Até que chegue o próximo capítulo,
Há um intervalo de ansiedade,
Que se resume ao passar de páginas.
É ler o que se sente, ou sentir o que se lê,
Construir um mundo num outro mundo,
Ultrapassar a fronteira da realidade,
Entrando no mundo imaginário de outrem.
É bom virar capítulos, lendo!
Mais fácil que os criar, vivendo!
A estratégia da vida, tem mistério.
Estes espaços brancos, onde me debruço,
Como quem tem o maior prazer da vida.
É complicado. Acho até mais que a vida.
Ao viver emoções, sentindo-as ,
Só a cada indivíduo, cabe o ser ele próprio.
A mim cabe-me o Eu.
Este espécimen único, como o vosso,
A minha leitura do espaço branco,
O marulhar das frases rápidas,
Inquietas e irreversíveis na sofreguidão.
Espalhar o mundo, não é possível,
Como impossível, é tentar ignorá-lo.
Sou assim, determinado na sensação,
No sentimento e na procura de justiça.
Sou o que sou, ora forte, ora fraco,
Mas com a imagem que ninguém altera.
Não sei fingir, não sei mentir, nem quero!
Quero que acabe o ódio, onde começa o amor.
Quero que comece o amor, onde acaba o ódio.
Quero estes momentos, a sós, comigo
E a capacidade de escrever o que me vai na alma,
De soltar pelos dedos, o que me vai na cabeça,
Sem preocupações de agradar a alguém.
Cada vez sou mais Eu. Cada vez mais!
Cada vez amo com maior intensidade,
Sem controlo nem vontade de contenção.
Não tenho que ter, nem tenho que dar,
Senão aquilo que sou. Eu mesmo! Assim...
Amo a vida, e o prolongamento da vida,
Porque é aí que começa a arte. A expressão,
A representação, a escrita, a arte plástica,
E acima de tudo, a arte de saber viver.
E vivo!
E vivam!
E viva a vida!
18OUTUBRO2015