sexta-feira, 24 de abril de 2015

NÃO ESTAMOS SÓS




Só de ouvir o piano,
Sinto o desejo cheio,
De um corpo vazio,
Como um balão mirrado,
Que só soprado,
Ilustra todo o prazer.
É soprar e largar.
É ouvir os sons básicos,
A perda do ar,
Devagar e concreta.
Mais um sopro,
Mais tanta a euforia,
O emotivo e a pele,
O arrepio, o corpo nu,
Eu e tu. Mais nada,
Mais ninguém por perto.
Só tu sabes o que digo,
E redigo e retoco (te).
Penetro-te daqui,
Com um desassossego simples,
Tão calmo e único,
Como nós, interligados
Enquanto me sentes,
Sem reclamar o gemido,
Até gritar o urro do orgasmo.
O som, o tom, o cheiro.
Tudo está em ti, em mim,
Com um beijo longo,
O cheiro químico, inodoro,
Dos lábios petrificados,
Sempre que se sentem sós.
Não estamos sós.
Porque não quero!

24ABRIL2015

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