Penso tanto!
Pensar, penso sim,
De uma forma estranha,
Talvez; sim.
E descalço-me.
O que me absorve
É o contacto da pele
Com a frieza cruel, ou não
Das pedras que piso,
Do pó que espalho,
Da chuva que chapinho...
De, de, de,
De tanta coisa.
Penso tanto que
A realidade às vezes me escapa.
Transforma-se à velocidade da luz.
É aí que eu corro,
Contra o vento, bolinando
Todo este corpo,
Sem esforço...
Sem perceber que
Afinal sou veloz.
Pensar descalço,
É alucinar uma certa hora,
É quando me olham de lado
Sem certeza se é a sério
Se é a tal estranheza
Que me sai pela boca
Ou calado,
Pelos olhos,
Ou concentrado,
Pelos dedos.
Pensar é um vício,
Já não penso
O que me faz pensar.
Há alturas certas de o fazer.
Não tenho de pensar,
Que mais tarde,
Vou ter de pensar
Nisto. Ou nisso.
Ou até naquilo...
Leio o que os outros pensam,
Até porque ouvi-los, transtorna.
Os que já estão mortos,
Os poetas,
São os únicos com quem falo
Sem me enfadar com arrogâncias.
São sinceros,
Adoro ficar sentado
A ouvir-me ler a sinceridade.
A sentir as sombras materializar
No meu subconsciente.
Sentir a felicidade, é consciência.
Preciso de pensar.
Penso muito!
Penso tanto!
Não sei se é bom pensar
Mas sei que gosto, porque penso.
Os motivos, a razão, a pessoa,
É a parte variante opcional
Que não me faz pensar tanto.
Não páro aqui,
Apesar de ter de sair,
Porque vou até um qualquer lugar.
Um poiso à beira mar, onde possa
Pensar em tudo o que penso,
Descalço...
16SETEMBRO2016
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