terça-feira, 13 de dezembro de 2016

ESCREVER UM SONHO






És tu.
É a minha Lisboa
E tu!
Eu, sonho.
Conduzo eléctricos pela cidade
Embuçado de razões prementes
Pela miragem da liberdade.
Encostado aos Bicos
De um quase Terreiro póstumo
Iluminado por luzes de Natal.
Um arco, que foi de triunfo
Aberto a um público consumista
De todas as alturas
Que não exijam mais
Que um cansaço de pernas.
Multidão colorida
Turismo qualificável
Abertura de um fecho antigo
E o povo...
O povo, que vende um sorriso
Porque ninguém entende a saudade!
Ser de Lisboa, é ser feliz.
Temos tudo.
Temos tudo, porra!
Somos tão felizes.
Não somos?!
Temos a luz da manhã,
Do entardecer,
Do crepúsculo.
Os fotógrafos e cineastas,
Os poetas e os idolatrados.
Os iluminados,
Que vêm a mesma merda que eu vejo
Nos miradouros e, à beira da morte.
A falta de senso,
Comum e de todos os senso.
A hipocrisia dos snobs;
Os que reconhecem disfarçados,
Os que o são sem saberem
Os que sabem e escondem o que são.
Está tudo nesta cidade.
Enquanto sonho,
E conduzo este eléctrico,
Imaginário,
As sombras são translúcidas,
E a cor difere de pessoa para pessoa.
Não me enganam as Almas.
Os corpos são fracos, altruístas
Presunçosos e falsos.
Olham-me ao canto do olho,
Com um sorriso plastificado.
O sol nasce e,
Ofusca-me o sonho.
O eléctrico desaparece,
E eu, depois de tudo isto,
Escrevo-o...



13DEZEMBRO2016

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