terça-feira, 27 de dezembro de 2016

AS VEIAS DO MEU CORPO





As luzes estão acesas, e lutam,
Enquanto a cera tenta travar
A força de uma vida,
Que brilha, e como elas,
Crepita ao sopro do vento.
Não conheço Igrejas nem Catedrais,
Em quantidade suficiente,
Para que o brilho de todas as velas,
Me traga o milagre que quero.
É esta respiração invulgar,
De um peito quase inseguro,
Que me faz sentir a coragem!
A que queria ter, mas que me falha.
Há aqui algo de  disfuncional.
Há um brilho nos ribeiros
Junto às margens, ainda jovens,
Desde o declinar das nascentes
Que vão conquistando leitos, e
Tornando-me matéria segura.
O brilho é cristalino.
O sabor é puro e simples.
O frio, arrepia-me a pele,
Que acorda um sangue lascivo.
As luzes estão no auge,
E lá ao longe, existem
Pequenos sóis que não existem.
Comungam de prazer,
Ao ter prazer em os sonhar.
Abrir as janelas à vida
É o balanço inverso da morte
Porque ela existe e é o caminho.
Renascer é um somatório
De tantos nascimentos pontuais,
Que me forçam um sorriso,
Sem esforço, sem fingimento,
E me fazem sentir prematuro.
É a minha lista, um dia por dia.
Comprar pequenos nadas,
Imaterialmente esgotados, por aí
Em tantos armazéns de Almas.
Esta nascente, cresce por impulso,
Por gravidade e força de vontade.
Nasce pequena, um fio de água,
Uma veia em terra seca,
Num galgar de léguas,
Até rejuvenescer o mar.
São as veias do meu corpo,
Que aquecem a melancolia.
São os olhos que me dão a vida.
É assim a minha Alma
Que não pára de crescer,
Até que desague,
Onde o Horizonte nasce.



26DEZEMBRO2016

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

TANTO POVO FELIZ





Tanto povo louco
Tanta loucura no povo
Dividido por vários povos.
São aos milhares, na rua
Na compra supérflua da vida.
São presentes, aos vivos
Esquecidos os ausentes
E os mortos queridos.
É a ânsia vivida da fartura,
O olhar meio louco nos olhos
Expressões de fartura
Sorrisos de incredibilidade.
Ve-os aqui, tantos
Os refugiados que se pisam
Sem necessidade actual
Mas pelo instinto passado.
Observar o comportamento
É um pouco alucinante.
Ver a satisfação e felicidade
Com o adquirido existente,
É um contra-senso admirável.
O que o pouco faz ao necessitado,
Que a tantos sabe a quase nada.
São os Mac's e os KFC's
São as lojas básicas de preços dúbios
Que enchem um espaço
Que nunca existiu a tantos que vejo.
Vejo a Felicidade estampada
Na face de milhares.
Vejo a vida ser simples,
Sem encomendas de nada.
Vejo a vida correr,
Com os vícios transpostos,
As securas expressas nos indígenas.
O Homem é um animal xenófobo
Tem uma natureza básica
Que me faz ficar apreensivo.
Por um lado sim, por outro não.
Por um lado a felicidade,
Por outro o sarcasmo do paradoxo.
E as crianças, gritam
Não sabem ser felizes,
Mas adaptam-se maravilhosamente!
Humanidade precisa-se
Onde o Homem precisa de tudo.
Não matem mais crianças!



19DEZEMBRO2016

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

DOU-TE TUDO!






Dou-te tudo!
Hoje dou-te tudo,
Como o todo de todos os dias.
Dou-te o abraço,
Um de tantos abraços.
Dou-te o beijo,
Um dos mais perfeitos beijos.
Dou-te tudo!
Hoje e sempre,
Dou-te tudo!
Se me acusarem
De ser estranho ao que digo,
Ignora.
Perdoa-lhes,
Porque não sabem o que fazem!
Dou tudo!
Dou-te tudo
O que te puder dar.
Dou-te um abraço,
Dou-te um beijo,
Dou-te o amor por inteiro!
Dou-te mais que tudo!
Dou-te tudo!


15DEZEMBRO2016

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

ESCREVER UM SONHO






És tu.
É a minha Lisboa
E tu!
Eu, sonho.
Conduzo eléctricos pela cidade
Embuçado de razões prementes
Pela miragem da liberdade.
Encostado aos Bicos
De um quase Terreiro póstumo
Iluminado por luzes de Natal.
Um arco, que foi de triunfo
Aberto a um público consumista
De todas as alturas
Que não exijam mais
Que um cansaço de pernas.
Multidão colorida
Turismo qualificável
Abertura de um fecho antigo
E o povo...
O povo, que vende um sorriso
Porque ninguém entende a saudade!
Ser de Lisboa, é ser feliz.
Temos tudo.
Temos tudo, porra!
Somos tão felizes.
Não somos?!
Temos a luz da manhã,
Do entardecer,
Do crepúsculo.
Os fotógrafos e cineastas,
Os poetas e os idolatrados.
Os iluminados,
Que vêm a mesma merda que eu vejo
Nos miradouros e, à beira da morte.
A falta de senso,
Comum e de todos os senso.
A hipocrisia dos snobs;
Os que reconhecem disfarçados,
Os que o são sem saberem
Os que sabem e escondem o que são.
Está tudo nesta cidade.
Enquanto sonho,
E conduzo este eléctrico,
Imaginário,
As sombras são translúcidas,
E a cor difere de pessoa para pessoa.
Não me enganam as Almas.
Os corpos são fracos, altruístas
Presunçosos e falsos.
Olham-me ao canto do olho,
Com um sorriso plastificado.
O sol nasce e,
Ofusca-me o sonho.
O eléctrico desaparece,
E eu, depois de tudo isto,
Escrevo-o...



13DEZEMBRO2016

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

HIPÉRBOLE DANADA




Hoje outro dia que tal;
Amanhã Natal,
Depois Carnaval.
É um verso comum,
Num verbo diferente.
É banal,
Coisa e tal,
Bananal.
Hipérbole danada,
Matemática frouxa,
Esquema engraçado.
Bonitas esculturas,
Metais e arames,
Cerâmicas e estames.
Fátimas...
Belém.
Eu sei!
Sei que é bonito.
Sei que é fortuito,
Porque sei que sim!
Sei mesmo que sim!
Que o não é,
Assim,
Gratuito e áspero.
É falso,
E bonito,
E risonho.
É um sonho.
Valha-me Deus por isso!
É giro,
Talvez um abraço?
Sim!



12DEZEMBRO2016

domingo, 11 de dezembro de 2016

APAGAR A CHAMA






Tenho um nó apertado
No discernimento diário.
Afastam-me da felicidade!
Não entendo...
Tenho esta adversidade
A tanta coisa evitável.
O cérebro comprime
A minha naturalidade.
Ser simples é complicadíssimo.
Não vou a lado nenhum assim,
Prendo-me a subterfúgios
Que me agarram sem lógica alguma.
Claro que reajo!
Esperneio e, rasgo e, desapareço
Mas será tarde reacender a chama
Quando ela se me apaga.
Preciso de combustão,
Oxigénio constante e abraços.
Preciso do beijo que queima
Das mãos que fervem o sangue
O sexo que me liberta a alma.
Quero viver liberto,
Sem esta pressão inóqua.
Vou viver liberto,
Porque me sei libertar!
Se quero?
Não sei, mas o nó será desfeito
E saberei!
Viver a vida!
É preciso viver a vida,
É aí que não tenho travão!



11DEZEMBRO2016

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

QUERO BEIJAR AS LÁGRIMAS





Encostei-me à parede
Vazia, nun quarto vazio
Branca, num quarto branco
Numa casa branca,
Por fora e por dentro.
Não é tristeza,
É um abraço a mim mesmo
Numa tela de cimento
Vazia por fora e por dentro.
O fechar de olhos,
É como o vento.
A sensação é de voo
Sem sair do sítio
Apesar de sentir o corpo solto
E eu sair de mim próprio.
Sentir-me velame,
Num mastro enorme
Bolinando na vida
Com o amor agarrado a mim,
Como as raízes se agarram ao chão.
Este estado, inerte mas imparável,
Não é casual, tem uma razão de ser.
É a amargura das crianças
Que absorvo como mata borrão
De tintas perdidas e soltas
De sobras de nada e de coisa nenhuma.
Quero agarrar a vida, de todas elas
Porque as choro todos os santos dias.
E os santos não ligam. Pregam, falam
Apelam e recomendam, mas... nada!
Quero beijar as lágrimas
Que se soltam inocentes
Sem saberem o que é alegria
Sem perceber que o sorriso
É a fortuna da vida.
E ao vê-las sorrir, sorrio
Como se ganha-se o prémio maior
De todas as lotarias juntas.
Queria ser Deus, uma vez por outra
Para além de mim, do meu Deus
Um Omnipresente a todas as crianças.
Quero vê-las felizes, porque ser criança
É ser Adulto, amanhã, e todos os dias.
Queria tanta coisa, e quero tanta coisa,
Que toco a felicidade aqui,
Porque escrevendo, consigo tudo...
Neste meu lado menos escuro.
São as consequências se ser Eu,
Porque nunca deixarei de ser criança!
Agora, abri os olhos,
Desabracei-me desta parede branca
E senti um arco iris rápido
Acomodar-se na minha Alma,
Como que se tudo o que escrevi aqui,
Não passe de um sonho repetido
Com a pequeníssima diferença
De se ter transformado em realidade.
Meu Deus,
Como queria ser a criança que não fui
E sentir as cores deste arco íris...



09DEZEMBRO2016

domingo, 27 de novembro de 2016

NO TOPO DAS NUVENS

Apetece-me o abraço.
A convergência dos braços,
O aperto dos dedos,
O cheiro, o tacto...
Apetece-me tanto!
A fuga do processo,
De todos os processos estranhos.
É fácil pensar na felicidade.
É tê-la, vivê-la, é tudo...
Apetece-me viver agora,
Com este aperto no peito e,
Descolar sozinho, do corpo
Que me prende a este mundo.
Ver-me...
Vejo-me ao longe,
De cima,
No topo das nuvens,
Onde já nem elas se falam.
A convergência dos sentidos,
A paixão,
Por tudo e por nada,
De tudo,
Dos amantes,
Da interminável paz que preciso.
És tu, de quem sinto falta.
Do abraço, do beijo,
Do toque, do cheiro,
Da pele suada e colada,
Do amor!!!!!!
É fácil pensar na felicidade,
Basta apetecer-me o teu abraço!          



27NOVEMBRO2017  

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

ESTA HORA





É a esta hora,
Entre o crepúsculo e
A aurora
Que me encontro.
Lá fora
O cinzento é cor
Que não entristece.
Os azuis,
São linhas de horizontes
Que se beijam
Sem pudor.
Tenho calor
No meio deste frio exterior.
É agora
A esta hora,
Que cresce a saudade.
Talvez a idade
Seja culpada;
Revejo-me no que tenho
Que é quase nada,
Comparando a paixão.
É a esta hora,
Que fecho os olhos
E te encontro
Tão perto na distância.
É a esta hora,
Que te amo mais!



23NOVEMBRO2016


FELICIDADE, ÉS TU!





Felicidade é pouco
Directa proporção
Ao meu estado de espírito.
Há paz por momentos
Neste encontro de papel.
Há um receio permanente
No primeiro toque
Em todas as folhas que escrevo
Como se fossem o corpo
Que acabei de desnudar e,
Toco com a gentileza forte
Do desejo que me possui.
Felicidade é tanto
Quando me entrego assim,
Sem pensar onde começo.
O toque é um beijo
Antecipador de muitos
Que vão encher este corpo
Tão branco como a minha pele.
Amar é ser assim,
É seguir a sensação sem olhar
Sabendo que ao fechar os olhos
Vou abrir as janelas da Alma.
Amar é ser assim,
Sem premunição ou fastio
É impulso incontrolável
Que adoro por ser isso mesmo!
Tens um cheiro que não sinto
Que cheiro por instinto
E me eleva ao alto da madrugada.
Quero-te por tudo e por nada,
A toda a hora que possa,
Que me oiças e fales
E nada nos impeça.
Felicidade é pouco
E é tanto como os minutos
Que passam e, acumulam
Sem sentir a palavra Tempo.
Felicidade, és tu!


23NOVEMBRO2016

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

REDOMA REPARTIDA




A casa está sedenta
De portas rombas,
Secas de séculos.
Dobradiças podres e
Puxadores com tinta gasta.
A pátina adoçou
Os anos apetitosos e
Gastos, rejuvenescidos
Num exclusivo admirável.
A imagem, a bela imagem
Natural e duradoura
Como a vida imortalizada.
Há portadas caídas
A cada parede ao Sol.
É a acção do ar
Que respiro, mas mata.
Há uma infecção virtual
No ondulado calor
Que a luz contamina.
Tenho a cura dentro
De mim. Um centro
Circulando o meu ponto
De existência divina.
O Deus que sou
Que todos temos
E vemos sem ver.
A casa mora vazia,
De paredes esfaceladas e
Quadros podres
De cores pálidas.
Molduras desfeitas
Num chão repleto,
Estantes de aranhas
Nas teias que as suportam,
No ocre a cor da tinta
Reflectida em veios de luz,
Penetrante das portadas
Que ainda vivem.
O som das roldanas é cruel,
Velho e demoníaco,
Metálico sem polimento.
A casa é a pele
Que as rugas assentam.
A escultura mal conservada
Que me separa
De um interior por conhecer
E um Mundo desfeito.
O meu telhado vitrificou
Numa redoma repartida
Entre a transparência
E a opacidade da vida.
Sou eu.
Bairro, prédio, casa,
Sala, mordomia vazia.
Reduzido ao tempo que resta.


21NOVEMBRO2016


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

DESCULPA-ME





Estou tão longe.

Estamos tão perto
um do outro.
Invisível seria
este cordão umbilical
não fosse, sentir-te.

Estou tão longe.

Desculpa-me
quero tanto que me desculpes!

Estou tão perto.
Estamos perto
quando fecho os olhos.
O teu cheiro
é o meu cheiro
e será eterno.

Estou tão longe.

Desculpa-me minha mãe!



16NOVEMBRO2016

terça-feira, 8 de novembro de 2016

FECHAR OS OLHOS






Azul.
Perfeição
Céu e mar.
Desligar a corrente
Cortar elos.
Viajar
Tem a fase da vida.
Perdição
Purgatório de incertezas,
Um desnível acidental.
Areia fina,
Praia, deserto
Tempestade.
Impossibilidade de fuga.
Ser-se eu
É ser-se assim.
Ninguém,
Não há ninguém
Feliz.
Felicidade
Pontos de encontro
Fechar os olhos
E ver!
É simples,
É muito simples
Fechar os olhos.




08NOVEMBRO2016

CONHECER-ME




Conheço-me
No silencio,
Em metamorfose.
Transformação
Diluída em períodos
Internos.
Expressão própria,
De outras expressões.
Silenciosa
Comigo e os Eus.
Conhecer-me
É pouco público
Não o sendo
Como quero,
É o que quero!
Estou ocupado...
Dói-me o corpo
Desta cadeira
Giratória.
Dói-me a Alma
Pelo Outono.
Os pássaros migram
E nem os oiço
Ou vejo.
Voo eu
Sozinho
Em silêncio!



08NOVEMBRO2016

domingo, 6 de novembro de 2016

TREMER DE TERRA




Tremeu a terra
Sob os meus pés
Sem saber.
É o estranho
O que importa
Que imortaliza.
É a sensação
Que sinto
Que passa
Que fica.
Não foi a terra
Que tremeu
Fui eu.


06NOVEMBRO2016

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

GEOMETRIA PERSONIFICADA





Se ser é o que sei
Sonho como nunca sonhei
Sem a avareza do pouco
Porque o tanto e o tudo
É o somatório do nada.
A simplicidade é dorida
Por uma de tantas dores
Que escolhidas, são tempero
Numa tijela partida
De faiança fina
Que greta por greta
Nada agarra. Partida.
Ida, escorreita
Sem prazeres desfeita
Corrosiva
De pena que se me dá
Na alegria do sorriso desfeito.
Antiguidade genuína
Valor perdido pelo defeito
Um dia primo, agora sem jeito.
Ardi na argila,
As quantidades eucalípticas
De basa incandescente.
Barro moldado de lucidez
Porcelana imitada
De um continente que não existe.
Existo eu,
Dentro do círculo
Permanente, por goemancia
E geometria personificada
O resto do que seja...
Espero que sim
Que não seja talvez
Porque só ao ser eu entendo
Sendo
O que o ser
É!



01NOVEMBRO2016

terça-feira, 1 de novembro de 2016

DESCONFIGURADO






Porque vou.
A finalidade.
A figuração de uma figura inacabada.
O fim do dia.
De fio a pavio.
Do carvão cru, à cinza fria.
O tudo e o nada.
O que quero e não importa.
Porque vou.
Porque o fim do dia chegou.
Cá fora.
Lá fora.
Aqui dentro.
Por dentro de algo que tenho de fora.
A pele.
O invólucro.
A inocência depravada.
O fingimento que não acanho e não tenho.
Porque vou.
Gritam.
Choram e gemem.
Porque vais?
Porque sim.
Talvez.
Não sei.
Vou.
E então?
Desconfigurado.
Descodificado.
Desfigurado.
Desinibido.
Ido...
Porque vou.
Mas fico!


01NOVEMBRO2016

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

CINZAS



Desligar a corrente
Que vejo à minha frente
Mas não posso.
É o mar
Que alimenta outras correntes
Delimitadas e alternadas
Com prejuízo e sortilégio
Mas amadas.
Devasto princípio
De uma filosofia agreste
Que se veste
De conceitos inacabados.
São todos, os conceitos.
Inacabados
Desamados
Desgarrados
Bravos e inocentes.
O mar é fonte
Corrente quente
Brava e desleal,
De fio a pavio, um
Furacão integral
A consolidação das Almas.
É o poiso das cinzas.
Onde quero as minhas.
Depois do corpo
De onde vim
Onde quero ficar.
Sabeis agora!
Se for que seja,
Que se me veja
Assim
No mar.
Depois de vivo
Entrego-me
Ao (re)nascimento.



27OUTUBRO2016

IMPOSIÇÃO PRÓPRIA





Tenho esta revelia a lugares
Pouco comuns, transparentes;
Tanto como a irreverência.
Esta posologia que não me trata
Nem do corpo nem da alma
Deixa um rastro de maresia
Que cheiro nos recantos
De todas as rochas que falam de mim.
Ou comigo. Ou para mim.
Mas sei que falam, porque não sou doido
E falo com elas, eu, o dito cujo
Que é estranho consigo próprio.
Não me digam que estou louco
Agradecia a pés juntos, e falho nisso.
Estou exaltado pela incompetência
Que me acalma a minha capacidade
De uma forma tão estranha... Meu Deus.
De uma forma tão estranha!
Resolvo a vida, no declínio da razão
A que tenho e existe sempre
Mas que o corpo insiste em alterar
Injusto como os justos o sã; às vezes.
Diria que a hereditariedade é cruel.
A lógica da representação subsequente
Não tem qualquer lógica se sentir o que sinto.
É tudo simbólico, é tudo subconsciente
É tudo estranho, como a vida não deixa de ser.
Tenhamos nós a capacidade da vida,
Tenhamos nós o poder da manipulação cega
De um imaginário criado à conta de imagens
Que imaginamos serem reais. Mas não são.
Quero ser livre, por imposição própria
Pela apologia da Sabedoria
Ultrapassando o miserável desperdiçar consciente
De saber e querer viver a Vida.
Quero tudo, porque não tenho nada.
Não quero nada, porque tenho tudo.
O Não e o Sim, nesta panaceia do talvez.
Tenho o sangue diminuto,
Com a obrigatoriedade de um circuito rotineiro.
Tenho o coração desfeito,
Pela imposição de tempo e do sangue imposto.
Tenho a memória viva,
Porque a revejo a cada fechar de olhos.
O sonho começa a ser cruel, por quantidades industriais
De formas e formatos desformatados que me atacam.
E EU?
Onde estou Eu, no meio de mim?
Quem sou EU?
Quero mar.
Quero ar, fogo e água.
Quero estar no meu elemento natural.
Um ponto simples, no meio do meu EGO.
Ser EU.
Sim
Quero ser EU
(finalmente).


27OUTUBRO2016

domingo, 16 de outubro de 2016

PODES FICAR AQUI







Sabes
Podes ficar aqui
No meu lado usado
Do meu corpo gasto
Escolhe
Prefere o que seja
Abraça-me
A música dá-me algo
Com ritmo e sensibilidade
Como tu
Vive
Abraça-me mais uma vez
E todas as vezes que queiras
Mas abraça-me
Quando o fazes
Soa o eco da música
O eco das árvores
Dos rios
Das asas das aves
É o eco
São os ecos
Todos
Todos juntos
Sabes
É assim que te sinto
Junto ou longe
Mas sempre!


16OUTUBRO2016

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

CONSTELAÇÃO DO EU





Talvez a prioridade morra.
Talvez tenha sido ilusão.
É o poder dos sonhos!
Os dias são um esforço
Quando o calendário emperra
Sem que os dias dêem agrado
Ocupem um espaço certo
Ou mesmo idealizado.
Mas não.
Nunca corre certo.
Não que não saiba bem,
Às vezes até posso dizer que sim.
Às vezes...
Quando me deito na relva,
À noite isolado de companhias,
É meu próprio solsticio
Que vai acontecendo
Enquanto o horizonte se move
E eu adormeço
E acordo num lado diferente do céu.
O meu lugar é o mesmo,
Segura-me a Terra
Com a gravidade que detesto.
Tomara ser estrela!
Começava por aí.
Talvez um dia, assim
Nos confins da imaginação,
Consiga chegar a constelação
Para ter o poder maior
De me admirar a mim próprio
Porque me amo!
(Lá, onde as estrelas vivem!)



05OUTUBRO2016


O (A)MAR





O cheiro que paira no ar,
É delicadeza acreditada
Por um Eu que estima o mar.
Acrescento valor concreto
Ao mar
Porque o amo!
É o (a)mar que invejo
Quando me falta.
É a saudade solidária
Como as folhas das árvores
Dos arbustos e plantas
Quando o vento as separa.
Este cheiro a mar,
É como um caule enraizado
De forma profunda
Com a força de todas as vidas.
Tudo tem vida.
Tudo do que aqui falo, tem vida.
Até eu, e Eu e mais alguém.
Não é o cheiro que se movimenta,
Porque o corpo enruga
Com o proveito de tantas marés.
É o tacto que me reflete
Quando toco o aroma,
Quando absorvo a essência
Que me arrepia o desejo.
É o mar.
Sim, é o mar.
Foi no mar que a vida foi,
E é, e irá ser. É assim.
Tudo se transforma,
Sem morrer na alma do Tempo.
E eu, como tu,
Ficamos juntos,
Com o cheiro
A um toque,
E (a)mar.



05OUTUBRO2016

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

SÓ A SIM





Só a sim,
Me descomprimo,
Porque sou leve
Como as penas.
É o não,
Que me condena
Pelo peso,
A minha razão.
É o Sol,
Que me sorri,
Porque o sinto ar
Que me aperta
O peito,
Sem o respirar.
É a Lua,
Que me beija,
Nas sombras de prata
Que só a noite entende
E me arrepia a pele.
Só tu,
Sabes tudo
O que digo,
O que sinto.
Até aqui, 
Do que falo.



30SETEMBRO2016

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

O OUTRO LADO DA LUA







Dizer-te que sim.
É imaturo,
Sem a ruga simples.
Alvo fácil
De um Sol nascente;
Preferia a Poente.
Eu,
Sou gente.
Digo-te que sim.

É prematura,
A cera nas velas,
As igrejas e tabernas.
Um mundo.
É vinho e sangue,
E Fé até.

Sou Eu que sim,
O que tantas vezes nega,
Que não apregoa.
Nada!
Dizer que sim,
É como um nada.

Depois de outro tanto,
Um talvez,
Sem apurar a sombra,
A minha sombra,
Rebelde e surrealista.
Distorcido por tudo,
Todos os lados
Menos o chão.

Onde toco,
Onde ando ou corro,
Não se vê.
Não me vêem,
Não me vejo,
A sombra é lateral,
Oblíqua ou vertical.

Do espelho,
Só a moldura...

Pode ser horizonte,
Mas não horizontal.
Dizer-te que sim,
É o outro lado da Lua.


22SETEMBRO2016

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

iMUNDO




Mundo louco.
(oiço o Gary Jules)
Mundo.
Mundo triste.
Mundo.
Mundo velho.
Mundo.
Mundo verde.
Mundo.
Mundo perdido.
iMundo.
Mundo e guerra.
Mundo.
Mundo e Paz.
Mundo.
Mundo terra.
Mundo.
Mundo doente.
Mundo.
iMundo Homem.
Mundo.
Mundo azul.
Mundo.
Mundo e Amor.
Mundo.
Mundo meu.
Mundo vosso.
iMundos.



21SETEMBRO2016

O OUTRO LADO DO SOL

Cruel a noite.
Abusa da minha paciência.
Desculpas fáceis
Que me fazem sentir cansado.
Um peso enorme
Que as pálpebras carregam
Sem vontade expressa em lutar
Mas derrotadas pela insónia.
Posso entregar-me à escuridão
Castigando a frustração
Que nada resolve. É ser nada.
Custa-me acreditar que
O sono seja tão necessário
É um dogma de todos os corpos
Que a justiça do sonho trai.
Doem-me os olhos.
As janelas de uma alma
Que precisa de trabalhar em silêncio.
Mas quando o silêncio abusa
Por persistência mal vinda,
É como estar nas terras do Sol
Sem noites naturais
Tapando as janelas do quarto
Com um já enorme desespero
Pela sombra, por um pouco de escuridão provocada que me adormeça.
É noite cerrada,
Mas sinto-me do outro lado do Sol.

21SETEMBRO2016

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

REFLEXO FRÁGIL





A imagem.
Reflexo frágil,
Invisível à distância
De um espelho.
É entrar,
Sentir o portal
Gelatinosa sensação
De um novo Mundo.
O lado de lá.
O lado de cá.
A imagem.
O toque receoso,
A incredibilidade frágil,
Inacreditável fragilidade.
Tudo é frágil
Em ambos os lados.
O que está em cima,
Como o que está em baixo.
Tudo é frágil!
Não sinto redomas
Que me apertem a mente.
Sou subsequente à inércia,
Apesar de sedentário
Aqui.
A Harpa soa
Ecoa ao hastear a Alma.
O baloiço está a meio,
Embalo
Nos dois lados.
No lado de lá e,
No lado de cá.
Consolo é o resultado
De ser ambíguo,
Claro e exato
Comigo.
A imagem,
A imagem não existe.
O espelho
Não me reflete.
Será prosaico
Saber que existo
Se existo, ou não...


16SETEMBRO2016



DESCALÇO





Penso tanto!
Pensar, penso sim,
De uma forma estranha,
Talvez; sim.

E descalço-me.

O que me absorve
É o contacto da pele
Com a frieza cruel, ou não
Das pedras que piso,
Do pó que espalho,
Da chuva que chapinho...
De, de, de,
De tanta coisa.

Penso tanto que
A realidade às vezes me escapa.
Transforma-se à velocidade da luz.
É aí que eu corro,
Contra o vento, bolinando
Todo este corpo,
Sem esforço...
Sem perceber que
Afinal sou veloz.

Pensar descalço,
É alucinar uma certa hora,
É quando me olham de lado
Sem certeza se é a sério
Se é a tal estranheza
Que me sai pela boca
Ou calado,
Pelos olhos,
Ou concentrado,
Pelos dedos.

Pensar é um vício,
Já não penso
O que me faz pensar.
Há alturas certas de o fazer.

Não tenho de pensar,
Que mais tarde,
Vou ter de pensar
Nisto. Ou nisso.
Ou até naquilo...

Leio o que os outros pensam,
Até porque ouvi-los, transtorna.
Os que já estão mortos,
Os poetas,
São os únicos com quem falo
Sem me enfadar com arrogâncias.

São sinceros,
Adoro ficar sentado
A ouvir-me ler a sinceridade.
A sentir as sombras materializar
No meu subconsciente.

Sentir a felicidade, é consciência.

Preciso de pensar.
Penso muito!
Penso tanto!
Não sei se é bom pensar
Mas sei que gosto, porque penso.

Os motivos, a razão, a pessoa,
É a parte variante opcional
Que não me faz pensar tanto.
Não páro aqui,
Apesar de ter de sair,
Porque vou até um qualquer lugar.
Um poiso à beira mar, onde possa
Pensar em tudo o que penso,

Descalço...



16SETEMBRO2016

sábado, 10 de setembro de 2016

UM MOMENTO SÓ




Podias passar por mim,
Sentado talvez,
Num banco de qualquer jardim
Enquanto leio este livro.
Daria por ti, sem te ver.
Deixas um perfume,
Um sopro de vento,
Que passa dentro de mim.
Só Vénus me sabe dizer,
A fertilidade da tua beleza,
Que me aquece o sangue.
Só Eros me sabe dizer,
O quanto te desejo,
Por querer amar-te;
Com sexo.
É assim que,
Ao virar desta página,
Absorvo o teu corpo,
Inalo o teu cheiro
Fechando os olhos
Saboreando-te.
Amo-te!
Neste momento de memória.



10SETEMBRO2016


sexta-feira, 9 de setembro de 2016

PARAFERNÁLEA AUTISTA






Tenho esta varanda,
(espaço extra do betão)
Para imaginar.
É de noite que se sente,
É de noite que se criam as cores
De um dia passado sem atenções.
Rewind humano.
No escuro confortável,
Os neons de outras paredes.
Publicidade que não dorme.
Até o som da rua oiço,
Neste silêncio quase total.
Som do dia,
Multidão confrangedora,
Hipócrita e egoísta.
Empurrões, gritos
Telemóveis, carros,
Autocarros, motos.
Parafernália autista,
Demasiado tudo!
Tanto o que aqui vai,
Dentro de mim,
Que eu dê por isso.
E o resto?
É esse resto que quero!
Um dia, é isso...
É isso tudo, o que me assusta.


08SETEMBRO2016

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

SERENATA PARA CORDAS






Serenata !
Altos
Baixos,
Pináculos de sons,
Chuva de cordas
Obués,
Percussão,
Silvos de flautas
Agudos
Agudíssimos,
A calma,
Arpas,
Arcos de crinas,
Violinos,
Cellos,
Violoncellos.
Louco
EU
Altíssimo
Absorção
Intensidades
Paixão
Descompressão
Anormalidades.
Aiiiiiiiii,
Tudo junto.
Alto,
Altíssimo!
Crescendos.
Finale.
A Pausa...
BRAVO


08SETEMBRO


PINTAR-ME





Fechado
Guardado
Revoltado
Intenso
Agreste
Cruel
Sensível
Sentimento
Amor
Ternura
Pastel
Óleo
Pigmentos
Loucura
Esponjas
Espátula
Pincéis
Tela
EU.


08SETEMBRO2016


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O CÉU E O MAR




O crepúsculo é extraordinário!
Celebrar a natureza como a admiro,
É um lugar marcado no resto do Tempo.
Há um promontório, escarpa, o que for
Onde me sinto alto, como os Homens são!
Alto de grandeza assumida, por vezes...
O grasnar das aves, é o exemplo divino;
O acordar numa vida, cheia de vidas diferentes.
O vento. Ó o vento que esvoaça o cabelo
E arrefece a face, uma mistura energética
Entre calor e frio que a pele ama.
O Sol não descansa. Nem a Alma!
Temos essa ilusão infantil das estórias
De uns avós que se deram ao trabalho
De acarinhar e encaminhar o futuro.
O azul, é a mistura gasosa e líquida
Lá bem ao fundo até onde os olhos vêm.
O Céu e o MAr.  E Eu e, os Eus.
Somatório fino e arrumado de deslumbre.
Nada como a minha mente disturbada.
É o momento! É este momento.
É como estar onde escrevo,
É este o valor de me transportar acordado.


07SETEMBRO2016

QUATRO CANTOS





Quatro cantos,
Por cada pedra de calçada.
Quatro cantos,
Onde a semente germina.
Quatro cantos,
De uma música erudita.
Quatro cantos,
Do quarto onde me escondia.
Quatro cantos,
À volta do Mundo.
Quatro cantos,
Que tem esta folha.
Quatro cantos,
Tem a tua doçura.
Quatro cantos,
De um corpo que adoro.
Quatro cantos,
Têm os membros imóveis.
Quatro cantos,
Tem a fé de uma vida feliz.
Quatro cantos,
Dos dez cantos dos "Lusíadas".
Quatro cantos,
Preparando o meu Quinto Império!
Quatro cantos,
Formam a minha morada.


07SETEMBRO2016

terça-feira, 6 de setembro de 2016

VICTORIANA






Este cheiro lamacento
É pouco dignificante.
Incómodo e nojento,
Como se tivesse regredido
Até ao Século XVIII.
Junta-se o breu e a névoa.
Cinzas claros e escuros,
Com sons de cascos
Escorregando no basalto
Que acompanha as caleches.
Vejo luzes fuscas
Que o nevoeiro eleva
A um calafrio fantasmagórico,
Mas agradável de ver.
O eco mole e lento do rio,
É onde se escondem
Os salafrários fugidos à grei
Por leis que não os reconhecem.
Assobios de sinetas de polícia,
Sons de correrias perseguidas
Nos cantos mais nojentos
De uma cidade velha.
Portas que rangem de peso,
Na madeira grossa de séculos,
Cuspindo os bêbados da noite.
Já é hora de recomeçar o dia.
Quem iluminou o gás comum,
Encarrega-se de o apagar.
Porra de vida ritualizada
A rituais ignóbeis e vazios.
As cartolas recomeçam o dia,
Nos passeios húmidos da noite,
Levantando o restolho da névoa
Com capas opulentas de virtuosidade,
E a correria desajeitada das polainas.
Um violino vibra nas crinas
De um arco cansado dos anos.
Cheira a cachimbos de pedra,
Mistura de tabacos asquerosos
E chinesices indesejáveis.
É engraçado, como vejo eu isto,
Encostado a um Thames
Que me conta as suas histórias.
Basta sentar-me neste lado
No Embankment dos destemidos.
É bom sonhar acordado!


06SETEMBRO2016


O VERBO





Tens o corpo inundado de um verbo.
Uma fórmula quase inadiável,
Que aprendo quando te beijo.
É fácil memorizar o diálogo,
O presente, o passado e o futuro.
Serás quase mais que perfeita,
Pela simplicidade e suavidade
Quando beijas com as palavras.
Tão certas! Tão delicadas!
Sei que é inadiável o futuro,
Já falei nele, no passado.
O verbo és tu, quem eu te leio,
Virando-te página por página,
Com a ponta dos dedos.
O som, é prolongado.
É o arregalar dos olhos,
Que me arrepia dentro de ti.
És o desejo sem o desejo,
Que eu desejo sem ter o corpo;
Porque o corpo é vontade,
É falta e felicidade,
É amor e saudade,
É quase tudo...
Mesmo aqui, de tão longe!
Os dedos interligados, apertam-se
Com a força brutal do momento.
E abraço-te com a intensidade
De um rio bravo que te inunda,
Incontrolável nas tuas margens,
Pelo desejo mais puro que existe.
O verbo é Amar.



06SETEMBRO2016

sábado, 3 de setembro de 2016

REMENDAR MUROS




Hoje era o dia certo para um passeio.
Se é que existem dias certos para isso.
Talvez o local.
Campo, paisagem simples, agreste.
Uma sensação de veludo,
revestida a um cru quase doentio.
De bom!
Uma estrada de pó,
solto em redemoinhos pequenos,
que o vento fraco conseguiu sem saber.
O prado, é tudo o que me cerca,
separado por pequenos muros de pedras soltas,
sobrepostas umas às outras,
em equilíbrio preciso.
Uma preciosidade de remotos milénios.
A simplicidade funcional.
Tem zonas, em que os muros estão remendados.
Como a Alma, como as Almas,
com pedaços evidentes e deslocados, mas funcionais.
É nesta zona que sem me aperceber me concentro,
e sem dar por isso também,
começo a ver formas.
Faces, pessoas tortas, tudo meio surrealista.
Uma reticência de probabilidades a explorar.
Assim passa às vezes o tempo.
A pensar nos remendos da vida,
que o abstrato se encarregou de surrealizar,
auto suficiente e esfomeada de coisas diferentes.
Há que ter coragem.
Há que remendar os muros!



03SETEMBRO2016

SONHO BRANCO




Ali ao canto,
Há um espaço extra.
Uma cama, com rodas,
Branca.
Tudo é branco.
O chão, as paredes,
O corpo da cama,
Os lençóis, almofadas.
O biombo,
As enfermeiras,
Até tu, Mãe.
Deitada,
A olhar o tecto,
Também branco,
Com os olhos brancos,
A pele pálida,
A mente quase vazia.

Sonhei-te hoje!
Revesti-me da mãe,
Que me escapa aos poucos.
É a desistência que sinto,
E que não posso contrariar.
Se eu te pudesse abraçar...
Será que o Amor acaba assim?
Deixa-me chorar por ti,
Vejo que já não choras.
O meu Amor não acaba aqui!


03SETEMBRO2016

terça-feira, 30 de agosto de 2016

AUTO-MUTILAÇÃO




Quando saio do meu lugar
Perco a noção de segurança e,
Tropeço na indiferença do Tempo .
O basalto solta-se 
Depois de passos arrastados 
Por um cansaço apetecível. 
A lareira abraça-me 
E beijam-me as páginas seguintes. 
Nada pára neste momento. 
A minha mente, foge...
É difícil acompanhar-me a mim mesmo, 
Quando não tenho capacidade para me ajudar. 
É tudo tão natural! 
Tudo menos a indecente indiferença do pecado 
Sem fé nem regras determinadas,
Sem objectivos afinados, 
Pelo simples facto
De todas as dúvidas. 
Tenho esta saudade permanente 
De todas as saudades que estão por chegar. 
Auto-mutilação não desesperada 
É o que é! 
É a falta de sono que me desespera 
Nestes episódios desgovernados 
Que só o meu outro Eu equilíbra. 
Gosto de sentir o que sinto! 


27NOVEMBRO2017



INGURJITAR





Se me inibir
Enquanto ingurjito
A tristeza dos outros,
Será indelicado
Sem vontade de o ser
Até porque
Eu não me inibo.
Mas ingurjitar,
Ingurjito!
Não uso prolixidade
Para captação
De coisa alguma.
Panegirista de boas acções,
Hábil benquerença
Onde a promiscuidade
Até possa abundar,
Deixa-me velho
No que toca a paciência.
Desentupam-me as artérias
Antes que mudem de rumo
E me envenene.
Sem deselegância
Vos admiro nas partes
Que a hégira me condena.
Admito.
Admito que sim,
Porque sim,
Sem mais nada,
Sou estranho!

30AGOSTO2016
@Carlos Lobato


quarta-feira, 17 de agosto de 2016

ATÉ UM HOJE





Tenho-te até um hoje
Que sempre assim o será.
O passado é presente
Porque o presente é futuro.
O veludo das palavras,
São como paixão terrena
Tão enorme como o imaginar.
Saber o que sinto, é certeza
De uma diferença, ainda longe
De uma qualquer dúvida.
Duvido da dúvida pela primeira vez!
É estranho isso. É estranho!
É bom, porque é estranho.
Nunca deixei a dúvida antes,
Nunca qualifiquei ninguém
Nem a certeza por adquirida.
Posso até enganar o sistema,
Este meu sistema de dúvida correcta,
Sem maldade nem mau juízo.
Benquerença é acreditar,
No que acredito e me incomoda.
Incomoda-me chegar ao fim da estrada,
Aquela que sempre acreditei
Não ter um fim, por não acreditar.
Sempre amei com fervor,
Com verdade e impulso!
Nunca certo da certeza que tenho agora.
É estranho! É tão estranho!
Mas esta dúvida contrariada,
É um patamar alto e mais perto
Da felicidade utópica.
Tenho-te até um hoje,
Que o é hoje e assim será!



16AGOSTO2016

terça-feira, 9 de agosto de 2016

A LUZ




Estou ofuscado com a luz
Um reflexo que me assalta
Por tantas vertentes na vida.
Olhar o Sol, é um desejo
Que desafia uma certeza
Concreta de falhanço.
Um espelho, o reflexo
É a manipulação convicta
Da intensidade inquieta
Que me pode entusiasmar.
A refracção é o ideal.
Não deixa de me ofuscar,
Numa perspectiva abstrata
Que roça a beleza surreal.
É a frescura da ilusão,
O refractado estado da vida
Visto por cima e por baixo
Numa fronteira à tona d'água.
O ângulo é simples,
É o inverso do que vejo
E a distância que antecipo.
Mas a Luz existe, e fica.
A Luz, não se apaga.
Só o meu poder imaginário
Concorre com o poder real.
A Luz, é dividida...
Por ser, por mar, por ar,
Por tudo o que me apetecer.
Porque é assim!
Confirmo!



09AGOSTO2016

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

SÓ TU SABES




Olha...
Senta-te aqui!
Olha para mim,
Sim, como só tu sabes.
Falemos assim,
Com todo este silêncio,
Que só os olhos gritam,
As mãos berram ,
E as almas entendem.
Senta-te!
Sente-me como um rio,
Frio ao entrar,
Morno na pele,
E uma luz que não se vê.
Sim...
É tão isto!
Só este murmúrio,
A água nos seixos,
Que rolam,
Sorridentes,
Como o nosso diálogo.
Silêncio
Este silêncio é mais
Muito mais que inteligente.
Não gosto de silêncios frouxos,
Fingidos com esperteza.
É a diferença!
Esperteza e inteligência.
Ser coitadinho e
Ser admirável !
Admiro-te!
Sinto a tua água correr
Como se a minha pele
Fosse sucalco de margens.
O calor é este.
Olhar e ver,
Mesmo que nada;
Mas ver,
Quase tudo!
Senta-te!
Anda cá, meu amor.
Sim!
Senta-te aqui!
Ao meu lado,
Sente-me assim;
Só tu sabes!


08AGOSTO2016

domingo, 7 de agosto de 2016

CAMINHO

Este corpo
É uma estrada
Onde te deves perder.
As bermas
São os braços
Que te seguram.
O piso
É tão intenso
Se o sentires nua.
Toca-me
Descalça,
É a minha pele.
Deita-te
Ao sabor do vento.
É o voo, e
O arrepio que se sente,
Quando a pele se junta.
Perde-te,
Com coragem e
Sem destino.
Encontra-me!
Sou o teu caminho.



07AGOSTO2016

sábado, 30 de julho de 2016

QUEM SOMOS NÓS?





As saudades têm uma postura própria.
Os antípodas da realidade são fraqueza
De todas as almas que se aconchegam
Pensando que o necessário, é sobreviver.
Viver é coisa estranha. É sombra da realidade.
Respirar é um acto circunspecto,
Dependente de toda a conjuntura orgânica
Que o nosso invólucro insiste em sentir.
É como uma máquina, quase perfeita,
Talvez a mais perfeita, por não sabermos
Como funciona na totalidade.
É um segredo escondido?
Uma fórmula mais que conhecida,
Mas em fase de manipulação temporal?
É o Tempo sim! É só o Tempo!
A tecnologia sobrenatura, tão rápida,
Tão inatingível pela lógica natural.
Serão estudos de cérebros
Novos Sapiens incógnitos sem Tempo.
A imagem da vida é quase irreconhecível
Se pensar na lógica evolutiva.
Vivo outra vez o salto qualitativo,
Os milhares de anos de desenvolvimento
Que o Tempo não sabe explicar.
Ele sabe, nós não. Civilização!
Interferência extra, Extra terreno
Divino por entender. Compleição.
Desatino. Alarme do medo.
Quem somos nós?
A fase que se desenvolve,
Na evidência do extermínio!
Somos a fuga?!
Somos passado, repetido em atraso?
Somos!
Somos sim!
Seremos o que fizermos de nós!
Quem somos nós?
Seremos?


30JULHO2016


A ESSÊNCIA



Navegar no outro lado do mar,
Virar o mundo do avesso,
Pensar que nada é como parece!
Não é estupidez imaginar!
A metáfora e excentricidade,
São um poder conjunto,
Unificado pela individualidade.
Ser assim, é ser normal.
É pensar de uma das formas
Mais iluminadas pela escuridão.
Galgar e derrubar dogmas.
Ficção poética, porque é poesia,
Porque toda a ficção tem um poder!
Adivinhar e confirmar o tempo.
Sonho instalações contemporâneas,
Vídeo, fotografia, escultura
Pintura e pensamentos extravagantes.
É anormal? Talvez sim.
São os meus pesadelos, que não tenho.
O desenvolvimento do reflexo
Que o antigo da mente, ri de si mesmo!
Transformar a metamorfose,
A evolução das similaridades,
O cosmos e a poeira térrea... Eu.
Interessante é a ideia da construção
Sublinhar a existência, amando a vida.
Amando quem amamos...
Sim!
A essência é o AMOR!


30JULHO2016

segunda-feira, 25 de julho de 2016

UM DIA DISSE




Um dia disse,
Lembro-me bem;
O espelho sépia,
A cortesia reflexa,
De mim, um Eu...
Nem eu sabia bem
O que via,
Nem sabia bem
Quem eu era,
Mas via e era.
Nesse dia disse,
Lembro-me bem;
Que o que via,
Num reflexo sépia
De um Eu esvaído,
Seria o futuro
Que nem sabendo bem
O que seria, era Eu
O que via tudo.
E não sabia.
E sou,
O que um dia disse,
Lembro-me bem;
Agora, da imagem
Meio sépia,
Branca e preta,
Um cinzento
Assumido sem cor
O pleno movimento,
E fiquei assim...
Comigo,
Sem saber bem,
O que um dia disse,
Lembro-me bem.
Sei o que sou,
Sei o que fui,
Sei o que serei!




24JULHO2016

UM SOPRO DE DESDÉM




Sei falar do passado,
Como contador de factos,
Como contador histórias.
Sei acordar adormecido,
E adormecer acordado.
É o filtro da realidade
Que me atrai sobremaneira.
Quero-te ver novamente,
Talvez a ultima vez por agora.
Os tempos que sobrepostos à lucidez,
Me trazem a dignidade ultrapassada
Por um sopro de desdém...
É o condomínio da hipocrisia.
Tudo vive junto, nesta sofreguidão
De um momento mágico,
Que não existe dessa forma.
Procurar é magia pura.
Descobrir o que não sonhei,
É a vitalidade necessária
A toda a realidade memorizada.
Infortunio, inacessibilidade, acaso,
Infelicidade, azar, demasiada estupidez...
Estou tão calmo!
Eu e Eu. Falamos demais e sim;
É assim que me sinto bem.
Deitado aqui esquecendo o Mundo,
Esquecendo os risos que viram choros,
Andares que se tornam arrastos,
Sonhos revoltados em camadas de pesadelos.
Esquecer essa parte da vida.
Esquecer o que a mente inventa e abusa,
Os momentos que me abstraio de mim,
Por impulso abusador do que não quero.
Mas vivo e acredito ser feliz!
É no acreditar que consigo sempre!
É!


24JULHO2016

BOM DIA MEU AMOR!





Sono profundo,
Som longínquo,
Gadget substituível.
A voz.
A voz doce,
O bom dia,
Um olá premente,
Simples,
Significativo!
A alegoria da hora,
O paradoxo do pensamento,
Sentir um crescendo.
Uma sensação,
Um pulsar maior,
O som, a voz...
Os sentidos unidos,
A liberdade.
Dizer que sim,
Que é hora fora das horas.
Que o sentimento,
É algo desnecessário falar.
O sorriso,
O tom de voz,
O espreguiçar inerente,
De uma adoração destinada.
Bom dia meu amor!


24JULHO2016

sexta-feira, 22 de julho de 2016

SER SIMPLES




Simples.
Simples.
Simples.
Ser simples.
Simplicidade.
É tão invulgar
Ser simples.

Ser invulgar.
Ser simples.
Simplicidade.
Seres tu.
Ser simples.
Simples.
Simples.
Simples.

Não é.
Não é simples.
Não é nada simples
Ser simples.
Simples.
Simples.
Simplicidade.

Não és simples
Porque és simples.
És simples
Por ser difícil.
Ser simples.
Simples.
Simples.
Simples.

És tu!
Ser simples
És tu!
Tanto
Como o quanto
Te quero.


Simples!


22JULHO2016

quarta-feira, 20 de julho de 2016

AUTOSUFICIENCIA





Agradecer é recomendação
De quem não esconde a vida.
É ouvir as ofensas de anos,
Agradecer às paredes amigas
O atravessar do portal.
Agradecer os Mundos que tenho
Paralelos ou Oblíquos ou nada.
É agradecendo que sorrio a
Um passado que não tem história.
Quando vejo notícias como hoje,
Onde milhares de crianças nigerianas
Podem morrer de fome, agora...
Meu Deus, quem sou eu?
Agradeço à genética,
Geografia e autossuficiência.
Agradeço aos Eus que me desatinam,
Num desassossego humano
Sem que o irreal vença.
Agradeço à liberdade!
A minha liberdade ganha por mim!
Agradeço a permanência
A um Deus que sou Eu
Num ponto interior rodeado por mim!
Agradeço ao pó de um cosmos
Que brilha no escuro dantesco
Que as Torres de Babel teimam manter.
Agradeço à vida o prazer,
Agradeço à vida o amor!
Agradeço À minha Alma o meu reencarnar!
Um limite multiplicado vezes sem conta.
Ultrapassado vezes sem conta.
Ser o que se é, rir do que poderia ter sido
Ou de tudo o que já foi, é agradecimento.
A mudança é o minuto que vem,
Já agora depois de há pouco,
Agora, quando já passou novamente.
Agradeço a esta corrida Universal
Estar vivo e amar tanto como amo!
Agradeço ao mEU Deus interior, tudo!



20JULHO2016

terça-feira, 19 de julho de 2016

CONFLITOS DO CORPO





O ondular da visão,
É o calor imenso
Que sinto.
É o conflito do corpo,
Todo o desejo
Aflito.
A sombra é generosa,
Não sendo a minha
É a tua
Que foge.
Frescura imaginária
No arder fechado
Dos olhos.
Suor incontido
Lágrimas falsas.
Calor.
Prazer incerto,
Vulcão petrificado
De seiva liquefeita
Que me entesa.
O ondular da visão,
É o calor imenso
Deste orgasmo.
É o conflito perfeito
O desejo do corpo
Satisfeito.
É a imagem
Transformada do dia
A sombra acolhedora e
Frescura que esvai a dor.
É o calor,
Que apetece e queima,
Se entranha e sua
Até ao espremer
De todos os nervos.
É o desejo que fica,
Neste desespero
Que o calor atrofia,
Que me encanta o sonho
Que sonho de dia.
É ao calor que fujo,
Mas amo, por ser teu!


19JULHO2016


segunda-feira, 18 de julho de 2016

A VERDADE ESCONDIDA





Preciso ficar louco!
Preciso urgentemente a loucura.
A real, louca mesmo,
A verdadeira, desligar o Mundo.
Há outros mundos que tenho!
Muitos, há muito...
Coordenados, geridos
Sentido de fuga concreta.
Já não chegam.
É o defeito do tempo,
Um efeito anormal incorporado.
Quero ver diferente,
Em tempo e espaço reais,
Sem lentes, sem virtualidade,
Apenas um novo espaço... Meu!
Meu, muito meu.
Tão meu, que o egoísmo vence.
Tão fácil não resistir à norma.
Tão saboroso desafiar a norma!
E eu! E eu! E apenas outro eu!
Espaços efémeros de auras maturas,
Sem cor, indolor, sem pouco
Sem pouco mais que nada.
Um pavio mergulhado no azeite
Lamparina de redundância secular,
O adeus de uma chegada qualquer.
O que quero fugir chegando,
Sem luta, sem guerra própria.
A saudade é gene incógnito,
É a viagem da alma,
Num corpo longínquo.
É a verdade escondida!
Ternura sábia, vaporizada
Em borrifos de essências eufóricas
Com a ingenuidade do prazer;
A impaciência feromónica
De impulsos a que me imponho.
Quero fugir da realidade!
Mas quero mesmo!
Mesmo provocando uma nova,
Fora de mim, comigo dentro.
Quero a verdade que está escondida!
Quero a verdade porque sou eu ela.
Quero tudo o que não tenho!
A teia que me cerca,
Não me agarra. Fujo confortavelmente.
Só me prendo a espaços abertos,
Demasiado egocêntricos por influência
Tão premeditada como a imprevisibilidade!
É fácil estar aqui,
Sem que percebam patavina do que disse.
Mas eu sei!
Sei de tudo!
Tenho a verdade escondida!


18JULHO2016


PÂNICO ACUMULADO





Violência gratuita,
Facto generalizado.
O brilho dos olhos,
Tremor dos dedos,
Um desabafo.
Suspirar a esperança,
O escuro que assusta.
Um canto da sala,
Esquina escura,
Chão frio.
Pânico acumulado,
Um mundo fechado,
Uma vida.
Nunca esquece,
A quem não finda.
Religiões e guerras,
Vitórias de medos,
Derrotas garantidas.
Quero estar sozinho,
Cada vez mais sozinho.
O Homem está doente,
Sem cura previsível.
E dói-me.
Ó meu Deus se me dói,
Viver sabendo de tudo,
Mortes irracionais,
Fins de vida prematuros.
Idade.
Felicidade.
A cura?!
Tudo me foge,
Sem chegar à loucura.



18JULHO2016

domingo, 17 de julho de 2016

A PELE DA LUA




Acabei de me banhar num lago sagrado.
Secreto, intransponível aos laicos.
Latos de incredibilidade, e falta de imaginação
O que agrada, pela escassez de frequência.
Mergulhei num lago de sal, imenso,
Cinzento, onde a minha pele amaciou.
É uma das crateras escondidas da Lua.
O mais interessante e maravilhoso,
É o momento em que a face descansa,
Nas mãos que sobreponho no limite do lago.
Sento o queixo nos dedos,
Foco a visão desacreditada,
E vejo um planeta de índole extrema,
De uma beleza quase indiscritível,
Se por acaso se desse o caso de não o conhecer.
É uma viagem rápida, uma noite
Que dura uns segundos. O tempo do sonho.
É chegar e louvar a vida,
Admitir que estar vivo é fantástico,
Mesmo sabendo que o nascimento,
É o princípio da morte.
É este intermédio que faz a diferença.
Viver! Viver sem ligar a oxigénio,
Viver ligando à Alma e memória.
Renascer, será diferente. É sempre.
Quero este pedaço que me cabe,
Explorado até onde consiga...
Ao máximo! De forma salutar.
É amar quem me ama.
Sentir o que sinto e amplificá-lo.
É ser eu próprio, sozinho ou não,
Mas livre!
Sempre e impreterivelmente,
Livre!
A Lua são os poros da minha pele.
E reduzo-me ao nano facto de me visitar.

17JULHO2016

sábado, 16 de julho de 2016

ESTA GUERRA




Os camiões da morte
São a crueldade que choro.
Há uma vida que escassa assim,
Uma vida humana em cada um de nós.
Há vidas trucidadas, por... nadas.
Horrível a imaginação do assassino.
Horrível a calma da execução.
É a inteligência em estado reverso.
Segurança, Liberdade, Irmandade...
Todas os ditos históricos mudam,
Tudo muda neste momento
Como o conhecemos por adquirido.
É triste?! É óbvio?! É esperado?!
É!
Era!
São muitos sim e talvez.
Estamos em guerra!
Aquela guerra, pior que todas
As outras guerras.
Estamos em desamparo,
Sem ideias e ódios crescentes.
Estamos perigosos,
Fugindo do perigo.
Estamos frágeis,
Ao encontra da força
Que não encontramos.
Estamos, somos, é, foi, era, talvez,
Será, porque, porquê, há, houve...
Tanta coisa que se distancia do Homem!
O Planeta fica, o Homem é dispensável,
Por ele mesmo
Que se fornica de forma masoquista.
Haja sapiência!
Haja indulgência!
Haja um olhar nos olhos de crianças
Nos risos que saem no meio das trevas,
Nos risos que só o poder do amor conquista!
Haja esperança!
(por favor...)


16JULHO2016


OS OLHOS




Os olhos!

São os teus olhos que me cegam!
Nada de hipocrisia de amores falsos.

Tu sabes!

Sabes que não sou o fora de mim,
De esperanças inaladas por sopros
De uma nascente de gárgulas doces.
As gárgulas acordam o mistério
E mistério é coisa inadmissível aqui!

Sabemos!

Há um perfume sem Marca
Que me faz sentir o mesmo arrepio
É a pele solta de frases fáceis,
De imaginação irreal e seca.

Sei que sim!

Que os olhos são portais
Que olhar-te, é abri-los
Na desmesura de uma Arte simples.

Amar-te!

É a alegoria dos indecisos,
A utopia de uma certeza nova,
O que sinto poe seres tu!

És o que sou!

Porque só o sendo,
Poderemos ser,
E somos, sim!


16JULHO2016


sexta-feira, 15 de julho de 2016

FALTA

Falta falar de tudo
Falta um pouco de tudo.
Falta o calor do Sol,
Quando sinto frio no Verão.
Falta o som sereno
De um mar turbulento
Que me acalme o impulso.
Faltará sempre algo.
Falto eu sozinho
Comigo de frente aos Eus.
Falta sentir falta.
Falta ter o poder da ajuda
Sem retorno de pequenos nadas.
Falta a criança louca
Por toda a inocência perdida.
Falta tanto
Para que não falte nada.
15JULHO2016

quarta-feira, 13 de julho de 2016

É SER PURO





Quando o tempo me trai,
É quando perco tempo pensando nele.
É a minha ida ao parque,
Uma passeata no Hide Park,
Os esquilos cinzentos,
Ás vezes vermelhos intrometidos,
Mas é o passeio.
O verde, o cheiro da relva
De preferencia recentemente cortada!
O cheiro, faz-me sentir um clímax
Um prazer aberrante de simplicidade!
É isso!
Aberrantemente simples.
Como eu!
Um palerma preocupado com tudo e todos.
Atingir o quê?!
Nada nem ninguém,
Pois o alvo serei sempre Eu.
Só quero prazer!
Uma dedicação natural
Tão simples e pura como o nascimento.
É o sorriso que coloco diariamente,
A criança que ri,
Que me dá tudo o que é puro
Simples e ainda inocente e intocável.
Ainda!
Eu sei que, é sempre o ainda.
O após, a após decisões,
Transforma o sorriso de Deus até!
Mas quero o cheiro do parque.
Quero o parque inanimado,
Calado com os berros e gargalhadas
De todas e quantas crianças possível!
E eu, num banco verde,
De madeira rija por não tormento,
Por não penitência, mas porque sim
Porque é ser assim que atraso o Mundo,
E a derrota de todos os seres humanos.
É ser puro que me faz ficar!



13JULHO2016

LUZ





Como poderá o Sol germinar?
Tudo é causa desse efeito,
E eu?
E tu?
Germinar a seiva?
Epopeia de paixões,
Ou fotossíntese de corpos?
Só a fonte do regato
Me trás um pouco de frescura
Só juntando a frescura do sangue,
Que é quente,
Mantém a pureza até estuar.
Somos rios, nascentes e gentes,
Somos nós por nascença
Por amor de toque ou nada.
Como te poderei responder a tudo?
Como te fazer sentir
O inimaginário das estrelas
O pulsar de brilhos inatingíveis
Nesta nossa pouca ingenuidade.
Quem serei eu sem ti?
Quem seremos nós vazios?
Só sentir é comunhão,
Um desfalecer de quê?
De nada! Absolutamente nada!
Quero que as sementes germinem,
Trigo e joio, de uma mó acometida,
De um fermentar interior,
Que me dê o que me dás.
É a flor do sal que me tempera,
É a mente que te espera,
Para que os corpos sejam opacos,
Que ninguém nos veja,
Apenas nós somos a transparência,
O palato e o tacto,
De nunca adormecer,
Dormindo!


13JULHO2016

sexta-feira, 8 de julho de 2016

NOVO MORRER DE VELHO




Sei do meu sangue,
Quente de saudade.
Sei da neve,
Que me arrefece.
Sei de memórias,
Que me amam
Como eu amo tanto!
Sei que no fim,
No filtrar da ansiedade,
Nada sobra mesmo,
A não ser a idade.
Sei do amor,
Por tantos que tive.
Sei de toda a dor,
Por ser equilíbrio.
Por isso quero cair,
Sair de sensações,
De volta a uma base,
Isolado do mundo,
Porque o meu mundo,
É tão único, como eu!
Os dias correm,
As horas murcham,
A pele envelhece.
E então?
Não vejo nada de novo.
Não sei sentir pouco,
Nem aqui, nem ali,
Nem no corpo,
Muito menos na Alma.
Só quero ouvir acordes,
Ébanos e marfins,
Desde quando era novo.
E de agora fico,
Como Deus infinito,
Sem atingir o meu Ser.
É o amor que sorri,
Que me dói aqui,
Porque sempre o pedi,
Mesmo quando fugi.
Tantos i'sss...
Tantos Eus que não
Ou às vezes que sim.
Só a criança é certa,
Verdadeira e fiel.
Só isso eu sou,
Porque morri de velho,
Muito novo!



07JULHO2016

NÃO PEÇO NADA DEMAIS




Sei dos antepassados,
Anciãos avós e Sabedoria,
Tanto amo o povo,
Como amo o mar.
É nas escarpas que vejo,
Que cheiro e sinto.
As árvores,
Muralhas de sal,
Ansiedade e sobrevivência.
Tudo é natural,
Como a minha sede e desejo.
O pôr do sol, a quietude
A ausência de um beijo.
O abraço, o que é necessário,
O sorriso, reflexo do que existe,
Se é que existe, como existe o Sol.
São dias intemporais.
Eiiiii, dêem-me a paz.
Quero paz emocional,
Como a inteligência, reflexa.
Sem coeficientes,
Tão secundários como a fome!
Sem comparar inteligências
Não peço nada demais!
Apenas preciso de ti!



07JULHO2016

terça-feira, 5 de julho de 2016

BRONZE



A face disforme
É a primeira fase.
É a escultura mole,
Criação do molde.
É a base,
Tudo o que existe,
O nada simples.
É feição
Sorriso e freio
Solícita alegria.
É o molde,
O invólucro real
A imagem disforme.
É o canal que fica
O metal alquímico
A alma certa.
É a fundição,
O Bronze amado,
Os túneis do pecado
A escultura.
É encher de vida
A vida!
É o amor!



05JULHO2016

segunda-feira, 27 de junho de 2016

O GRITO DO TROVÃO





Gritou o trovão,
Agora mesmo.
Que respeito faz.
Há uma submissão
De toda a natureza.
É inato,
É reactivo e,
Ser assim,
É natural.
Como a sede,
Como a água.
Senti o grito,
A força do Mundo.
O que me faz viver,
Sem querer saber.
Só pensei no medo,
Que não tenho
Mas que respeito.
Estar vivo,
É ser tempestade.
É trovoada,
É chuva e lama,
É calor e areia.
É o som da chama.
Crepitar de pele seca,
Corpo livre de tudo.
Inato e,
Reactivo.
Viva a trovoada!



26JUNHO2016

domingo, 26 de junho de 2016

SER LEVE É ESTE PESO





Desvio de areia solta,
Água pelo meio
Como um rio.
Não é rio,
Não é margem
específica que me tormenta.
Nem tempestade.
Não é nada específico!
Talvez me motive
A hégira suave,
Sem que me sintam a falta.
É uma mão cheia
De grãos de areia,
Que se me escapam.
É a metáfora.
A vida de primor
Sem a obra-prima.
Serei eu obnóxio,
Por submisso ou insubordinado?
Não quero o obséquio
Da facilidade frágil.
Quero a sarna
De uma malícia inteligente.
Tanto,
Como pouca é essa gente.
É a salinidade que corroi,
A beleza deste bronze,
Desta complicada figura e
Escultura de toneladas.
Ser leve é este peso.
É não ter medo,
É ser teso.
Tudo é o que é,
Ou terá mesmo de ser!



26JUNHO2016

segunda-feira, 20 de junho de 2016

ACORDAR OUTRA VEZ!





As estrelas.
A noite negra
De brilhos fartos,
As estrelas.
Os cadafalsos,
Pódiums e profecias.
Eventos,
Olimpíadas de ventos,
Fórums.
Amores,
Demências
Essências nobres.
O divino
Destino de falhas
Intermitência régia.
Amor que é
Flor que foi,
Desflorar de amor,
Parto de fé.
Ser assim,
À sombra de mim,
Reflexo espelhado,
Luar refinado
De Lua vazia de sim.
Amar o amor,
Gostar de gostar assim.
Coincidências?
Ausências de quê?
Nada nem ninguém.
Sou eu o nós,
Que por vós ficarei.
Amar-vos eu amo,
Como degredo
Sem segredo
Do pôr do sol da manhã.
Madrugada, nua e fria
Orvalho de réstia tardia
É a essência,
E o acordar outra vez!




20JUNHO2016

AMAR ...




Vou tentar manter-me
Acordado neste início de dia,
Talvez até tardio pela hora.
Querer a sobriedade
Não sei se será o mais indicado.
É talvez uma questão de utopia,
Regulada por um adiar frio,
Que me remete à essência do sim.
O que é a essência?
Sei lá eu bem ?!
Apenas sei que o rio é simples.
As margens são amantes,
Separados pelo deleite fresco
De um e total prazer imenso.
É a nascente que grita,
Que se vem nas margens
Com as pernas quase abertas,
Que eu abro e beijo,
Até ao deleite que se esvai.
E eu?
Quem sou eu?
A pedra, ainda não seixo,
Granito frio,
Nascente perversa e
Aversa a toda a normalidade.
Sou eu a nascente!
O estado permanente,
Nem sempre presente de mim,
Mas que sim,
Porque sim,
Porque desejo ser o que digo,
Fazer o que faço e, amar.
Ai, Deus meu e do Mundo!!!!!!!!!!!!!!
Amar eu amo!
Sou profundo!
Não há quem ame mais,
Não há competição,
Não há comparação!
Há o eu que sou Eu.
Há o amor que tenho,
Por ti e  por todos aqueles,
Os que correm no leito do rio,
No aquecer das margens geladas,
Que mimo e toco,
A cada toque que sinto.
É dizer que sim a todos os nãos,
Mimar com os dedos das mãos;
É a razão que tenho e não perdi,
Mas que querem que a perca.
Não luto por isso!
Não sou troféu ganho ou perdido.
Estou vivo!
É essa a razão de amar como amo!
E...
Ó meu Deus,
Tu sabes como eu Amo!



20JUNHO2016

segunda-feira, 13 de junho de 2016

DIZER QUE SIM

Dizer que sim,
É a vénia restrita
À sombra da decadência.
Digo então, que sim.
Conforme solicita a vida,
Quero irreverência.
A saudade é reverente!
Presente em todos os passos,
Por todos os restos de dias,
Por todos os caminhos pisados
Que impedem a minha fotosíntese.
Florescer, só é possível
Saindo dos caminhos velhos.
A gravilha está solta,
Tudo escorrega no caminho.
Correr está fora de questão;
Apenas um passo lento
Calculado com quase precisão
Para não cair.
Já chega o passado?
Nunca chega, mas
Digo que sim!
A mim!
Aqui.
Sim!






13JUNHO2016

quarta-feira, 8 de junho de 2016

SOU O QUE SOU





Ai, a origem das coisas...
Será dor?
É uma fragilidade que me atrai
Quando a madrugada me acorda.
O íntimo dos ínfimos
O medo de estar bem,
O que quero ser e sentir?!
Tento que os dias sejam longos,
Tento fazer sentir segurança
Em tudo o que me iguala à vida.
Há um desleixo essencial,
Não prematuro, nem inerente
Que é sentir que estou salvo.
Salvo de mim próprio,
O tal ser que é estranho,
Que se torne indefinido
Pelas definições predispostas.
O que sinto, é isto.
Um vazio uterino,
Que me faz sentir o amor,
Tão puro como pura é a existência.
Sinto umbilicalmente a razão!
O poder de ser simples,
Como simples é estar aqui.
Só me doem as palavras,
As que fogem do real,
A incerteza da certeza,
O privilégio da dúvida!
Já não quero saber!
Sinceramente, não quero saber!
Dói-me a inércia,
Que no fundo é isto.
Serei solidário com a negligência?
Provavelmente sim...
Chego à conclusão da vida,
Um absoluto pensar da realidade
Um tempo onde o desperdício é fatal.
Mas existo.
Como todos.
Como os que regem as leis,
Que me aclimatizam o frio da vida.
Sou o que sou,
Não posso deixar de ser isso!



08JUNHO2016

O AMOR É PERFEITO





Ser suave é ser assim.
Tal e qual como;
Um não sei como
Um não sei porquê?!
É ser o que é ser.
Sim, é isso. Sim!
É aprender a amar,
Mesmo não amando.
Amizade, talvez sim...
Talvez. Ou não?
Mas ser amado assim?
Tal como sou agora?
Estou possesso comigo.
A minha idoneidade,
A admiração real,
O que me foi dito,
O que não acredito.
Ser suave é ser assim!
É esta amálgama de veludo
Que me enche o peito,
Um rio fraco, amotinado
Por direito. É ser Eu!
É ser assim, imperfeito.
Será o dia a parte boa?
A noite o incerto?
A sombra a folia
De um peito aberto?
SEI QUE SIM!
Que sou assim.
O Amor é perfeito!



08JUNHO2016



DIA DE TALVEZ





Um dia de absoluto abrigo,
Seria a hipótese ideal.
É agora que digo,
um afinal, um porquê,
Um talvez seja por isso.
A resposta mais simples,
Um "está certo" comprometido,
Com a dúvida da certeza.
Será que sei o que digo?!
Sim, claro que sei.
Mas deixo um caminho,
Que apesar de reconhecível,
Não deixa de ser imperfeito.
Os caminhos existem,
Por si só, com opções de ida.
É aí que as flores morrem,
Pisadas, nesse mesmo caminho.
Hoje, era dia de bonança,
Era dia de esperança fácil,
Mas os espinhos das rosas,
Para além da sua Beleza,
Trazem a experiência da dor.
E rasgam! E arranham! E ardem!
O sangue é da mesma cor.
Ajudem-me por favor!
Sei que sou assim, final
E apenas pretencioso na cor.
Eu sei que amo! O que é o amor!
Eu sei que sim. Directo!
Sabeis vós o que digo?
Dizeis que sim!?
Sou-te engenho vago,
Saltimbanco de peitos,
Pedinte de desejo.
Sou o Eu que me amo,
Que te dou o conceito,
Que achas bem,
Que dizes que não,
Que sabes ou achas que sim.
Hoje é dia de talvez,
Porque sim!



08JUNHO2016



domingo, 5 de junho de 2016

TEJO LONGE





À sombra do palanque
Se estrado ou cadafalso,
O recital que me falha.
Não sei da produção
Se a farei ou mal a fiz,
Não sei! Não sei!
Talvez culpe os arlequins
Marionetes e sombras,
Fumos e risadas,
Quase tantas frases
Como estas tão vagas.
Talvez a maré vazia,
Um cheiro pestilento
De compostos desgovernados.
Talvez cores lascadas,
Tintas quase caídas
Como as portadas.
A cerca, que foi moura,
Um vale de telhas,
Carregadas em telhados,
Frisos a ferro forjado.
Verde de preferência,
Porque sim, era assim,
Sem opção. É assim!
Torres e sinos
Igrejas e miradouros,
Cheiros mesquinhos
Fugidos ora procurados.
A fama, a moda...
O Tejo!
O som do Sol,
A cor única espelhada que,
Desde o dia ao luar,
Vai a diferença de um beijo.
É isto que vejo agora,
Talvez a saudade,
À noite em Londres,
À frente dos olhos.



05JUNHO2016


quarta-feira, 1 de junho de 2016

IR




Voltar.

Sensação oposta,
Desejo,
Saudade,
Querer,
Vontade...

Partir.

Sensação oposta,
Desejo,
Saudade,
Quere,
Vontade...

Ir.


01JUNHO2016

quarta-feira, 25 de maio de 2016

MARIA TERESA HORTA (o momento)



Um olá,
A quem me viu.
Ignorância
De quem ignora.
Valeu a poesia,
O motivo,
A poetisa maior.
Valeu o dia,
Em todos os outros,
Tantos dias, que
Esperei o momento.
E tive-o!
Um momento,
Cheio de momentos,
Antigos arrepios,
E um só, e foi ali.
Amei o amor,
Adorei o adorável,
Anui à poesia.
ANUNCIAÇÃO,
Foi a hora certa.


25MAIO2016

terça-feira, 17 de maio de 2016

O NOSSO DIA





Foi simples
Esta sensação.
Mas minto,
E não sei mentir.
Foi simples
Esta emoção.
Foste tu,
Fomos nós.
Não há idades.
Pára o tempo,
No momento
Que te sinto.
Poucas vezes,
Não tenho palavras.
Tenho o tacto,
Tenho o cheiro,
Intenso palato.
Um sorriso,
Olhos que falam.
Um gemido,
Corpos intensos,
E entro!
E fomos, só
Apenas um!



16MAIO2016

PERSPECTIVAR A SAUDADE





Perspectivar a saudade.
Um esboço emocional,
Feito e refeito por intensidade,
Perspectiva criativa,
Invisível e inodora, mas presente.
Um silêncio gritante,
Regulado por regras opacas,
Iluminadas por conveniências
E sensações admiráveis.
Procura disfarçada da felicidade.
Escondida sem intenção
Num crescendo de criatividade,
Com o poder de sonhar acordado.
Pintei um esboço antigo,
Fiz e refiz a mistura dos pigmentos
Que só a cor alimenta a perspectiva ideal.
Não tem premonição, não tem previsão
Não tem final anunciado, a saudade.
Acabei hoje uma tela, que penduro
Num canto do quarto,
Onde só um feixe de luz natural
Ilumina os detalhes que só eu vejo.
Está ali, num canto inerte de vida,
Porque só a saudade resiste aos nadas.


16MAIO2016

terça-feira, 10 de maio de 2016

O QUE TENHO DIREITO






Venho aqui,
Num instante.
Exercer o direito
De ter o direito de exercer.
Quero mais,
Quero muito mais.
Quero tudo,
Ou talvez, quase tudo.
Não quero partes,
Não quero metades.
Quero exercer o direito
A tudo o que tenho direito.
Pode ser esquerdo,
Se não servir no direito.
Só quero que sirva.
Se é de sola,
Se é de borracha,
Se é bom,
Se é uma merda,
Não quero saber.
Fui rápido.
Exerci o direito
De ter o direito de exercer.
Fiquei na mesma,
Como sempre!
Nem a direito,
Nem do avesso,
Nada serviu.
Nada serve,
Porque não tenho.
Não tenho o que tenho direito.
Neste instante,
Vou embora.
(Mas quero mais!)



10MAIO2016

quinta-feira, 5 de maio de 2016

DIZER-ME




Diz Richter que,
"A arte é a forma mais próxima da esperança."
E diz muito bem!
Diz Magritte que,
"A arte evoca os mistérios sem os quais o mundo não existiria."
E diz muito bem!
Diz Leonardo que,
"A arte diz o indizível, exprime o inexprimível e traduz o intraduzível."
E diz muito bem!
Diz Van Gogh que,
"Prefiro morrer de paixão a morrer de tédio."
E diz muito bem!
E diz Jackson Pollock que,
"Eu não pinto a natureza, eu sou a natureza!"
E diz Monet que,
"Eu adoraria pintar como o pássaro canta."
E diz muito bem!
E diz Delacroix que,
"O que há de mais real para mim são as ilusões
que crio com a minha pintura. O resto são areias movediças."
E diz muito bem!
E digo Eu agora que,
Ao ver e sentir esta "gente" toda,
Sinto-me do tamanho de um átomo.
Um daqueles núcleos que me formam,
Que dizem e sentem o mesmo
De todos estes Universos superiores.
Tenho o meu Universo,
Mas o nascimento é inexistente.
O que amamos, o que sentimos;
O que criamos, o que dizemos.
Eu, adorava dizer tanta coisa
Que não digo.
Mas EU digo que,
A minha Arte é pouca,
Tenho a Arte de ouvir a Arte.
Pinto-me como sou, e serei;
O que nunca fui, e nunca serei.
E digo-me muito bem!



05MAIO2016


CASTELO DA ALMA





Pesam as pedras já soltas,
Em avolumar de nuvens 
Como alicerces compostos,
Que me pesam a alma vazia.
É a indecente ilusão 
Dos ramos remexidos pelo vento 
Onde me distraio no movimento 
De tantas sombras sem senso. 
Lá ao longe, o esvoaçar dos corvos, 
Quase um encontro com terra firme, 
Para poder escolher o passo certo 
De uma corrida desenfreada pelo Tempo. 
As pedras encaixam umas com as outras, 
Em abraços que as seguram sem grande mestria. 
Interessa sim o rigor quase garantido 
De uma beleza quase indiscritível 
Alimentada pelo grasnar de liberdade pura 
Sem contagem de habilitações próprias,
Senão a sensação inata não adquirida. 
Só a fúria do vento é imprecisa, 
Como carecem as tempestades de maior calma. 
É este o meu Castelo, 
Compulsivo de sobrancerias sem um valor real. 
É a fragilidade da construção que dita os pontos de fuga, 
Que as muralhas defendem até à exaustão. 
A alma está lá no topo, 
Como uma pena camuflada 
Que aproveita a boleia do voo dos corvos. 
É a inteligência liberta que voa, 
A liberdade feliz de uma alma quase perdida que se reconstrói 
Ao sabor da razão. 
As Muralhas Também Caem, 
Basta que as Almas partam, 
E o grasnar liberto dos corvos 
Os eleve no voo de uma liberdade contagiante. 
Este meu Castelo está tão forte como solto, 
As minhas muralhas são de nuvens. 


03AGOSTO2016

segunda-feira, 2 de maio de 2016

TODAS AS MARGENS






Aprender a viver,
Como quero.
Porquê o Sol?
Eu só sei que sim,
Que o calor é assim,
No corpo,
Pelo teu corpo.
Beleza e oceanos,
Rezas de encantos,
Sereias vibrantes
Naufrágios apetecidos.
Aprender a viver,
É como as nuvens,
Pigmentos e cores,
Raspados por Turner.
Encantos de mar,
Naufrágios de todos,
Tantos Eus...
Água infiltrada nos poros,
Sal que não cristaliza,
Pulmões de mar.
É o (a)mar
E as margens...
Todas as margens,
Que vão dar à vida.
Se é o Tempo
Que me surpreende,
As palavras rasgam
Toda a minha pele seca
De um calor intenso.
A ausência é (im)perfeita.
Eu sei o que é viver,
Afogo-me com a vida!



01MAIO2016

domingo, 1 de maio de 2016

TEMPUS FUGIT




Foges tu tempo,
De tempo a tempo,
De mim.
Sei dos segundos,
Que tilintam primeiro,
Sei dos minutos,
Que me atrasam o jeito;
Esta pressa desnecessária.
Só as horas me dão tempo,
Algum tempo.
De todo o Tempo,
Já não me chega o que quero.
Feliz sou, em privilégios
Conquistados no tempo.
No meu tempo,
Que corro para não perder.
Só tu és Tempo,
De todo um outro Tempo,
Que não me dá o necessário.
Não sei quanto demoras, ó Tempo,
Como te crias no Tempo.
Só sei o desperdicio.
Sim!
Pois sei, o tanto desperdicio,
Que é não pensar no Tempo.
Não te lamento!
Impossível fugir-te
Ó Tempo!



01MAIO2016

terça-feira, 26 de abril de 2016

AGRADECER





Agradecer.
Um acto de coragem,
Como admitir o erro.
É a razão.
Ser prova de virtude,
Simplificada vida
Indulgente punição
Cravada a espinhos.
Seda é a arma,
Sede é a vontade.
Agradecer,
O bem e o mal,
O sorriso,
A derrota.
Feliz divinização
Dos condenados.
Verde e cheiros
De palhas velhas,
Palheiros secos
Que crescem...
Agradecer
Esta hipotonia
Este sangue fervente
Esta vida.
Agradecer
O presente!



26ABRIL2016

domingo, 24 de abril de 2016

COR





Tenho-te a cor,
Pintada,
Em cores,
Que as flores
Não usam.
Tenho-te cor,
Como poucas
As cores
Com que se pinta.
Quero-te isso.
Naturalidade
Tão original,
E vitalidade
Em pigmentos
Que invento
E te pinto.
Quero-te cor.
Quero-te ser,
Abstrato
Surreal,
Viva,
Com cor.
Como te sinto!
Como absinto!




24ABRIL2016