Mesmo quando a chuva cai assim,
O temor do relâmpago, de tão longe
A distância, do som do trovão em mim.
Já não há nostalgia de Inverno.
Apenas o ritmo de gotas no vidro.
Forte, muito forte, cada vez mais forte.
Cai uma chuva poderosa abraçada ao vento.
O ritmo assustador, tal como o meu receio,
Tortura a vidraça corajosa e indiferente,
Resistente a todo o fustigar dos elementos.
Todos os sons são únicos! Funcionam
Como orquestra de metais em crescendo.
Uma debandada de chuva sem compaixão.
Cai o mundo a meus pés, liquidificado.
O pó do caminho, deixou de saltar
Absorvido pelo poder da borrasca.
Soltam-se rios e ribeiros pequenos, lutam
Com a alma que lhes vale em crescendo.
Nascem socalcos e margens,
Controlam a torrente que acalma.
Fica fresco o ar. Respira-se melhor.
Choram pelo calor os que choravam suor.
Soltam-se raios e coriscos de bocas mal lavadas.
A chuva cai. Não pára nunca, indiferente.
Sobrevivam ou morram, tanto se lhe dá...
Apenas o Outono tem um fim antecipado.
Apenas as folhas mortas vivem na corrente.
E chove. Chove muito. E reza-se.
Nasce a pobreza da fartura nefasta.
Já não se pede o que foi pedido.
A hora, apenas esta hora conta.
Apenas eu me interrogo. Para quê?
Para quê acreditar na necessidade?
Que venha o Sol, o calor e a seca.
Porque se chove, chora-se sempre
Como quem chora por outra coisa qualquer.
24OUTUBRO2013
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