segunda-feira, 6 de agosto de 2018

A UNICA PREVISIBILIDADE




Quem pode adivinhar o futuro,
Quando o presente ainda dura?
Hipóteses,
Lógica e probabilidades.
Misturar tudo num "shaker",
Agora sim, prever um resultado.
O sabor estará ausente,
Existindo seria intragável.
Para futurologia, tenho um calendário,
Até porque me faz pensar,
Num futuro talvez previsível,
O que traz indiferença.
Quero mais!
Quero o que sonho, sem rodeios.
A integridade é a comunhão de certezas, e
Uma obrigação não essencial,
Mas de resultado prático premente.
Ser honesto, irreverente, acutilante,
É um conjunto de opções sábias,
Como racionalismo e emotividade.
Ser exigente comigo.
É a única previsibilidade.



06AGOSTO2018


VONTADE DIVINA





Tanta gente passou hoje por mim.
Multidão solitária, separado os indivíduos.
Um por um, grupo por grupo...
Há aquela sensação de mar, se olhar de cima.
Tal como as ondas, revertidas em nuvens,
Fico apático numa incerteza mestra.
O medo, a impulsividade, a coragem,
A cobardia, a falsidade, a urgência,
A previsibilidade, o entusiasmo, o Amor...

As pessoas, são como castelos.
Conquistam-se, são conquistadas,
Defendem-se, atacam, são instintos
Que formam muralhas ao medo.
Se gritar, estridentemente, tudo reage,
Instinto e desilusão. Tudo se move
Tudo se sincroniza involuntariamente.

E segue a vida, caindo muros,
Perdendo batalhas, pequenas e objectivas.
Misturam-se os pagens e os cavaleiros,
Sem torneios identificáveis.
O ondular dos corpos, é inquietante.

Se pudesse falar com a multidão,
Um a um, cara a cara...
Entender cada um, interiorizando
Como sinapses eléctricas
Deste meu cérebro ávido.

Mas não.
Fico pelo que faço amiúde.
Observo.
Olho comportamentos,
Desisto da vontade de ser Deus.

A Humanidade é feita assim.
Os humanos perdem-se sozinhos.


06AGOSTO2018