terça-feira, 9 de outubro de 2012

TOCAR AS ESTRELAS



TOCAR AS ESTRELAS

Descobri uma pedra enorme, onde me sento
e recupero energias, com a minha solidão.
Sinto-me livre de casualidades e pouco frágil.
Ao meu redor, apenas o cheiro a verde,
a humidade da pedra, o calor macio do crepúsculo.
A fuga do dia, não me convence da escuridão.
Continuo a sentir a luz, mesmo fechando os olhos,
mesmo sem sonhar, mesmo quando a noite chega.

Sentado no alto da serra, mais perto do céu
consigo tocar as estrelas, por uma única vez.
Há uma brisa que me arrepia, não pela frescura
que a noite me oferece, que me arrefece o corpo,
mas por um vento que me envolve a alma,
com vontade que tocar o limite do sonho.
Assim me acalma, e me transporta de forma suave.

Se parto deste corpo e volto, ainda não entendi,
porque apenas sei a sensação, de não me perder,
ao sentir-me voar, sem esforço algum com
destinos incertos, mas com as estrelas,
esse destino maravilhoso por tocar.

A sensação, é de um deleite único e inigualável,
como sendo eu, um pequeno nano-magnete
com a surpresa própria da impotência do Homem.
É só este o poder que tenho.
Sózinho a meu gosto, envolto num espaço vazio
de onde vejo lá bem no fundo, tão longe,
a pedra onde me sentei, já sem o cheiro do verde,
já sem sentir a humidade da vida e,
esquecendo o tal calor macio do crepúsculo.

Sinto a paz do cosmos que me envolve
e uma magia que deslumbra os sentidos
adormecidos e, criados na minha viagem,
sem um qualquer prévio e futuro destino.
Sou concorrente ao magnetizar das estrelas,
que como chuviscos me tocam sem a dor,
que passam por mim, sorrindo sem tocar,
num êxtase próprio de um brilho puro.

Sinto a metamorfose na pele que, se transforma
em mais um nano espaço sólido, tão enorme
como um grão de areia fina, que se junta
a esta chuva de estrelas, que se tocam entre si
num bailado desenfreado de beleza divina.

Inevitávelmente me sinto uma estrela temporária
metamorfose que gozo ao máximo, neste poder ilimitado
que o cansaço me conquista pelo deslumbre imaginário.
Escorrego, sem onde me suster e, ficando aqui,
sentindo-me tão quente, tão quente que percebo
estar na hora de me tornar na próxima estrela cadente.

A despedida é breve e, perde-se no espaço imenso
aproveitado ao máximo esta sensação de queda
num abismo, onde a gravidade retoma o seu lugar,
retornando sem opção, mas com uma alegria incontrolada
acordando aqui, sentado, sozinho, nesta pedra imensa,
no alto da serra, onde o crepúsculo, egoista
e frustrado pela minha viagem, desapareceu sem aviso.

Curioso foi deixar-me na companhia das estrelas,
que brilham intensas como piscares de olhos,
em despedidas tão sentidas, deixando pedidos perdidos,
para que eu volte a este lugar e, que mais tarde,
aqui me sente nesta solidão que adoro e, sinta
a brisa fresca envolver-me de novo, para que
saia novamente deste corpo, e volte a voar.

O fresco que agora sinto, tornou-se no frio da noite,
que se vinga em mim, tão ciumento e tão intenso
para que eu sinta os meus pecados, para que sem piedade
eu volte a este mundo e, finalmente acorde.

Foi bom tocar as estrelas...


09 outubro 2012


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