domingo, 26 de março de 2017

PARA LÁ DA SAUDADE





Apercebi-me algo importante.
Tão importante como a saudade.
O que é a saudade?
Porque a sinto tanto que me pergunto,
O que há para além da saudade?
Será que tem um fim,
Um limite indeterminado
Uma meta impossível?
A saudade é a reticência da presença,
Não sendo quando já a tenho do futuro.
Queria entender este sentimento,
Ou sensação, ou doença, ou dor,
Ou o que seja esta hiper pulsação.
O que há depois?
Há uma saudade ainda maior?
Será a morte mais forte?
Será que eu sei que sim
Que sei o resultado no subconsciente
E me embrulho nestas duvidas?!
Se é diferente, o que existe
Para lá da saudade, se ela tem poder
De se metamorfosear sem que o entenda,
Porque será que me sinto incompleto?
Só pode ser saudade...



26MARÇO2017

quarta-feira, 8 de março de 2017

É O AMOR, ENQUANTO DURA





Trazer-te por dentro
É uma espécie de fermento
Cresces, e cresces, e cresces,
Até que a pele doa.
Mas não é a pele que me dói,
É esta sensação ilusória
De te sentir cá por dentro,
De onde nada te tira,
Nem o vento, nem o tempo,
Muito menos pensamento,
Pois só a paixão perdura.

Se o tempo fosse adiado,
Nada em mim, seria passado
Nem as memórias existiriam,
Pois aquilo que me faz falta,
O que me faz mesmo falta
É esse género de fermento,
que me faz sentir-te crescer,
Crescer, crescer, e crescer,
Dentro deste meu peito.

Talvez por isso não acredito
Na pureza de todo o Homem,
Toda a pele que me dói
Pela pressão do teu crescer,
Me envolve este invólucro-pele
Já de si tão volúvel.

Torno-me neste corpo volátil,
É o amor, enquanto dura.



08MARÇO2017


segunda-feira, 6 de março de 2017

SAUDADE






É tanta a elegância da saudade!
A inspiração cresce a cada minuto,
Desenhar a imagem
É um mistério que surge
E me faz sentir a originalidade.
Tem como base, esta elegância,
A memória das imagens vivas
Sentir uma atracção turbulenta
Pelas linhas com que alinhavo
Todo um pensamento que idolatro
De preferência, fechando os olhos.
Há um palpitar que estrangula.
Não é falta de criatividade
Mas antes pelo contrário
A impossibilidade do toque.
Não corto nada a eito,
Nem ao revés, nem de outra forma
Até por não ter o jeito
Senão alinhavar a sensação
Comigo vestido, noutra roupa
Que me faz falta tocar e cheirar.
Quanto aos corpos,
São imensos como o mar
O brilhar diferente das estrelas,
E a paixão dos dois unidos.
É no horizonte a união,
Aqui e aí tão perto
Como o provar da tua lágrima.
É esse o sal que faz falta
Esse mineral essencial
Que me alimenta a saudade!



06MARÇO2017



quinta-feira, 2 de março de 2017

COMUNHÃO DOS CORPOS






Antes de adormecer,
Venero a pele nua.
Confesso ao meu corpo
O quanto amo o teu.
A sensação de cansaço,
É o final refinado
Como o teu sabor a sal.
Só assim o sal é doce,
E não dilui na nossa pele.
Percorrem-se caminhos,
Em tons de rosa,
Que se afastam no toque.
Sobrevivemos unidos
Beijamos os socalcos
De cumes hirtos,
Mergulhando nos rios
Que nos sobram.
O estuário é corpo e alma,
É a loucura das estrelas
Quando de olhos fechados,
Gememos ao divino desejo.
É um mapa geométrico,
De curvas e razões para ficar.
Só o silêncio transporta
As sobras da génese.
Tão etéreo é o momento
Temente à dádiva da vida.
E jorram flores vivas
De uma cor escondida
No frenesim de um abraço.
E somos um!



03MARÇO2017