domingo, 27 de novembro de 2016

NO TOPO DAS NUVENS

Apetece-me o abraço.
A convergência dos braços,
O aperto dos dedos,
O cheiro, o tacto...
Apetece-me tanto!
A fuga do processo,
De todos os processos estranhos.
É fácil pensar na felicidade.
É tê-la, vivê-la, é tudo...
Apetece-me viver agora,
Com este aperto no peito e,
Descolar sozinho, do corpo
Que me prende a este mundo.
Ver-me...
Vejo-me ao longe,
De cima,
No topo das nuvens,
Onde já nem elas se falam.
A convergência dos sentidos,
A paixão,
Por tudo e por nada,
De tudo,
Dos amantes,
Da interminável paz que preciso.
És tu, de quem sinto falta.
Do abraço, do beijo,
Do toque, do cheiro,
Da pele suada e colada,
Do amor!!!!!!
É fácil pensar na felicidade,
Basta apetecer-me o teu abraço!          



27NOVEMBRO2017  

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

ESTA HORA





É a esta hora,
Entre o crepúsculo e
A aurora
Que me encontro.
Lá fora
O cinzento é cor
Que não entristece.
Os azuis,
São linhas de horizontes
Que se beijam
Sem pudor.
Tenho calor
No meio deste frio exterior.
É agora
A esta hora,
Que cresce a saudade.
Talvez a idade
Seja culpada;
Revejo-me no que tenho
Que é quase nada,
Comparando a paixão.
É a esta hora,
Que fecho os olhos
E te encontro
Tão perto na distância.
É a esta hora,
Que te amo mais!



23NOVEMBRO2016


FELICIDADE, ÉS TU!





Felicidade é pouco
Directa proporção
Ao meu estado de espírito.
Há paz por momentos
Neste encontro de papel.
Há um receio permanente
No primeiro toque
Em todas as folhas que escrevo
Como se fossem o corpo
Que acabei de desnudar e,
Toco com a gentileza forte
Do desejo que me possui.
Felicidade é tanto
Quando me entrego assim,
Sem pensar onde começo.
O toque é um beijo
Antecipador de muitos
Que vão encher este corpo
Tão branco como a minha pele.
Amar é ser assim,
É seguir a sensação sem olhar
Sabendo que ao fechar os olhos
Vou abrir as janelas da Alma.
Amar é ser assim,
Sem premunição ou fastio
É impulso incontrolável
Que adoro por ser isso mesmo!
Tens um cheiro que não sinto
Que cheiro por instinto
E me eleva ao alto da madrugada.
Quero-te por tudo e por nada,
A toda a hora que possa,
Que me oiças e fales
E nada nos impeça.
Felicidade é pouco
E é tanto como os minutos
Que passam e, acumulam
Sem sentir a palavra Tempo.
Felicidade, és tu!


23NOVEMBRO2016

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

REDOMA REPARTIDA




A casa está sedenta
De portas rombas,
Secas de séculos.
Dobradiças podres e
Puxadores com tinta gasta.
A pátina adoçou
Os anos apetitosos e
Gastos, rejuvenescidos
Num exclusivo admirável.
A imagem, a bela imagem
Natural e duradoura
Como a vida imortalizada.
Há portadas caídas
A cada parede ao Sol.
É a acção do ar
Que respiro, mas mata.
Há uma infecção virtual
No ondulado calor
Que a luz contamina.
Tenho a cura dentro
De mim. Um centro
Circulando o meu ponto
De existência divina.
O Deus que sou
Que todos temos
E vemos sem ver.
A casa mora vazia,
De paredes esfaceladas e
Quadros podres
De cores pálidas.
Molduras desfeitas
Num chão repleto,
Estantes de aranhas
Nas teias que as suportam,
No ocre a cor da tinta
Reflectida em veios de luz,
Penetrante das portadas
Que ainda vivem.
O som das roldanas é cruel,
Velho e demoníaco,
Metálico sem polimento.
A casa é a pele
Que as rugas assentam.
A escultura mal conservada
Que me separa
De um interior por conhecer
E um Mundo desfeito.
O meu telhado vitrificou
Numa redoma repartida
Entre a transparência
E a opacidade da vida.
Sou eu.
Bairro, prédio, casa,
Sala, mordomia vazia.
Reduzido ao tempo que resta.


21NOVEMBRO2016


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

DESCULPA-ME





Estou tão longe.

Estamos tão perto
um do outro.
Invisível seria
este cordão umbilical
não fosse, sentir-te.

Estou tão longe.

Desculpa-me
quero tanto que me desculpes!

Estou tão perto.
Estamos perto
quando fecho os olhos.
O teu cheiro
é o meu cheiro
e será eterno.

Estou tão longe.

Desculpa-me minha mãe!



16NOVEMBRO2016

terça-feira, 8 de novembro de 2016

FECHAR OS OLHOS






Azul.
Perfeição
Céu e mar.
Desligar a corrente
Cortar elos.
Viajar
Tem a fase da vida.
Perdição
Purgatório de incertezas,
Um desnível acidental.
Areia fina,
Praia, deserto
Tempestade.
Impossibilidade de fuga.
Ser-se eu
É ser-se assim.
Ninguém,
Não há ninguém
Feliz.
Felicidade
Pontos de encontro
Fechar os olhos
E ver!
É simples,
É muito simples
Fechar os olhos.




08NOVEMBRO2016

CONHECER-ME




Conheço-me
No silencio,
Em metamorfose.
Transformação
Diluída em períodos
Internos.
Expressão própria,
De outras expressões.
Silenciosa
Comigo e os Eus.
Conhecer-me
É pouco público
Não o sendo
Como quero,
É o que quero!
Estou ocupado...
Dói-me o corpo
Desta cadeira
Giratória.
Dói-me a Alma
Pelo Outono.
Os pássaros migram
E nem os oiço
Ou vejo.
Voo eu
Sozinho
Em silêncio!



08NOVEMBRO2016

domingo, 6 de novembro de 2016

TREMER DE TERRA




Tremeu a terra
Sob os meus pés
Sem saber.
É o estranho
O que importa
Que imortaliza.
É a sensação
Que sinto
Que passa
Que fica.
Não foi a terra
Que tremeu
Fui eu.


06NOVEMBRO2016

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

GEOMETRIA PERSONIFICADA





Se ser é o que sei
Sonho como nunca sonhei
Sem a avareza do pouco
Porque o tanto e o tudo
É o somatório do nada.
A simplicidade é dorida
Por uma de tantas dores
Que escolhidas, são tempero
Numa tijela partida
De faiança fina
Que greta por greta
Nada agarra. Partida.
Ida, escorreita
Sem prazeres desfeita
Corrosiva
De pena que se me dá
Na alegria do sorriso desfeito.
Antiguidade genuína
Valor perdido pelo defeito
Um dia primo, agora sem jeito.
Ardi na argila,
As quantidades eucalípticas
De basa incandescente.
Barro moldado de lucidez
Porcelana imitada
De um continente que não existe.
Existo eu,
Dentro do círculo
Permanente, por goemancia
E geometria personificada
O resto do que seja...
Espero que sim
Que não seja talvez
Porque só ao ser eu entendo
Sendo
O que o ser
É!



01NOVEMBRO2016

terça-feira, 1 de novembro de 2016

DESCONFIGURADO






Porque vou.
A finalidade.
A figuração de uma figura inacabada.
O fim do dia.
De fio a pavio.
Do carvão cru, à cinza fria.
O tudo e o nada.
O que quero e não importa.
Porque vou.
Porque o fim do dia chegou.
Cá fora.
Lá fora.
Aqui dentro.
Por dentro de algo que tenho de fora.
A pele.
O invólucro.
A inocência depravada.
O fingimento que não acanho e não tenho.
Porque vou.
Gritam.
Choram e gemem.
Porque vais?
Porque sim.
Talvez.
Não sei.
Vou.
E então?
Desconfigurado.
Descodificado.
Desfigurado.
Desinibido.
Ido...
Porque vou.
Mas fico!


01NOVEMBRO2016