Navegar na bolina do tempo
velas desfraldadas sem comando
numa paisagem de mar alucinado.
O canto de sereias perdidas,
canecas de chumbo vazias,
abandonadas barricas quebradas
nos escombros, em barcos piratas.
Bandeiras de caveiras esfarrapadas
em mastros bambos em cessação.
Um cheiro a sal delirante,
todas as ilusões de sede constante,
com tantos mares ali ao lado.
Por que são as águas diferentes,
quando podem apenas ser água?
Nem a natureza escapa ao paradigma.
Queixo-me eu de quê,
se os peixes nadam felizes,
sem refilar ou questionar
o ar que eu respiro?
Pilotar este navio é antagónico,
apenas pelo marejar confuso,
onde todos os liquídos se confundem
pela proximidade da diferença.
Esta bonança é estranha.
Esta paz, este silencio é grave.
Talvez o auge impróprio
de todas as perdas irreversíveis.
É boa a paz! É boa a bolina
que me transporta na corrente.
Destino é um estado da alma.
Naufrágio é perda de tempo.
12OUTUBRO2014
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