segunda-feira, 6 de agosto de 2018

VONTADE DIVINA





Tanta gente passou hoje por mim.
Multidão solitária, separado os indivíduos.
Um por um, grupo por grupo...
Há aquela sensação de mar, se olhar de cima.
Tal como as ondas, revertidas em nuvens,
Fico apático numa incerteza mestra.
O medo, a impulsividade, a coragem,
A cobardia, a falsidade, a urgência,
A previsibilidade, o entusiasmo, o Amor...

As pessoas, são como castelos.
Conquistam-se, são conquistadas,
Defendem-se, atacam, são instintos
Que formam muralhas ao medo.
Se gritar, estridentemente, tudo reage,
Instinto e desilusão. Tudo se move
Tudo se sincroniza involuntariamente.

E segue a vida, caindo muros,
Perdendo batalhas, pequenas e objectivas.
Misturam-se os pagens e os cavaleiros,
Sem torneios identificáveis.
O ondular dos corpos, é inquietante.

Se pudesse falar com a multidão,
Um a um, cara a cara...
Entender cada um, interiorizando
Como sinapses eléctricas
Deste meu cérebro ávido.

Mas não.
Fico pelo que faço amiúde.
Observo.
Olho comportamentos,
Desisto da vontade de ser Deus.

A Humanidade é feita assim.
Os humanos perdem-se sozinhos.


06AGOSTO2018 

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