Castigo o reverso da perfeição.
Tanta produção desnecessária
na evidencia da falsidade opalina.
Translúcida a cor, que de perfeita
so a refracção estranha. O abstrato.
Queimo telas esburacadas
como Miró ou Matisse.
As colagens são tão desfasadas
que a perfeição, se assome ao abismo.
Cubismo desenfreado, traços moles
onde as linhas se torcem de dor
no inverso da lógica, no encontro
que de perfeito, há um único espaço.
Um único traço repartido, no limite
as cores desconexas de regras
que são abstratas nesta figuração.
Jornais e molduras, cabides e coisas
a colagem da fantasia, a beleza
as interpretações inconformadas
como a dúvida especulativa.
Castigo o reverso do perfeito.
Contorcionismo do óbvio
que me envolve e absorve.
Se pico o aço, ou miro a tela
deixo escorrer o surrealismo
na lógica da perfeição perdida.
Até consigo focar o desconforto.
Castigo já não me serve de prémio,
pela simples confusão, a reversa
do suicidio da perfeição.
O abstrato !!!!!!
02 OUTUBRO 2012
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