terça-feira, 2 de julho de 2013

O PROLONGAMENTO DOS SONHOS



Hoje seria um dia interessante para me apaixonar.
Sem calores nem fulgores, sem tramas nem dramas.
Sera dificil, ou impossivel, porque ja sofro da doenca.
Quando acordo, sinto-me cansado do imaginario.
Um imaginario indomavel na fronteira do real.
Sonhos... Sao os sonhos que me mudam o dia.
Antigamente, pensava diferente sobre o sonho.
Utopias, coisas lindas e inatingiveis, algo de divino.
Mas nao. Nao sonho assim, e nao tenho pena.
Todos os meus sonhos sao limitados pela realidade,
sao o prolongamento do tempo que nao tive.
Tudo se torna inacabado ao fim de um tempo.
Basta existir o tempo para ser imprevisivel.
Apenas imagino os desejos, todos os desejos.
A vida, desliza como agua em seixos polidos,
por ela propria, pela erusao do tempo.
Quando realizo que algo se torna estranho,
nao consigo parar o tempo, o que me dana.
Nao tenho tempo para raciocinar nos erros
antes de os cometer por impulso proprio.
E apaixono-me por todas as coisas, todas...
E apaixono-me por todas as pessoas, quase todas.
O resumo destas ilusoes, passa a ser tortura.
Uma violacao a minha propria alma,
que se sente desiludida com a minha indiferenca.
Os dramas, os impulsos deixam de ter sentido,
o calor da alegria deixa de me tocar o corpo.
Assim ando cansado com a vida, esta vida simples.
Farto-me da previsibilidade tao facilmente.
O calendario, o almoco e o jantar, as pessoas...
Recolho em mim. Retorno ao meu embriao perdido.
Sonho comigo em reverso no tempo, ate nascer.
E penso. Penso se tera valido a pena nascer.
Penso que apenas a paixao e a felicidade valem a pena.
Penso que tudo o resto e penitencia e dispensavel.
Por isso me apaixono todos os dias, nem que seja por mim.


02 JULHO 2013

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