Quando me falam em margens,
Fico com esta sensação de limite.
Condicionado a paredes, tão diferentes,
Tão frustrantes como todas as paredes.
Lembro-me do meu quarto, criança,
Sem portas para fugir, sem janelas,
Sem dormir e trémulos risos de medo.
As margens servem para tudo.
Até para a minha fuga, o meu esconderijo,
A minha corrente, onde só eu respiro,
Onde tudo desagua numa catarata abrupta,
Medonhamente linda, sonora e caótica,
É este o rio, onde me liberto e grito. Aqui.
Quando me falam em limites, solto-me.
Sonho todos aos sonhos comprimidos,
Que saltam na vontade de liberdade.
Sou como um rio. Contorno tudo,
Todos os obstáculos, que nem água.
Só uma mulher me deleita,
Me envolve como água e me toca.
Só uma criança me transforma,
Me descobre a Alma e me abençoa.
Quando me faltam as margens,
Fico assim, equilibrado por um milímetro,
Num eterno e agradável, desequilíbrio pessoal.
Nem só as margens me controlam.
Sou como um rio.
Frio e imparável!
22ABRIL2015
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