Ando assustado com a rotina.
Já não é a mesma que era.
Os mecanismos estão corroídos,
as engrenagens guincham sózinhas,
adivinho um final doloroso.
Já não há manutenção a esta alma,
a engenharia imaginária enrijou
gretando a pele que a sustenta.
As rugas crescem por lubrificar,
secam os processos do tempo.
Fica o sadismo da inteligência.
Fica a alma que pensa e vê,
sem remédio mundano ou milagre.
A dor da noção que tenho,
não se altera, antes se afina,
corta-me ilusões efémeras.
Um devaneio, é peculiar,
normalmente não me ralo.
Desvio o consciente para as artes,
distraem-me. Sem grande frenesim,
da realidade, e o envelhecer do tempo.
Abnego-me a todas as alterações,
as minhas e de outros que estimo.
Além de tudo, é a felicidade que conta!
A rotina, apesar de tudo, fica.
Uso-a indescriminadamente por defeito.
Nada contra. Só o susto da (in)diferença.
Que tudo de novo surja. Depois da rotina,
sorrio à novidade. Uma outra ruga.
Tão previsivel como a morte.
O potencial do ânimo está aqui,
no próximo sorriso sincero, sem teatro,
a todas as imprevisibilidades do Mundo,
a todos os finais científicos previstos,
a todas as indefinições e incertezas,
que nunca alcançarei, por falta de tempo.
Mas amo tudo o que me merece,
todos os que me querem, na minha rotina.
A vida não passa de rituais consagrados,
nós efémeros, dependemos de rotinas.
As rotinas são para cumprir!
26OUTUBRO2013
Enquanto houver rotinas........vive-se!
ResponderEliminarAutêntico ! Bom Domingo!