domingo, 27 de janeiro de 2013

LABIRINTO



Uma só chama servia, uma vela.
Fraca, trémula mas determinada.
Estes sonhos estranhos têm algo.
Têm um qualquer significado.
Os minotauros foram extintos,
Sebes debastadas, o fogo e a cinza.
Percebo que nunca sairei daqui.
Esfolo as minhas mãos,
Nas paredes dos meus labirintos.
Uma luz, uma simples luz ao fundo,
Um efeito deslocado da memória.
Uma porta sempre aberta, sempre!
Os passos arrastados do cansaço,
A persistência do tempo que me resta.
Não odeio o labirinto, procuro-o. Acho.
Desafia-me a esperança e o anseio.
Os urros da besta ja não me assustam,
Já não fujo mas petrifico indeciso.
Prefiro as sebes que me arranham,
O sangrar de cicatrizes acorda-me.
E procuro. Procuro sempre a saída.
Se cansado, descanso a um canto,
Concentrado no meu poder da fuga.
Não desisto! Nunca desisto da vida.
A luz ao fundo, não me ilumina,
Serve de ponto de referência. Talvez.
Uma só vela, trémula e envergonhada,
Força-me os olhos entreabertos.
Existe uma saída onde o oxigénio,
Me enche os pulmões de vida.
Sinto o impacto da falta de ar,
O pânico, não me afecta a alma,
Nem a harmonia virgem do respirar.
Uma só chama serve, trémula.
O receio dos labirintos esvai-se,
Aprendi finalmente, que todos
Estes meus labirintos, têm sempre
A justificação de uma saida!

27 JANEIRO 2013


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