O abandono do meu leito.
Um espaço a que tenho direito,
Um vazio que me enruga a pele.
O desmazelo flácido da alma.
Fechar os olhos, procurar a calma.
Um desgoverno de sonhos...
A secura que se acumula,
Em lábios gretados de palavras.
Um toque de pele prevaricador,
O deleite, catapulta incontrolada.
Sair do corpo por segundos,
Por sonhos que duram a eternidade.
Testemunho de filosofia fácil,
Rascunho sem necessidades.
Não vou pregar ao povo, um tonto
Que ouvirá o silêncio de novos salmos.
Desencorajo a leviana utopia,
Que tal como o meu sangue,
Jorra e corre, louca, triste e fria.
Humedeço estes lábios já gretados,
Ao tentar o amor e o cantar fados.
Do desprezo, um sopro dócil,
Num sorriso de faces que pinto.
Espalharei o leito de perfume,
Ao colar suado dos corpos.
A paixão enche-me o peito,
Como o beijo, que gosto e sinto.
Beijo o aparo, às letras que escrevo
indiscriminadamente, leves e soltas.
E canso-me. Sinto-me cansado!
Termino sem que existam segredos.
Só vazios que me enrugam a pele,
Neste espaço a que tenho direito,
O abandono do meu leito.
22 SETEMBRO 2012
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