quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O QUE E BONITO



Tenho atracao fatal pelo que e bonito.
Nao me vou matar por falha disso,
a fatalidade so existe pela desistencia.
Atrai-me a beleza das coisas, pessoas.
As pessoas que fazem coisas bonitas,
as coisas bonitas que inspiram as pessoas,
a beleza no interior do pobre ao rico.
As coisas... apesar de imensas as opcoes,
tudo nao passa de pequenas coisas,
que mesmo sendo grandes, comecam do nada.
Bonitas ou nao, o desafio e glorificar
diferenciando a naturalidade da banalidade,
como estado mais puro da beleza.
E fica bonito... fica bem esta atitude.
Por procura frustrada ou inato, fica bem.
Reciclar o pensamento, nao fica mal.
Aproveitar o lixo das ideias, ideais perdidos
transformados em inteligencia reciclada,
fica bem... fica bem esta atitude.
Renovar a critica desenfreada, retornar
sentindo a importancia da simplicidade.
Os defeitos da mente, sao genes estravagantes
que transmitem as excentricidades da renovacao.
Apelidam os inconformados de hipocritas.
Pelo desprezo na mente, ou com o receio na alma.
O que e bonito, e para ser visto. Sem medos...
A nudez dos corpos, as cores... amor, tudo.
Nao e necessario muito, para ser bonito.
Um pouco de bom senso, um abraco e um beijo.
O mais bonito de tudo, e ser feliz.

31 OUTUBRO 2012

OXIDADO PELO TEMPO



Sinto-me de certa forma oxidado.
Talvez o tempo que me envelhece, seja culpado.
A ferrugem que me ataca, apesar de prorrogavel,
sorrateira mas irreversivel, tem a minha propria cura.
Sei que nao me torno novo, que nao volto atras,
mas agrada-me a idade, pela sabedoria do tempo.
Curo-me do ataque dos elementos, com a alma
que combate progressivamente, por inata reaccao,
os desafios nostalgicos e depressivos... oxidantes.
Tal como metal usado, gasto e raspado, fico fragil.
Uma fragilidade aparente pelas rugas que nao controlo
pelo emperrar da carne, mas o enigma da felicidade
controla todas as adversidades, como tratamento certo.
Tenho o carisma da imprevisibilidade, disfarcada
por atitudes de bom ator, e boas perfomances indutivas.
O prazer de provocar reaccoes, que me previnam
da imprevisibilidade dos outros, torna-se eficaz
por cada vez que provoco e recebo retorno inocente.
Este oxidar dos elementos no reboco da sabedoria,
embeleza como bronze velho, que invade a pedra
escorrendo o verdete que atrai admiracao pelo tempo.
Tenho o antidoto certo para a idade. Tenho a alma...
Tenho vontade que exijo em me tornar um ser melhor,
no passar de cada dia, com o que sei, o que vejo,
sinto e aprendo. Que me sinta a oxidar por fora,
a minha escultura interna mantem-se como nova,
com espaco e tempo ainda, para os retoques
que se necessarios, a vida precise e decida dar.
Que oxide o involucro, que envelheca o corpo,
porque a alma, essa nunca morre.

31 OUTUBRO 2012   

O MEU LOCAL SECRETO



Sei de um local secreto, onde o acesso
apenas passa por mim. Tem grutas enormes,
lagos subterraneos e pequenos belos monstros,
que por serem monstros, deixam que lhes toque
que fale, com a atencao de um mimo perdido.
A vontade que tenho e a partilha, por ser tao belo
por haver o potencial de tornar a vida real,
num local de sonho, tao aprazivel como vazio.
Tem a particularidade da escolha, onde cada um
por si so, e a cada momento, altere as formas,
os riachos e os monstros, que no fundo nao sao.
Sao diferentes, sao anormais aos cliches nomeados,
mas sao ternos, sao tao puros como o local secreto,
onde o acesso apenas passa por mim.
Ja nao e sonho, porque ja ultrapasso essa fase.
Passei a viver na espectativa do acordar... o medo,
oprime-me a vontade da realidade, mas so por pena.
Apenas por pena de quem nao consegue sonhar.
O meu medo nao e falta de coragem, mas um vazio
que ao prenche-lo, transporte o perigo de contagio
mundano, monotono e desinteressante, como o meu.
Ao entrar neste local secreto, a vontade e de ficar.
Indefinidamente eterno e nao efemero, mas ficar.
Tudo o que preenche, este espaco vazio da alma,
torna-se na rotatividade da minha imaginacao,
que nao para de trocar locais, pessoas e tanto mais.
Tudo se resume a pouco, na imensidao do que nao sei.
So a espontaniedade da fantasia, me anima e cura.
Ate o sinto acordado, a entrada e a saida, e o tempo.
O tempo que escolho para mudar, e mudar o tempo.
Mudar todo o conteudo, todo o significado de tudo.
Mas nao... nao vou arriscar. Nao vou mostrar
este meu local secreto, tenho medo que todos fiquem,
onde o acesso apenas passa por mim.

31 OUTUBRO 2012

terça-feira, 30 de outubro de 2012

ALICE NO PAIS DAS ARMADILHAS




Um brilho no olhar atrai a fantasia.
Criança perdida, esfarrapada pelo destino
brinca, sorri como ninguém consegue sorrir.
Um coração feliz, de talvez pouca felicidade
que a mim e a tantos difícil será entender.
A felicidade simples de não ter nada,
mas abraçar a fantasia como alimento
que sirva de exemplo ao abastado, aos felizes
materialistas, com sorrisos comprados
preenchidos por uma sociedade insegura.
O escárnio e desprezo fingidos, não passam
de admiração e medo, pelo poder das crianças.
Seria bom não crescer! Manter a fome viva
com uma alma cheia de alimento puro.
A inocência e rigor da necessidade,
consegue facilmente um pequeno milagre.
O milagre da vida dispersa, por tantas outras
tão diferentes entre si, mas que no final
todas elas vivem, consumindo o mesmo ar,
andando pelas mesmas ruas, no frio diferente
que acaba sempre, por aquecer a resignação.
Por mais que tente disfarçar a indiferença,
não consigo ignorar a frieza encantadora
na fantasia que alimenta aquele olhar, um brilho
tão próprio e inigualável como o desta criança.
Talvez sem família, sem casa e sem amor,
sem tudo a que tem direito, por decreto universal.
Talvez se chame Alice; talvez se chame os nomes
das fantasias que vive diariamente, nas ruas
desertas, escuras e repletas de nada. Habituada
ao breu, que a noite torna num único e seco sorrir,
preenchendo as fábulas e historias encantadas,
escondidas sob o cartão que lhe cobre a noite,
talvez só assim, se liberte deste pais das armadilhas.
Um sonho será talvez, para sempre um sonho,
mas a intensidade será certamente maior,
quando a pobreza se torna forma de vida.

30 OUTUBRO 2012 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

MINHA IRMA AMIGA



Sinto-te triste neste mundo imprevisivel.
Consigo ouvir o vibrar agudo lindo de violinos,
que te dedico, esperando que ao leres estas palavras,
saibas que e tua a poesia que escrevo, sentindo
exactamente o que sentes, por meu amor de amigo.
Ouve o som fantastico dos violinos, levanta-te...
danca comigo esta melodia imaginaria, que de tao doce
elimina o fel da amargura com apenas o teu sorriso.
Quero um castelo de muralhas fortes, impenetravel
que te proteja, que subas brava a escadaria dos ceus,
gritando pelo que mereces, sem temor ou preconceito.
Grita alto, libertando o que te oprime nesse corpo.
Assalta vitoriosa, tudo que deprima o teu coracao.
Luta como sempre, como eu sei, ate que o sangue
escorra das cicatrizes que nao mereces... que saras.
Saras o que te doi por dentro, vomitando o negro
das entranhas da vida, que te persegue sem piedade.
Mas tens flores nesse castelo, que regaste e proteges,
que te abrem a paixao adormecida pelo teu amor.
Tens crias que te sustentam a alegria da alma,
que te deram novas flores para cuidares no teu jardim.
Nao desistas da crueldade do mundo, que e pequeno
restaura o teu jardim, nesse castelo enorme impenetravel,
onde os muros de tao fortes e altos, te protegem
mesmo sabendo que os desafios nao acabam, e por ti
pelo lutar com que resistes, te oicam todos gritar
do mais fundo do coracao e alma, que amas a vida
como sempre, erguida e forte sem duvida alguma,
e o amanha, sera sempre um novo dia de Sol.

29 OUTUBRO 2012


 

ALMA VIVA



Se fiar lã por uma roca arcaica,
produzo o resguardo do mendigo,
se comer bem em prato de prata,
pois me alimenta, até o umbigo.

Se a profecia das palavras,
são eco de desgraças vindouras,
quero só a surdez nos sentidos,
e imaginar apenas coisas boas.

Se rasgar o mar sem milagre,
libertando povos de dor e fome,
prefiro antes o azeite ao vinagre,
e esquecer assim o meu nome.

Se Deus existe, e nele acredito,
peço ao povo que a fé seja sua,
pois pensando nisto eu medito,
sofrendo, afinal a dor continua.

Se o rimar da palavra, for o vosso ideal,
também não deixarei finar a prosa poética,
pois não acredito que por escrita final,
apenas valor tenha, a forma romântica.

Brinquei com palavras e temas,
porque variar tem uma virtude,
acabar com a inércia do apenas,
escrevendo cada vez mais atitude.

Escrever, é uma forma de amor,
pela rima ou pela prosa, tanto faz,
pretendo apenas um simples valor,
mostrar o pouco que sou capaz.

Escrever é a arte da alma viva.

29 OUTUBRO 2012

domingo, 28 de outubro de 2012

O GÉNIO ABSURDO


Desde que me lembre, a cinza do absurdo espalha
todo um cheiro e desconforto total, em tudo que toca.
Ser absurdo é o acto do (i)realista intencional, que
na crítica que tenta ser fogaz e incisiva, se
torna pobre pela (in)capacidade e (in)competência,
ao opinar aquilo ou o que até sabe interpretar.
Só tem como defeito simples, tentar inibir opiniões
a que todos temos direito. Absurdo é alguém que
se acha detentor da verdade, sem créditos de opção.
Muita gente absurda existe neste momento.
Se a vida do comum mortal, desde incultos a cultos
incompletos, fosse respeitada, um mundo diferente
sobreviveria, de forma muito mais agradável,
tal como o comum mortal, que especificamente inculto,
observa, crítica e absorve, por exemplo, a beleza das artes.
Basta gostar. Basta interpretar o filtro individual,
o prazer exacto, que cada circunstância ou matéria
representa e, alimentar de forma única, o próprio ego.
O poder do absurdo, está na forma e, ao deixar de a ser.
A falta de tempo, ou a arrogância da pouca paciência,
transforma o "iluminado", em criador de castas sociais,
que ele próprio na fineza intelectual com que se intitula,
critica tudo de forma afincada e publicamente irreverente,
como sendo anti social, ou até altamente reprovável,
pela aplicação do seu "modus vivendi" civilizacional.
Tudo isto me faz correr as letras e, perder o fôlego.
Neste século contemporâneo, intransigível por obrigação,
ignoram-se os atrasos civilizacionais de outros povos.
O absurdo tem o poder máximo no egoísmo politizado.
O escárnio critico, no rebaixar outras ideias, acaba
por conquistar seguidores fanáticos, pela absurda
forma intransigente, a quem tem ideias opostas.
A democracia é uma horta fértil destes frutos.
O absurdo floresce, germina criando uma flor
que atrai atenção pela novidade, mas que apodrece
sem hipótese opcional, deixando um rasto nauseabundo.
Esta horta devia plantar frutos doces, agradáveis e desejados.
O absurdo cria a cinza das ideias, atiçadas por si próprio
na sua própria fogueira, em contrasenso ambiental
onde esse mesmo incêndio intencional, destrói toda
uma floresta recheada de egos simples, que têem
todo o direito de respirar ar puro. Esta cinza é nefasta.
Nada absolutamente mais ignorante, que o génio absurdo.

28 OUTUBRO 2012


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

REENCONTRO



Lembro-me do quarto de Hotel!
Reencontrei-te, onde o mar acalmou
o receio de te tocar. Senti o vazio das rosas,
nuas de pétalas recentes, onde o veludo
fresco, se misturou no cheiro da tua pele.
A incredibilidade do momento, passou.
Assim o vento, teimou gemer inquieto,
tão nervoso como eu, na ansiedade do teu corpo.
Uma varanda fechada. Um som tão surdo
como o silêncio do nosso desejo.
Não foi a rosa que te dei, nem o champagne,
que nos animou o corpo, talvez a maré viva.
Imortalisado o momento. Foi muito mais...
Foste tu. Fui eu. Foram horas de pele refinada,
tocadas com sabor, escorreram seivas de amor.
Todos os vulcões se fundiram. Desenfreados
numa fusão que nos derreteu. Transformei pedra
em lava incandescente, jorrei a seiva
do prazer, nesse vale humedecido.
Foi tão sagrado como a arte. Um bailado,
uma tela, um teclado. Não contei o tempo.
Esgotaram os corpos. Finalmente.
Mas o sabor, o cheiro do mar,
tal como todo o suor, resistiram fortes.
Organizei-os no arquivo da memoria.
Rezei que parasse o tempo, 
Rezo que volte o momento.
Lembro-me daquele quarto de Hotel!

26 OUTUBRO 2012

O MEU PASSEIO



Apetece-me falar de coisas vas.
Falar por falar... coisas simples.
Dar um passeio, olhar os meus vizinhos,
ainda com um sabor a cafe na boca.
Misturar-me num passeio assediado,
onde as cabecas ondulam incognitas,
diferentes, passos diferentes... e falam.
Falam de tudo aquilo o que nao sei,
vidas estranhas, saudaveis, doentes .
Mas falam... falam muito.
Desconcentrado perco o sentido do destino,
concentrado em absorver o mais que possa.
Nao fujo a um sorriso, eu... que penso.
Imagino os pensamentos, disformes misterios
onde a curiosidade se concentra, descontraida
um pequeno segredo  ha tanto tempo meu.
Observo os comportamentos... adivinho.
Humano sem opcao consciente,
faco parte deste ondular aglomerado,
em mentes incognitas camufladas em carne,
ainda mais camufladas que vestuario,
onde o desespero individual nao resiste,
em tentativas desesperadas de camuflagem,
onde o pensamento, nunca deixara de ser
decididamente, o maior perigo da existencia.
Se berrar um improperio, ganho espaco...
o espaco da vergonha, a loucura que assusta,
a imprevisibilidade vista, em qualquer comum.
Um sorri, outro encolhe, outro ainda grita de susto,
sobrando aquele que enrija a tromba,
na total indiferenca das boas maneiras.
E passou... passamos todos uns pelos outros.
Uma epidemia massiva de expressoes tao vas,
como o que me faz falar... a vida.
Basta so mudar de lugar, atravessar a rua,
voltar a berrar para que seja novamente louco,
interromper o reciclar de cada passo diferente.
Tanta outra gente, ondulando feliz, triste,
ate indiferente com o cerebro parado.
Uma rotina humana que observo, em vao.
Mecanizado e alheio, num qualquer passeio,
num qualquer outro lugar do mundo,
onde me apeteca voltar a gritar,
enquanto falo de coisas vas.

26 OUTUBRO 2012

PRAIA DESERTA




Se sentisses hoje o que me apetece, abracavas-me
sentindo-me desfalecer aos poucos, em movimentos certos
como revolta calma sem resistencia a uma tempestade previsivel.
Sentir a areia aspera, entregues a um so prazer.
Na queda lenta dos nossos corpos, que se entrelacam misturados
nas dunas que alisamos... praia deserta onde o silencio, ecoa uma melodia...
Ouvir-te gemer ao ritmo das ondas, onde a espuma nos confunde,
onde o frio enriquece o sabor salgado da tua pele, que se descola
da minha, em intervalos destemidos como a cadencia de mares vivas.
O brilho languido e solene do mar, reflete este luar intenso prateado,
onde a cor se transforma, em lava que petrifica, ao tocar o calor dos corpos.
A escultura nasce, imberbe e intensa ao toque de cada dedo,
que sem segredo nem pudor, se move desinibida nesta praia deserta.
Deito-me ao longo da tua silhueta, que me atica o fogo brando,
onde a cada toque pachos de nevoa, silvam como vapor de agua fervente.
Quero provar o mar, nas ondas que nao param de saltar,
quero beber da tua espuma que me abraca, que me queima a boca
como mel quente, tao quente que nao sinto o frio do tempo que passa.
Talvez mais tarde ao vazar a mare, a lava derreta novamente
e nos misture na areia que ja lisa, pelo rebentar cadenciado das ondas
criamos neste mar tao grande e solitario, onde o reflexo do luar
cintilante a tona d'agua, como o brilho dos teus olhos, satisfeitos
e cansados, rogando pela espuma suave que ja nao volta.
Mas ja a saudade desta praia deserta, depressa deixa um vazio...
Tao imenso, como este oceano desencantado, pela vastidao das ondas
que ja nao nos tocam, que ja nao nos assaltam, onde o eco ja nao geme.
Agora, as bocas perderam o fulgor desinibido, os corpos descolaram,
mas mesmo partindo, os passos lentos que demos ao partir,
deixaram para sempre feliz esta praia deserta.

26 OUTUBRO 2012
 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O SIGNIFICADO DA VIDA





Talvez o significado da vida, seja neste preciso momento,
Um vazio infinito, onde o prazer de voar, não seja interrompido
Por olhares de espanto, críticos ou incrédulos, que me façam
Devolver, um esgar de desdém, na insignificância dos outros.

Talvez pudesse antever, em profecias descriminadas,
A censura de expressões apaixonantes, que por tão sinceras,
Reacendam e acordem ódios, tao dispensáveis como a morte.

Não tenho medo absolutamente nenhum da morte! Estou
Vivo, até que o momento chegue, em conversas íntimas com Ela,
Talvez desesperando os inocentes que não sabem o que se passa e,
Pensem que o presente, será futuro ausente deste invólucro.

Talvez, o significado da vida, seja mesmo o amor.
Aproveitar os momentos que, mais ninguém vive, senão nós próprios,
Sem as mordomias do pudor, nem as exigências do correcto.

Saber que estamos de passagem, por uma razão qualquer,
Ainda que transtorne uns quantos, pelo pânico do final e,
Me faça assim sorrir, pela fraqueza desses alguns que, perdem
Tanto tempo com os medos de "benfazeres" das imposições.

Escrevam leis, correctoras de palhaçadas incontroladas que,
Por ser humano, tantos desvios à norma criticável,
Sem dúvidas, que fazem parte de uma outra forma de vida.

O desperdício do prazer, a frustração de passar ao lado da vida,
Onde o amor é o dado concreto, elevado a um estado superior,
É essa a prova viva, da extrema estupidez, de quem não sabe,
Ou finge não saber, a perda deste restrito tempo no mundo.

Os limites são imensos, é evidente. O paraíso mantém-se imaginário,
Tal como o divino e, o dantesco inferno. Talvez...
Talvez o teste, seja enfim, este purgatório de vivências,
Tão boas como más, loucas e finas e, afins...

O objectivo proposto, será o fim do dia, as cores quentes,
O desfrutar do horizonte, um copo de vinho, uma mulher,
Talvez até, para acelerar o fim, um simples cigarro,
Mas que tudo seja em prol do prazer de viver esta vida.

Cada um, com limites, vontades e fronteiras por ultrapassar,
Procure a consciência, ou talvez não. Apenas a vida é opção.
O final será filtrado, pelo restolho do sentido da vida.

Em mim, fica o resumo da arte.
A linguagem da Pintura, o som da música,
O esculpir da pedra e da madeira,  os estilos,
Certos, irreverentes, extravagantes, loucos e por aí fora.
Depois de tudo,
O que fica,
É amor.


25 OUTUBRO 2012

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

NAO ...




Nao...
Sim, a palavra e "Nao"!
Preciso de dizer "Nao",
como de ar nos pulmoes.
"Nao", de ter a certeza,
"Nao", de ter o caracter.
Dizer "Nao", ser ativo
remexer um bau esquecido
perdido no sotao da memoria.
Encontrar aquele objecto perdido,
que depois do desleixo, afinal existe.
Promover o "Nao" e ser exigente,
liberta-lo faz mover o Mundo.
Dizer "Nao" transforma as apatias,
atitudes que consentem o positivo,
negando o poder da negatividade.
Imagino varias manifestacoes publicas,
com uma unica palavra de ordem.
"Nao"... "Nao"... "Nao"... "Nao"...
Nao basta explorar o motivo da duvida,
mas descodificar ao agir, e dizer "Nao".
Falando, cantando, escrevendo, pintando...
"Nao", tem um poder proprio e adverso,
tem direito explicito, sem mordacas,
sem politicas ou preconceitos...
"Nao" a fome !
"Nao" a guerra !
"Nao" ao abuso !
"Nao"... "Nao"... "Nao"... "Nao"...
Hoje apetece-me dizer "Nao" a tudo.
Hoje, dizer "Nao", enche-me o peito de positividade
"Nao" !
Tenho dito!

24 OUTUBRO 2012
 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

QUERO INVERNO




Quero que o Inverno chegue!
Quero sentir o meu corpo lutar contra o frio,
animando-o amolecido pelo verao, de tao quente
me adormece a vontade consciente de reflectir.
Quero calor sim... mas da fogueira crepitante,
na magia do fogo, que nao me consome,
mas que me relaxa na contrariedade dos elementos.
Talvez um copo de vinho, beijado aos poucos,
sentindo a seiva dos deuses aquecer-me por dentro.
Talvez uma mulher que amo, se entregue nesta magia,
em cumplicidade quente, ardente que nao o fogo,
mas outra fogueira que me tente, sem refreios.
Mesmo que o frio sopre na vidraca, assobiando
uma melodia tao pura que apetece deixar correr,
o calor desta fogueira, enlaca-me sem o saber,
nas pernas desta mulher, onde o calor me queima
de um prazer intenso, gemendo sem pudor, igualando
a vidraca incontida, no assobiar do nosso alento.
Que escorra a seiva tinta, nos sucalcos desse corpo
onde eu espalho, bebendo ate a ultima gota.
Nao ha frio que melhor viole assim os corpos,
quentes de prazeres diferentes, onde a lareira
aquece o corpo, o vinho aquece a alma
e o esfregar dos corpos aquecem a loucura de viver.
Assim, quero que chegue o Inverno...
Que sirva de mais uma desculpa, para te ver.

17 OUTUBRO 2012
 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

SONHO SURREAL



Renasço a cada acordar.
O decifrar da noite leva o seu tempo e
custa-me focar na interpretação do sonho.
Consigo manter por breves momentos
imagens e acções maioritariamente
surreais que, se encadeiam disformes
com um sentido que não entendo.
Sei que há significados, que são latos
que frustram o entendimento lógico
pelo desenrolar abstrato do sonho.
O aliciante nem sempre tem a lógica
mínimamente imediata, aos impulsos
que tento acelerar, para não perder
os momentos e detalhes estranhos,
que se perdem da norma e realidade.
Canso-me tantas vezes. Acordo cansado.
Não que o corpo me entorpeça movimentos
mas ao adiar o amanhecer, a própria alma
que confundida se atrapalha por momentos,
teimosa ao tentar definir uma teia ilógica.
Acordar, só tem a lógica da vida,
só tem a lógica de um ritual corporal,
incontornável, que ultrapassa a intenção.
Quase semiologia do corpo.
Por enquanto, talvez por enquanto,
até que as sinapses se alterem em revolução
neurologica, evoluindo esta matéria cinzenta
tão imensa, tão intensa e desconhecida.
Acordar trás-me a ressaca da noite,
no desejo intenso, na opção certa
onde possa galgar a fronteira dos sensos.
A realidade, estranha mas atraente
do sonho, cria-me ansiedade neste encontro.
Nunca sei... A incerteza da surpresa atrai
todas as forcas que me restam, que reforço
de intencionalidade própria de me sentir sozinho
e passar para o próximo estágio da mente.
O meu ciclo de vida, (re)começa durante o sonho.

16OUTUBRO2012

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

ESCURIDAO




A decisao do meu espaco, e a escuridao.
Gosto de luz, de Sol, de tudo o que implica
o positivismo terno, de esperancas perdidas.
Mas a escuridao... um quarto escuro
nao necessariamente breu, mas a sombra
de um cinzento palido, que me toca indelevel
como ouvinte atento do meu pensamento.
Nao quero confundir a forma negra
da negatividade, mas explorar a pureza
que a escuridao possui, calma e disfarcada.
A sensacao do vazio da procura, um pesadelo
tao antigo como eu, a procura de uma porta
escondida numa area que nao conheco,
recompensa-me com o iluminar do caminho
no valor superior, do poder da escuridao.
Como a noite que remexe os amantes nus
nos corpos que nao se perdem, que se conhecem
em tactos luxuriantes, explorando o misterio
do proximo toque, do proximo beijo no escuro.
Escuridao da-me a liberdade de expressao
sem olhares criticos, mesmo que sinta a presenca
remexendo corpo, ego e alma, sem refreios
nem criticas que aceito, por nao ser perfeito.
O espaco, esse ainda nao conheco realmente.
Existe, sei que o tenho de tamanho inconformado
em paredes de papel que tremem, por cada bafo
sereno ou de desespero, onde limito a escuridao.
A minha escuridao esta no fechar dos olhos,
como ponto de partida para a ilusao consciente,
onde me perco em passado e presente,
no sonho imprevisivel que me ilumina.
Escuridao passou a ser o meu ponto de encontro,
onde tudo e todos se movem em bailado
tao contemporaneo, com a expressividade
de procura insistente e permanente,
de um ponto de luz, que mesmo sendo fraco
longinquo ou disfarcado, sirva o proposito
de iluminar esta escuridao, com esperanca.
Mas nao pensem que me escondo.
Gosto da escuridao... porque me ilumina.

15 OUTUBRO 2012

domingo, 14 de outubro de 2012

OS MENTIROSOS



Todas as promessas que conheço,
são pedras de arremesso, dolorosas.
É preciso ter um gene programado,
pela displicência e sorriso nos lábios,
na porca destreza do potencial mentiroso.
Tem classe e brilha fosco, prestativo
até ao fundo de um poço, ao tropeçar
na verdade, como anedota caída no vácuo.
O bónus, oferecido em promessa refinada,
previamente calculada e nunca cumprida,
seria uma bela prenda em veludo azul,
de ouro fino, na forma de corda torcida
lindissima como a promessa imunda,
colocada muito a gosto... No pescoço.
Faz-se pompa e circunstância ao mentiroso.
Tem poder e desenvolve fino e grosso,
a forma manipuladora do sonho do fraco.
São potentes e criativos, epidémicos
e geneticamente desenvolvidos, aceites
afinal pelos que ouvem e os consomem.
Somos uma cambada de renegados,
conscientes da fraqueza futura, mas
desta doença, pelos vistos, não fugimos à cura.
Surpreso ficarei um dia, educa(n)do
uma classe competente que me governe.
Há o vício da mordomia, o novo rico,
que em desespero de causa, acrescenta
sem fim previsto, interminável capacidade
do luxo fusco, com que se auto gratifica.
E ficamos assim... nas promessas,
nas promessas que eu conheço,
a procurar pedras que arremesso,
para acabarem com a mentira,
de uma forma igualmente dolorosa.
Nestas linhas, tenho pedras.
Nestas linhas, vos condeno,
a um final cruel!

14 OUTUBRO 2012




SOFRO A FOME




Complexo viver neste mundo as vezes.
Sem qualquer queixa que me estorve,
sinto-me incomodado com a facilidade
de complicar o que e tao simples.
Mas existe complexidade, contra tudo
aquilo que eu acredito, que gostaria
e poderia ou possamos fazer a diferenca.
Estar neste grupo enorme de formas,
tao diferentes, deveria ser uma bencao
reconhecida pela especie que tem privilegio.
A inteligencia... que pouco utilizam,
em que tenho orgulho, pena e raiva.
Nao da inteligencia obviamente, mas
pela falta de cometimento em utiliza-la.
Sinto dificuldade e dor, nas imagens
hoje tao facil de ver o que nao se via.
Sinto o rogar por piedade naqueles olhos
que fogem inchados das orbitas secas,
onde as lagrimas secaram e a vida se esvai.
Doi-me os ossos dessas criancas, tanta dor
que me rasga a alma de raiva, de impotencia...
Isto sim e complexo! Isto sim faz-me roer
os maxilares de revolta, pior que a raiva da alma.
Complexo sem duvida observar e sentir
a desistencia forcada na inocencia da vida,
por quem inocentemente nem a sentiu,
sem sequer sentir o significado de ser crianca..
Ha tanta vida de dor, que nao entendo.
Simples seria uma redoma de vidro fragil,
repleto de nada, que nao sede e fome
mas cheio de filhos da puta que comandam
os designios tao simples do Mundo.
Torna-se complexo para mim, pensar tanto
tantas vezes na logica distorcida da vida.
Sofro calado... escrevo uma com raiva doentia.

14 OUTUBRO 2012

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

PEQUENOS DRAMAS



Perco-me em pequenos dramas irrelevantes.
A minha elasticidade mental enrijou.
A duvida, esta na minha vontade de cura,
se os dramas existem, ou apenas sao loucura.
Talvez ja os confunda com a realidade.
Provavelmente a historia da idade me traia,
nao percebi se os dramas sao dramas,
se sao realidades ainda nao atingidas.
Talvez... talvez ainda nao tenha acordado
devidamente concentrado, sem saber onde estou.
Reconheco as paredes, os papeis e os livros
mas a mente, confusa neste tesao matinal,
enrija-me o corpo na ressaca da insonia.
Aos poucos, unem-se as noticias do dia
que nao pedi a ninguem, mas que violam
a privacidade a que tenho direito.
Tenho a necessidade de me fechar, sozinho
sem abusos que me comam o sono,
que me deixem sonhar no sexo e deleite,
irreverente aos pequenos dramas,
onde o sorriso, estremeca a vontade de acordar.
Separei o defeito do tormento errado,
tornei-me flacido na estupidez do momento.
Para que perder o que tenho, mesmo que pouco ?!
Que me torne louco, na minha capacidade de ser feliz.
Apalpo a saudade, com ferocidade e o luxo do libido.
Toco esta excitada alma preliminarmente adormecida,
onde o sonho elimina a sombra, de forma desconcertada.
Ja nao ha dramas consistentes, sao fracos
na monotonia da ordem, onde o passar das horas
neste ritmo tao lento, aceleram a minha inercia.
Os dramas que sinto tornam-se palcos vazios,
onde os actores sao mediocres, e ja ninguem liga.
Ja nao ha dramas, deixei caducar o prazo.

12 OUTUBRO 2012
 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O MEU TEMPO



Decidi deixar correr o tempo.
Tantas vezes disfarco que nao passa.
Descobri  por acaso, em conversa
casual, que ao trava-lo me perco.
Ate em doencas pensei, ja perdido
mas curei-me ao deixa-lo partir.
Nao me despeco de ti, se breve
e o tempo que me das, sem pressoes
futeis da minha parte, preciso de ti.
Preciso de tempo, para amar.
Preciso de ti para me tornar sabio.
Quero ver e cumprir tanto desejo,
que ao travar-te nao irei conhecer.
Se e verdade que me comandas,
se e a vida que queres de mim,
entrego-te a humildade do meu ser,
confio-te os momentos que preciso.
Decidi que nao me arrependo.
Sei que me cobras na pele o teu valor,
que enrugas e amoleces a carne.
Mas entendo. Entendo e agradeco
pela troca do saber. Fico-te grato.
Ja nao te consumo em egoismo,
por ter gozo nesta tua partilha.
Quero seguir a sabedoria como conselho,
consumi-la com alguem que me entenda.
E deixar-te correr assim, como um ribeiro,
que me torne menos frio, mais puro
e de alma cristalina. E ao entregar-me,
perceber que dependo de ti, apenas de ti.
Fica por aqui... todo o tempo que quiseres.

11 OUTUBRO 2012

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

VOZ INTERNA



Tenho uma voz interna, diferente;
Há um diálogo permanente e importante.
A discórdia é ponto comum,
entre aquilo que quero e o que sinto.
Sem interferir sobremaneira, patrocino
discretamente este estado emocional.
Quero que em mim haja a revolta,
contida ao respeito, mas activa na dialética.
Detesto os apenas e os talvez,
quando as vozes me acordam e,
me impedem o sossego do corpo,
ativando os desassossegos da alma.
Mas depois, depois de discutirmos os três,
o consenso conquista os impulsos.
Às vezes; nem sempre, me contenho
pelo correcto. Falho constantemente
quando a mente se deita à minha frente
e tropeço, acordando com a dor da queda.
O tratamento é básico e simples.
Basta refletir em introspecção diária.
Mas preciso deste impulso indomável,
sentir o sangue ferver nas veias,
e o crescente de adrenalina incontrolado.
Não há Bem, sem que o Mal exista.
Dependem da luta comum para existirem.
O que seria o Mal, sem que existisse o Bem?
Como posso achar azedo o fruto,
se o palato não distinguir o doce?
O discurso da discórdia tem de ser permanente.
Por isso, tenho uma voz interna, diferente;
Assim,
falo de dentro para fora de mim.

10 OUTUBRO 2012


terça-feira, 9 de outubro de 2012

TOCAR AS ESTRELAS



TOCAR AS ESTRELAS

Descobri uma pedra enorme, onde me sento
e recupero energias, com a minha solidão.
Sinto-me livre de casualidades e pouco frágil.
Ao meu redor, apenas o cheiro a verde,
a humidade da pedra, o calor macio do crepúsculo.
A fuga do dia, não me convence da escuridão.
Continuo a sentir a luz, mesmo fechando os olhos,
mesmo sem sonhar, mesmo quando a noite chega.

Sentado no alto da serra, mais perto do céu
consigo tocar as estrelas, por uma única vez.
Há uma brisa que me arrepia, não pela frescura
que a noite me oferece, que me arrefece o corpo,
mas por um vento que me envolve a alma,
com vontade que tocar o limite do sonho.
Assim me acalma, e me transporta de forma suave.

Se parto deste corpo e volto, ainda não entendi,
porque apenas sei a sensação, de não me perder,
ao sentir-me voar, sem esforço algum com
destinos incertos, mas com as estrelas,
esse destino maravilhoso por tocar.

A sensação, é de um deleite único e inigualável,
como sendo eu, um pequeno nano-magnete
com a surpresa própria da impotência do Homem.
É só este o poder que tenho.
Sózinho a meu gosto, envolto num espaço vazio
de onde vejo lá bem no fundo, tão longe,
a pedra onde me sentei, já sem o cheiro do verde,
já sem sentir a humidade da vida e,
esquecendo o tal calor macio do crepúsculo.

Sinto a paz do cosmos que me envolve
e uma magia que deslumbra os sentidos
adormecidos e, criados na minha viagem,
sem um qualquer prévio e futuro destino.
Sou concorrente ao magnetizar das estrelas,
que como chuviscos me tocam sem a dor,
que passam por mim, sorrindo sem tocar,
num êxtase próprio de um brilho puro.

Sinto a metamorfose na pele que, se transforma
em mais um nano espaço sólido, tão enorme
como um grão de areia fina, que se junta
a esta chuva de estrelas, que se tocam entre si
num bailado desenfreado de beleza divina.

Inevitávelmente me sinto uma estrela temporária
metamorfose que gozo ao máximo, neste poder ilimitado
que o cansaço me conquista pelo deslumbre imaginário.
Escorrego, sem onde me suster e, ficando aqui,
sentindo-me tão quente, tão quente que percebo
estar na hora de me tornar na próxima estrela cadente.

A despedida é breve e, perde-se no espaço imenso
aproveitado ao máximo esta sensação de queda
num abismo, onde a gravidade retoma o seu lugar,
retornando sem opção, mas com uma alegria incontrolada
acordando aqui, sentado, sozinho, nesta pedra imensa,
no alto da serra, onde o crepúsculo, egoista
e frustrado pela minha viagem, desapareceu sem aviso.

Curioso foi deixar-me na companhia das estrelas,
que brilham intensas como piscares de olhos,
em despedidas tão sentidas, deixando pedidos perdidos,
para que eu volte a este lugar e, que mais tarde,
aqui me sente nesta solidão que adoro e, sinta
a brisa fresca envolver-me de novo, para que
saia novamente deste corpo, e volte a voar.

O fresco que agora sinto, tornou-se no frio da noite,
que se vinga em mim, tão ciumento e tão intenso
para que eu sinta os meus pecados, para que sem piedade
eu volte a este mundo e, finalmente acorde.

Foi bom tocar as estrelas...


09 outubro 2012


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

QUASE ME CRUZEI CONTIGO




Hoje quase me cruzei contigo.
De passeio casual nada me passou despercebido
depois do teu cheiro no ar, fugi com apenas um destino.
Ja se trocam as melodias, nos sons que imagino
no teu e no meu receptor, alimentados por casualidades.
A procura que preenche agora, este meu momento,
es tu, o teu corpo e tudo em ti que quero sintonizar.
Tocar-te os seios como botoes, delicado e calmo
num fechar de olhos pelo melhor som,
onde gemes a melhor musica, e entregas o teu olhar.
Hoje quase me cruzei contigo.
Talvez que nem fosses tu, talvez um rasgo de saudade
que me traiu na realidade, a que me entrego sozinho.
Mas o som dos teus passos, ecoa a cada passo meu.
Ja nao sei que diga, se pense ou grite por ti.
Hoje quase me cruzei contigo.
Provavelmente envolvi-me em mais um sonho,
um virar de tantas paginas num romance qualquer
que nao o nosso, mas irresistivel como o teu cheiro.
As imagens de personagens, serao talvez
actores de um filme, que protagonizamos
no imaginario da minha serena demencia,
em insanidade perfeita de saudade mal disfarcada,
e te sinta assim, perto e deslubrante, nesse sorriso
que me desfaz, na simplicidade do teu olhar.
Talvez nao fosses tu, mas eras essa mesma pessoa,
quando atabalhoadamente me envergonhei,
naquele momento em te chamei, e nao te vi. Mas eras tu...
Na minha alma ficas-te colada sem resistencia,
e nessa tua presenca virtual te confundi, nos cheiros
das outras pessoas e nos espelhados das montras,
por onde passo ja sem dar por mim, mas sentindo
que quase me cruzei contigo... perdido e sozinho.
Mas sei que me cruzarei contigo, agora e sempre.

08 OUTUBRO 2012

 

domingo, 7 de outubro de 2012

A SEIVA DOS POETAS



Sangrar a seiva dos poetas.
Perder sangue, como folhas de Outono.
Sangrar o que penso, sem a paz
que me cura. O garrote falha.
Jorro compulsivo e incontrolado.
Descubro a força e prazer do derrame.
Se sangro palavras,
sangro a cura e a doença.
As gotas são letras, que saltam,
incontroladas, que me distraem
que a pele absorve, como papel.
Criar palavras de sangue, sem dor
por uma vontade inexplicável,
é quase impossível de suster.
E escrevo. Escrevo-as.
Escrevo mal mas escrevo.
Sangrei e sangro a seiva dos poetas.
Não enfraqueço. Ofereço a vida,
Que o meu sangue egoísta liberta.
Escrever é no meu corpo,
A alma das folhas vivas,
A paixão e a beleza das cores.
A alma, não é razão desta seiva.
Todo o sangue que sangro, é amor.
Quero sangrar sem matança,
Para que o sangue se não perca.
Quero usá-lo, sem sacrifícios.
Tenho as veias cheias de tinta.
É esta a minha essência de vida.
Sangro a voz muda da tinta,
Grito a nudez da simplicidade.
Só o som das palavras.
Ensurdecer os vivos, é escrever,
Só as palavras têm o dom arrepiante,
De quem toca uma pele lânguida.
Sustentar a leitura, a escrita,
A cada letra, a cada palavra, é isto.
Sangrei, sangro e, irei sangrar,
Sangrar a cura e a doença.
A humilde seiva dos poetas,
São palavras.
Apenas e só, palavras.

07 OUTUBRO 2012

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

ADRENALINA DO SONHO



Prestem um pouco de atencao ao ceu.
Percam um pouco do vosso tempo
preenchido permanentemente
por espacos vazios e desinteressantes.
Olhem bem... olhem o voo das aves.
Sonhem! Abram essa mente dormente
e respirem o ar fresco, que vos corre
pelo corpo confuso, onde os bracos
deixam de o ser, onde as asas
sao como livros abertos. Folhas soltas
fazem-me voar em labirintos de nuvens
tao suaves e macias, como anjos.
Saltem do cimo de uma arvore.
Caiam redondos na indiferenca
que a vossa vida vos infecta.
Percam o medo... um pouco de coragem
transforma o corpo, e da-vos asas.
Isso... isso mesmo! O voo das aves.
Aquelas que saltam do cimo das arvores,
envoltas em coragem. Exactamente
a mesma coragem, que vos falta.
Voar... Sentir a adrenalina do sonho.
Aprendam a admirar o meu voo...
Sentir a diferenca dos poros apertados
pela adrenalina cativante da coragem.
O desconhecido como atracao
anima esporadicamente o circo.
O circo da perplexidade pessoal
na incerteza das atitudes reais
que teimam no receio de imitar
aquilo que a alma exige sem medos.
Abram as asas e voem... saltem,
pulem e gritem ate enrouquecer.
Deem asas a felicidade!

04 OUTUBRO 2012

 

A PEDRA SURREAL





O nascimento vertebrado da pedra nua.
A doença construtiva do hábito compulsivo,
Degenera em desgaste permanente e cansativo,
Em intencoes vazias e, finalidades inexistentes.
Se sentir o equivalente à respiração das pedras,
Passo a andar de forma única e respeitosa,
Numa praia de passos cegos, em seixos redondos,
Que mais não fazem que esfregar o tempo.
Tudo isto me fere o corpo, sem hipótese de fuga.
Prefiro uma natureza morta prolongada,
Pincelada a óleo peganhento e longo,
Na interpretação da mesma forma,
Consoante o meu estado de espírito.
Fica a retina convencida que a eternidade,
Não passa de uma sequência de imagens.
Resta-me (tentar) expor o rude na criatividade,
Com espasmos húmidos em pinceis frageis,
Tal orgasmo interiorizado e abstrato.
O hábito subverte a utopia das coisas.
Demora o fim do mundo até alcancar
Objectivos de uma harmonia fictícia,
Tão impossível como a dor real das pedras,
Mesmo que rolem sem exteriorizar a dor.
Desfazem-se arestas hipoteticamente imperfeitas.
O esqueleto desconhecido da pedra nua,
Greta-me os pés com sangue, indiferente
Aos sentimentos e admiração que lhe possa ter.
Circular de cabeça erguida torna-se doloroso.
Os caminhos hipotéticos, perdem-se deformados
Numa dificuldade realista e falta de equilibrio.
A mente, habituada à dor, já não a sente.
O hábito conquista a muralha da pedra,
Intransponivel numa historia que o deixou de ser.
Apeteceu-me surrealizar um pedaço da vida,
Dar vida e sensações, às pedras ignoradas.


04 OUTUBRO 2012

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O ABSTRATO




Castigo o reverso da perfeição.
Tanta produção desnecessária
na evidencia da falsidade opalina.
Translúcida a cor, que de perfeita
so a refracção estranha. O abstrato.
Queimo telas esburacadas
como Miró ou Matisse.
As colagens são tão desfasadas
que a perfeição, se assome ao abismo.
Cubismo desenfreado, traços moles
onde as linhas se torcem de dor
no inverso da lógica, no encontro
que de perfeito, há um único espaço.
Um único traço repartido, no limite
as cores desconexas de regras
que são abstratas nesta figuração.
Jornais e molduras, cabides e coisas
a colagem da fantasia, a beleza
as interpretações inconformadas
como a dúvida especulativa.
Castigo o reverso do perfeito.
Contorcionismo do óbvio
que me envolve e absorve.
Se pico o aço, ou miro a tela
deixo escorrer o surrealismo
na lógica da perfeição perdida.
Até consigo focar o desconforto.
Castigo já não me serve de prémio,
pela simples confusão, a reversa
do suicidio da perfeição.
O abstrato !!!!!!


02 OUTUBRO 2012

QUE SOPRE O VENTO



Que sopre o vento.
Que o breu se atreva
e eu sinta a luz da memoria.
Que as tuas maos
percam o frio no meu corpo
que voa, que se esvai solto
a cada toque... a cada sopro.
As palavras simples
enamoram-se nos ventres
o rio que corre,
teu e meu, em cada toque.
Morre a saudade
ja sozinha e perdida
no reencontro das nossas maos.
Mordiscar labios quentes,
lubrificados por carne ardente
onde em riacho a corrente
desagua na calma de um beijo.
Tanto desejo.
Que sopre o vento.
Sentir a pele arrepiada
sentindo tudo depois do nada
mesmo sem estar presente.
Escorrem os desejos
em sofreguidao activa
pelo vacuo dos beijos
de leve... atinjindo a meta
sem lembrar a partida.
Que sopre o vento.
E me lembre de ti...

02 outubro 2012

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

OUTONO



Respirando o po, triste e seco
no admirado doce vermelho vivo
com pena de tanta folha morta.
O castanho agreste, um salto que flutua
na distancia inanimada sem regresso.
Desnudar a prepotencia...
vestindo eu a batina, nao purificada
que me nao aproxima de nada.
Um lencol bordado de natureza triste
mas que me assiste, que ate me conforta.
Sem a monotonia do calor castigador
um voar nostalgico de folhas caidas
que nao mortas, apenas destemidas.
Os saltos que tento dar no imprevisto
um poiso indiscreto e tao imprevisivel
descola-me a paixao na pele num sorriso.
Natureza morta como dizem,nao existe
na escrita natural das almas reencarnadas.
Os dedos que de sujos em manchas de tinta
descansam as folhas, que voam em palavras
respirando o po, triste e seco
no admirado doce vermelho vivo,
com pena de tanta folha morta.
Que o ritual renascido em Outono,
me alegre na delinquencia das cores,
na insistencia dos cheiros que sinto,
e no tacto que tantas vezes suplico.
Um pouco de ar fresco,
mesmo respirando o po, triste e seco
no admirado doce vermelho vivo,
com pena de tanta folha morta.

01 OUTUBRO 2012

NAUFRÁGIO



Preciso de imensa destreza ao navegar.
Um ancoradouro onde a raiz da confiança,
navegue sem medo e, que não afunde.
Tantas são as âncoras no fundo do mar.
Imensas as naus naufragadas,
em delírio estático desesperante.
A falta de um porto arruinado,
que justifique a perda de tempo; o abrigo.
Velas que se entrelaçam ao primeiro vento.
Nem remos que salvem as barcas,
nem braços que gritem a forca das almas.
O naufrágio iminente, sem a ternura
do canto de sereia, na frieza do sol posto.
Fica o calor da visão meditativa,
A fase decadente do dia e a mente.
O esmorecer dos sonhos, sentido
aos primeiros pingos de espuma das ondas.
Que não doces, mas de vontade farta.
O delírio do sol.
A pele queimada da insistência.
Náufrago de imagens poéticas,
de ilusões homéricas sem retorno a casa.
Perder o prazer de navegar,
ajusta a indiferença dos remos,
em cadência descoordenada de objectivos.
Remar contra a maré; a força bruta
que encanta o desespero do ego perdido.
Mas remar... remar... remar,
Nunca parar de remar.
Náufrago não sou.
Nem serei.

01 OUTUBRO 2012