Acabei por não ligar à escuridão
A partir de uma altura duvidosa,
Pelo lado perfeito da insignificância.
Há um ponto definitivo,
Que por acaso nada define,
Mas que tem um valor real.
Quase puro. Quase inocente.
Não é necessária luz nenhuma,
Para sentir os passos a dar.
O caminho a percorrer é sóbrio
Sem paragens intermitentes
Nem indefinições práticas.
Há uma realidade mesmo discutível,
Que me aproxima da incerteza,
Fundamentada pela injustiça.
A Humanidade é preguiçosa,
Perigosa e desinteressante.
Acabei de ver um miúdo triste,
Com uma inveja imperceptível
Que nem ele se apercebe que existe,
Senão pela diferença injusta de existir.
Vi também, uma outra criança,
Carregada de tudo sem perceber
O mal que lhe faz a fartura
Que apura a insensibilidade.
É natural. É natural este antagonismo,
Pela falta de lógica da vida.
A atitude, é a fórmula certa,
Dirão os fidedignos justos
De uma barriga cheia de probabilidades
Banalizadas pela atitude correcta de outros.
Mas de outros, sim! De outros.
Os praticantes da real benfazeja,
E não os pseudo positivos da moda
Que se auto penalizam, irresponsáveis,
Pela única conquista que conseguem,
Porque fica bem ser "humano".
Apetece-me uns "foda-se" profundos (!),
Uns impropérios radicais,
Que estremeçam a estrutura fictícia
Do que afinal fica bem,
Só porque fica bem...
A fome, o cheiro, a doença e a morte,
Continuam a criar desvios ao caminho,
Que na vida, é de fugir à desgraça real.
Para que servem estes dejectos falsos,
Banais e impuros, só pelo nada da imagem?
Acabei por não ligar à escuridão,
Porque este brilho negro, afecta-me
Por ser pessoa de factos práticos,
Contundente pela verdade,
E tentar relegar a insignificância
À posição imerecida da falsidade.
Tento alcançar um ponto reformador
Porque não consigo retocar esta fotografia
Digitalizada de um falso preto e branco
Apelador de uns bons velhos tempos
Que nunca fizeram parte da realidade.
Somos fracos e irrelevantes no que toca
A uma qualquer tentativa de solidariedade.
A Humanidade está podre e cheira
A um aroma impossível de eliminar.
Deve ser fantástica a proeza animal
Na sua irracionalidade inata.
17JANEIRO2016
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