quinta-feira, 27 de agosto de 2015

EU ENCONTRO-TE !





Quando te perdes de mim,
Nada subestima a delicadeza,
De uma realidade fictícia,
Que vivemos os dois.
Há um caminho estranho.
Estranhamente magnético,
Que nos atrai como polos opostos.
É como escalar um infinito,
Sem olhar para trás,
Sem temer a vertigem.
Nem subo estes degraus,
Nem os desço em desistência.
Equilibro-me.
Equilibras-me!
Se te perderes de mim,
Encontra-me nua,
Entrega-te à esperança do mimo,
Ao aquecer da pele.
O amor que fazemos,
Não espera pela noite,
Não espera pela madrugada,
Apenas nos cola os corpos,
Com suor e flúidos eternos.
O sentido da vida,
Começa aqui e, prolonga-se
Como os degraus infindos,
Que temos de subir e descer.
Espero-te.
Com a minha simplicidade,
Pelo teu cheiro, que aprendi
Pelo teu toque, que me altera
Pelo teu sabor, que me faz feliz.
Se te perderes de mim,
Eu encontro-te!



26SETEMBRO2015

domingo, 23 de agosto de 2015

A ILHA




Faz de mim,
Uma ilha.
Insularidade,
O Eu e o mar.
Uma costa longa,
Escarpada,
Sem arestas.
Uma ilha, suave e,
Onde possas adornar.
Vive-me,
Sente o amor
Em mim,
Como o vento e,
Uma fogueira na pele,
Ateada por ambos,
Até ao nascer da sede.
A água que bebes,
É minha.
Explora-me,
Em pequenos espaços.
Cheira-me,
Toca-me,
Prova-me.
Cansa-te e, deita-te
Comigo, em mim!
A tua ilha,
Acorda
O primeiro cheiro,
O primeiro paladar,
O primeiro tacto do dia.
Cheiras a madrugada.
Não fales,
Não é preciso.
Ouve o mar,
Sente a brisa e,
O grasnar das gaivotas.
Ouve
O sino da igreja.
Sabes,
O divino afinal existe.
Não partas.
Fica nesta ilha,
Sofre da boa dor,
Da saudade.
Fica comigo,
Nesta tua insularidade.



23AGOSTO2015

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

AS LETRAS





Só as letras.
As folhas espalhadas,
Nuas, um frio (e)terno.
Comunicar.
Juntá-las, em
Castelos de frases, e
Muros de significados,
Fortes e acidentais,
Ultrapassados.
Só as letras,
O somatório,
O verbo certo,
Solto e despreocupado.
Não há muros teimosos,
Nem poderosos,
Nem que cheguem,
À força das palavras.
Ser livre,
Com significado,
Só as letras.


21AGOSTO2015



quinta-feira, 20 de agosto de 2015

SEM FINAL




Não sei falar sobre o que sinto.
É uma revolta pessoal.
Tenho a Beleza das cores,
Confrontadas em sons,
Que harmonizam objectivamente.
Falo de pintura e música,
De música e pintura,
De todas as formas agradáveis,
De todos os sentidos da vida.
Não consigo ser objectivo,
Até porque a interpretação,
É um resultado além de vago,
Irrepreensível por pecado.
Mas é sagrado também.
Um paradoxo agradável,
Imprevisto ou preconceito
Infinitamente indefinido.
É a arte misturada,
Com os paladares,
Com os ingredientes,
Como um bolo. Diferente.
No fundo, lá está a razão
Em que nada se perde,
Apenas se transforma.
Eu, sofrendo esta alegria,
Quando misturo estas "coisas",
Fico esfomeado de muito mais.
Só o Tempo me vai parar e,
Não tenho tempo, neste meu tempo,
De recear o meu final.
Não sei explicar o que sinto,
Porque sinto que nada será explicado,
Na profunda e total realidade,
De tudo aquilo que for.
Nada tem um final conhecido.
Nem Eu.


20AGOSTO2015

terça-feira, 18 de agosto de 2015

ANOITECE





Lá fora,
Anoitece.
A luz,
Muda de tom.
As cores,
Mudam de som.
Pessoas,
Pessoas...
Ficam as pessoas.
Outros sons.
Outra luz.
Outras cores.
Os hálitos,
Os copos,
As danças,
Os gritos.
Tudo muda.
Anoitece,
Lá fora.


18AGOSTO2015

terça-feira, 11 de agosto de 2015

"SUI GENERIS"




Estar só(lido),
Como rocha escarpada,
De ninhos e trepadeiras,
Cheiro a madrugada.
Sólido como um todo,
Final integro de algo,
Que me assombra a hora.
O Tempo.
Sempre o Tempo.
É sempre o compasso,
Que (des)marca a hora.
O tilintar do pêndulo,
O arfar dos segundos,
O som rachador de redomas.
E o fim.
O final de um dia.
Um após outro.
E outro.
E outro após outro.
O infinito recomendado,
O eterno,
Descentrado do ponto.
O círculo fechado,
O ponto que não move,
Porque está em cima,
Como está em baixo.
Início de tudo,
Final de medos,
Alquimia da vida.
Estado só(lido),
Porque o leio a sós.
Vida própria,
Vida simples,
"Sui generis",
Como o EU.



11AGOSTO2015

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

SOU...




Se imaginasses,
A saudade.
Um simples "olá".
O sorriso,
O fechar das pálpebras,
Em "slow motion".
O lábio que treme,
Tanta coisa simples.
Nem sei como te atreves,
A esquecer estas coisas.
A não lutar por nada.
O calar e, o silêncio.
A falta de tudo,
O fingimento do nada.
Pois é isso!
Já não tenho saudade.
Já não desejo.
Já não quero.
Mas quando penso,
Tenho pena.
Tenho pena de ti!
Não de mim,
Porque é simples,
Quando me perguntam,
Sabem que sou Eu.
Novo como sempre,
Como sempre,
Que me renovo!
Há pessoas boas,
Que nascem,
Que vivem e morrem,
Sem viver e sem morrer.
Mas vão.
Seguem o caminho da lama,
Com o da esperança,
Mesmo ali ao lado.
Já não sei!
Nem quero saber.
Sei quem sou,
O que fui,
O que serei.
Porque,
Sou...
Assim!


07AGOSTO2015


PORQUE SOU!





Um dia,
Fiquei assim.
Em pânico.
Paredes altas,
Escuridão,
Espaço sem portas.
Fuga impossível.
Choro abafado.
O costume,
Um dia após outro.
Ofensas,
Imundices e,
O EU criado.
Nunca mal criado.
Fiquei,
Fui assim,
Desmenti o silêncio,
Agravei a consequência.
Imaginei-me acompanhado.
Falhei.
Fingi,
Cantei, amei,
Gostei de mim!
Criei um Mundo.
Um outro Mundo.
O segundo Eu.
Porque Eu,
Porque sim.
Porque sou!
Porque fui!
E sou...


07AGOSTO2015

NÃO ME ZANGO!




Vou-te dizer uma coisa,
O porque não choro.
São estes momentos,
Sozinho, mas tão cheio
De todos os momentos.
Não me interessam plateias,
Não planeio palcos,
Nem peças de teatro.
Sou a espera do momento,
A esperança da agonia.
E tento!
Tento tanto que,
Me invejo a mim próprio.
Não me zango.
A sério!
Não me zango!
Espero pelas outras coisas,
As opções, as alternativas,
O insucesso disfarçado,
As imagens que crio,
As que não são minhas.
E rio-me!
Rio-me da tendência,
Do intercalar da subsistência.
Da demência hipócrita,
Egocêntrica e abjecta.
São armas...
A imaturidade do subconsciente,
Que me "condena" a ser feliz,
E a esta constante metamorfose.
Estatelo-me ao comprido,
Como uma mosca no pára brisas
Numa viagem incompleta,
Onde a velocidade é minha rainha.
E fico eu.
O rei vai nú,
Apreciado e reteso
De uma imparcialidade imunda.
Não me zango!
Apenas digo a verdade.
Sou o que sinto!



07AGOSTO2015



SOU A FORMA





Hoje,
Tenho uma dor,
Em todas as sílabas
Que me escolheram
Como doença.
Sou a doença,
O Vírus e a cura.
Sou hoje o sim.
Tenho pétalas doentes,
Incolores e imberbes.
Perdi o veludo,
O toque da vida,
A beleza do cheiro.
Hoje,
Sou a forma,
Deformado de vida,
O pretérito imperfeito
E o complemento que
Nunca conheci.
São os verbos,
Os tais, que, me condenam.
As rimas imperfeitas,
Os sonetos inactivos,
E as prosas concretas.
Sou Eu.
Tal como tudo,
Disperso em tantos nadas.



07AGOSTO2015

FICO EU!




Posso dizer-te que,
Até as palavras incomodam.
O que poderá incomodar,
Mais que, as palavras?!
Talvez eu. Ou outros,
Ou como eu que, as escrevemos.
Poucas. Sei que são poucas,
Mas são tão poucas e quentes.
Presentes, ausentes.
Anónimas.  Paradoxos.
Nem me admito no que me falta.
Nem me demito do que tento querer.
Apenas falto. Apenas sou!
O que te amo amiga! O que te ama.
O que quero ver, e não posso.
O que quero olhar e não vejo.
O que quero, o que... O que não.
Disse-me um livro, um dia,
Que a estória é princípio.
O principesco um indício,
A razão a causa real.
E fiquei-me. Quieto...
Imune a todas as dúvidas.
Este paladar disperso,
Os versos sem números,
As sílabas inaudíveis,
As estrofes inatingíveis.
Toda uma merda por criar.
E eu crio!
Crio essa "coisa" que não gostam.
Um sorriso pobre em face rica.
Um snob sem carimbo,
Um Pedante pouco assumido.
Fica a tal estória por contar.
Um panorama mal descrito,
Uma paisagem invertida,
Uma imagem forçada.
Fico Eu.
Que seja!



07AGOSTO2015





ESTOU AQUI!




Gostava inventar-te!
Carvão, aguarela...
Letras, tinta o que for.
Provei-te!
Quero-te!
Já nada me impede.
Sou Eu e, tu,
Talvez sim.
Os cheiros brilham,
Os toques cheiram,
O corpo não pára.
Não!
Não vou.
Não vou a lado nenhum.
Fico sim!
Fico aqui.
Fico aqui até que seja tarde.
Tarde é o fim,
O início do fim.
Eu não estou aí,
Não estou nem chego tarde.
Estou aqui.
No fim de algo,
No início de alguma coisa!



07AGOSTO2015


DE RESTO...




A ingenuidade.
Ahahah, riu-me
Da minha ingenuidade.
É como uma banda num coreto,
Numa festa de verão,
Numa aldeia em nenhures,
Onde todos se empolgam,
Num ritual instintivo,
Com repetição na mesma data.
Ingenuidade é vazia e previsível,
Até só e, porque não existe.
Há distrações, claro que as há!
Ingénuo, é o útero
Que nos cria e,
Acaba por parir.
Ingénuo sou eu por seu Eu.

É lindo o amanhecer,
Como o entardecer,
Como o copo cheio,
O copo vazio.
É tudo muito giro,
Desde que queiramos que seja!

Depois, há a vida.
Aquela real, o dinheiro,
A saúde, as amizades,
Onde nada vive indiferente,
Senão a hipotética indiferença.

Sou como um rio.
Modesto e agreste,
Dependente da corrente,
Dependente do tempo e,
Da animalidade incógnita.
E das margens...

Sou como sou!
De resto...
Não sei!


07AGOSTO2015

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

AMAR-TE




Tomei-te a vida!
Provei-te.
Ganhei-te sem perdas,
Perdi-me com ganhos.
E amei seres tu.
E amo seres tu!
Se eu sei, o porquê das coisas?!
Pois não sei, não são coisas.
É aquela pequena linha,
Talvez a única linha que,
Transpondo, é a única
Comunhão do corpo e da Alma.
Nasci como todos nascem.
Igual, um choro, um grito,
Respirar, gesticular e,
Agarrar o amor.
O primeiro amor.
Amar uma mãe.
Depois, há um outro,
De todos os outros,
De todos estes anos.
São consequências,
São escolhas de impulsos,
São escolhas conscientes que,
Transpondo outra fronteira,
São ganho e perca.
Talvez opções.
E amo.
Sei lá eu viver...
Sei lá eu viver,
Sem amor no peito.
E amo, e amo-te!
Porque é tanto e,
Porque o tenho tanto,
Aqui, fica!
Porque é teu!


05AGOSTO2015


domingo, 2 de agosto de 2015

MUDAR O MUNDO





Hoje, apetecia-me mudar o Mundo!
Como todos os dias, bem sei. Mas todos os dias a mudança é diferente, porque é mudança, porque é um novo dia. Porque as coisas mudam, as pessoas mudam, de dia para dia. A mudança é dura e subversiva, até pelo paladar da dor que se perde, que se mutila e transforma numa dor diferente. Vamos mudando as dores, para curar o passado. A dor de hoje alivia a de ontem até que se extingue. A que nasce, é com um certo prazer alucinante, pela consciência do nascimento. Deste nascimento. Talvez por isso, o que é maravilhoso dói. Talvez por isso, o que é trágico dói. Talvez por tantos issos, não entendo a vida com a simplicidade aparente. Há definitivamente simplicidade, mas é adquirida no resultado da filtragem de todas as dores. 
Amar é tão bom! Amar dói tanto!



02AGOSTO2015

NOSTALGIA ADOCICADA





Sabes que, enquanto te oiço,
Não são os sons que me tornam feliz.
São as variantes, escondidas,
Em todas as melodias dos corpos,
Como um pequeno gesto.
É a purificação inadvertida,
De um profanar dúbio,
Como as ideias de cada um.
O som do piano é um aparador,
Talvez de lápiz finos e afiados,
Talvez de uma madeira nobre,
Que preenche um espaço opcional.
Pensar no passado, na família,
Na nascença e crescimento lento,
Torna-se um virar de páginas,
De um álbum a preto e branco,
Retocado por afinidade e resultado,
E que me deixa nesta forma nostálgica.
Mas sabes, sabes muito bem que,
A nostalgia é importantíssima.
Não é um estado degenerado,
Mas o apuramento do futuro,
Com as interpretações do passado.
É um filme inesquecível,
Como um "Schindler's List",
Como um "LA Vita É Bella",
Um "Metrópolis", ou outro qualquer.
É preciso amá-lo! Senti-lo!
Ouvi-lo e perceber o que diz a mensagem.
Cheiram-me os corpos queimados,
As válvulas do Cinematógrafo,
Que queimam o sentido do fácil.
O fácil, nasce e cresce como tudo.
Tudo se transforma em melhoria,
Com o passar do tempo.
É esse o idealismo principal.
O Tempo que não pára, como eu,
Como todas as vontades puras,
Que não devem parar no Tempo.

02AGOSTO2015