quinta-feira, 25 de outubro de 2018

EU E O VENTO



Acordei com um silvo.
Um sopro de vento.
Envergonhado,
Sem grande coragem.
Se o procurar,
Só a mim me encontro,
num dos extremos do silvo.
De um sopro,
Farei vento.
Do vento,
Farei vendaval.
E eu num dos extremos do vento.
Sei que faço parte do conjunto.
Sei que estou imiscuído na vida.
Se rodar no meu próprio eixo,
Imaginário como o Mundo,
O vento abraça-me.
E eu quero um abraço do vento,
Tão forte como um furacão,
Que me faça levantar do chão,
Que me faça voar num caos
Sem capacidade de orientação.
É o cair no vazio que me retorna ao útero.
Foi o útero que me deu as sensações
Que me trazem a saudade.
E sorrio.
Sorrio à tempestade, e acalmo-a.
Sorrio ao vendaval, e ele desce
Ao nível das folhas caídas do Outono.
Sorrio ao vento e abraço-o,
Com a saudade aveludada do Mundo.
Numa cama de folhas mortas,
Oiço o silvo do vento,
Que me acordou,
E agora me adormece.


25 OUTUBRO 2018

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

A UNICA PREVISIBILIDADE




Quem pode adivinhar o futuro,
Quando o presente ainda dura?
Hipóteses,
Lógica e probabilidades.
Misturar tudo num "shaker",
Agora sim, prever um resultado.
O sabor estará ausente,
Existindo seria intragável.
Para futurologia, tenho um calendário,
Até porque me faz pensar,
Num futuro talvez previsível,
O que traz indiferença.
Quero mais!
Quero o que sonho, sem rodeios.
A integridade é a comunhão de certezas, e
Uma obrigação não essencial,
Mas de resultado prático premente.
Ser honesto, irreverente, acutilante,
É um conjunto de opções sábias,
Como racionalismo e emotividade.
Ser exigente comigo.
É a única previsibilidade.



06AGOSTO2018


VONTADE DIVINA





Tanta gente passou hoje por mim.
Multidão solitária, separado os indivíduos.
Um por um, grupo por grupo...
Há aquela sensação de mar, se olhar de cima.
Tal como as ondas, revertidas em nuvens,
Fico apático numa incerteza mestra.
O medo, a impulsividade, a coragem,
A cobardia, a falsidade, a urgência,
A previsibilidade, o entusiasmo, o Amor...

As pessoas, são como castelos.
Conquistam-se, são conquistadas,
Defendem-se, atacam, são instintos
Que formam muralhas ao medo.
Se gritar, estridentemente, tudo reage,
Instinto e desilusão. Tudo se move
Tudo se sincroniza involuntariamente.

E segue a vida, caindo muros,
Perdendo batalhas, pequenas e objectivas.
Misturam-se os pagens e os cavaleiros,
Sem torneios identificáveis.
O ondular dos corpos, é inquietante.

Se pudesse falar com a multidão,
Um a um, cara a cara...
Entender cada um, interiorizando
Como sinapses eléctricas
Deste meu cérebro ávido.

Mas não.
Fico pelo que faço amiúde.
Observo.
Olho comportamentos,
Desisto da vontade de ser Deus.

A Humanidade é feita assim.
Os humanos perdem-se sozinhos.


06AGOSTO2018 

domingo, 6 de maio de 2018

CREPÚSCULO EMOCIONAL



Não sei o que possa sentir!
Sei que me sinto traído por,
Uma saudade sem limites.
Ainda não partiste!
Acredita que nunca partirás.
O corpo, é um invólucro
Que me farto de referir.
Apenas invólucro.
A alma, que te quero sentir,
Sempre senti, porque é a minha.
É uma sensação de hereditariedade.
Atua Alma, é a minha Alma.
E são contínuas!
São complementares na simplicidade.
São o que és, o que ainda és,
E o que eu sempre serei.
Não sei quanto tempo durará o corpo.
Sei que Deus é paradoxal na emoção.
E é o que me dói.
O que mais me dói, é a dor que fica.
Já o disse algures.
As tuas asas, estão limpas.
As tuas asas, estão prontas.
A janela, se pudesse, seria a meu encargo...
Só me resta o fim do dia,
O Crepúsculo emocional.
Só me resta o nascer do dia,
A auréola da Vida.
Os cheiros bons, as flores,
Os riachos, as crianças e os sorrisos.
Nada disso se perde.
É depois, quando todos estes valores,
Valerem o que realmente valem.
Tudo! Porque valem tudo, e
A razão de termos o valor que temos.
Hoje, é um dia especial.
Hoje é sentir-te assim, e muito mais
Do que qualquer um dia, eu te sentiria.
Hoje é mais um dia,
Em que te chamo Mãe!



05MAIO2018

ETERNAS SAUDADES




Não sei o que diga.
O que diga hoje...
Sei o que sinto.
Ontem, hoje e amanhã!
Sobre, falte ou sobre
O que é ser Amar.
Estou encolhido
Nesta posição fetal
Que me acelera o medo.
Tenho a coragem de te ver,
Porque não te vejo como queria.
Tenho a dor que me corrói
Porque não te sinto fácil.
Nunca foste fácil,
Saio a ti!
Doem-me as entranhas,
O umbigo,
Os pulmões,
Os braços,
As pernas,
O peito...
Doi-me a tua saudade.
Dói-me a saudade que já sinto
Todas as faltas que se mantêm...
Dói-me identificar-me sem ti.
Dói-me ser eu sem existires,
Dói-me a tua partida!
Se choro, ou se chorar,
Não ligues. Não ligues,
Porque não é fraqueza.
Tu sabes!
Sabes que o meu mal sempre foi este.
Nunca ser fraco, dentro desta fraqueza total.
O teu cheiro, a tua pele, fica.
Sempre esteve, mesmo ausente, nunca deixou de estar!
E fica!
Eterna é a capacidade de ser Mãe!
Eterna é a minha saudade. Que já sinto!
Saber que vais, agora, daqui a pouco,
Um pouco mais tarde, é angústia imerecida.
Por ti, para ti, de ti!
O teu olhar, o teu mimo,
Os teu beijos e carinhos,
São a paixão que não vai fugir de mim!
São os valores que pratico,
Sem favor nem adjudicação emocionais.
É o beijo eterno neste infinito
Nesta fetal situação, que me tormenta.
É ver-te assim. Sentir-te assim.
É a paixão até ao meu fim de corpo.
É o Amor sem tempo, a que chamam eternidade.
É tu minha mãe, que Amo!
É de ti que me despeço no corpo.
É a ti que me entrego na Alma.
É por ti que existo, e nada é igual!
Amo-te agora,
E nas nossas Eternas Saudades!



05MAIO2018