Hoje seria um dia interessante para me apaixonar.
Sem calores nem fulgores, sem tramas nem dramas.
Sera dificil, ou impossivel, porque ja sofro da doenca.
Quando acordo, sinto-me cansado do imaginario.
Um imaginario indomavel na fronteira do real.
Sonhos... Sao os sonhos que me mudam o dia.
Antigamente, pensava diferente sobre o sonho.
Utopias, coisas lindas e inatingiveis, algo de divino.
Mas nao. Nao sonho assim, e nao tenho pena.
Todos os meus sonhos sao limitados pela realidade,
sao o prolongamento do tempo que nao tive.
Tudo se torna inacabado ao fim de um tempo.
Basta existir o tempo para ser imprevisivel.
Apenas imagino os desejos, todos os desejos.
A vida, desliza como agua em seixos polidos,
por ela propria, pela erusao do tempo.
Quando realizo que algo se torna estranho,
nao consigo parar o tempo, o que me dana.
Nao tenho tempo para raciocinar nos erros
antes de os cometer por impulso proprio.
E apaixono-me por todas as coisas, todas...
E apaixono-me por todas as pessoas, quase todas.
O resumo destas ilusoes, passa a ser tortura.
Uma violacao a minha propria alma,
que se sente desiludida com a minha indiferenca.
Os dramas, os impulsos deixam de ter sentido,
o calor da alegria deixa de me tocar o corpo.
Assim ando cansado com a vida, esta vida simples.
Farto-me da previsibilidade tao facilmente.
O calendario, o almoco e o jantar, as pessoas...
Recolho em mim. Retorno ao meu embriao perdido.
Sonho comigo em reverso no tempo, ate nascer.
E penso. Penso se tera valido a pena nascer.
Penso que apenas a paixao e a felicidade valem a pena.
Penso que tudo o resto e penitencia e dispensavel.
Por isso me apaixono todos os dias, nem que seja por mim.
02 JULHO 2013
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