sábado, 28 de julho de 2012

UM DIA SEREI POETA...



Serei talvez um dia, um poeta.
Indescriminadamente me sirvo me mim.
Do abuso que nao admito a ninguem...
Abuso de mim proprio... ate a exaustao.
Sem duvida um passeio sereno, sempre
pelas formulas magicas que o sonho tem.
A Alquimia da minha pedra filosofal,
filtra-se nos quimicos invisiveis
indolores e sem volume que imano
em cataratas de agua solta, que bloqueio.
A quimica da poesia, e uma mistura volatil.
Explode a qualquer momento...
tal como a minha alma distraida,
que tenho de procurar todos os dias,
passando o portal do Sonho.
As linhas que fluem, nao teem significado...
sao escritas em ausencia de algo que me suporte.
Uma bengala que me encha os dedos,
que sustente o peso de minh'alma cheia.
A falta de inspiracao tambem flui...
O opaco do absurdo tambem me invade...
E fico parado a olhar o mar, incognito
pela perda de memoria que me apetece sentir.
Nem me preocupo saber quem sou...
So sinto as ondas... suaves e frias que
invadem o meu espaco de materia propria.
Como que electrocutado pela frieza do vazio,
me arrepio em isolamento total, e quente.
O calor da inoperancia queima...
braseiro de carvao petrificado pelo tempo,
por todo o tempo que nao passa por mim.
Perdido na ausencia de concentracao,
falo apenas comigo, meus dedos que mexem,
sem control, na harmonia do desconhecido.
Agora era hora... altura ideal de ter coragem.
Uma sebenta inanimada, pela falta de brilho.
Caneta irreverente que me suje os dedos,
sera a formula que procuro... quieto e sombrio,
e que surjam as letras certas, ou abstratas
que me levem um dia... a ser poeta.

27 JULHO 2012

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