Talvez a sedução seja um alvo,
Onde a floresta desses cabelos,
Me traz a paz que preciso.
Basta senti-los, nas mãos,
No peito, sentada em mim,
Escorrendo os rios que suamos.
Se a paciência tivesse sabor,
Teria todos os sabores na boca,
Como cheiros dilatadores de narinas,
Que te cheiram e beijam,
Sempre, centímetro a centímetro.
Espera-me. Usa a sedução,
Sabes que bastam pequenas coisas,
Pequenos nadas e tudo se modifica.
Deslizar por ti, é o cheiro a casa,
Subir por ti, é como o bater de asas.
Talvez seja o momento,
Onde a esperança salta,
Voando do ramo mais alto,
Sem me tocar, tão perto de mim,
Que te sinto, como te sinto,
Quando entro em ti.
Não posso falar muito, habituei-me
A perder nos riscos que corro.
Só o silêncio me incomoda,
Quando falas do inabitável deserto.
Amor é tudo, amor é nada.
É deserto seco, escaldante e nefasto.
É chuva, floresta e pântanos
Onde mergulho e, gosto e, me afogo.
É a sedução desta impossibilidade,
O real do incompatível, que me mata.
Quero persistir em ser assim,
Sem ligar à rudez da crítica.
Rude sou eu comigo, porque sei
Que um dia a vida é um deserto,
E os rios secam, sem que os prove
Mesmo que mergulhe neles.
E o mar, tão imenso, que me afoga
A todo o momento que tento,
A cada respirar que desespero,
Quando sugo o ar de um trago.
E cá estamos,
Felizes por ser assim!
29ABRIL2015
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