segunda-feira, 9 de novembro de 2015

METAMORFOSEADO






Acabei de sonhar acordado.
Olhar para outros, sem os ver,
Não deixa de ser normal, comigo.
Talvez até, uma forma de poder.
A apreciação de comportamentos,
É adivinhar realidades disformes,
Enriquecidas pela diversidade.
O Homem, é fantástico
Quando reage, inato, a estímulos,
Sem pre conceitos, ou recorre
A pensamentos mecanizados.
Eu, sinto-me como um invertebrado,
Onde toda a dureza e estrutura,
Não existem dentro, mas fora do corpo.
Um pouco Kafkiano, sinto-me
Vazio por dentro, sem alma
Como sempre a quis usar,
Mas retraído e encurralado
A uma armadura que me é estranha.
Talvez isso me impeça tanta coisa.
Talvez por isso, não me sinto bem no corpo,
Sem problemas de visual ou imagem,
Mas por me sentir fechado e, preso ao mundo.
É aqui que me desencontro.
É esta tentativa cada vez mais amiúde,
De me libertar de mim próprio,
Que me transforma metafóricamente,
Em tudo aquilo que não sou.
Talvez os outros vejam essa versão,
E por isso se desloquem e calem.
Esta guerra interna, não o é,
Mas é sim, uma obsessividade objectiva
De não perder a loucura salutar,
E ultrapassar o portal,
Perdendo-me no outro lado.
Engraçado.
Acordo cada vez mais com esta vontade,
De chegar aqui e desbravar sem razão,
A ilusão de ser capaz de escrever.
Sai o que sai, por impulso abstrato
Sem querer ser alguém que não sou.
Tenho estas "mortalidades". Efemeridades
Desencontradas com a lógica dos outros.
Neste momento, chega...
Vou sair desta carapaça insectívora,
Porque me incomoda o vazio,
Que não pára de crescer por dentro.



09NOVEMBRO2015

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