Encostei-me à parede
Vazia, nun quarto vazio
Branca, num quarto branco
Numa casa branca,
Por fora e por dentro.
Não é tristeza,
É um abraço a mim mesmo
Numa tela de cimento
Vazia por fora e por dentro.
O fechar de olhos,
É como o vento.
A sensação é de voo
Sem sair do sítio
Apesar de sentir o corpo solto
E eu sair de mim próprio.
Sentir-me velame,
Num mastro enorme
Bolinando na vida
Com o amor agarrado a mim,
Como as raízes se agarram ao chão.
Este estado, inerte mas imparável,
Não é casual, tem uma razão de ser.
É a amargura das crianças
Que absorvo como mata borrão
De tintas perdidas e soltas
De sobras de nada e de coisa nenhuma.
Quero agarrar a vida, de todas elas
Porque as choro todos os santos dias.
E os santos não ligam. Pregam, falam
Apelam e recomendam, mas... nada!
Quero beijar as lágrimas
Que se soltam inocentes
Sem saberem o que é alegria
Sem perceber que o sorriso
É a fortuna da vida.
E ao vê-las sorrir, sorrio
Como se ganha-se o prémio maior
De todas as lotarias juntas.
Queria ser Deus, uma vez por outra
Para além de mim, do meu Deus
Um Omnipresente a todas as crianças.
Quero vê-las felizes, porque ser criança
É ser Adulto, amanhã, e todos os dias.
Queria tanta coisa, e quero tanta coisa,
Que toco a felicidade aqui,
Porque escrevendo, consigo tudo...
Neste meu lado menos escuro.
São as consequências se ser Eu,
Porque nunca deixarei de ser criança!
Agora, abri os olhos,
Desabracei-me desta parede branca
E senti um arco iris rápido
Acomodar-se na minha Alma,
Como que se tudo o que escrevi aqui,
Não passe de um sonho repetido
Com a pequeníssima diferença
De se ter transformado em realidade.
Meu Deus,
Como queria ser a criança que não fui
E sentir as cores deste arco íris...
09DEZEMBRO2016
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