Tenho pena de te ver assim.
Vazia... branca como tela por pintar.
Talvez prefiras que te chame... nuvem.
Indecisa em desaparecer ou repleta de chuva.
Talvez prefiras que te chame... algodao.
Suave e macio, enquanto me limpas a alma.
Mas quero muitas assim, como tu.
Apesar de um primeiro olhar impavido,
ao tocar-te, sinto um desejo infernal.
Quero pegar em ti, sujar-te...
Quero tocar-te com os dedos, sentir-te...
Quero amar-te assim, porque me ouves.
Nao discutes, nao criticas, apenas me sentes.
Sempre... imaculada pela minha ansiedade.
A minha ansiedade de te possuir, abusar...
Ganho serenidade, com a que me fazes perder.
Sao tantas como tu... Livres, vazias e felizes.
Sao tantos como eu... Presos, ocos e loucos.
Passo o dia, e dias sem conta a pensar em ti.
Nao e paixao efemera, apenas o meu corpo...
Mas a minha alma ama-te eternamente.
Tenho pena de te ver assim.
Vazia... a espera deste meu toque.
Sinto-te os poros quando deslizo a mao.
Basta tocar-te para que me transforme,
que te suje sem rota certa, com paixao.
Nestas letras e outras que tantas, te encho.
Nestas frases e outras que tantas, te pinto.
No final sorrimos, cansados mas felizes.
De ti... por ti... em ti... nasce a poesia.
Folha branca... e vazia.
28 DEZEMBRO 2012