Custa-me falar da vida neste momento.
Falar de quê? De quem? Para quem?
Falta-me a noção da realidade,
Coisa que se me abstrai, se não a tiver.
Custa-me a vida, tão cara. Tão cara...
O valor do dinheiro, é surreal,
É a dor que me dói, que me agride a alma,
Quando te deixo o meu canto de vida,
Perdido, sem que tu vejas afinal, o valor.
O valor da vida. Esse destino irrisório
Com que te banhas e te afogas.
É afinal, uma canção de fraco valor.
Essa música que toquei, afinal
Está distorcida e sem refrão possível.
Sei de cor os compassos e as rugas da pele.
Sei de cor o gosto e, o cheiro da tua sombra e,
Quando parar de pensar, será o fim.
E é isso que me apetece mesmo,
Parar de pensar e agir, de olhar sem sorrir,
De ficar e nunca partir. São caprichos.
O apanágio da loucura é tão simples,
Como parecem os traços de um esboço.
O outro lado da Lua, das montanhas,
Do horizonte, é sempre um estado de sombra.
Delineada à realidade que não vejo,
Que posso imaginar e criar a meu gosto.
Até que, um dia, atravesso para esse outro lado,
E me desiludo com o que afinal existe.
A sombra, nunca deixa de ser sombra,
Mesmo com rasgos de luz hipotética,
Casual ou induzida, até por mim.
Quebram-se as dobradiças desta porta velha,
Que deixa de ranger por final anunciado.
Fica uma cruz, onde um cão dorme ao fim do dia,
Onde a saudade não é louca afinal,
Porque só realmente um cão lhe dá o valor real.
Sem nada. Sem absolutamente nada, a não ser amor.
O amor que já só existe, onde deixou de existir.
20NOVEMBRO2015
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