Falo assim e aqui, na sacanice desta hora,
Nesta insónia despreocupada, que me goza.
A insónia tem o paradoxo das razões.
Há razões para ter insónia, e ela é
O resultado final das "equações",
Que me tornam num caos de razões.
Insónia, porque a vida corre mal,
A merda do material ou o emocional,
Quando goza com a felicidade que mereço;
Insónia, porque a vida corre bem,
O bom lado do material existe e,
O emocional está num bom auge.
A inteligência atrapalha-se! É esse
O sadismo do resultado final da insónia.
O denominador comum, é isto...
No reboliço desconcentrado da razão,
Apenas a vontade de me perder
E cansar numa zona deserta da memória.
E adormecer. A insónia é uma merda!
Qualquer tipo de insónia, e repito tanto a palavra
Para que tenha vergonha prática, pela
Desfaçatez de um abuso não previsto,
Que me alimenta a fome de nada, apenas
Esta sensação impotente e incrível
De me sentir um idiota, neste preciso momento.
Agredir a insónia, só com armas de veludo,
Apertar não sei o quê que lhe siva de pescoço,
De forma forte imaginar que a sufoco,
Até que eu trema, não sei como,
Nem porquê, apenas com a força do sono.
Falas-me tu ó insónia, impertinente
sem medida nem educação suficiente.
Apenas sou condenado sem ser julgado.
Fazes-me acordar o papel adormecido,
Valha-me isso como ponto de escala
Nesta viagem que não conheço o destino.
É o Tempo que mexe e remexe a inquietude,
Pela exclusividade de um controlo sádico
Para que nada se me dirija de imediato.
Nem o sono. Acima de tudo, bloquear o sono.
No meio da carnificina mental desta hora,
Acaba por desatinar o pouco tino que resta.
A minha lamúria já não produz, apenas
Me embrenha nesta rede de peixe miúdo,
Onde a cada movimento de tentativa de liberdade,
Mais e mais e mais, me prende a cada gesto.
Engraçada fica a falta de senso no final.
Já acho graça, ou me arrelio com tudo,
Deixei de ter meios termos ó insónia!
Já nem te amo, nem te entendo, detesto-te!
Esta forma de ódio dirigido, ao teu
Resultado final, sem equações já por opção
Pessoal, em desespero, agora assumo
O nervosismo, que me faz quase gritar.
Um grito mudo, no avançado da hora,
Seguro nos altos decibéis, graves e agudos
Nesta cabeça cheia de um final episódico,
Que cria a moldura onde vou pendurar
Ou a grossa redoma de vidro onde vou fechar
Esta insónia que já se cansa e me dá rasgos de sono.
Detesto a falta de sentido em cada palavra que escrevi,
Até porque neste final, a insónia,
Esta quase velha insónia,
Já me dá vontade de adormecer.
07 SETEMBRO 2012