOU AQUI



Vou fingir que não estou aqui.
Nao me leiam, não me sintam.
Olhem apenas uma sebenta suja.
Uma caneta revolta, carregada
de pequenas coisas por escrever.
Não sou eu, claro. Uma caneta.
Onde a tinta não falte mas que suje.
Que as folhas não sequem, que fiquem.
Apenas me sinto bem assim.
Vê-la correr livre no papel,
alegre e desinibida, sem freios,
fugindo ao esboço da tristeza.
Um prazer que sinto, eterno e presente.
As folhas, o mundo em virar de páginas.
Poesia tão eloquente como o oxigénio,
aquele que me alimenta a alma, a cura.
Um rodopio tão inerte como a dor.
Que dói mas soa bem, que me quer
e não me larga por prazer. E gosto!
Gosto da dor, mas aquela que escrevo
nem sempre é a que sinto... puro prazer.
Por tudo isto não estou aqui.
Tudo percorre o rumo do silêncio.
O sorriso de uma criança, eleva-me.
Faz-me lembrar que existo. E quero.
Quero que nao me vejam, apenas sintam.
Sintam que não estou aqui, que não sei
sequer, aquilo que escrevo neste momento.
Apenas me sinto bem, assim...

12 JANEIRO 2013

QUERO SAUDADE



Saudade é tão ambígua como real.
São banais, o sorriso e o tormento.
Inteligência, é cruel por imposição.
Este poder fantástico do sentimento,
consegue idealizar o dispensável.
Faz-me sentir presente, o
que nao toco nem cheiro, mas quero.
Inebria constantemente os sentidos,
que nao activos assim se tornam.
Falta-me o cheiro e o toque, a palavra.
Faltam-me os seroes e a madrugada.
Um de varios olhares, um e tantos beijos.
Falta-me tanta coisa, que nao me queixo.
Mas tenho o direito de sentir saudade.
Admiro esta capacidade humana.
Latina ou global...sempre individual.
Criar de imagens do passado, faz-me
sonhar imagens do futuro... ausente.
Divagar em tantas paragens no tempo.
Explorar este presente, apenas e so
por ter a capacidade de quem sente.
Preciso atravessar o mar... estar contigo.
Preciso de olhar as nuvens, sentir-me alto
sentir a turbolencia da vida, e amar.
Saudade, sempre tao boa como objetivo,
tao triste, porque afinal nao e preciso.
So me falta o poder do tempo.
Viajar a qualquer momento, mas aqui...
Como o faco sempre, na boleia do sonho
na vontade de um beijo, do inalar o teu cheiro.
Quero saudade justa, mas que nunca acabe.
Ter saudade e preciso, para ter vontade.

11 JANEIRO 2013

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

EGO E ALMA



A permanencia do meu ego...
Ja soube declamar imposicoes,
decido-me pela objetividade.
Sao parecidos os dois mundos,
fechados ou disfarcados... morrem.
Abertos sao como um trevo,
uma incognita de folhas contadas,
o orvalho que pesa e dobra fragil,
as tentativas de sorte, que nao existe.
Antes chova felicidade concreta,
que os caules dobrem, timidos
mas determinados em reanimar.
O meu ego, e forte como todos.
Fragil como outros tantos.
Se aqui falassem os deuses,
todos juntos em harmonia,
diriam em unisono determinado,
cada ego nao ama o seu pecado.
Assim permanece o meu,
mesmo na duvida do significado.
Tenho o dom da amizade, pura
resistente ao passado... tao forte!
Tenho o poder do amor, sincero
resistente a tudo, mesmo ao pecado.
A permanencia do meu ego...
O destino do meu destino...
Ja nao percebo nada de nada... nada.
Apenas o alimento interior, em luz
que eu exploro, crio e nao entendo.
O dialogo continua permanente,
entre ego e alma, sempre presente.
O ego morre, ou nasce doente,
a alma, mais forte, fica sempre!

10 JANEIRO 2013

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A TABERNA



Abafado o cheiro de uma vida pobre.
Encoberto o vício na tentação do rico.
Fala o vinho, tal pagem animado,
onde o rei é tinto e, a rainha é branco.
Chega cheio, com um traço ao meio.
Um copo-de-três, ou dois, ou três.
O guinchar da torneira no pipo,
o vidro potente do fundo do copo.
Lupa que distrai e afunila a vida.
Perde-se a frustração dos dias,
com a coragem do álcool barato.
Criadagem de corajosos tementes.
O dominó que roça o mármore da mesa,
belgadas contadas em papel de inteligência .
A bandeja de pega alta e, mais uns copos,
que são de três, e o belga que é de cinco.
Que saia a patanisca e o escabeche,
para enrijar o estômago que amolece.
Tiras de torresmo seco ou uma cebolada,
mais uns palavrões acompanham a jornada.
O casqueiro cortado, já rijo de casca,
endurece na vitrine, ao beijo da mosca.
Palmadas na mesa rija, de madeira tesa,
vasas de sueca emparceirada e batida,
o resmungo do galego pela paga certa,
prefere o tostão a uma casa deserta.
Um perfume vinicola que esfrega o ar,
os bafos já quentes pelo vinho que é mar,
os amigos do copo que já se diluem,
bebedeiras já fartas que por aqui afluem.
A tasca, um ponto de encontro, pouco fino
e perfeito, para mais uma fuga a preceito.
Chamar cabrão ao patrão que não os ouve,
chulo, que paga o pouco do muito que bebem.
Para que fique o sossego, no olho já baço,
acaba-se o dia com mais um bagaço.
Esquecer a vida, por mais um dia toldado,
sentir-se vazio como peixe escamado,
o vapor do vinho, nos adormeça na cama.
Amanhã, barris renovados, um copo vazio.
Mais um dia perdido esquecido na vida.

09 JANEIRO 2013

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

POR AQUI FICO...



Adivinhar o que me possa acontecer.
Um sonho que se realiza sem saber.
Alma motivada pelo apelo da incerteza.
Talvez ao acordar, enfrente um espelho.
Enfrente o que nao sou quando acordo.
O focar da imagem, as rugas na pele
que teimam em dar nas vistas, um nada...
Um nada que me preenche totalmente.
O poder do credito de pensamentos,
os que sigo, gosto ou desgosto, um nada...
As vezes pensar na existencia, transporta-me
para a visao de John Smith. A pintura...
Os vermelhos de apocalipses encantados.
As cidades doces e divinas como almas,
tao quentes na brancura reflectora das chamas,
do final do tudo e do nada... adivinhar.
Imaginar o que sai em absoluta inconsciencia.
Assumir a excentricidade dos momentos,
como feno que alimenta a besta, que devoro.
O que vem a seguir e facil de entender.
Segue sempre a logica da ignorancia,
tantas vezes previsivel que generaliza.
Ser dramatico nestes momentos, sem medo
pois interpretacoes sao como ovos chocos.
O apocalipse sem as montadas soprantes,
desliza na harmonia dos passos mortais,
sem ferro nem fogo que ardam, um nada...
Tudo se resume a ilusao pre registada,
a memoria imposta pela criacao da alma.
Talvez marionetes desfiadas, autodidactas
em movimentos loucos e unicos, onde afinal
o acto da criacao, se transforma no criador.
Adivinhar o que me possa acontecer... ja foi.
Ja sigo o rumo do obvio, que me abstrai,
porque me poupa da inercia das utopias.
Ja deixei de adivinhar, porque ao tentar
tanto o fiz, que me deixei de ser evidente...
Nasci! E por aqui fico...

07 JANEIRO 2013

 

HOTEL BRAGANCA



Talvez me sinta chegar a este hotel.
Talvez ser homónimo de mim próprio, me cure.
Assistir ao inexplicável e impulsivo,
embarcar num navio com asas,
pode ser o inexorável. O partir e o voltar.
Ricardo Reis assim o fez, inseguro
de uma certeza magnética. As odes.
Um médico poeta sem sombra, frágil
tão frágil como as falas com Pessoa.
Se chove agora, se faz frio agora,
perguntem-lhe se nessa vida inexistente,
a chuva e o frio não permanecem!
Um espírito que nos persegue.
Eu, um simples mortal, eu que os leio,
que sigo a admirável leveza do ser,
e a preponderância do imaginário.
Um único imaginário. Um génio separado
do génio que o separa, este que os escreve.
Não eu, claro. Mas Saramago, outro que tanto.
A paixão arrepia o dom da genialidade.
Ao lê-los em pequenos, finitos pedaços
onde a felicidade e espanto me perseguem,
vou tentando decifrá-los, mesmo que desconexos.
Como será ser génio sem que se saiba?
Como será saber ser génio, sem auto elogio?
Humildemente. A simplicidade das palavras.
Visitar o mestre morto, um diálogo defundo,
sem emoção da surpresa que não surpreende.
Fernando, Ricardo e Saramago, trilogia divína.
Um Hotel, repousa a evasão das almas,
a invasão dos corpos, o fingimento servil.
Lisboa velha, com cheiros imortais e infinitos,
uma viagem pela cadência intensa do génio.
Preciso de um hotel como este, esperar...
Talvez apareça um mestre que não conheço.
Talvez toque o clarim do gentil gigante,
escreva uma ode onde me entenda, e respire.
Respire o tempo e o oxigénio das palavras.

(poesia dedicada a Saramago e o seu livro
"O Ano Da Morte de Ricardo Reis")

07 JANEIRO 2013

TALVEZ SEJA SIMPLES



Transformar hipoteticamente o mundo...
Talvez pessoas, habitos e costumes.
Os costumes se mantenham...
Simplesmente  alterem-se os habitos.
Hipoteticamente, como uma pasta barrenta,
moldar egos e atitudes, criar arte humana.
As almas, essas... impossivel la chegar.
De tal forma intocaveis, que as pinto.
Nao sei como, nem porque, mas apetece.
Talvez mudar o mundo comece por ai.
Pela arte, pela criatividade das artes.
Escrever abrange tudo isso, mais ainda...
Sujar as maos ao limpar a consciencia,
tras um brilho translucido, ainda bruto.
Um diamante por lapidar, por brilhar.
Ao moldar o que houver por moldar,
consciencias, egos, e atitudes por limar.
A utopia e a seguidora do sonho,
vive dele e desenvolve-se em... nada.
O sonho leva-me a pegar no barro bruto,
rijo e disforme... mas molda-lo, amolece
a natureza fria dos elementos, transforma
o disforme em beleza, ate mesmo abstrata.
Tal como a alma e seus estados estravagantes,
carimbados de doentios, mas em saude criativa.
Assim, talvez um dia, transforme um pedaco cru
inanimado, ao moldar o lapidar da inocencia.
Talvez assim, seja simples mudar o mundo... 

07 JANEIRO 2013  

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

ACABEI DE CHEGAR



Não sei se sabes, acabei de chegar,
Empurrado por uma força indiscreta.
Só agora dei por mim aqui, à espera;
Não há filas nem ordem de chegada.
Apenas ficar. Pensar se quero ficar e,
Fico... pelo menos enquanto penso.
Talvez seja melhor não o fazer, só ficar.
Pensar muito, pode tirar-me o sonho.
Afinal, acabei de chegar e, fico.
Talvez as interpretações, as personagens,
sejam o meu enredo. Discreto e simples.
Não sou bom actor, mas posso escrever.
Posso imaginar uma peça, um palco
ou até mesmo coreografar e produzir.
Um dueto?! Um monólogo será melhor.
Basta um fundo negro, como um cubo,
uma moldura vazia, uma cadeira velha.
Melhor pensando, uma mesa e um tinteiro.
Umas folhas, para que possa falar,
a nudez da simplicidade, no fundo.
Não será best-seller, poucos me entendem.
Mas eu, eu percebo o monólogo.
Escrevo o que está colado à alma.
Só assim consigo ser actor. A verdade.
Mas tudo isto não existe, está só nesta cabeça.
Além do mais, acabei de chegar.
Entretenho o tempo com pensamentos.
Aquele que chegar primeiro, ou depois de mim.
Talvez um "deja vu" me arrepie,
o inexplicável acaba por acontecer.
Acabei de chegar, afinal onde já tinha chegado.
Tudo isto já o vi... nesta hora, este lugar,
mesmo sabendo que acabei de chegar.
Afinal escrevi o que digo de certeza.
A cadeira está aqui, onde me sento.
A moldura viva de morta, existe mas não a vejo.
O cubo negro, pintei-o antes de chegar.
Falta o palco e a assistência,
esses e aqueles que não preciso e não vi,
que não imaginei. Puro esquecimento. Acho?!
Afinal, passa por ser um sonho, surreal
não alarmista, mas suficiente para me atrair.
Nunca sei o que se passa comigo. Acordo,
estremunhado e desfocado como sempre.
Mas não tem mal, acho eu que não.
Não sei se sabes, acabei de chegar,
e continuo a sonhar, acordado.

02 JANEIRO 2013

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

FOGO E UM COPO DE VINHO



Hoje sinto um crepitar seco na pele.
Sao fagulhas humidas de um fogo lento,
lesto de calor ausente, senao conforto.
Saltam brazas limitadas ao peso da cinza.
Um fogo que nao morre, ilumina a chama.
Gritaria desenfreada de sombras quentes,
adormecem na alegria da contemplacao.
Sabe como mimos de pele o som do fogo.
Junta-se o frio e a saudade, a receita certa.
Falta o vinho... Tinto e aberto, frutado
pequenos brilhos de contraluz encorpado.
As pedras da lareira, sao eternas, caladas.
O tijolo burro estala no gozo do inferno.
Ficamos nos, gozando este preludio.
Preliminar lento mas atento na Soberba,
na prova que me tenta a tua pele quente.
O desfolhar dos trapos dao-me o tesao,
que um golo suave  me aquece o sangue.
Um engulir suave, que o som dos fluidos
separa dos corpos, como o vinho do copo.
Basta um pouco de cada vez, trago por trago,
gota por gota, o resvalar dos labios humidos,
nos regatos de nascentes insaciaveis.
A pele secando ao sabor do fogo lento,
o conforto torna-se compassado e lesto,
as fagulhas ja ardem, ate ao jorrar do vinho.
O manjar dos Deuses passou aqui, por nos
onde o fogo nao arde, mas o prazer queima.
Os mimos das fagulhas ja pardas, vagueiam
e anseiam pelo prolongar suave da cinza,
que nos cobre como veludo, onde as maos
espalham a sujidade purificada da luxuria.
Um novo dialeto nasce deste gemido.
Silabas estranhas aumentam tremulos os sons,
desenfreadas ao auge, em fogo que nao queima.
Fica o vinho, a sede de mais uma lareira.
A Soberba da carne, alimentou-nos os corpos
pelos orgasmos que as almas beberam.
Hoje senti um crepitar seco na pele.

01 JANEIRO 2013
  

PERDI QUASE NADA



Perdi quase nada, mesmo quase nada!
Perdi corpos que foram, ficaram as almas.
Um saldo de tudo, que de bom nao acaba.
Nao consigo perder afinal... peremptoriamente!
Nao perco, porque nao quero perder nada.
Nem a vontade de nao perder o que tenho,
cresce a vontade de ganhar o que quero.
O balanco desforra-se em quase nada...
O somatorio, passou a ser a minha escolha.
Subtrair, so o que nao presta por inteiro,
que a minha duvida seja fundamentada.
De resto... o meu denominador comum,
no final, resume-se a uma simples reflexao...
Perdi quase nada, mesmo quase nada!
Sei do quanto subjectivo possa parecer,
mas porque o todo se faz das partes,
acima de tudo nao ha nada de relevante.
Nao existe nada que cresca e engrandeca,
que nao tenha surgido de um pequeno nada.
E nao perdi pitada... mesmo quase nada.
Perdi gentalha, que agradeco a distancia.
Descobri gente boa, que me da tanto.
Adocei a minha chavena de belprazer,
com cubos doces de sabedoria e deslumbre.
Bordei momentos de filigrana rica e fina,
em rendilhados dedicados a reter memoria.
Gastei o corpo no prazer de uma mulher.
Cresceu-me o ego, a alma finalmente fica.
Mantenho a saudade, porque e boa assim.
A fidelidade efemera porque e pura.
O amor eterno porque e unico.
Perdi quase nada, mesmo quase nada!

01 JANEIRO 2013

RENASCER



Hoje porque me apetece, renasco outra vez.
Ja esta... ja nao uso o "se" frequentemente.
Acabo de renascer, ainda nao sei de que?!
Renasci. Nao de cinzas nem do ar... de mim.
Voltei-me ao atravessar a rua, um vidro
mostrou-me quem sou... um reflexo de mim.
Desconfiei, mas tive certeza da minha transparencia.
Nao preciso de morrer, nem passear o espirito.
Ainda nem pensei em assustar alguns parvos,
com panicos fantasmagoricos. Ainda nao...
Mesmo brincando, nao quero mal a ninguem.
Mas imagino... oh se imagino, e tanto que doi.
Olhar-me em reflexo, tolda-me os movimentos,
mas sem confundir as trocas de membros.
"Se" me assusta-se por morrer, dificil seria
sentir-me renascido. Morre-se ainda vivo,
e fica-se morto respirando o ar dos defundos.
Aqueles que vivem por viver, os que teem medo.
Renasco a todo o momento, em todos os passos.
Renasco quando sinto saudade, quando abro
o portal do sorriso. Quando a alma salta fora,
sem controlo, porque apesar de tudo, quero isso.
Nao quero controlar nada! Viver, apenas isso.
"Se" me sinto novo hoje, ou o mesmo amanha,
deixa de ter significado, so porque penso.
Pensar nao paga imposto, mas deduz-se.
Deduz-se no peso do ego, e isso renasce...
Renasce a mente, nao so porque sim,
mas quando e porque nos queremos isso.
Aqui estou renascido como ovo chocado,
rebentando a crosta do mundo, e saindo.
Provocando terra e maremotos por impulso,
que aproveito para estar sobrio e vivo,
e apurar a lucidez de renascer todos os dias.

01 JANEIRO 2013