O meu amor próprio, arrebatou o que resta de mim.
Não consigo agarrar-me a nada nesta queda louca,
onde raizes, árvores e pedras me rasgam a pele,
que já não sinto, que me ignoram deixando-me cair.
Fui fogaz e impertinente, na ascensão do meu limite.
Subi tão alto que tropecei na arrogância da vida,
rebolando nesta queda infinda, que só pára no fundo.
No fundo desta escarpa quebrada pela tolerância,
pelo destino previsto que a minha sede procura.
Parei apenas nesta fonte de mármore polido,
onde a gárgula cospe tudo menos água, fica a sede.
Fica a sede que sacio nesta corrente fraca,
a cada gota que me rejuvenesce e me afoga.
Quero viver como realidade desconcertada,
onde me atrapalhe em cada admirar de arte,
onde me torne humilde pela minha insignificância.
Quero mesmo que a dor do esfomeado, da crianca
que não fala por fraqueza, se transforme em mim.
Que a sinta eu, humilde da minha abundância,
que mesmo pouca, me torna arrojado na impotência.
Quero a Humildade generalizada, tal como a utopia.
Quando medito, sinto a humildade tão simples,
tão fácil e potente, de caminhos abertos... e sinto-a.
O meu amor próprio, rasga-me a alma indefesa,
que não desiste nunca, em gritar o que a transtorna.
O limite entre humildade e arrogância, a pequena
e frágil fronteira que os separa, são amor e ódio
que ficam confusos na mente do poder, a inoperância.
Preciso chegar a um estado de espirito onde a coragem,
me torne arrogante e poderoso e, conseguir finalmente,
talvez assim, abençoar todas as almas, em Humildade.
02 DEZEMBRO 2012
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