domingo, 9 de março de 2014

LISBOA




O passado sendo como as núvens,
alterava quase tudo, menos a calma.
Soam-me as guitarras no peito,
fico surdo à tristeza e à saudade.
Falta-me a riqueza da oração,
a emoção, o fim do que sinto.
Viver no sonho, lá tão alto,
como anjos de asas cortadas,
planaltos e voos de alma pura.
Sussurra o vento, nascem os dias e,
por mais que a luz me fira os olhos,
há um azul que vagueia por encanto,
nas nuvens que choram tudo menos lágrimas.
Tenho saudades de beijar o mar.
Tudo o que hoje me torna diferente,
só a pureza da alma cheia sente.
Lembro-me de pedaços da vida,
de muralhas de Lisboa perdida,
mas no final, o que sinto, vivo alto,
vivo em admiração das colinas,
na lágrima que escorre no miradouro.
Sem sons, sem músicas, oiço
todos os fados que me acompanham.
Esta a nostalgia que me chama.
E o povo. Todo o povo me adopta,
como a toda a miséria do mundo.
Amo-te Lisboa, com Fado, com cheiros,
com bairros sussurrantes de vida.
Brilha a esperança, que sei será una.
Quero-te aqui, junto a mim,
ao primeiro pranto, à primeira luz,
como quem chama por encanto,
toda a tua forma de vida.
Lisboa minha cidade,
és minha até à eternidade!

09MARÇO2014


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