quarta-feira, 5 de novembro de 2014

FOLHAS E PELE




Chamem-me romântico,
chamem-me o que quiserem.
Podem até distorcer o adjectivo,
igualando-me a pouco.
Pouco me importa!
Há estes pequenos momentos,
um pequeno recanto,
uma dose boa de silêncio citadino.
Um esquilo hiperactivo,
a dar as ultimas corridas,
em hibernação premeditada.
Às vezes é o que me apetece.
Hibernar da vida, por uns tempos.
Mas há o complemento da Beleza.
Um pouco de felicidade por pitadas,
como um tempero ancestral,
que alimenta e regozija qualquer Alma.
As que sentem a simplicidade!
E é isto. Um pouco de pouco,
que muito me satisfaz o fim do dia.
As folhas de Outono,
os milhentos quadros imagináveis,
enquadrados em hipotéticas molduras,
e o silêncio que os completa.
As folhas são como a nossa pele.
Nelas apenas os tons esmorecem,
competindo com o enrugar do corpo.
Até nisto a natureza é mais bonita.
São momentos estúpidos,
como a estupidez de tantos outros,
noutros lugares, com outros povos,
talvez ainda mais estupidos que eu.
Mas é a cor que me faz e torna vivo.
A que crio, a que vejo, a que fujo,
a que admiro, a que procuro.
Preciso de toda a cor do Mundo.

05NOVEMBRO2014

2 comentários: