quarta-feira, 8 de maio de 2013

QUANDO CHEGO A CASA



Quando chego a casa, sempre me separo de algo.
Separo-me de alguem ou de qualquer coisa.
Sera que sei a razao da vida? Pois talvez nao.
Talvez nem exista, talvez haja necessidade,
tal como na fe, em encontrar uma razao de vida.
Claro que e adquirivel, claro que se cria
uma qualquer razao, causa ou objectivo.
Fica a duvida mais funda se havera razao para tal.
Cheira-me um pouco a materialismo dos sentidos,
uma mistura estranha que tambem nao sei se existe.
Como tudo, nao custa pensar que sim. Talvez...
O defeito desta minha casa concentra-se sempre,
existe uma espiral de energia que nao entendo.
Se fico satisfeito e subjectivo e ate raro mesmo.
Mas torna-se inevitavel, talvez por habito,
talvez ate nem por isso, apenas porque sim.
Acho talvez um vicio entranhado no pensamento.
Um virus incuravel, mas estranhamente saudavel.
Sera reflexao, ou algo similar a qualquer teoria,
onde a psicologia tem a tendencia psiquiatrica.
Sera doenca, pois entao. Sera um estranho momento,
ou muitos que a individualidade se torna egoista.
Porque pensar no passado, mesmo presente.
Porque procurar respostas quando as perguntas,
sao tantas que nem tempo ha para responder.
A razao de ser, a verdade essa nunca tera resposta.
Mas nao posso deixar de manter esta enfermidade.
Faz parte do meu ego inconformado, permanente.
Admiro a capacidade do desdem. O acto de ignorar.
Tambem obviamente o consigo em casualidades,
sem que o orgulho me envaideca, pelos extremismos.
Mas o isolamento do mundo ao final do dia,
a porta que fecho com um toque de calcanhar,
na urgencia de me livrar dos cheiros dos outros,
de despir a roupa, do meu banho purificador...
Eu sei la... talvez tudo, talvez ate nada.
Mas o vicio da descontraccao corporal,
subjuga -me ao ritual da reflexao, as vezes receoso.
A insonia e filha desta maternidade interna.
Talvez um castigo, talvez um premio de tempo.
Como gostava de me entender! Ou talvez,
talvez mesmo por repetir tantas vezes esta duvida,
talvez mesmo precise da caricia da duvida,
sinto-me mimado por mim proprio quando penso.
Mesmo que a dor me toque, o mel das definicoes,
tem o carisma do fruto proibido. E quero!

08 MAIO 2013

Sem comentários:

Enviar um comentário