quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

UM SONHO ESTRANHO



As montanhas de betao crescem.
Sao feitas de suor, e caminhos sem nexo.
Tornam-se engalanadas por buracos,
onde a luz se prende ao entrar,
que as aquece e anima, janelas.
Estou do lado de dentro. Absorto...
Unico ser vivo de sangue corrente,
que estende a mao em direccao ao sol,
e o transforma, em nuances de brilhos,
por cada movimento abstrato dos dedos.
As maos... sao o poder escravo da alma.
Costruiram estas montanhas... estranhas,
inertes no egoismo de arranhar os ceus.
E saio, sozinho desta caixa esburacada,
onde o ar, agora sabe e cheira diferente.
So me pergunto porque... quem sou eu?!
Aqui no meio desta poeira petrificada,
sem vivalma que se me assemelhe.
Serei flor no deserto? Foi-se o juizo...
Ando em passo lento, que sinto poder mudar.
Acelero ate correr, e sentir esta dor no peito
que nao conheco, exausto mas satisfeito.
E cheiro... sinto cheiro. O cheiro do mar.
Estou confuso, sinto sensacoes... sinto.
Percebo que posso optar, regular-me
calar e gritar... a voz. O som da voz.
Afinal nao sou filho do betao... penso.
Sinto o oceano que me gela os ossos,
que nestes pequenos saltos indecisos,
sem perceber, me fazem olhar para tras.
Percebo agora a enormidade das montanhas.
Entendo agora os buracos onde a luz se prende.
Do lado oposto, tudo e tao diferente...
Mas a montanha chama-me e obedeco.
No retorno triste, e na correria, tropeco.
A nocao de desiquilibrio, faz-me sentir
como que caindo num buraco sem fundo.
Falta-me o ar que me encheu o peito... acordo.
Que sonho estranho!

26 DEZEMBRO 2012





2 comentários:

  1. Que sonho estranho real, nas montanhas do deserto,impetuoso,se distancia a verdade do sentimento, sera a loucura da alma sentida, da montanha sem alma,sera o silencio do consentir, as montanhas do desiquilíbrio, do oceano da praia ou falésia da duna ocupada por o destino do buraco do cheiro da corrupção dos destinos preenchidos,da marisa remitida,ao ar que nos enlaça nos destruindo simplesmente um abraço tentei dar minha opinião sobre seu texto não me considerando poeta poeta é o povo Carlos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado pelo comentario meu caro Carlos Ventura, no fundo e um pouco de tudo isso que diz, um sonho no limite do pesadelo que os momentos de vida real influenciam, ou talvez mesmo o contrario... Abraco

      Eliminar