Digamos que as pedras sentem.
Afinal nada do que vemos, será inerte.
Talvez parado, manipulado,
Mas nunca insensível ou inerte.
Tudo o que existe, tem uma forma,
De estar, de sentir, de expressão.
As pedras também falam, sentem o vento,
Na paciência do tempo. E ouvem.
Ouvem as palavras dos séculos.
Acima de tudo, ouvem segredos.
A inércia é apenas um disfarce.
Rolam nas encostas, rios e mares,
Ouvem os gritos, a miséria e a fortuna.
E gritam. Sózinhas, unidas e sós.
Falam um idioma. Silencioso,
Um raspar de arestas indecifrável,
Que levam os murmúrios nas correntes,
Só os rios e os mares, podem amenizar a dor.
E a areia, que me acaricia os pés,
Traz-me o prazer da calma,
Assim, numa duna onde me sento,
Penso nas pequenas coisas que amo.
E amo o mar, e os rios, e as pedras.
Sinto como elas, toda a dor do mundo.
Em silêncio, com todas as arestas
Na forma mais rápida e efémera, mas sinto,
Sem capacidade de resistir à erosão do tempo.
À terra voltarei escondido,
Como pó ou como cinza, mas voltarei.
Serei mar ou serei terra, mas serei!
Sentirei como as pedras, inertes,
Ouvinte ou profeta, como as pedras,
Mas continuarei, a sentir a dor do Mundo.
07 JULHO 2013
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