quarta-feira, 25 de abril de 2012

O MEU RETRATO


Gostava de ser pintura...
Uma tela pintada, com retoques inacabados.
Estar la dentro... do outro lado.
Ser tinta e cores, retocado amiude
pelas pinceladas mestras do pintor.
Um retrato criado, em anonimato...
Nao saber quem sou, como tantas vezes.
Sentir-me diferente de todas as experiencias.
Ser uma obra por finalizar.
Depender dos ultimos retoques,
que nunca saberei quais sao.
Acontecem, de repente... constantemente
de forma rapida; ou lentamente
conforme a imagem que me quiserem dar.
Sentado num quarto pequeno,
com tracos simples e humildes
do pouco mobiliario pobre.
Sentir-me humilde, tal como sou
numa imagem sincera de pobreza.
Tal como na vida real,
neste lado de ca, onde mora a consciencia,
uma aura invisivel envolve-me envergonhada.
A expressao da verdade, do amor e da saudade.
As rugas que o nao sao, sendo apenas vontade.
Sentir-me por fim, realizado.
Pintado em imagem final.
Um contexto simplificado do que e ser normal.
Uma cama amarrotada...
madeira seca, de nos rachados...
Uma mesa pequena, torta e fragil... as minhas folhas.
Um candeeiro a petroleo... uma caneta
tao velha quem nem a tinta segura...
Uma janela cortada, em tabuas de parede
sebosa e encardida de fumos passados.
Uma luz tao fosca, como a pobreza.
Uma lareira tao pequena, que nao faz juz ao nome.
Uma cadeira rangente, que me sustenta.
Ombros dobrados... cansados,
que as maos sustentam, em meus joelhos gastos.
E o meu olhar... humilde
cansado de admirar o que nao tenho,
mas no fundo, feliz por aproveitar o que tive.
E o meu olhar... o centro da tela.
Voces todos a olharem para mim..
e eu a ver-vos do outro lado!

25 ABRIL 2012

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