De tudo o que me lembro,
há sempre um vazio imenso,
o impregnável à minha espera.
Não a lamecha do espaço.
É bom pairar num estágio ermo,
halo e mistico, como a alma.
Só o espaço é devaneio eterno,
uma espiral ascendente e descendente,
em que todos os vórtices incomodam
onde os pólos nem sempre se tocam.
Há a destreza do corpo, claro.
Já bem balofo e bem usado,
sem restrições desesperadas,
com rugas em conquista, justo
é o espaço, que lhes pertence.
Sempre em uníssono com a alma.
Sempre! Absolutamente sempre!
Até os ecos são definidos. Exactos.
Por dentro, o centro da circunferência.
O ponto existencial intransmissível,
o agrado do Ego insatisfeito.
Vou-me lembrando dos vazios,
vou preenchendo alguns,
outros não. Até porque não prestam
(alguns) e, confronto-me com a vida.
A realidade é crua e inodora.
A moral, as estórias inventadas,
ainda com utopias por estruturar.
De tudo que me lembre,
tento criar alguns vazios.
É bom revivificar a memória,
para que os dias persistam vivos,
para que as noites sonhem e,
acima de tudo, para que Eu exista!
17OUTUBRO2014
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