Acordei com um silvo.
Um sopro de vento.
Envergonhado,
Sem grande coragem.
Se o procurar,
Só a mim me encontro,
num dos extremos do silvo.
De um sopro,
Farei vento.
Do vento,
Farei vendaval.
E eu num dos extremos do vento.
Sei que faço parte do conjunto.
Sei que estou imiscuído na vida.
Se rodar no meu próprio eixo,
Imaginário como o Mundo,
O vento abraça-me.
E eu quero um abraço do vento,
Tão forte como um furacão,
Que me faça levantar do chão,
Que me faça voar num caos
Sem capacidade de orientação.
É o cair no vazio que me retorna ao útero.
Foi o útero que me deu as sensações
Que me trazem a saudade.
E sorrio.
Sorrio à tempestade, e acalmo-a.
Sorrio ao vendaval, e ele desce
Ao nível das folhas caídas do Outono.
Sorrio ao vento e abraço-o,
Com a saudade aveludada do Mundo.
Numa cama de folhas mortas,
Oiço o silvo do vento,
Que me acordou,
E agora me adormece.
25 OUTUBRO 2018
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