sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

FINALMENTE EU





Descansei.
Finalmente eu.
Tempo meu,
Tempo para mim.
Optei,
Eu sei que optei,
Mas esperei.
Também esperei.
Senti,
Vivi,
Reflecti,
Meditei.
Fiquei Eu.
Apurado,
Filtrado,
Concreto.
Falta tanto,
Tanta coisa,
Futuro,
Infinito,
O que tenho dito.
Nada é completo,
Permaneço e,
Desafio todos;
Amo!
Amar,
Amarei sempre!


29JANEIRO2016

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

RECIPROCIDADE !






Quando o corpo já não funciona
Da mesma forma que costumava,
Quando as feições se tornam novas
Pela idade que as envelhece,
Talvez sinta forte no meu peito,
A falta daquela batida inconfundível.
A memória pode ser traiçoeira também,
Porque sentir a ânsia indecifrável,
Pode ser apenas um plano da alma,
Que me faz sentir o bater das estrelas,
Os brilhos que vejo ao fechar os olhos,
E sentir o quanto me fazes falta.
São palavras, pois eu sei que são.
São momentos não necessariamente
Prementes ou carentes da tua sensação.
Mas são memórias. É o poder humano
A surpresa do sentimento.
O sonho. Tudo o que és!

Lembro-me de vários amores.

Não quero catalogar, por ser impossível.
Ninguém pode ser comparável,
Pelo simples facto da diferença.
Só aquela tal sensação inebriante,
De uma qualquer passada paixão,
Pode ser semelhante pela intensidade.
É o amor, a alma, o calor e a calma,
É o sexo, o auge e a entrega, é tudo!
É eu estar aqui a esta hora da manhã,
Misturar uma parafernália de coisas boas
Sorrir com a ausência e aprendizagem,
O não arrependimento, a decisão,
O que sim, e a coragem.
A entrega sem azo a explicações.

E tu, borbulhando no meu sangue.

Será que sim?
Acho que de tudo um pouco,
E de tanto pouco, apenas um nada.
É como mergulhar num lago,
Imerso até para além da morte,
E não morrer. É não precisar
De humanidades corporais,
Essenciais a uma sobrevivência,
De um corpo que, também não preciso.
Dei e dou tudo, o que tenho a dar,
Sou e serei, tudo o que tenho de ser,
Fiz e farei, tudo o que tenho a fazer,
Desde que o sinta! Só preciso uma coisa,
Simples, ou não tanto; forte ou fraca,
Mas que exista sempre.
Reciprocidade!




28JANEIRO2016

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O PODER DO TEMPO





É curioso o poder do tempo.
Curioso. Curioso sou eu,
Pois o tempo brinca. Ignora,
Some e segue a nossa medição,
Sem qualquer tipo de preocupação.
O táctil, somos nós e o pouco
Que temos de vida em relação
A um outro tempo real.
O que é o real? O explicável?
Pois então fraca é a nossa realidade.
Dar valor ao presente, é uma fórmula,
Como tantas fórmulas matemáticas,
Definições e conquistas da Física,
Que continuam a aumentar a dúvida.
Acho incrível este efeito de bola de neve,
Sempre que uma dúvida o deixa de ser,
A nova certeza cria novas dúvidas.
Evolução sem limitações, metamorfoses
Temporárias, e esta boa loucura
Da procura infinita do porquê.
O tempo, todos chegamos a uma altura,
Em que o tempo ocupa mais espaço
Na mente, porque pensamos nele.
Neste pedaço de tempo que aqui estou,
Agora mesmo, é porque o tenho,
Para pensar nele, sem qualquer resolução.
Nada me consome por isso, apenas gozo
Por preencher espaços vazios de tempo,
Pensando no tempo que já usei,
No tempo que gozo, mas sem vontade
De pensar no tempo que virá.
Porque vem, porque existe,
Porque foi, ainda é, e será!
Estar vivo é fazer parte deste Tempo.
Abusar dele em todas as formas,
É a forma mais prática do futuro.



27JANEIRO2016


domingo, 24 de janeiro de 2016

LIMIAR DO SONHO




Porquê estes sonhos
Repletos de falta de lógica,
Mas que vivo numa realidade
Quase tão real como a "normal",
Que roço o pesadelo constante
Pela lógica excêntrica com que sonho?
Que mente complicada, ou o quê?
Limiares de lucidez?
Portais de uma loucura possível?
Estranho. Tantas vezes estranho
Pela semelhança repetitiva,
Pelo alívio de um acordar aflito,
Por um minuto que ainda consigo
Coordenar o que sonho e,
A memória palpável desaparece.
Subconsciente impregnado
De deja vus adiados por interminável
Tempo ou apenas alimento necessário
A uma inconsciência crescente e complexa?
É como estar à beira mar
Agarrar uma mão de água que não agarro,
Agarrar uma mão de areia fina
Que teima em fugir até ao pequeno resto.
Sólidos, líquidos e pensamentos.
Tudo foge por dentro e fora do corpo.
Afinal somos um computador avançadíssimo,
Com enormes falhas por definir.



24JANEIRO2016


PALAVRAS SIMPLES





Palavras simples,
Descomplicadas ,
É o que vejo pela janela.
Um hotel,
Um mar vivo,
Rebelde e indiferente,
Fala como eu,
Sem destinatário.
Enrola o final da maré,
A ultima onda do oceano
A praia final,
Onde cala o grito.
Palavras são como o mar.
Seguem-se umas às outras
Como as ondas, tantas vezes
Sem regras nem nexo
Imposto ou desnecessário.
São livres, o mar é livre,
Potente, inconstante,
Imprevisível, mas controlável.
Por vezes, controlável
Até que a força indomável
Não pare as ondas, as palavras
E a destruição seja inevitável.
Hoje o poder é enorme,
Marés vivas, palavras soltas,
Uma harmonia invejável.
É a calma da alma,
Da minha, dos elementos,
Do que penso, sem previsão
De qualquer final.
Palavras sem nexo dão nisto,
Como as ondas, sem destino
Nem margem certa de rebentação.
Para quê fugir à imprevisibilidade?


24JANEIRO2016

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

ACABEI DE MUDAR O TEMPO!




O amanhã, porquê?
E se não me apetecer esperar?
Quero o amanhã agora.
Agora mesmo!
Não quero adiar o presente
Muito menos esperar o futuro.
Nem preciso pensar demasiado
Para criar o meu Tempo.
Tenho o mar e o céu,
O oxigénio e o sangue.
Tudo embaraçado neste momento.
Não espero! Recuso a espera.
Quero que o amanhã seja ontem,
Que o próximo ano, passou
Há cinco anos atrás.
Nada é difícil.
Posso dizê-lo a cantar,
Posso ficar calado,
Mas quero o meu Tempo.
Adaptem-se, ou não,
Mudem os ponteiros analógicos,
Respeitem o meu peito,
Porque o que lá bate, é meu!
Que boa sensação esta,
Acabei de mudar o Tempo.
Quero a medalha e a noite.
Quero a sombra e o Sol,
Porque conquistei o Universo!
Delicioso!

20JANEIRO2016

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

ATÉ AO PRÓXIMO ABRAÇO





Vou-me deitar.
O sorriso vai permanecer,
Apesar deste Mundo tão injusto.
Quero amar quem me ama,
Pensar e sentir um raro egoísmo,
Neste exacto momento,
Direccionado a quem faz parte
Deste meu próprio pequeno mundo.
Não quero, nem preciso retorno,
Quando sinto que faço parte.
A saudade e o amor, são efeitos
Da mais pura essência sensorial.
Amizade!
Isto não é hino nem lamecha,
Nem tão pouco, carência disfarçada.
É um momento soberbo,
Pelo orgulho de mim próprio
Na imaterial saudade do abraço.
Basta o abraço, o confessor do silêncio
Porque a visão fala, a mente entende
Sem esforço, a sincronia de um "amor"
Que o tempo oferece às pessoas certas.
Não disfarço nada, não tenho de o fazer,
Apenas sinto e, não o quero esconder.
Apenas porque a amizade é, a certeza,
Da mais pura forma de amar,
Com a mais importante entrega.
Reciprocidade!
Reciprocidade é,
A melhor de todas as provas,
Sem exigências, sem retornos obcessivos,
Apenas porque sim. Porque é ser família,
Sem ser a família convencional.
A distância!
Claro que sinto a distância.
Porque é geográfica, mas não emocional.
O abraço, o reencontro, é o silêncio
Que fala sem falar mas, sente-se!
E eu, sinto-vos como ninguém.
Mesmo que esteja longe e calado,
Amo-vos, até ao próximo abraço!


19JANEIRO2016

A MINHA QUOTA PARTE





Ás vezes, sei que posso mudar,
Ou porque tenho opção,
Ou porque é obrigatório,
Mas sempre que mudo,
É sem a sensação de retorno.
É ambíguo o retorno, a mudança,
A fuga ao hábito, à norma, á forma.
Tudo é o que tem de ser,
Mesmo que o que passou a ser,
É-o apenas por opção não obrigatória.
É como ir à igreja, por uma fé
Que existe por frustração efémera,
Como quem vai e acredita na homilia,
No conceito desenvolvido da criação,
De um Deus que é um nome,
Como tantos outros nomes e outros
Tantos Deuses. Mas é preciso acreditar!
Eu também acredito. Mas sou diferente.
Acredito no respeito e nas lições,
Na análise às reacções e convicções
Que não se explicam com objectividade,
Porque a convicção ultrapassa a definição.
Eu defino-me como parte divina,
Porque o divino é individualmente repartido.
E juntam-se os indivíduos, as convicções,
As culturas e religiões, e eis-me, aqui,
Afinal numa humildade quase absolutista
Correndo o risco de que me considerem
Tanta coisa, começando pela "arrogância"
De me sentir afinal, como sendo superior.
Mas sou. Claro que sou superior,
Porque somos todos superiores, basta pensar.
Somos todos Deus. Somos um Templo
Individual e adaptável à humildade pessoal.
Porque sim! Porque ser superior, é ser humilde.
É acreditar que temos o poder, o nosso poder
Como quota parte de outros poderes que achamos
Inatingíveis só porque somos efémeros e, um número.
É aqui que começa o Universo. Em nós,
Nano proporções universais ou cósmicas,
De uma superioridade infinita, sem início definido.
O meu e nosso "problema" existencial,
Não é saber para onde vamos, mas de onde vimos.
Não o que somos, mas porque o somos.
É por tudo isto, e muito mais, que penso
E que concluo, sem saber resultados,
Que sou parte essencial neste grão de pó,
E é assim que vou crescendo, sem saber crescer
E que o que sei, é irrisório, mas quase suficiente,
Porque o Tempo é pouco, e neste pouco,
Sabe-se ou tenta-se chegar o mais perto possível.
De quê? De quem? Pois nunca saberemos,
Pois como as palavras, escreve-se até à exaustão
Sem saber onde acabar ou começar o que não conheço.
Logo, sou eu o meu Deus, até que o "outro"
Me ensine a ultrapassar todas as duvidas!



19JANEIRO2016

domingo, 17 de janeiro de 2016

IRRACIONALIDADE INATA






Acabei por não ligar à escuridão
A partir de uma altura duvidosa,
Pelo lado perfeito da insignificância.
Há um ponto definitivo,
Que por acaso nada define,
Mas que tem um valor real.
Quase puro. Quase inocente.
Não é necessária luz nenhuma,
Para sentir os passos a dar.
O caminho a percorrer é sóbrio
Sem paragens intermitentes
Nem indefinições práticas.
Há uma realidade mesmo discutível,
Que me aproxima da incerteza,
Fundamentada pela injustiça.
A Humanidade é preguiçosa,
Perigosa e desinteressante.
Acabei de ver um miúdo triste,
Com uma inveja imperceptível
Que nem ele se apercebe que existe,
Senão pela diferença injusta de existir.
Vi também, uma outra criança,
Carregada de tudo sem perceber
O mal que lhe faz a fartura
Que apura a insensibilidade.
É natural. É natural este antagonismo,
Pela falta de lógica da vida.
A atitude, é a fórmula certa,
Dirão os fidedignos justos
De uma barriga cheia de probabilidades
Banalizadas pela atitude correcta de outros.
Mas de outros, sim! De outros.
Os praticantes da real benfazeja,
E não os pseudo positivos da moda
Que se auto penalizam, irresponsáveis,
Pela única conquista que conseguem,
Porque fica bem ser "humano".
Apetece-me uns "foda-se" profundos (!),
Uns impropérios radicais,
Que estremeçam a estrutura fictícia
Do que afinal fica bem,
Só porque fica bem...
A fome, o cheiro, a doença e a morte,
Continuam a criar desvios ao caminho,
Que na vida, é de fugir à desgraça real.
Para que servem estes dejectos falsos,
Banais e impuros, só pelo nada da imagem?
Acabei por não ligar à escuridão,
Porque este brilho negro, afecta-me
Por ser pessoa de factos práticos,
Contundente pela verdade,
E tentar relegar a insignificância
À posição imerecida da falsidade.
Tento alcançar um ponto reformador
Porque não consigo retocar esta fotografia
Digitalizada de um falso preto e branco
Apelador de uns bons velhos tempos
Que nunca fizeram parte da realidade.
Somos fracos e irrelevantes no que toca
A uma qualquer tentativa de solidariedade.
A Humanidade está podre e cheira
A um aroma impossível de eliminar.
Deve ser fantástica a proeza animal
Na sua irracionalidade inata.



17JANEIRO2016


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

PARA TI, DAVID BOWIE





Tudo se resume a um final.
Estas partidas proibidas
Na nossa sobriedade
São mais que significativas
Porque nunca esperamos
Um dia venham a acontecer.
Há génios que são imortais
Ainda em vida e, por serem
Génios, nunca os associamos
À vil mortalidade,
À única certeza.
Quando se sente por alguém
Que não passa de um estranho
Conceitual mas tão real,
É desanimadora a natural
Curta duração dos corpos.
É desprezível a falta de futuro
Todo aquele que é garantia
Qualidade "sui generis" e
Inigualável da genialidade.
E Eles existem, os vivos
Que vão morrendo connosco
Como raíz tão mais que forte
Que nem rega é necessária
Para um lugar no infinito.
São eternos estes seres titânicos
Triste é a forma do adeus,
A surpresa, o estalo da notícia,
O frio, sempre frio, um frio gélido
Do vazio que fica no futuro.
O vazio é a criatividade inacabada
Porque a eternidade é garantida;
Desde que os (re)conhecemos
Sentimos a vergonha de imitar
O que é estranho à norma,
O que é difícil de integrar
Numa sociedade de clichés,
Preconceituosa, miserável e,
Vazia. Tão vazia...
Nada é negativo na morte,
Não sendo a falta que faz a vida.
Ninguém morre ao morrer,
A imagem holográfica
A realidade virtual
Permanece no interior
Que criamos a belprazer.
Nunca esquecer o que foi,
O que fica e, o que faremos
Na criatividade da memória.
Ficas vivo DAVID BOWIE (!)
Criador do Olimpo contemporâneo.
Obrigado!
Vamos falando.



11JANEIRO2016
(Para ti, David Bowie)


domingo, 10 de janeiro de 2016

DOCE INTENSIDADE





Estava capaz de destruir tanta coisa ruim
Tanta gente invejosa e impertinente
Capaz de azedar um púcaro de açucar.
Não sou de violência, mas tenho-a
Existe dentro da cabeça, e esperneia
Com força desumana nas minhas palavras.
Se tenho armas, são as minhas palavras.
Nada me desfaz a vontade de sentir,
Como sinto o que me diz alguma coisa.
O meu handicap é a intensidade
Que não controlo por mais que tente.
São coisas do DNA, de um sangue
Que se não puro, é oxigenado pela verdade.
Às vezes penso e torturo-me por ser assim,
Acabo sempre numa vitória virtual
Onde o vencedor é sempre o vencido.
A questão, está em não desistir de nada.
Da vida, do amor, das emoções, de mim!
Sobra-me uma falta de palavras imensa.
Falta-me uma dicção certeira e exacta
Contra os moinhos que já não domino.
Sobra-me o azul, o mar, o firmamento,
A cor transparente do vento, do vidro
Das redomas que me aguentam dentro.
Sobra-me tanto de nada, que me aborreço.
Amanhã, revejo e edito a intensidade.



10JANEIRO2016

VENTOS PASSADOS





Vieram ventos que já não sentia
Quando apenas rever quem não revia
Me faz dar a volta ao Mundo
Sem sair deste meu mesmo sítio.
Não é uma acção giratória natural
Não tem graduação, não tem nada.
Tem lembrança que me traz um sorriso
De velhos estados que tive em criança.
O vento, sempre moribundo, gira à volta
De mim e do mundo, abraçando-me
Em tons de cores que reconheço
De faces que me alimento, e de ti.
Dou várias voltas ao mundo, assim.
Pensando, fechando os olhos,
Deixando a memória implicar
Com o meu esquecimento lento.
É bom rever quem não via,
Num tanto tempo, que esse tempo
Me traz alegria e a inocência perdida.
Que inveja tenho de quem consegue,
Quem conquista e alimenta a vida.
Tenho o planeta girando à minha volta,
Hoje sou eu o centro gravitacional
Oxigenando a Alma acordada e feliz.
É bom rever o tempo,
Renascer num momento, mas
Viver a vida que afinal não vivo.
São momentos como este,
Que sim, que não e que talvez
Me adocem o resto da vida.



10JANEIRO2016

ABRAÇA-ME...





Fingir o calor
Água sólida
Farnel de fome
Pedir socorro.

Deixar andar
Pisar a relva
Fechar os olhos
Sentir o beijo.

Abraçar o ar
Tocar o lago
Ouvir grasnar
Sorriso fechado.

Egoísta de nada
Carente de tudo
Paixão usada
Cheiro a mofo.

Abraça-me...



09JANEIRO2016

A MINHA SIMBOLOGIA (?)






Na minha secretária,
Símbolos que me fazem pensar
Que respeito e procuro razões
Por acreditar que a Vida
Não é só respirar, nascer e morrer,
Tantas coisas em tão pouco tempo.
Tenho a Esfinge de Gizé,
A pirâmide com outros símbolos
Que porventura são necessários (!)
O Pilar do Aprendiz de Hiram.
Simbologia que me faz pensar,
Que me entrega razões de dúvida
Com este paradoxo de resumos
Significados e resultados inacabados.
Tudo é inacabado. Somos inacabados
Nós os ditos mortais, os envólucros
Que carregamos, guardiões de almas,
Geradores de dores desnecessárias.
A dor do corpo é um formato sádico
Da existência humana. Para quê a dor?
Será vingança da dor da alma?
Da dor do amor, da saudade,
De todas as dores escondidas?
Cada vez mais avanço para o final
Como a destruição geral do Mundo
Sem saber ainda, ou nunca, se...
Se... Tantos se's que aumentam
Sempre maior o numero de duvidas
cada vez que se encontra uma certeza.
Haverá certezas? Acho eu que não,
Com a minha ignorância edificada
Por degraus da Sabedoria que quero
E que sei nunca saberei o tudo.
Nunca saberemos tudo. Impossível.
Pensando nisto, chego à dúvida (outra)
Se seria bom chegar ao estado Total.
Seria bom saber Tudo? Não existe!
O Tudo não existe, porque se transforma,
Porque o Tempo é o culpado de Deus,
Criador e destruidor da matéria viva
Palpável e a outra. A que não percebemos,
A que temos dentro do corpo, que não sai,
Que complica o simples, que faz pensar
Tomar decisões e formatar disparates.
É este processo que se resume a símbolos.
É a simbologia que arquiva a concentração
Da informação que se vai decifrando.
Gostava eu de me conhecer, a mim próprio
Perceber o porquê de ser Eu, especulativo
Esquecendo o Ego operativo do corpo.
Qual será o símbolo que me representa?
Um número! Um nome! Impressão digital?
Será que existimos mesmo?
Às vezes penso e quase tenho a certeza
Que não passamos de um jogo complicado
Superior cheio de resultados provocados.
Pode ser que seja loucura, utopia
Ou até pura estupidez. Seja lá o que for,
Fica a dúvida com a certeza dos símbolos!



09JANEIRO2016

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

ECO DE UMA CONVERSA






Não percebo uma palavra do que dizes.
Não és forasteira nem alucinada
Só o momento me turva a visão
Pelas pedras que ensurdecem
E o encanto das raízes por nascer.
Fazes-me pensar no que esqueci
Nas memórias que perdi no arquivo
Que afinal depois de perder a chave
Caiu do topo da moldura do quadro
Naquela parede que detesto.
O espaço é vulgar e desinteressante.
Só o eco de alguma conversa
O poderia animar com boas cores;
Mas não entendo o que dizes
Mesmo olhando-me nos olhos
Que até será comunicação para alguns
Mas que falha e tropeça entre nós.
Só o abraço, longo, silencioso,
Me faz entender o que poderias dizer.
Mas não dizes!



07JANEIRO2016

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

NOTICIÁRIOS






A televisão.
As notícias.
A perplexidade.
A minha
Que só vejo negro
Cada vez que a ligo.
Abuso, Crime, Guerra,
Fome, Doença, Armas,
Bombas, Terror...
Nada!
Tão cheio de nadas
Já é este mundo.
Os resultados,
São a culpa de todos.
É o fim previsto
Em parafernália bruta
Com inteligências retardadas
Por consciências conspurcadas.
Tudo falha,
Tudo falha mesmo!
Só vejo disto.
Fica o futuro?
Para quê o presente?
Então? Para quê tudo isto?
A resposta é o cepticismo
De que tudo se resolve
Que nada nos acerta directamente,
Que sempre haverá concordância.
Eu vejo. Pois vejo a simplicidade
De complicar um paraíso,
Alimentando-o de ódios
Colocados geográficamente
Em lugares certos.
Religião.
Ideologia.
A puta que os pariu a todos!


06JANEIRO2016



segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

ECOS E SONS




Desfolhar a razão,
O som da ambiguidade
Ecoa leve e tímido
Pela minha reacção.
São teclas
Marfim e ébano
e martelos em cordas
tudo metálico
como o som da calma.
Tantos sons.
Não quero avessar
Nada que de hirsuto
Me surpreenda ou fira.
O som da luz
Outro que apuro
Sem eco nem vibração
Inunda toda a paz
Que preciso
Que precisas
Que precisamos
Com a ternura de um toque
Uma pena solta
O veludo da rosa
O sabor do beijo.
Nada afinal é razão
Enquanto fico feliz
Com este resultado.
A vida é hélio
Num balão perdido
Sem final previsível
Senão subir.
As nuvens fazem falta
Porque me abraçam
E me deixam voar!



04JANEIRO2015



domingo, 3 de janeiro de 2016

OUVE-ME...






Dizia-te uma palavra.
Talvez fosse a gosto
Provavelmente incompleta
Mas sincera, com certeza.
Se me olhares
Digo-te uma frase
Completa com certeza
Que sairá do meu peito.
Se me tocares
Terás ouvido o que disse
Sentido o que senti
E dar-me-ás uma palavra.
Talvez a meu gosto
Com certeza incompleta
Que a sinto como sincera.
Podemos aproveitar o mar
O som da água, misturado
Com um cheiro quase erótico
Para estendermos uma toalha
Deixar calar as palavras.
Só os lábios sentem
O calor da linguagem
Que falamos neste momento .
Se fechares os olhos,
Ouve-me...


03JANEIRO2016



sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

BRINDE À FELICIDADE!




Brindo à felicidade!
Brindo a um novo ano
À possível impossibilidade,
À realização do irrealizável,
À justiça do injustificável,
À coragem da inércia,
À transformação,
À metamorfose,
Brindo a um brilho
Que raie em pétalas
Que chovam de um céu violeta
De rosas transformadas em núvens
De pedras que gritem
De corações que galopem
De corpos enlaçados.
Brindo à felicidade!
Brindo a um novo ano
À aventura do comodismo,
À perfeição dos imperfeitos,
À certeza de todas as dúvidas,
À entrega dos silêncios nulos,
À imensidão dos vazios
Brindo a todos os sorrisos
Que me afoguem o desespero
Que me encham de vida
De pequenos nadas que encontro
De alegrias inconformadas
De entrega por falta de um espaço
De querer fugir e ficar.
Brindo à felicidade!
Brindo a um novo ano
Cheio, muito cheio de mim.



01JANEIRO2016

É O TEMPO O CULPADO





Eis a contagem descendente.
O fim seguido de um início.
É o tempo a contar, os grãos de areia
transformados em matemáticas e
mecanismos digitais, analógicos
o que for preciso para que não pare.
É mais um segundo que se torna fino
de tão rápido no encalço de um minuto.
Mas o minuto é crescente, desafiante
não pára até à hora que o segue.
Nasce e cresce a ambição do tempo
porque as horas passam rápidas
até que encham de força um dia.
E nada pára neste frenesim persistente
previsível e impossível de parar.
Por isso se juntam os dias,
os bons e os maus, cheios de horas
numa imensidão de segundos
até que o mês toma forma.
Assim se alimenta a vida,
o fim do mês, as contas, as voltas
e camuflagens associadas ao tempo.
O que é incrível, é que ele não liga
passa porque tem de passar,
não pára porque não pode parar,
transforma e destrói tudo na passagem.
Juntando os meses, lá surgem os anos
que nos selam a forma e as rugas
a maturidade e a maturação.
É um processo que imita a natureza,
afinal, se ainda não esqueceram,
fazemos parte dela. Não a criámos
mas somos peritos em destruí-la.
É o tempo o culpado de tudo.
São estes somatórios fraccionários
medidos à maneira de cada cultura
que fazem que o mundo perca o brilho.
Nós, os inteligentes, inventamos
frases bonitas, novas modas psico
e parapsicológicas de zenificar a vida.
Criamos brilho onde não existe,
Pintamos cores onde as paletas estão vazias
pincelamos telas, onde só o "frame" existe.
Somos isto tudo e, muito melhores
que esse tempo, afinal de tudo.
Temos a capacidade de correr
dentro de um cérebro contra o tal
tique taque imparável. Nadamos
contra a corrente do envelhecimento,
fingindo que cada vez somos mais novos.
É a moda. É a forma triste de mostrar
Que afinal não temos mais nada que sorrisos.
E ficamos em grupos, num cinismo
hipócrita de amizades faz de conta,
tudo porque só assim a vida faz sentido,
ou ainda mais, até só porque sim.
Acho graça a tudo isto, porque não sabem.
Não se apercebem que somos mais que um,
que em cada corpo há gente diferente.
A diferença é receber o tempo,
sem medos nem fingimentos patéticos
de uma idade que já não temos.
Nem por fora, nem por dentro
não somos mais novos por partes.
Envelhecemos no mesmo invólucro
no mesmo pacote com todo
o interior correspondente à imagem.
É isto o tempo. Por isso existimos
porque somos feitos de tempo
porque nascemos do tempo
e é do tempo que vamos acabar.
É assim que acaba mais um ano,
É assim que começa outro,
com outro nome, por acaso numérico,
podendo ser animal, cósmico,
o que vocês quiserem. E vivemos,
vivemos assim, até que o tempo queira.



01JANEIRO2016