quinta-feira, 13 de setembro de 2012

AMOR E LETRAS



Pequenas sao as letras com que escrevo.
Todo este espaco branco, amarelecido pelo tempo.
Arrepia-me a saudade desta sebenta... as folhas
enrugadas, um cheiro a mofo que ficou.
Ao ouvir passar o rio a minha frente,
embrenho as palavras que se soltam, como a mare.
Uma frescura humida torna-me languido,
num espasmo de prazer desejado pelas letras.
A tinta que se esvai, no meio dos meus dedos...
Um quadro acutilante na plenitude de um horizonte,
que pensando melhor, eu desconheco na realidade.
A sebenta e o prato, que me serve letras soltas,
tornando-as em migalhas na minha alma.
Este meu alimento,  me sustenta o juizo.
Escrevo sem destino marcado na essencia.
Tenho amor indeterminado pelas palavras,
como pela mulher que se me entrega nua,
enchendo-me o ego, o corpo e a alma.
Apaixonado deixa de ser um estado de graca,
quando a paixao se move desenfreada, brutal
na ponta dos dedos adormecidos na potencia
do impeto das minhas fracas e ingenuas palavras.
Existe este rio, onde na beira me sento.
Onde a torrente geme, em remoinhos desconexos.
Apelativos, serao apenas e so os pensamentos.
Quase que moribundos, em tentativas de sobrevivencia,
para que a melancolia morra, e a vida recomece.
Tenho tanto em mim, o amor pelas palavras.
Tenho um coracao latejante de sangue puro,
tenho uma alma que se perde pelo amor,
onde uma mulher e uma palavra,
me servirao de caminho abencoado.
Com a palavra escrevo o amor,
que te entrego a ti, mulher.

13 SETEMBRO 2012

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