sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

IMPREVISIBILIDADE



Porque acabo de chegar a casa
Tenho esta sensação  de vazio,
com a permanência dos ecos.
Sinto vontade de gritar,
Alto... Bem alto!
Berrar ao doce da vida,
Porque me falta a pele, sem te ver.
Fica esta fantasia escrita, um desabafo...
Este eco de alma cheia de espaço e,
fico eu aqui, em "alívio" interno,
com expressões de fogo apático.
Há o sadismo da tua imagem (?!)
uma forma incapacitada de mim.
Um resto de tempo que me sobra, é
um relógio dramatizando o sem retorno.
Desvio-me do severo e do ambíguo,
com a precisão do improviso.
Acabo por começar sempre do fim.
Já não atinjo as metas ilustres, utópicas
da determinação de uma atitude fraca.
Quero tudo ao sopro da rapidez;
mas afinal, sinto frio, sem a suavidade
de uma simples tempestade amena,
que me empurraria dos limites,
a uma queda sem termo certo.
O suspiro da chegada e o relaxe,
o esgar compulsivo do abandono,
umas letras e uma chávena quente.
E o som la fora. O assobio elementar,
tão forte que o não entendo
sem a tentação curiosa de o olhar.
E por mais que olhe, não vejo nada.
O espírito absurdo da curiosidade,
é um eco de um som que abafei
de forma instintiva e propositada.
Tenho receio que o controlo que me escape.
O que me sobra no fundo, é este momento,
Qualificar o inqualificável, em mim, ou não.
Um dito desabafo, de peito tenso
em vibrações descontroladas do senso.
Fico vazio depois, pois claro.
Fico liberto, talvez por bom senso,
das desilusões a que fujo permanentemente.
Por isso, o prazer do desterro interno,
é a fechadura enferrujada, que abro
com a alma, como chave dos segredos.
A casa, a chávena e a caneta. Um papel
cheio de larachas manuscritas por mim,
ou por um outro eu, que continuo a ser.
Sabe bem chegar a casa e reatar a confusão,
ao deixar o passado presente, mesmo aqui
ao girar a porta que se fecha, e me isola mais um dia.
Amanhã...
Amanhã quero mais papel em branco.
Quero sujar-me de vida e,
libertar toda a imprevisibilidade.

15 FEVEREIRO 2013


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