sexta-feira, 3 de outubro de 2014

ACORDEI



Só ao acordar me identifico
com o cerúleo da vida.
É como ter o dom de cerzir
todas as nuvens com um só fim.
Manter uma harmonia teatral
com palcos de mar, com cenários
de todos os tons, sem desadornar
todas as minhas fantasias.
Lograr prematuramente de um futuro,
de um novo paraíso,
com novos parâmetros,
além de ainda por decidir,
sem definições irreversíveis.
O paroxismo da minha alma,
pode irritar um sossego difícil,
algo que o hábito apoderou,
sem licença, mas respeitando
este meu Ego cansado.
Todas as mudanças na vida,
alimentam o cercear das decisões,
com um toldar discreto de sensações
quase impossíveis de controlar.
Claro que me sinto privilegiado,
sem a jactância do triunfador.
Acordar assim, confunde-me.
Nem sempre, mas amiúde.
Querer um quadro perfeito,
é um direito inato mas utópico,
por todos os restos de dias,
cinzelando nas horas que aparo
toda a eloquência da realidade.
Acordar pode até ser cruel,
mas regresso lépido a mim próprio,
sem que, o sonho interrompido,
me trate de forma obscena.
Sem irritáveis vinganças,
aprendo a delinear outra vida
como um espelho inventado,
sem qualquer retorno de imagem,
que não, o meu real sorriso.
Acordei.


03OUTUBRO2014

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