Se vos pudesse impressionar;
Serieis plateia e eu palco.
Inventaria mistério cativador,
Onde a luz, fraca mas viva,
Em tons amarelos, gastos pelo tempo
Envolvesse, o cenário esfomeado.
A fome de representar, sem ser actor.
Armários cheios de livros,
Pequenas fotos, emolduradas
Em madeira gasta, velha e escura.
Fotografias de avós e gente velha,
Com o sorrisos de Sabedoria.
O preto e o branco; empoeirado.
Um globo terrestre que gira,
Sempre que passo por ele.
Um tique que move o mundo,
Um poder fictício, ao qual sorrio.
A minha secretária, complexa
Na desordem de papeis sem fim.
Um caos que sei organizado,
Onde só eu sei porque está assim.
O meu candeeiro verde, largo
Que a luz ilumina e, a tudo que escrevo.
O som de folhas que estrago,
Machucadas em apertos de dedos.
O imaginário que me trai, que goza
A minha falta de palavras, que eu sei
Mas não encontro; mais folhas.
Sempre mais folhas, e tanta tinta.
Dedos sujos de aparos lassos.
E um sorriso, enfim, ao abrir...
Ao abrir a janela de um sonho,
Quando o abstrato me ataca.
E escrevo os sentidos...
Escrevo ao sabor do sonho,
Ondas de alegria, que sorrindo
Me enchem o peito de maré revolta.
A bonança. Sim...
Por fim a bonança.
Encostar o aparo gasto, já seco.
Torto pelo mar de tinta escorrida.
O desaguar da tempestade,
Em apenas uma única folha.
A folha que respiro, emotivo,
Por vê-la cheia de saudade.
Já sinto saudade da próxima!
A que já sonho, sem o saber.
Quero o poder do meu sonho,
Quero sentir a tempestade,
Enchendo folhas, como ondas de mar.
Assim, no meu quarto, já amarelo do tempo,
Onde luz é fraca e, me envolve o mistério,
Trazendo-me sonhos, e o mundo gira.
Lá fora, comigo assim, sozinho
E o meu Mundo, à minha volta.
22 MAIO 2012
Poema maravilhoso poeta. Destaque: "...no meu quarto amarelo do tempo, onde luz fraca me envolve o mistério, o mundo gira..." O eu lírico descritivo emana emoção!
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